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Em nota, povo Akroá Gamella repudia atos golpistas ocorridos em Brasília

Supremo Tribunal Federal destruído, após atos antidemocráticos no ultimo domingo (8), em Brasília. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Por Jesica Carvalho, da Assessoria de Comunicação do Cimi Regional Maranhão

Nesta quinta-feira (12), o povo Akroá Gamella, dos estados do Maranhão e do Piauí, divulgou nota que repudia os atos golpistas ocorridos em Brasília (DF) no último domingo (8). As ações terroristas destruíram as sedes do Congresso Nacional – Câmara Federal e Senado Federal –, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF).

“Esses atos violentos pretenderam destruir os direitos conquistados, com muito suor, lágrimas e sangue derramados, ao longo dos séculos, por causa da nossa luta de resistência para continuarmos existindo. Para grileiros, madeireiros, mineradores e agropecuaristas, nós, povos originários, seguimos sendo tratados como inimigos internos a sermos abatidos”, registra o documento.

Os Akroá Gamella clamam para que esse crime e tantos outros cometidos contra o Estado Democrático de Direito não fiquem impunes. “Por essa e outras razões, os golpistas que estão a ameaçar a Democracia e o Estado devem ser investigados e punidos, de acordo com as leis do país”, destacam os indígenas.

 

Confira a nota na íntegra:

NOTA DE REPÚDIO

O Povo Akroá Gamella, dos estados do Maranhão e do Piauí, vem a público repudiar, com toda a força, os atos criminosos praticados por golpistas, no último dia 8 de janeiro do ano em curso, com o objetivo de atacar as instituições da República Federativa do Brasil e impor um Estado de exceção.

Esses atos violentos pretenderam destruir os direitos conquistados, com muito suor, lágrimas e sangue derramados, ao longo dos séculos, por causa da nossa luta de resistência para continuarmos existindo. Para grileiros, madeireiros, mineradores e agropecuaristas, nós, povos originários, seguimos sendo tratados como inimigos internos a sermos abatidos. Entretanto, afirmamos, com a Força Ancestral que carregamos e que nos carrega: não recuaremos e não permitiremos retrocessos.

Jamais esqueceremos nossos parentes assassinados pela sequência de ditaduras civil-militares implantadas à força sobre nossos Territórios. Os golpistas pretendem interromper o governo democraticamente eleito, jogando na lata de lixo o Estado de Direito, implantado pela Constituição Federal de 1988. Por essa e outras razões, os golpistas que estão a ameaçar a Democracia e o Estado devem ser investigados e punidos, de acordo com as leis do país. Também não podem ficar impunes os que financiam e promovem esses atos criminosos.

Seguiremos lutando pelo reconhecimento de um Estado Plurinacional, no qual estruturas de governança – como o agora criado Ministério dos Povos Indígenas – não sejam apenas um ato de vontade de chefes do Poder Executivo, mas se tornem instituições de Estado; seguiremos lutando para que nossos Territórios sejam demarcados e homologados, conforme determina a Constituição Federal.

Unimo-nos a todos os povos originários, aos quilombolas, aos povos ciganos, às Organizações Democráticas da Sociedade Civil e Religiosas para proclamar bem alto nas ruas deste país: Democracia para Sempre!

Povo Akroá Gamella

11 de janeiro de 2023