11/01/2023

Em nota, povo Akroá Gamella repudia atos golpistas ocorridos em Brasília

Atos golpistas, ocorridos no último domingo (8), destruíram as sedes dos Três Poderes da República

Supremo Tribunal Federal destruído, após atos antidemocráticos no ultimo domingo (8), em Brasília. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Por Jesica Carvalho, da Assessoria de Comunicação do Cimi Regional Maranhão

Nesta quinta-feira (12), o povo Akroá Gamella, dos estados do Maranhão e do Piauí, divulgou nota que repudia os atos golpistas ocorridos em Brasília (DF) no último domingo (8). As ações terroristas destruíram as sedes do Congresso Nacional – Câmara Federal e Senado Federal –, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF).

“Esses atos violentos pretenderam destruir os direitos conquistados, com muito suor, lágrimas e sangue derramados, ao longo dos séculos, por causa da nossa luta de resistência para continuarmos existindo. Para grileiros, madeireiros, mineradores e agropecuaristas, nós, povos originários, seguimos sendo tratados como inimigos internos a sermos abatidos”, registra o documento.

Os Akroá Gamella clamam para que esse crime e tantos outros cometidos contra o Estado Democrático de Direito não fiquem impunes. “Por essa e outras razões, os golpistas que estão a ameaçar a Democracia e o Estado devem ser investigados e punidos, de acordo com as leis do país”, destacam os indígenas.

 

Confira a nota na íntegra:

NOTA DE REPÚDIO

O Povo Akroá Gamella, dos estados do Maranhão e do Piauí, vem a público repudiar, com toda a força, os atos criminosos praticados por golpistas, no último dia 8 de janeiro do ano em curso, com o objetivo de atacar as instituições da República Federativa do Brasil e impor um Estado de exceção.

Esses atos violentos pretenderam destruir os direitos conquistados, com muito suor, lágrimas e sangue derramados, ao longo dos séculos, por causa da nossa luta de resistência para continuarmos existindo. Para grileiros, madeireiros, mineradores e agropecuaristas, nós, povos originários, seguimos sendo tratados como inimigos internos a sermos abatidos. Entretanto, afirmamos, com a Força Ancestral que carregamos e que nos carrega: não recuaremos e não permitiremos retrocessos.

Jamais esqueceremos nossos parentes assassinados pela sequência de ditaduras civil-militares implantadas à força sobre nossos Territórios. Os golpistas pretendem interromper o governo democraticamente eleito, jogando na lata de lixo o Estado de Direito, implantado pela Constituição Federal de 1988. Por essa e outras razões, os golpistas que estão a ameaçar a Democracia e o Estado devem ser investigados e punidos, de acordo com as leis do país. Também não podem ficar impunes os que financiam e promovem esses atos criminosos.

Seguiremos lutando pelo reconhecimento de um Estado Plurinacional, no qual estruturas de governança – como o agora criado Ministério dos Povos Indígenas – não sejam apenas um ato de vontade de chefes do Poder Executivo, mas se tornem instituições de Estado; seguiremos lutando para que nossos Territórios sejam demarcados e homologados, conforme determina a Constituição Federal.

Unimo-nos a todos os povos originários, aos quilombolas, aos povos ciganos, às Organizações Democráticas da Sociedade Civil e Religiosas para proclamar bem alto nas ruas deste país: Democracia para Sempre!

Povo Akroá Gamella

11 de janeiro de 2023

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