• 04/09/2007

    CNPI avança na elaboração da proposta do Conselho Nacional de Política Indigenista

    Nos dias 30 e 31 de agosto, ocorreu a terceira reunião da Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI). No encontro, indígenas, entidades indigenistas e membros do governo elaboraram um programa de reuniões nacionais e regionais para discutir o Estatuto dos Povos Indígenas. Também definiram alguns aspectos da proposta para um Conselho Nacional de Política Indigenista.


     


    Em relação ao Estatuto, foi acordado que, até o fim do primeiro semestre de 2008, ocorrerão reuniões nacionais e regionais, onde serão recolhidas sugestões para o Estatuto. Após serem aprovadas pelo movimento indígena, elas serão encaminhadas ao Congresso Nacional na forma de emendas à proposta do Estatuto que foi aprovada pela Comissão Especial em junho de 1994. Nos dias 27 e 28 de setembro, ocorrerá o primeiro seminário definido no programa.


     


    A CNPI também avançou na proposta do Conselho Nacional de Política Indigenista. Foi acertado que o Conselho seria vinculado ao Ministério da Justiça e seria composto por 34 indígenas (17 com direito a voto), 3 representantes de entidades indigenistas, 20 membros de ministérios e pela Fundação Nacional do Índio. Pela proposta da CNPI, o Conselho deve deliberar sobre as diretrizes da política indigenista. Na próxima reunião da CNPI, serão especificadas as atribuições do Conselho.


     


    Estava prevista na pauta, uma apresentação da Casa Civil sobre os impactos dos projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em terras indígenas. Como não houve tempo suficiente, esta questão será tratada na próxima reunião da CNPI em outubro.


     

    Na reunião da CNPI, foi exibido o vídeo Amazônia, uma região de poucos, que mostra a expulsão de jornalistas, integrantes do Greenpeace e da Operação Amazônia Nativa (OPAN) de Juína, noroeste do Mato Grosso, por fazendeiros e políticos da região. Os indígenas, indignados, pediram que o governo tome providências em relação a esta violência, relacionada também à disputa pela terra dos Enawenê Nawê. Read More
  • 04/09/2007

    Jovens indígenas do sul da Bahia participam do Plebiscito Vale



    Os participantes do 3º Seminário Cultural da Juventude Indígena Tupinambá da Serra do Padeiro, que ocorreu de 31/8 a 2/9, votaram durante todo o evento no Plebiscito Popular pela anulação do leilão que privatizou a Companhia Vale do Rio Doce. Estavam presentes mais de 300 pessoas entre jovens dos povos Pataxó Hã-Hã-Hãe, Tupinambá, Pataxó e Tuxá (BA), Tupinikim (ES) e Xukuru (PE); representantes da coordenação da Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo e outras entidades parceiras.


     


    Aproveitando o momento de discussões da realidade que agride os povos, o tema do Plebiscito foi incluído na pauta do seminário como forma de garantir a participação da juventude indígena nesta mobilização nacional. Segundo uma das organizadoras do evento, Aratiana Tupinambá, “realizar o Plebiscito no seminário foi uma forma de conscientizar os jovens da necessidade de estabelecermos lutas conjuntas com outros que sofrem as mesmas agressões que nós, povos indígenas, e também uma forma de ajudar os parentes Krenak de Minas Gerais que sofreram muito com a maneira como a Vale do Rio Doce invadiu as terras deles, e, como vimos no filme, também com os parentes indígenas do Pará e do Maranhão.”


     


    A cédula usada na aldeia tinha quatro perguntas (sobre a privatização da Vale, dívida pública, reforma da previdência e energia elétrica) definidas pela coordenação nacional do Plebiscito. Os participantes da votação na aldeia avaliam que as outras  três questões também atingem diretamente os povos indígenas.


     


    Eles lembraram que o pagamento das dívidas tira recursos que poderiam ser aplicados nas aldeias. “A questão da energia elétrica tem atingido diretamente os nossos povos, a exemplo das construções de barragens para gerar energia, eles invadem nossos territórios, roubam as nossas águas e depois cobram um absurdo por este bem tão precioso”, comentou um dos votantes. Segundo Nailton Muniz, do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, “Agora mesmo, estão aí com um plano de construir uma barragem no Rio Pardo. Esta barragem vai invadir parte de nossas terras, se já não bastasse a briga que temos com os invasores de nossas terras, vamos agora ter que brigar contra estes que querem alagar e agredir ainda mais a nossa terra, que já se encontra bastante devastada pelos criadores de gado”. 


     


    Para a coordenação do seminário a idéia de colocar a votação do Plebiscito no evento foi muita boa, pois assim muitos jovens ficaram sabendo desta história cheia de irregularidades e desvios que o governo fez com um bem que pertence ao povo brasileiro.


     

    Serra do Padeiro (Buerarema), 02 de setembro de 2007. Read More
  • 04/09/2007

    Info-Brief 781 – Justizminister deklariert traditionelles Land der Tupinikim und Guarani

    Nach jahrzehntelangem Einsatz können die Tupinikim und Guarani ihr traditionelles Gebiet wieder in Besitz nehmen, das die Firma Aracruz Celulose im Norden von Espírito Santo genutzt hat. Am 28.8.2007 unterschrieb Justizminister Tarso Genro die Erlässe, die 18.027 ha als indigenes Gebiet deklarieren, wie von den zwei Völkern gefordert.


     


    Nach dem Setzten der Grenzsteine durch die FUNAI und der Homologation durch den Präsidenten der Republik ist das administrative Verfahren der Gebietsregelung abgeschlossen.


     


    Die Unterzeichnung der Erlässe ist ein Sieg für die Gemeinschaften. „Wir wurden hier geboren und sind hier aufgewachsen. Es kann niemand sagen, dass wir nicht  von hier sind. (…) Es ist eine neue Phase im Leben der Tupinikim und Guarani. Wir schmieden Pläne und werden entscheiden, was wir mit dem Eukalyptus und dem Land machen“, sagte Jonas do Rosário, Kazike der Aldeia Irajá.


     


    Geschichte


    Seit Ende der 1970er Jahre kämpfen die Tupinikim und Guarani für ihre Territorien, die von Aracruz Celulose seit den 1960er Jahren genutzt werden. Im Jahr 1982, nach Konflikten mit der Firma Aracruz Celulose, genehmigte ein Dekret des Präsidenten die Besetzung von 4.500 ha. Der von der FUNAI 1995 abgeschlossene anthropologische Bericht bestätigte 18.000 ha als indigenes Gebiet. Zwei Jahre danach hat der damalige Justizminister Íris Resende den Bericht der FUNAI zwar anerkannt, aber es wurden lediglich 2.500 ha demarkiert. Die restliche Fläche konnte weiter von Aracruz Celulose genutzt werden. Diese Entscheidung betrachtete die Bundesstaatsanwaltschaft als verfassungswidrig.


     


    Ab 2005 haben die Tupinikim und Guarani Teile ihres Gebietes zurück gewonnen. Im Januar 2006 wurden 13 Indios bei einer gewaltsamen Vertreibung der Guarani vom zurück gewonnenen Land verletzt. An der Operation beteiligten waren 120 Bundespolizisten. Sie setzten die Indios moralisch unter Druck, feuerten Gummigeschosse ab und bedienten sich der Maschinen von Aracruz Celulose. Unterstützt wurden sie von der Militärpolizei. Alle Häuser wurden zerstört und in Brand gesteckt.


     


    Zwei Monate danach veröffentlichte die FUNAI einen Bericht und bestätigte, dass die geforderten 18.000 ha indigenes Land sind. Aracruz Celulose legte Einspruch gegen den Bericht ein und bezweifelte die ethnische Identität der Tupinikim und Guarani. Nach der Prüfung des Einspruchs bestätigte die FUNAI im September 2006 ihre Empfehlung zugunsten der Indios und übermittelte das Gutachten an den damaligen Justizminister Márcio Thomaz Bastos. Anstatt den Erlass zu veröffentlichen hat Bastos das Verfahren wieder an die FUNAI zurückgewiesen und forderte einen Kompromiss von den Parteien.


     


    Die Tupinikim und Guarani wollen ihr traditionelles Gebiet nicht aufgeben, haben im Juli 2007 Teile des Territoriums zurück gewonnen und die von der Polizei 2006 zerstörten Aldeias wieder aufgebaut.


     


    Fazendeiros und Politiker vertreiben OPAN, Greenpeace und Journalisten aus Juína


     


    Die Bundesstaatsanwaltschaft in Mato Grosso hat beantragt, dass die Bundespolizei die Aggressionen gegen Mitglieder von Greenpeace, von OPAN und gegen zwei französische Journalisten untersucht. Sie wurden am 21.8.2007 von Fazendeiros und regionalen Politikern aus Juína vertrieben.


     


     


     


     


    Die Gruppe wollte hier eine Dokumentation über die Abholzung in der Region und über das Volk, das entlang des Rio Preto lebt, machen. Am Vormittag des 20.8. umzingelten Dutzende Fazendeiros das Hotel. Danach wurde die Gruppe in die Gemeindekammer gebracht, wo eine Sondersitzung stattfand, an der Bürgermeister Hilton Campos (PR), der Präsident der Kammer, der Präsident des Verbandes der landwirtschaftlichen Produzenten vom Rio Preto (APRUP), mehrere Gemeinderäte und über 50 Fazendeiros teilnahmen.


     


    Sechs Stunden lang drohten Politiker und Fazendeiros der Gruppe und verbot den Teilnehmern, sich in das Gebiet Enawenê Nawê zu begeben. Darauf hin wurde die Reise abgesagt. Am Morgen des 21.8. verließ die Gruppe die Stadt. Die Nacht hindurch belagerte Fazendeiros das Hotel, drohten und verhinderten, dass die Gruppe außerhalb des Hotels zu Abend essen ging. Nach der Ankunft in Cuiabá wurde Anzeige bei der Bundesstaatsanwaltschaft erstattet sowie Dokumente und Videos als Beweis für die Angriffe übergeben.


     


     „Es ist inakzeptabel, dass Fazendeiros mit Unterstützung lokaler Autoritäten die Freiheit einschränken, obwohl jeder Bürger das Recht hat, zu kommen und zu gehen“, heißt es in einer Erklärung von Greenpeace.


     


    Um einen Teil des Gebietes Enawenê Nawê  streiten Indios und Fazendeiros. Die Indios fordern die Reintegration von jenem Teil ihres traditionellen Gebietes, das bei der Demarkierung nicht berücksichtigt wurde und wo sie die Möglichkeit zum Fischfang haben, der für die religiösen Riten der Enawenê sehr wichtig ist.


     


    In einer Pressemitteilung verwies OPAN auf die Konflikte in der Region: „Bis in die 1960er Jahre eröffneten Gummizapfer und Gummihändler das Feuer unter anderen gegen die Irantxe, Rikbaktsa, Cinta Larga und Enawenê Nawê. In den letzten Jahren fördern Fazendeiros und Holzhändler die Konflikte. (…) Unsere Freunde werden durch Drohungen zu Kriminellen gemacht durch jene, die auf die Straffreiheit setzten. Wann werden die Listen der Bedrohten mit den Todeslisten verglichen, um das Schicksal jener zu wenden, die alles aufbieten und sich für eine gerechtere Gesellschaft einsetzen.


     


    CIMI – Indianermissionsrat


    Brasília, 30. August  2007

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  • 04/09/2007

    Carta aberta à sociedade brasileira

    Documento é resultado do seminário “Estado e campesinato na Amazônia: o debate sobre o distrito florestal de Carajás”


     


    Nós, de diversos movimentos sociais e instituições da região do Bico do Papagaio (Pará, Maranhão e Tocantins), reunidos em Marabá no Seminário “Estado e Campesinato na Amazônia: o debate sobre o Distrito Florestal de Carajás” declaramos  à sociedade brasileira nosso posicionamento diante da proposta do Serviço Florestal Brasileiro, órgão do Ministério do Meio Ambiente, de implantação do chamado Distrito Florestal de Carajás.


    Com a proposição desse Distrito, conformado por uma área de 200 Km de raio a partir de Marabá e de Açailândia, o Governo Federal pretendia canalizar recursos para o plantio de 1 milhão de hectares de monocultura de árvores, gerando 5 milhões de m3 de toras para a indústria madeireira e 17 milhões de m3 de toras para carvão. Negando que a decisão sobre essa proposta devesse dar-se em uma velocidade acelerada e com pouca reflexão, como desejava o Governo Federal, os movimentos sociais do Sul e Sudeste do Pará não participaram das reuniões oficiais e decidiram construir um seminário para o debate e a reflexão independente sobre o tema.


    O primeiro passo dessa reflexão concretizou-se no seminário “Estado e Campesinato na Amazônia: o debate sobre o Distrito Florestal de Carajás”, realizado em Marabá, nos dias 30 e 31 de agosto e 01 de setembro de 2007, com a participação de 200 pessoas de diversas entidades e movimentos sociais que atuam na região do Bico do Papagaio (Pará, Maranhão e Tocantins) e de professores e pesquisadores de universidades e instituições de pesquisa como a UFPA, UFF, FASE –AMAZÔNIA, FASE – ESPIRITO SANTO e TERRA DE DIREITOS. O seminário buscou traçar um panorama da expansão do agronegócio e da siderurgia na Amazônia, no Brasil e na América Latina e seus  impactos para o campesinato, para o desenvolvimento sustentável e para a soberania alimentar, bem como a resistência e as conquistas dos movimentos sociais na Amazônia, Brasil e América Latina contra essa situação.


    A proposta do Governo Federal parte de dois pressupostos equivocados:


    – Primeiro, considera equivocadamente que monoculturas de árvores são florestas. Florestas, em regiões tropicais, são caracterizadas pela biodiversidade e pela sócio-diversidade, que não existem nesses plantios homogêneos. Por isso, o plano do Governo Federal configura-se como um Distrito Pseudo-Florestal.


    – Segundo, considera equivocadamente que esta é uma região degradada e que só uma agricultura em bases capitalistas seria capaz de se instalar aqui. Não se pode desconsiderar os impactos ambientais e sociais que essa região sofreu desde a década de 1970, com a expansão da atividade mineral e siderúrgica e da grande pecuária extensiva, cujos maiores exemplos são os desmatamentos, as queimadas, a miséria, a violência e o trabalho escravo. Esses impactos precisam, de fato, ser revertidos, mas o plantio de monoculturas de árvores  não atende a essa necessidade.


    Todo o processo de expansão capitalista nesta região gerou, simultaneamente, uma resistência camponesa que garantiu a conquista de centenas de projetos de assentamentos com milhares de famílias assentadas. É neste universo que se encontra o caminho empírico e conceitual da recuperação ambiental, com base nas inúmeras experiências camponesas sustentáveis e bem sucedidas de produção, a partir de manejos extrativistas e agroflorestais, de roças diversificadas e da criação de pequenos e médios animais.  É essa produção diversificada que sempre garantiu o abastecimento do campo e sobretudo das cidades desta região.


    Além desses pressupostos equivocados, a proposta do Distrito Pseudo-Florestal em si, também tem problemas graves. A questão central é que ela se coloca como uma ação voltada para atender os interesses do setor siderúrgico e madeireiro, não apenas garantindo suprimento de matérias-primas a baixo custo, como concretizando uma transferência direta de recursos públicos para essas indústrias, através de financiamentos e incentivos.  Dessa forma, reforça o mesmo projeto de desenvolvimento que predominou nos últimos 30 anos na região, prolongando a insustentabilidade social e ambiental que o caracterizou e bloqueando o desenvolvimento local, posto que as atividades mínero-siderúrgica e madeireira são atividades de exportação que pouco internalizam resultados econômicos, empregos locais e  qualidade de vida.


    Uma preocupação adicional à proposta do Distrito Pseudo-Florestal refere-se à insustentabilidade sócio-ambiental que representa a expansão de monoculturas de árvores. O caso do Espírito Santo, com grandes áreas transformando-se em um “deserto verde”, ilustra nossa preocupação. Seja o plantio de espécies madeireiras, seja o de qualquer outra espécie de insumo para a produção de combustíveis, tem mostrado uma nova fase de expansão do agronegócio, que gera cada vez mais danos ao ambiente, concentra terras e renda e compromete a existência de áreas para a produção alimentar. Dessa forma, o Distrito Pseudo-Florestal de Carajás insere-se numa fase de expansão da produção de combustíveis, desenvolvida para prolongar um modo de vida capitalista altamente demandante de energia, que privilegia os automóveis, negando a soberania alimentar dos povos. Portanto, essa proposta atrelaria cada vez mais essa região a um processo insustentável de expansão do agronegócio no Brasil, subordinando os camponeses diretamente à siderurgia, reproduzindo uma lógica perversa da integração dos trabalhadores às indústrias, tão conhecida em outras regiões, que compromete a soberania alimentar do campo e da cidade e a autonomia dos camponeses.


    O fato de o Governo Federal apresentar uma proposta como a do Distrito Pseudo-Florestal mostra que apesar de toda a luta de resistência camponesa nessa região e da conquista de muita terra na forma de assentamentos, os movimentos sociais do campo ainda não conquistaram de fato o seu território. A construção desse território que garanta vida digna e soberana, não será dada por projetos mais uma vez construídos nos gabinetes de Brasília, tampouco nos escritórios das siderúrgicas da região. Esse território camponês só será construído de fato com o protagonismo dos sujeitos do campo e da cidade, organizados em seus movimentos e participando ativamente da formulação dos projetos aqui implementados. Qualquer projeto dessa natureza, só terá sentido se tomar como centralidade o território camponês em construção, sua produção familiar, seus modos de vida, suas identidades, suas culturas. Plantios homogêneos de monoculturas de árvores, decididamente, não fazem parte desse projeto.


    Frente a essas análises a proposta do Distrito Pseudo-Florestal de Carajás apresentada pelo Governo Federal não nos interessa porque representa a expansão do agronegócio na região baseado na monocultura de árvores, que irá subordinar o campesinato, posto que é agronegócio, e violentar a verdadeira floresta e sua gente, posto que é monocultura. Por isso, reafirmamos:


     


    1.          Somos contra o latifúndio e toda e qualquer monocultura que fere o princípio da biodiversidade, como por exemplo, as plantações industriais de eucalipto ou de qualquer outra espécie;


    2.          Somos contra qualquer projeto público para a região elaborado sem a participação efetiva da sociedade local, sobretudo das classes populares, referenciados pelos exemplos vividos nos últimos 30 anos que só causaram erosão da biodiversidade e a tentativa de transformação dos camponeses em agregados do grande capital;


    3.          Somos contra o desmatamento da floresta, seja para fins da produção de carvão (componente essencial da indústria siderúrgica), seja para a agricultura capitalista de soja, da pecuária ou de combustíveis, que incida sobre o interesse dos camponeses;


    4.          Somos contra a instalação do Distrito Pseudo-Florestal de Carajás que representa a perda da autonomia do campesinato com impactos ambientais irrecuperáveis e miséria;


    5.          Somos contra o trabalho escravo e a exploração trabalhista, que a expansão do agronegócio do carvão através do Distrito Pseudo-Florestal irá incentivar.


    Diante disso, propomos:


     


    1.          Avançar na manutenção e conquista de novos territórios, que garantam a soberania das diferentes vertentes do campesinato (indígenas, ribeirinhos, quilombolas, castanheiros, quebradeiras de coco babaçu, agricultores familiares, assentados, etc) sobre a terra, a água e a floresta;


    2.          Orientar a agricultura à produção de alimentos sadios, à diversificação da produção e ao respeito ao meio ambiente e ao ser humano;


    3.          Transformar a luta pela soberania alimentar em uma luta do conjunto da sociedade;


    4.          Lutar por um novo projeto energético, baseado na soberania dos trabalhadores e das trabalhadoras e no respeito à natureza, construindo um desenvolvimento verdadeiramente sustentável;


    5.          Resgatar e fortalecer a identidade e a cultura do campesinato da/na Amazônia;


    6.          Que os governos façam maiores investimentos em educação e ciência & tecnologia nesta região voltados para a produção familiar camponesa, com coerência e compromisso com a realidade do campo;


    7.          Que os governos deixem de celebrar convênios, parcerias e contratos com empresas e proprietários que estejam direta ou indiretamente envolvidos com trabalho escravo e crimes ambientais.


     


     


    Marabá, 01 de setembro de 2007.


     


     


    MST, CPT, MAB, MPA, VIA CAMPESINA-PARÁ, FETAGRI, EFA MARABÁ – FATA, STTR – IMPERATRIZ (MA), AMIQCB, CNS, CIMI, FORUM CARAJÁS, FORUM DE MULHERES DO SUDESTE DO PARÁ, FORUM REGIONAL DE EDUCAÇÃO DO CAMPO DO SUDESTE DO PARÁ, FAOR – GT TERRA, ÁGUA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, GTA CARAJÁS, RAMA – REDE AGROECOLÓGICA DO MARANHÃO, REDE DESERTO VERDE, PASTORAIS SOCIAIS DE MARABÁ, CENTRU – MA, SDDH, CEPASP, LASAT, FASE AMAZÔNIA, FASE ESPÍRITO SANTO, COOFAMA, COPSERVIÇOS, COOPATIORÔ, CAC UBUNTU, SEAGRI – MARABÁ, C.A. DE CIÊNCIAS SOCIAIS – UFPA/MARABÁ, LEMTO – UFF, COLEGIADOS DE C. AGRÁRIAS E PEDAGOGIA DA UFPA / MARABÁ.


     

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  • 03/09/2007

    III Seminário Cultural da Juventude Indígena Tupinambá da Serra do Padeiro

    III Seminário Cultural da Juventude Indígena Tupinambá da Serra do Padeiro


     


    DOCUMENTO FINAL


     


                Nós, jovens Tupinambá, Pataxó, Pataxó Hã-Hã-Hãe, juntamente com nossos caciques, lideranças e representantes das organizações indígenas APOINME, COEDIN, Frente de Resistência e Luta Pataxó, representantes indígenas da Comissão Nacional de Política Indigenista – CNPI, lideranças dos povos Tuxá, Xukuru de Ororubá (PE), Tupiniquim (ES), e as organizações indigenistas CIMI e ANAI, representantes da Escola Agrícola Margarida Alves, Universidade Federal da Bahia, Universidade Estadual de Feira de Santana, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Pastoral da Juventude da Diocese de Itabuna, CIPÓ, Projeto Nova Cartografia Social, e representantes governamentais do Ministério da Educação, da Administração Executiva da FUNAI de Ilhéus e Itamarajú, Secretarias de Educação e Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza do Estado da Bahia, totalizando 315 participantes, estivemos reunidos na aldeia de Serra do Padeiro, território do Povo Tupinambá de Olivença, nos dias 31 de agosto, 01 e 02 de setembro de 2007, realizando o III Seminário Cultural da Juventude Indígena Tupinambá da Serra do Padeiro, que teve como tema principal “Juventude Organizada, Comunidade Fortalecida”. Nesse Seminário discutimos temas do interesse dos jovens e das comunidades indígenas, tais como: Terra e Políticas Públicas; Organização e Articulação dos Jovens; Desafios para a juventude; e, finalmente, os rumos do movimento indígena nas regiões leste e nordeste do Brasil.  Diante das discussões estabelecidas, definimos:


     


    1.      Exigimos providências quanto à demarcação do Território Tupinambá de Olivença; demarcação de um território único do Monte Pascoal para o povo Pataxó; julgamento imediato da ação de nulidade de títulos de terras incidentes na Reserva Caramuru-Paraguassu do Povo Pataxó Hã-Hã-Hãe;


    2.      Questionamos o Plano de Aceleração do Crescimento – PAC, que causam impactos negativos nos territórios indígenas, como a transposição do rio São Francisco e construção de barragens que atinge diretamente vários povos do nordeste, a exemplo da barragem que atingirá o povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, a monocultura do eucalipto (que atinge diretamente os Tupiniquim-Guarani e Pataxó), entre outros;


    3.      Ampliação da oferta da Educação Escolar Indígena nas Aldeias (Formação de Professores Indígenas em magistério e licenciatura planejada de acordo com as demandas dos povos indígenas, criação da categoria professor indígena, melhoria da estrutura física e equipamentos, produção de materiais didáticos específicos e apoio ao aprendizado de línguas indígenas). Realização da Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena;


    4.      Melhoria no atendimento da saúde indígena com a presença das equipes médicas nas aldeias, construção de postos de saúde; garantia da saúde preventiva nas comunidades e discussão de um sistema de saúde indígena que realmente atenda às especificidades dos povos. Autonomia dos Conselhos Distritais, e revisão da Portaria nº 1163/1999, por uma atenção integral à saúde indígena;


    5.      Garantir a participação dos jovens indígenas em todos os níveis de consulta da CNPI;


    6.      Realização de oficinas e seminários para capacitação dos jovens em políticas públicas;


    7.      Reivindicamos que seja criada a Gestão Participativa das Administrações locais da FUNAI, com a participação popular das comunidades indígenas no levantamento e aplicação dos recursos nas aldeias.


                Entendemos que os constrangimentos a que estamos submetidos são muitos, invasão e degradação das nossas terras, e em conseqüência disso as mazelas às quais os jovens estão submetidos, por isso, estamos concentrando nossas forças para a cada dia fortalecer nossa luta, valorizar nossa cultura, respeitar os nosso velhos (fonte da sabedoria do nosso povo). Esperamos que no próximo ano estejamos unidos para a realização de mais um seminário, que significará mais uma conquista e prova de resistência e determinação. QUE OS ENCATADOS NOS PROTEJAM!


     

    Serra do Padeiro, 02 de setembro de 2007. Read More
  • 03/09/2007

    Jovens indígenas do sul da Bahia discutem seu papel na luta indígena

    Pelo terceiro ano consecutivo os jovens Tupinambá da Serra do Padeiro realizam seminário cultural. Este ano o tema motivador das discussões foi: “Juventude Organizada, Comunidade Fortalecida”.


     


    No período de 31 de agosto ao dia 2 de setembro de 2007, cerca de 315 representantes dos povos Pataxó Hã-Hã-Hãe, Tupinambá (de Olivença), Pataxó (do extremo sul),  representantes da Apoinme (Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo), da CNPI (Comissão Nacional de Política Indigenista), lideranças dos povos Tuxá (Norte da Bahia), Xucuru de Ororubá (Pernambuco) e Tupinikim (Espírito Santo), além de diversos representantes de entidades de apoio, órgãos governamentais e estudantes de universidades se encontraram, debateram e aprofundaram temas ligados ao protagonismo juvenil indígena nas diversas plenárias: Articulação e Organização da Juventude; Terra e Políticas Públicas; Desafios para a Juventude e Movimento Indígena seus desafios e suas perspectivas.


     


    O seminário deste ano tinha como transversalidade em todas as plenárias o próprio tema do seminário “Juventude Organizada, Comunidade Fortalecida”, que motivou a construção de um importante e rico material traduzido no relatório final e sintetizado no Documento Final do encontro.


     


    Algumas novidades este ano foram consideradas positivas: a plenária dedicada às crianças, que durante todo o seminário, tiveram a oportunidade de brincar, construir sonhos, assistir filmes e no final apresentaram o seu trabalho, presenteando a todos com músicas criadas por elas e com letras bastante profunda ligadas ao tema do seminário.


     


    A outra novidade foi a plenária das lideranças tradicionais com a participação dos representantes do Movimento Indígena Regional, que levantou temas importantes para a consolidação e organização do movimento indígena na região bem como possibilitou que nas outras plenárias os temas ficassem realmente direcionados as questões ligadas à juventude. E a outra novidade positiva foi a realização do Plebiscito Popular pela anulação do leilão da Companhia Vale do Rio Doce.


     


    Foi criada uma comissão de jovens indígenas com representantes dos três povos do sul e extremo sul da Bahia presentes no seminário, com o objetivo de dar continuidade as propostas apresentadas e aprovadas pela grande plenária. Esta Comissão já se reunirá no próximo mês no extremo sul da Bahia para encaminharem estas ações.


     


    Durante as reflexões os jovens deixaram claro que o protagonismo dos jovens indígenas não acontecerá isoladamente, mas com a participação e a valorização da comunidade, com a sabedoria dos anciões e com a troca de saberes entre as varias etnias, com a valorização e fortalecimento de suas culturas. Os jovens também perceberam que é preciso se juntar as outras lutas, que também estão identificadas com a construção de uma nova sociedade, que a luta dos jovens indígenas faz parte de um projeto bem maior.  


     


    Ao final ficou claro que uma juventude organizada é sem duvida um sinal de uma comunidade fortalecida, com o presente garantido na participação, na ousadia, na dinâmica e na clareza de papel que os jovens indígenas tem na construção de seus projetos de vida.


     


    Pelo conteúdo do documento final do encontro dar para se perceber a clareza e a firmeza desta nova Juventude organizada e determinada em conduzir os rumos da suas comunidade, não como coadjuvantes, mas como autores e atores de suas histórias.


     


    Itabuna, 03 de setembro de 2007.


    Conselho Indigenista Missionário


     

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  • 03/09/2007

    Um Plebiscito para valer – artigo de Dom Demétrio Valentini – Bispo da Diocese de Jales (SC)

    Nestes dias de “Semana da Pátria”, está em andamento em todo o Brasil uma iniciativa que tem tudo a ver com nossa responsabilidade de cidadãos. Realiza-se um plebiscito, por iniciativa popular, convidando-nos a tomar posição diante de questões fundamentais para o nosso projeto de país. A principal delas se refere à polêmica privatização da Companhia Vale do Rio Doce, ocorrida em 1997,  e que até hoje está pendente de legitimação,  dadas as muitas ações judiciais que questionam a lisura do leilão, pelo qual a Vale passou das mãos do Estado Brasileiro para os consórcios particulares que a arremataram.


     


    Além desta questão específica, o plebiscito coloca para a reflexão dos cidadãos o peso da dívida interna e externa, a política energética e a situação da previdência social.


     


    Independente do mérito específico de cada uma destas amplas questões, o plebiscito já se justifica pelo fato de convidar os cidadãos a refletir e a tomar posição sobre problemas que incidem fortemente sobre a vida do povo brasileiro.  Neste sentido, o plebiscito tem o caráter pedagógico, oferecendo a oportunidade de conhecer melhor os dados de nossa realidade, suscitando o debate democrático sobre ela, e estimulando um posicionamento responsável a seu respeito.


     


    Olhando o contexto em que o Brasil se encontra hoje, com o povo perplexo diante da persistência de problemas que as instâncias dos poderes constituídos não conseguem resolver, resulta urgente a intervenção direta do povo, através dos instrumentos que a possibilitam. O plebiscito é o principal deles.


     


    Sem a participação direta da cidadania, é manca qualquer democracia. Sem o respaldo popular para o enfrentamento das grandes questões, é fraco todo governo. O exercício da democracia direta se torna cada mais imprescindível.


     


    Com isto fica também evidenciada a urgência de regulamentar o Artigo 14 da Constituição Federal, que estabelece os instrumentos da democracia direta, como o plebiscito, o referendo, e a iniciativa popular de lei. A demora dos poderes constituídos em tomarem esta providência, ressalta ainda mais a importância do povo manifestar sua vontade por iniciativa própria, como acontece neste plebiscito que está sendo realizado neste dias.


     


    Sua motivação principal gira em torno da Companhia Vale do Rio Doce. Já o tamanho desta empresa, a maior mineradora do mundo, que explora as riquezas minerais do subsolo brasileiro, apresenta um amplo leque de questões, que o plebiscito quer levantar, para serem mais conhecidas e debatidas. Um dado que salta aos olhos é a desproporção do preço pago por ela, se comparado com o valor do seu capital e com os lucros auferidos por ela.


     


    O plebiscito visa apontar aspectos bem concretos e individualizados a respeito da Companhia Vale do Rio Doce. O primeiro deles se refere ao leilão no qual a Vale foi arrematada. Existem 107 processos no Judiciário, questionando a validade deste leilão. Pois bem, o plebiscito quer urgir o Judiciário, para que dirima de vez esta questão, com todos os desdobramentos que a sentença implicar.


     


    Ao mesmo tempo, o plebiscito quer evidenciar o caráter público, que uma companhia como a Vale do Rio Doce tem por sua natureza e por sua incidência na vida dos brasileiros. O plebiscito quer recuperar a dimensão pública da Vale do Rio Doce, independente do seu estatuto jurídico. Quem mexe com as riquezas do subsolo brasileiro tem inalienável compromisso público com a nação brasileira.


     


    Dado este caráter público de uma empresa como a Vale, é urgente que ela esteja integrada no projeto de desenvolvimento nacional, a serviço do qual devem ser colocadas suas atividades. De maneira especial, a Vale precisa ter incidência no desenvolvimento local, nos lugares em que ela exerce suas atividades.


     


    Outro aspecto que precisa ser cobrado da Vale é atenção para com o meio ambiente. Não podemos permitir uma Vale que traga enormes lucros para os seus acionistas, e grandes prejuízos para o próprio Brasil.


     


    De modo que este plebiscito tem muitas motivações, e é para valer de fato. Tanto mais somos convidados a manifestar nossa posição, respondendo às questões que ele levanta.   


     

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  • 03/09/2007

    In Mato Grosso do Sul there is slavery and genocide

     


    The genocide that occurs in a continuous and silent manner in Mato Grosso do Sul against the Kaiowá people is a reality constantly denounced by Indigenous leaders, by representatives of movements in defense of human rights, by popular militants, by indigenist supporters working in that region. Repeatedly, the lines of communication present a cruel situation lived by Kaiowá communities, noting assassinations, deaths by malnutrition, suicides, aggressions of all orders. How is it possible we wonder, that in the present day, a people are confined and condemned to death through absolute omission by the State and by lack of political initiative that assures their lands, as this right is made explicit in Brazilian legislation?


     


    The Kaiowá population exceeds 30,000 people, the majority of whom live confined to small reserves or camps at the sides of roads and the edges of large cattle ranches , soy and / or sugar cane plantations. And the most serious occurs in the reserve of Dourados, with less than three thousand hectares, where there lives a population over 13 thousand inhabitants, an inconceivable reality that resembles concentration camps.


     


    In this reserve they are submitted to a systematic, quotidian violence that effects the social relations and the most elementary rights of human life. There are numerous assassinations, beating, alcoholism, drug traffic, malnutrition, impossibility of sustainability and starvation, the most cruel of all violence. The indigenous families survive in this area in subhuman conditions, without land, without adequate and differentiated assistance, without the protection of the State and consequently without perspectives of the future.


     


    The indigenous lands, that need to be demarcated in order to assure conditions for the physical and cultural survival of this people, are the object of negotiations of the federal government with the local and regional oligarchs. A consequence of this is the disrespect to the Federal Constitution, to the international treaties and accords – such as the ILO Convention 169, to the Declaration of Human Rights and to the indigenist legislation that determines that the lands of the Indigenous peoples are assured to make possible the dignity of the individual, the living of their cultures, customs, traditions and style of life. But, the priorities assumed by federal and state governments privileging large investments, large profits, large businesses, result in the indigenous peoples being treated as indigents in their own territories and, as a function of this, are regarded as marginal, drinkers, violent, dangerous and dispossessed of rights. The omissions of the public powers and the recusal of assurance of rights of the Kaiowá is justified by old development arguments, utilized largely in the media and by authorities as obstacles to progress.


     


    In the presence of discovery of the legal determinations and the absence of the State in the defense and protection of life it is affirmed that the public power is not only in omission, but promoting the death of the Kaiowá people, being participant in this slow and distressing process of exclusion and of genocide. Nothing justifies the submission of a people to conditions of servitude and of violence such as is occurring in the state of Mato Grosso do Sul.


     


    The indigenous lands were illegally occupied, and occupied by estates where today they develop agribusiness activities and sugar cane plantations. The cattle destined for export or serve to feed the large packing house freezers in programs to strengthen agribusiness. On the cattle ranches the indigenous men work as peons in cleaning the pastures and receive for their work an amount that hardly helps a family escape starvation. The sugar cane  serves as food to the large alcohol processing plants, today also inserted into the programs of the federal government for the “development” of fuel for export. In the sugar cane plantations the labor is almost exclusively indigenous, a cheap work force, exploited, submitted to a regime of semi-slavery, without working documents, without adequate food, without accommodations of dignity and are expected to meet exorbitant demands, such as cutting twelve tons of cane per day, the intent to assure the minimum resources of a day’s work. This picture of injustice has been denounced by organizations in defense of Human Rights as a situation that impacts not only the workers in Mato Grosso do Sul, but throughout Brazil.


     


    The Kaiowá, who have had their territories divided and handed over to estatesw are obliged to work for others within those lands that constitute part of their space of traditional occupation. The federal government needs to demarcate, protect, guarantee these lands, assuring a differentiated assistance, capacity to to collaborate in the promotion of life, as well as designating programs of self-sustainability by which the Kaiowá are able to envision alternatives and viable projects for the future.


     


    However, what assists this is the total negligence of the Brazilian state, which is present is violence and the enslavement as forms of relationship to this population.  The communities and leaders that revolt and question this reality are persecuted and assassinated by gunmen contracted by the ranchers, under the negligent eye of the public power. A study by CIMI shows that of a total of 41 assassinations of indigenous persons occurred as of August 2007 throughout the entire country, 26 took place in Mato Grosso do Sul, or 63% of the cases. Scores of indigenous leaders were jailed or are sentenced to prison terms because they struggle for the defense of their rights.


     


    The confinement in small reserves or in encampments at the side of the road have a hard reality of starvation, that has as a consequence the dependency on food rations. The infant mortality is five times greater than the national average, or – of every thousand live births 50 die of starvation or suffer from lack of food and will have had an infancy vulnerable to disease and premature death. The confinement further generates a breakdown of solidarity networks among the families and impedes the functioning of traditional forms of control of this society. Why do they register growing indicies of aggressions practiced within these reserves? Certainly because, submitted to the most absolute lack of conditions of life and deprived of the possibility to maintain and reproduce their traditional cultural practices, this people launch their cry of pain, an interminable agony manifested in brutal aggressions, practiced in a recurrent manner. The situation of violence will not be resolved with the installation of repressive apparatus, of ostensible policing  or with a militarization, as has been proposed in municipalities of large urban centers.


     


    The grave situation to which the Kaiowá families are submitted will only be solved if the concrete situation of life is altered, with the demarcation of lands, in a manner commensurate with the culture of this people and assuring them specific actions and efficacies of assistance in health, in sustainability projects and in recuperation of environmentally degraded areas. That is, a conjunction of governmental measures that are nothing more than the full realization of rights assured to all the indigenous peoples in the Federal Constitution and in scores of other laws and international declarations ratified by the Brazilian State.


     


    Porto Alegre (RS), 27 August, 2007


     


    Roberto Antonio Liebgott


    Vice President of CIMI


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     


     

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  • 03/09/2007

    Os povos indígenas e as universidades: o difícil caminho da descolonização

    Acadêmicos discutem a inserção indígena nas universidades


    “Não ocupamos espaços nas universidades, estamos pendurados neles” (Gersen Baniwa)


    “Conhecimento tem que ser dividido e saboreado… O acadêmico, às vezes está na universidade para se dar bem na vida e não para lutar pelo seu povo” (Anastácio Kaiowá Guarani)


    Uma semana de muita troca de experiências, debates, informações, avaliações críticas,  definição de rumos e estratégias.  Campo Grande tem sido espaço de encontro de centenas de acadêmicos indígenas de todo o país, desde Roraima até o Rio Grande do Sul. Reitores, professores e renomados estudiosos, responsáveis por experiências de Universidades Indígenas ou cursos específicos para indígenas nas universidades, e centenas de estudantes indígenas e não-indígenas realizaram um dos mais importantes encontros tendo como base o dialogo e intercâmbio de saberes, a partir da interculturalidade.


    Oficina de lideranças e acadêmicos indígenas e 2º Encontro de Acadêmicos Indígenas do MS


    O seminário foi antecedido por uma oficina em que lideranças indígenas do Estado e representantes das mais importantes organizações regionais, da Amazônia (Coiab e Cir) e do Nordeste (Apoinme), juntamente com acadêmicos indígenas de universidades públicas e privadas, destacaram em comum suas caminhadas organizativas para conquistar seus direitos. Foi um momento muito rico em que se procurou não apenas trocar experiências de luta e organização, mas principalmente identificar os principais desafios colocados pela realidade em que vivem os diversos povos, em especial no Mato Grosso do Sul. “Temos que  aprender entre nós, com nossas experiências e lutas, a partir de nossos direitos e nossas diferenças e projetos de autonomia de nossos povos”, expressou Gersen, liderança Baniwa, do alto Rio Negro, atualmente fazendo doutorado em Brasília.


    Diante da constatação de que quase sempre os povos indígenas têm sido atropelados pela agenda do governo,  é urgente que se volte a construir uma “agenda indígena” para articular as lutas pelos direitos, especialmente pela terra e autonomia.


    Dentre os muitos desafios, foi destacado a dificuldade de manter uma vinculação e relação complementar entre os acadêmicos e as comunidades. Isso foi considerado essencial para não continuar acontecendo o que tem sido bastante comum até aqui – o indígena se forma, se dá bem na vida, fica distante de seu povo. Para evitar isso é que está se buscando cada vez mais um diálogo e articulação entre a comunidade e o acadêmico, desde o ingresso na universidade até sua formação e retorno.


    Dionito Makuxi, coordenador do Conselho Indígena de Roraima, falou da estreita vinculação existente em seu estado, entre o movimento dos professores  e estudantes universitários indígenas, movimento de mulheres e organizações indígenas.  Destacou que não tem sido fácil construir essa articulação, mas que ela é fruto de 30 anos de luta pela terra e autonomia em seus territórios. “Foi preciso muita força, coragem e decisão. O nosso movimento teve que enfrentar: ou vai ou racha, tem sido o lema”.


    O 2º Encontro de Acadêmicos Indígenas reuniu quase duzentos estudantes de várias universidades e de uma dúzia de cursos, – dentre os quais Direito, Pedagogia, História, Agronomia, Geografia, Zootecnia, Jornalismo, Antropologia, Turismo, Letras. Foram dados vários depoimentos relatando a vivência e desafios enfrentados. De maneira geral foi destacado a discriminação que sofrem, a falta de recursos e apoios às condições básicas para estudar. Essa realidade está levando vários estudantes a abandonar a universidade. Porém, existe um potencial acadêmico muito grande  entre os povos indígenas no Mato Grosso do Sul. O movimento ainda  está bastante frágil e as universidades pouco têm contribuído para a consciência dos direitos indígenas, da importância da diversidade e da interculturalidade. “Nós temos capacidade e inteligência, mas precisamos usá-las, tendo o diálogo para acertar os caminhos”, disse um dos estudantes. Neste sentido foi ressaltada a importância de continuarem fazendo os encontros anuais.


    A Academia e a luta


    A situação está ficando cada vez mais difícil. Com a entrada das grandes usinas de álcool, “não estou mais só com medo dos latifundiários brasileiros, mas dos americanos e grandes grupos de todo o mundo. Precisamos ter paixão para lutar”, disse uma das lideranças Kaiowá Guarani. “Enquanto estamos brigando entre nós, os fazendeiros estão batendo palma”, concluiu.


    Hamilton Lopes, uma das lideranças na luta desde a década de 80 desabafou: “Eu vejo hoje esse grande número de acadêmicos. Quando comecei a luta não tinha praticamente nenhum. E nós conquistamos mais de 15 tekoha Kaiowá Guarani. E hoje, com todos esses estudantes, não estamos conseguindo mais conquistar nenhum pedaço de terra”.


    Wilson Matos, advogado indígena Terena-Guarani, destacou que “há 20 anos não tínhamos gente formada na universidade e conquistamos bastante coisa. A Faculdade leva ao emprego e não à luta”. Lembrou ainda das centenas de índios  que são tirados das comunidades  e colocados na prisão “aí fazem a faculdade e pós-graduação do crime”.


    Zacarias, cacique Terena do acampamento Mãe Terra- Cachoeirinha, lembrou que é importante esse diálogo com os acadêmicos para que eles participem da luta e ajudem a articular e organizar sempre mais “pois estamos numa luta que é muito difícil”. Finalizou dizendo que a esperança é a reconquista da terra e que depositam grande esperança na participação e contribuição dos acadêmicos.


    O professor Otoniel, de Tey Ikue, lembrou a importância dos mais velhos, dos Nhanderu, que “são nossos dicionários”. Como acadêmicos entendemos mais algumas coisas e com as lideranças temos força para lutar”.  Porém a universidade não está preparada para  nos receber. Por isso criamos nosso curso, o Teko Arandu. Terminou seu depoimento dizendo que “quando entendemos os dois lados, o do karaí (branco) e o nosso, ninguém nos segura. Esse é o nosso desafio”.


    Universidade Indígena – ilusão ou utopia!


    “A escola, em todos os níveis, da aldeia à universidade foi colocada para nos dominar, deixarmos de ser índios, perder nossa identidade, direitos, nossas terras e recursos naturais”. A universidade não tem sido diferente. Conservadora, formadora das elites dominadoras, ela tem sido um espaço de discriminação e fechado para os povos indígenas, até pouco tempo.  Depois de muita luta, finalmente, parece que o acesso, permanência e  transformação está em curso. Masainda tem um longo caminho a percorrer. Quem sabe milhares de indígenas aos poucos consigam subverter esse espaço fazendo o que fizeram com a maioria das escolas: de mecanismos de opressão foram transformados em instrumentos de fortalecimento da identidade, dos direitos e das lutas das comunidades e povos indígenas.


    Não se pode ter ilusões. Muita luta será necessária para  conquista de mudanças profundas nas universidades, para que se chegue a uma educação verdadeiramente intercultural, de mão dupla,  e se transforme isso em políticas públicas em todas as instâncias, levando a uma efetiva resignificação da universidade. Isso irá exigir muito debate, organização, rebeldia e coragem histórica. Essas conquistas serão fruto da luta do movimento indígena e seus aliados, da presença indígena nas universidades e de uma ampla articulação nacional e continental.


    Os desafios continuam muitos. Vão desde as barreiras burocráticas até as ideológicas, desde a “monocultura” da escrita até a universalidade do saber local. Será preciso fortalecer os conhecimentos e sabedoria silenciada e restituir-lhe seu potencial subversivo, para que se possa caminhar para a “descolonização” da monocultora do conhecimento. Será preciso ter autonomia de pensamento, pensar com  a própria cabeça sem deixar de lado o conhecimento dos outros. Essas são algumas das afirmações feitas na síntese final pelo professor austríaco, Gerog Grunberg.


    Conforme insistiu o professor Ribamar Bessa, ganharíamos muito mais se perguntássemos o que os índios podem fazer pela universidade do que o que estas podem fazer pelos índios. “Nossas universidades continuam sendo um deserto com relação aos povos indígenas. Precisamos ‘indianizar’ nossas bibliotecas, restaurar a pedagogia da oralidade,  criar novos cursos , forçar mudanças curriculares, a partir da presença e luta dos povos indígenas na universidade. Se a universidade tem sido tradicionalmente uma ‘fábrica de brancos’ – entra índio e sai branco, é possível subverter essa realidade de homogeneização e monolitismo. É possível e necessário a construção de uma outra universidade, não para os índios, mas dos índios.”


    Alguns dados


    180.000 estudantes indígenas nas aldeias


    3.500 escolas indígenas


    115 escolas de ensino médio nas terras indígenas


    4.000 estudantes indígenas nas Universidades


    500 acadêmicos indígenas no Mato Grosso do Sul


     


    Povos Indígenas: Saberes e Práticas interculturais na Universidade


    Para debater os desafios, trocar experiências e buscar caminhos coletivamente, a Universidade Católica Dom Bosco e a Universidade Estadual do Mato Grosso do sul, promoveram – através do programa Rede de Saberes – um encontro internacional de estudantes indígenas e representantes de inúmeras universidades brasileiras e de países da América Latina, desde México até a Argentina. O Seminário foi realizado na Universidade Dom Bosco, de 27 a 30 de agosto, com mais de 400 participantes, dos quais um grande número de estudantes indígenas de diversos estados – desde Roraima ao Rio Grande do Sul. 


    Dentre as principais questões foram destacadas as enormes dificuldades desde o acesso até a permanência nas universidades. Porém o maior desafio é manter a relação e o compromisso com as comunidades e lutas de seus povos.  


    Momentos de intercâmbio e reflexão deverão ser cada vez mais freqüentes para  garantir uma vinculação sempre maior entre os povos indígenas e seus saberes num diálogo intercultural e transformador com as universidades. 


    O professor Antonio Brand, coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisa dos Povos Indígenas NEPPI/UCDB, que foi secretário executivo do Cimi, por dois períodos e hoje mantém uma estreita relação e apoio à luta dos povos indígenas, particularmente os Kaiowá Guarani, mostrou-se positivamente surpreso com o alto nível do seminário e os resultados alcançados. “Damos mais um passo importante na luta dos povos indígenas para a construção de sua autonomia e conquista de seus direitos, no continente, no Brasil e em especial aqui no Mato Grosso do Sul”.


    Egon Heck


    Cimi MS

    Campo Grande, 2 de setembro de 2007 Read More
  • 03/09/2007

    Newsletter n. 781: Minister of Justice declares Tupinikim and Guarani lands in the state of Espírito Santo as indigenous lands

    Newsletter n. 781


     


    Minister of Justice declares Tupinikim and Guarani lands in the state of Espírito Santo as indigenous lands


     


    Farmers and politicians expel representatives from Opan and Greenpeace and journalists from Juína, in the state of Mato Grosso


     


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    MINISTER OF JUSTICE DECLARES TUPINIKIM AND GUARANI LANDS IN THE STATE OF ESPÍRITO SANTO AS INDIGENOUS LANDS 


     


    After decades of struggling, the Tupinikim and Guarani peoples reoccupied the area which belongs to them and was under the possession of the Aracruz Celulose company, in the north region of the state of Espírito Santo. On August 28, the minister of Justice, Tarso Genro, finally signed administrative rulings which declare the 18,027 hectares claimed by both peoples as an indigenous land.


     


    To conclude the administrative procedures for returning the lands to the indigenous peoples, the National Foundation for Indigenous People (Funai) needs to set up landmarks along the bounds of the area and, afterwards, the president of the Republic can officially confirm these bounds.


     


    The Administrative Ruling represents “a victory of the people. We were born and raised here. There’s no way we will let anybody say that we’re not from here,” declared Jonas do Rosário, chief of the Irajá village. The indigenous people’s expectation, according to Jonas, is that a new phase in the life of the Tupinikim and Guarani will begin. “Now we’re bringing the communities together, encouraging them to plan their work and to decide what to do with the eucalyptus and the land.”


     


    Background


    Since the late 1970s, the Tupinikim and Guarani peoples have been fighting for their lands, which began to be occupied by the Aracruz Cellulose company in the 1960s. In 1983, after conflicts with the company, a presidential decree authorized them to occupy 4,500 hectares. In 1995, an anthropological report prepared by Funai concluded that the indigenous land in the region covered 18,000 hectares. Two years later, the then minister of Justice, Íris Resende, recognized this report but demarcated only 2,500 hectares for the indigenous people, leaving the rest with the company. This decision was considered unconstitutional by the Federal Prosecutor’s Office.


     


    From 2005 on, the Tupinikim and Guarani began to reoccupy their land. In January 2006, 13 indigenous people were injured in a violent action for removing 50 people from the reoccupied area. 120 federal police officers, using concussion grenades and rubber bullets, a helicopter, and equipment belonging to the Aracruz Celulose company, supported by the Military Police, participated in this action.  All houses were destroyed and set on fire.


     


    Two months later, Funai published a report reaffirming that the 18,000 hectares claimed by both indigenous peoples were indigenous land. The Aracruz company challenged the report, questioning the ethnic identity of the Tupinikim and Guarani peoples. In September 2006, after evaluating these arguments, Funai upheld the recommendation in favor of the indigenous peoples and referred the opinion to the then minister Márcio Thomaz Bastos. Six months later, instead of publishing the administrative ruling, Thomaz Bastos returned the process to Funai, indicating that an agreement should be reached between both parties.


     


    Determined not to give up their land, the Tupinikim and Guarani began to reoccupy part of the area in July 2007. They rebuilt the two villages destroyed by the Police in 2006.


     


     


    Farmers and politicians expel representantives from opan and Greenpeace and journalists from Juína, in the state of Mato Grosso


     


    The Federal Prosecutor’s Office in the state of Mato Grosso (MPF-MT) will ask the Federal Police to investigate acts of aggression suffered by members of Greenpeace and the Native Amazon Operation (OPAN) and two French journalists who were expelled from the town of Juína on August 21 by farmers and politicians in the northwest region of the state.


     


    The group was there to make a documentary on deforestation in the region and on the Enawenê Nawê people, who live next to the Preto River. In the morning of the 20th, dozens of farmers surrounded the hotel where the team was staying to find out what they were doing there. The group was then taken to the City Council, where a special session was held with the presence of the city’s mayor, Hilton Campos (PR), the president of the local council, the president of the Rural Producers’ Association of the Preto River (Aprurp), various alderpersons, and over 50 farmers. 


     


    After six hours of threats from farmers and politicians, who denied permission for the team to enter the Enawenê Nawê land, their trip was cancelled. The visitors left Juína in the morning of the 21st, after spending the night in the hotel surrounded by farmers who continued to threat them and prevented them from even leaving their room to have something to eat. When they arrived at Cuiabá, they gave documents and video recordings confirming the acts of aggression to the Federal Prosecutor’s Office.


     


    “It’s unacceptable to allow farmers, supported by local authorities, to deprive any citizen from the freedom to come and go,” reported Greenpeace in a note.


     


    Part of the Enawenê Nawê territory is under dispute between indigenous people and farmers. The indigenous people want to have this part of their traditional territory back, as it was left out of the demarcated area, since it includes an area where they engage in ceremonial fishing activities which are fundamental to the sacred rituals of the Enawenê people.

    In a note, Opan provided a background of conflicts in the region: “Until the 1960s, rubber tappers and owners of rubber-extraction areas used to open fire against the Irantxe, Rikbaktsa, Cinta Larga and Enawenê Nawê peoples, among others. In recent years, conflicts between indigenous people and farmers and woodcutters prevail. (…) Our companions are treated as fugitives from justice by people who threat them knowing that they can get away with this. When will we stop comparing lists of threatened people to lists of dead people and wish “luck” to those who are struggling to build a fairer society?”


     


    A documentary on the events mentioned here is available on the Internet under the title “Amazônia, uma região de poucos“.


     


      


    Brasília, August 30, 2007


    www.cimi.org.br


    Indianist Missionary Council

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