• 22/03/2013

    Cacique Xavante sofre ameaça em Marãiwatsédé depois de retirada dos invasores

    Por Ruy Sposati,

    de Campo Grande (MS)


    Cacique Damião ParadzanéA paz para os Xavante de Marãiwatsédé ainda parece algo distante. O cacique da aldeia, Damião Paridzané, sofreu uma ameaça em público no dia 8 de março, pouco mais de um mês depois de finalizada a desintrusão do território. O território fica situado nos municípios de Alto Boa Vista, Bom Jesus do Araguaia e São Félix do Araguaia, nordeste do Mato Grosso. Os indígenas lutaram por quase meio século para garantir a permanência na área.


    A ameaça aconteceu na área comercial do município de Bom Jesus do Araguaia. O cacique estava na cidade com um grupo de jovens guerreiros Xavante. Num momento em que Damião estava sozinho, foi abordado por um antigo morador de Posto da Mata, uma das comunidades retiradas da terra indígena. "Ele ameaçou e culpou o cacique Damião de ter tirado todos os posseiros de lá", relata o indígena Aquilino Tsere’ubu’õ Tsirui’a.


    De longe, os guerreiros perceberam os gestos exaltados do homem e correram para afastá-lo. "Todo mundo conhece esse homem [que ameaçou Damião]. Ele é um matador. E ele também é genro de um famoso pistoleiro daqui", denuncia. Os Xavante, então, levaram o cacique de volta para a aldeia.


    A essa nova intimidação somam-se duas ameaças ao bispo emérito de São Félix do Araguaia, dom Pedro Casaldáliga. Defensor histórico da luta dos Xavante pela retomada de Marãiwatsèdè, dom Pedro foi ameaçado anonimamente de sequestro e morte em dezembro de 2012, e em fevereiro desse ano. Ainda no ano passado, a Polícia Federal (PF) confirmou a veracidade das ameaças, abriu inquérito para tratar do caso e deslocou contingente da Força Nacional para a região.


    A terra de Marãiwatsédé foi tomada dos Xavante em 1966 pela Agropecuária Suiá-Missú. Recuperada em 1992 e homologada pela Presidência da República em 1998, os indígenas até sofreram grandes pressões de latifundiários e do poder político local para que suas terras permanecessem nas mãos dos fazendeiros. Até o início da desintrusão, em dezembro de 2012, cerca de 90% da área ainda estava sob o domínio dos invasores, que a utilizavam para gado e plantações de soja e arroz.

     

    Read More
  • 21/03/2013

    Crescem os conflitos pela água em 2012

    Como era absolutamente previsível, cresceram de forma substancial os conflitos pela água em todo o Brasil em 2012, totalizando 115 conflitos, em 19 estados da União, envolvendo cerca de 184.925 pessoas. Uma das razões fundamentais, sem dúvida, é o registro dos conflitos acontecidos em função da seca (36), embora a própria CPT reconheça que esse registro está aquém do real acontecido e em acontecimento, já que a longa estiagem não acabou.

     

    Mas, a estiagem sozinha não explica o avanço dessa modalidade de conflito. Se abstrairmos os 36 conflitos registrados especificamente como oriundos da seca, mesmo assim totalizam 79, portanto, 11 a mais que em 2011.

     

    Outra indicação séria que a seca não é a razão única do crescimento dos conflitos pela água é que aqueles registrados como oriundos da estiagem se concentram em apenas seis estados, sendo cinco do Nordeste e um da região sul (Santa Catarina). Porém, quando nos debruçamos sobre os conflitos de água em geral, então eles abrangem 18 estados da federação. Dessa forma, podemos dizer que os conflitos pela água já adquiriram efetivamente uma dimensão nacional.

     

    Os conflitos mais específicos, gerados pela seca, em muito diferem dos conflitos das longas estiagens do passado. Contam-se na história 41 “grandes secas”, a começar pela primeira registrada pelo Pe. Fernão Cardin de 1583/1585.

     

     Já não temos as intensas migrações, a mortalidade infantil, os saques, as frentes de emergência e tantas outras situações aberrantes que caracterizaram socialmente um fenômeno que é natural. Porém, persistem as ocupações de bancos, órgãos públicos, fechamento de estradas, etc., normalmente para reivindicar políticas públicas e obras estruturantes que empoderem a população para os períodos de estiagem prolongada.

     

    As secas acontecem todos os anos. A cada três décadas os períodos se emendam e elas se tornam mais prolongadas. É o que acontece no momento.

     

    Já quando olhamos especificamente para a tabela dos conflitos pela água de forma geral, então eles estão presentes em todo o território nacional por outras razões: destruição e poluição de mananciais, impedimento de acesso à água, apropriação privada, não cumprimento de procedimentos legais. Esses problemas são causados em sua maioria esmagadora pela construção de hidrelétricas, barragens e açudes, mineradoras, comandados por empresários e ações dos governos estaduais e federal.  Há um fenômeno não captado pelos dados que é a apropriação privada dos aquíferos subterrâneos, particularmente no Oeste Baiano, e também das águas de superfície para finalidade de irrigação. Mesmo assim, está evidenciado pelos números quem são os causadores dos problemas e quem são as vítimas.

     

    O Brasil está desencadeando um processo paradoxal relativo à água: por um lado prossegue no rumo da privatização dos serviços de água; da construção de grandes obras que afetam o acesso das populações à água; da poluição de mananciais; da eliminação de mananciais pelo desmatamento e intenso uso da água para fins econômicos, principalmente a irrigação. Por outro lado desencadeou também um processo de abastecimento de água pelo Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB), no programa “Água para Todos” e no programa “Oferta de Água”, que inclui também a finalidade econômica. Vem daí a implementação de adutoras de médio e grande porte, sistemas simples de abastecimento para populações rurais, captação de água de chuva para beber e produzir, etc.

     

    Esse paradoxo é por uma razão simples: a falta de visão sistêmica dos gestores nacionais os impede de relacionar a lâmpada com o interruptor, ou seja, não conseguem estabelecer uma política que permita o acesso à água e que também preserve os mananciais. A ganância do capital – hidronegócio –, apoiada pela política dos governos, desequilibra uma gestão que necessariamente deveria ser holística.

     

    Com essa política os conflitos pela água vão estar em linha ascendente.

     

    CONFLITOS 2012

    NÚMEROS

    ESTADOS

    FAMÍLIAS

    PESSOAS

    SECA

     36

    6

    5.201

    26.005

     ÁGUA

     79

     5 + 13 = 18*

     31.784

    158.920

    TOTAL

    115

    19

    36.985

    184.925

     

    *Cinco estados registraram tanto conflitos por seca, quanto pela água, 13 só conflitos pela água – Total 18. Um, Alagoas, registrou só conflitos pela seca, perfazendo um total de 19 estados envolvidos nessa categoria de conflito.

    Texto: Roberto Malvezzi (Gogó) – agente da CPT Bahia e assessor nacional da CPT.

     

    Outras informações:

     

    Cristiane Passos (assessoria de comunicação CPT Nacional) – (62) 4008-6406 / 8111-2890

    Antônio Canuto (assessoria de comunicação CPT Nacional) – (62) 4008-6412

     

    Read More
  • 21/03/2013

    Informe nº1056: Soem livres os tambores: criação da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos

    Fecharam uma porta, mas abrimos uma janela. Vamos romper o muro com que estão tentando blindar a Comissão de Direitos Humanos na Câmara dos Deputados.

     

    O Congresso, neste início de outono, voltou a se agitar. O auditório Nereu Ramos lotado, (mais de 300 pessoas) foi palco de um momento de resistência e indignação, num ato carregado de emoção, desabafos e manifestações populares. Cientes de que esse é um momento difícil, quando os setores conservadores impõem mais um retrocesso, fruto de negociações e acordos partidários que achincalham essa casa do povo, impondo na presidência de uma das comissões mais importantes da Câmara dos Deputados, alguém que é manifestamente contrário aos direitos humanos. Em tom de ironia um parlamentar se referiu a Feliciano, com uma citação bíblica onde Jesus diz: “Eu sou o caminho”. Feliciano complementa: “Eu sou o pedágio. Passa o cartão e a senha”.

     

    Soaram os tambores dando por instalada a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos, com a esperança de que seja breve, pois os dias de Feliciano em frente à Comissão de Direitos Humanos estão contados.

     

    Os povos indígenas e seus aliados também estiveram presentes, entregando um manifesto onde reafirmam, como as demais entidades da sociedade civil, “sua indignação e repúdio diante da ocupação da presidência da CDH da Câmara dos Deputados por Marco Feliciano”, cujo perfil manifesta xenofobia e racismo. Também se manifestou de forma colonialista, contrário à desintrusão da terra indígena Maraiwatsédé, em Mato Grosso.

     

    Feliciano vai cair

     

    As manifestações continuaram dentro e fora do Plenário 9, onde houve mais uma tentativa de realizar uma sessão de trabalho da Comissão de Direitos Humanos, mas que acabou sendo suspensa em função das manifestações da sociedade civil.

     

    Presidente Comissão de Legislação Participativa da Câmara recebe representantes da APIB e do Cimi. Fotos: Egon Heck/Cimi

    Uma manifestante foi vítima de agressões físicas, no momento em que foram pedir ao presidente da Câmara um posicionamento a respeito desse fato que envergonha o Congresso, num flagrante retrocesso em relação aos direitos conquistados na Constituição de 1988. No texto se unem aos movimentos e organizações sociais que “reivindicam a renúncia do deputado Feliciano da presidência da Comissão de Direitos Humanos e a recomposição da mesma com parlamentares realmente comprometidos com a defesa da vida e da dignidade dos setores secularmente marginalizados, explorados e discriminados na sociedade brasileira.

     

    Buscando novos espaços

     

    Os povos indígenas, através da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e do Cimi também levaram as preocupações e desafios dos povos indígenas, particularmente com relação à tramitação de iniciativas antiindígenas no Congresso Nacional, à Comissão de Legislação Participativa. A deputada Luiza Erundina acolheu e reforçou a proposta de que essa comissão faça um levantamento da realidade dos povos indígenas e promova um seminário aprofundar essa questão.

     

    Read More
  • 21/03/2013

    Nota Pública: Pela imediata desintrusão da Terra Indígena Morro dos Cavalos

    O Cimi Regional Sul vem a público manifestar-se pela imediata desintrusão da TI Morro dos Cavalos, com o pagamento das benfeitorias aos moradores não indígenas e a devolução em definitivo da terra à comunidade Guarani. O Cimi requer também do Governo do Estado de Santa Catarina a regulamentação do Artigo 148A da Constituição Estadual a fim de reassentar ou indenizar pelas terras os ocupantes não indígenas, que fazem uso do espaço para sustentar a família. Ao persistir a morosidade na desintrusão, o Cimi teme por mais violência conta a comunidade indígena.

    A TI Morro dos Cavalos ou Itaty localizada no município de Palhoça/SC foi identificada em 2002, declarada em 2008, demarcada em 2011 e somente agora, em 2013, a comunidade poderá, enfim, tomar posse da terra tradicionalmente ocupada. A FUNAI publicou, em dezembro de 2012, a relação dos ocupantes não indígenas aptos a receber a indenização pelas benfeitorias. Ocorre que até o momento não procedeu com as indenizações, depois de vários descumprimentos de prazo prometeu para abril. Essa morosidade permitiu que moradores retomassem o tumulto sobre o caso e estão se opondo à demarcação.

    No mês de fevereiro, fecharam a BR 101. E nos primeiros dias de março, ocuparam a Assembleia legislativa a fim de pressionar a casa a se manifestar contra a demarcação. Porém, as ações não se restringem a argumentos e discursos, já que em fevereiro a tubulação de água que abastece a comunidade indígena foi cortada em 38 pedaços numa extensão de 2000 metros. Em seguida, a liderança e professores da comunidade começaram a receber ameaças de morte e de queima da casa. Na noite de ontem, um não indígena invadiu a casa de um indígena e só saiu quando a Policia foi acionada. Quando esta chegou, ao invés do policial retirar o intruso, começou a questionar os indígenas para saber quantos indígenas paraguaios moravam na terra indígena.

    O atual processo de identificação teve início em outubro de 2001. A publicação do resumo no Diário Oficial da União (DOU) ocorreu em dezembro de 2002 e até abril de 2008, data da publicação da Portaria Declaratória. Foram realizados intensos debates sobre o direito à terra. O expediente utilizado por não indígenas é de que os Guarani são paraguaios e que, estando demarcada, viriam 15 mil Guarani ocupar a terra, impedindo o fornecimento de água aos moradores e destruindo as matas da região. Ou seja, argumento de cunho preconceituoso. A revista Veja, em duas edições 2007 e 2010, publicou matérias dando vazão aos preconceitos, com títulos “Made in Paraguai: a FUNAI tenta demarcar área de Santa Catarina para índios paraguaios , enquanto as do Brasil morrem de fome”.

    Toda a extensão da terra era parque estadual. Porém, os moradores nunca foram indenizados. São cerca de 70 famílias com direito à indenização, porém inúmeros empresários desejam as terras para construção de empreendimentos turísticos e exploração dos mananciais.

    Equipe Cimi – Regional Sul

    Florianópolis, 21 de março de 2013.

     

    Read More
  • 21/03/2013

    “Quero que meu filho cresça e viva bem na terra, sem medo e sem pressão”

    *Waki Mayoruna, da Aldeia Lobo, na IV Reunião binacional Matsés/Brasil-Peru na TI Vale do Javari, em Atalaia do Norte (AM), na semana passada.

     

    Nos dias 09 a 13 de março 2013, na aldeia Lobo, rio Jaquirana, Terra Indígena Vale do Javari, ocorreu o IV reunião Binacional Matsés/Brasil-Peru, reunindo 137 lideranças de 06 comunidades Matsés do Brasil e 11 aldeias do lado peruano. O encontro contou com a presença de representantes das organizações governamentais, FUNAI através da coordenação regional de Atalaia do Norte, Coordenação dos Índios Isolados de Brasília e do Vale do Javari, Coordenação de Monitoramento das áreas indígenas, Representante da ação social e Departamento de Relações Internacionais.

     

    Fez-se presente também o Assessor da Presidência da FUNAI Francisco Piyãnko, o Centro de Trabalho Indigenista (CTI). Representando a SESAI estava o Coordenador do Distrito Sanitário do Vale do Javari-DSEIVJ na pessoa de Jean Heródoto, o Administrador da Casa do Índio (CASAI) – André Matsés, o Assessor da Secretaria Estadual do Índio – Darcy Comapa, o Coordenador da Secretaria Municipal de Assuntos Indígenas (SEMAI) Horácio.

     

    O encontro contou ainda com a presença de representante governamental do Peru na pessoa de Maria Elena Díaz Ñaupari Chefe da Zona Reservada Sierra del Divisor-SERNANP. Representante das forças armadas brasileiras, o Ten. Cel. Marco Antônio de Estevão Machado do 8º Batalhão de Fronteiras de Palmeiras. Representando a sociedade civil estava presente o Jornal a Critica de Manaus na pessoa de Elaize Farias, a equipe do Conselho Indigenista Missionário CIMI do Javari. Estava presente também o representante do Centro de Desenvolvimento do Indígena da Amazônia (CEDIA) do Peru.

     

    O encontro foi marcado pela grande indignação e revolta dos Matsés de ambos os lados dos dois países, frente à realização de levantamento sísmico em região que consta a presença de índios isolados na fronteira Brasil-Peru, segundo vários relatos e verificações dos próprios indígenas.

     

    Os próprios indígenas expressaram após visualização do mapa das linhas de prospecção sísmica, "nossas terras estão retalhadas feito peixe ticado". Segundo o CTI (2011), a empresa canadense Pacific Rubiales Energy iniciou seus trabalhos de levantamento sísmico na área do Lote 135, no Peru, uma região com fortes indícios da presença de povos indígenas isolados.

     

    Com uma área de 1.020.390 ha, o lote 135 foi concedido em contrato entre o governo Peruano e a empresa canadense Pacific Rubiales para exploração de petróleo em 21 de novembro de 2007. O lote 135 se sobrepõe em quase sua totalidade a reserva territorial Tapiche, Blanco, Yaquerana e seus afluentes. Foi feito uma proposta de uma área de 1.185.74.62 ha encaminhando ao governo peruano em 2003 pela Associon Intertnica para o Desarollo de la Selva Peruana (AIDESEP), para proteção dos povos indígenas isolados, no entanto, até agora nunca houve uma resposta a essa solicitação, mesmo no III reunião do Matsés do Brasil e Peru ter sido cobrado oficialmente no documento enviado às autoridades dos dois países (dezembro 2011).

     

    De acordo com o planejamento da empresa Pacific Rubiales, serão 789 km de linhas sísmicas, no lote 135 que irá quadricular completamente o território habitado por esses indígenas, serão abertas 134 clareiras para pouso de helicóptero com uma área de 60×40, cada uma, contanto com a circulação de um numero de trabalhadores que pode chegar a 500 pessoas ao longo do trabalho (CTI 2011). Estando em um cerco de pressão por grandes projetos que visam a exploração do petróleo, tanto do lado peruano, como do Brasil, a TI Vale do Javari, esta cerceada por grandes investimentos.

     

    Do lado brasileiro, no ano de 2007, a Agencia Nacional do Petróleo, (ANP), iniciou uma série de pesquisas, contratando a aquisição de dados aerogeofísicos e geoquímicos da Bacia do Acre. Sem qualquer processo de licenciamento e esclarecimento ao governo brasileiro de sua atividades, principalmente a Fundação Nacional do Indio (FUNAI) deu prosseguimento as pesquisas. Dando continuidade a essas violações, em 2009 a contratação das atividades de prospecção sísmica no alto Juruá ao longo de 12 linhas, na parte sul da terra Indígena Vale do Javari, que totalizam 1.017 km. As linhas sísmicas foram traçadas ao longo de apenas 10 km de distancia da TI Vale do Javari, local também de evidencias de perambulação dos indígenas isolados entre o estado do Amazonas e do Acre.

     

    Além disso, verifica-se que o traçado de uma das linhas (a linha 08) atravessa um varadouro utilizado historicamente pelo povo Marubo, e que, portanto, a eles deveriam principalmente, ser consultados e informados, como reza a Convenção 169, sobre a consulta previa, livre e informada, sobre quaisquer atividades de impactos diretos em seus territórios.

    Diante de tais relatos de violação dos direitos dos povos indígenas Matsés, foi elaborada uma nota que citas suas principais reivindicações e a sua posição de parar qualquer atividade petroleira em suas terras e além delas, exigindo do governo brasileiro e peruano, ações imediatas para que se barre tal ato que coloca em perigo, grupos de isolados ao longo dessas áreas.

     

     

    Read More
  • 20/03/2013

    Indígenas de Roraima cobram proteção às terras

    “Fortalecendo o Bem Viver dos Povos Indígenas com a terra, cultura e o meio ambiente”. Esse foi o tema da 42ª Assembleia do Conselho Indígena de Roraima – CIR, que reuniu mais de 1300 participantes, entre tuxauas e lideranças de oito regiões entre os dias 10 e 15 de março. O evento aconteceu no Centro de Formação de Caracaranã, na terra indígena Raposa Serra do Sol, no município de Normandia, a cerca de 200 quilômetros de Boa Vista, a capital de Roraima. 

     

    Na maior parte dos debates estiveram em foco as ameaças sobre as terras indígenas de Roraima, especificamente, e sobre os direitos dos povos indígenas por todo País. Dentre essas ameaças, estão as iniciativas de setores políticos na Câmara e no Senado tendo em vista modificar o atual procedimento para demarcação de terras indígenas, a tentativa da Advocacia Geral da União – AGU, de estender para as demais terras indígenas as condicionantes definidas pelo Supremo tribunal Federal – STF, por ocasião do julgamento do decreto homologatório da terra indígena Raposa Serra do Sol, dentre outros. 

     

    O Secretário Executivo do Conselho Indigenista Missionário – CIMI, Cleber Buzatto, fez um relato das articulações políticas no Congresso Nacional capitaneadas pela bancada ruralista tendo em vista avançar sobre as terras indígenas por meio do desmonte de direitos conquistados pelos indígenas. A bancada ruralista é formada por mais de 200 deputados vinculados ao setor de agronegócios e aos latifundiários. Segundo Buzatto, as principais ameaças aos direitos indígenas são as Propostas de Emenda Constitucional números 215 e 237/13; A Portaria 303 da AGU e Projeto de Lei 1610. De 1996, de autoria do Senador Romero Jucá (PMDB/RR). 

     

    O secretário nacional de Articulação Social da Secretaria Geral da Presidência da República, Paulo Maldos, recebeu do vice-coordenador do CIR, Ivaldo André Macuxi, um documento cobrando do Governo Federal medidas para proteger as terras indígenas. 

     

    Relatos de várias lideranças dão conta da existência de muitos focos de tensão em Roraima. No interior da terra indígena Raposa Serra do Sol ainda permaneceriam pelo menos três posseiros que teriam sido indenizados. O coordenador da Fundação Nacional do Índio – Funai – em Boa Vista, André Vasconcelos, negou a permanência de posseiros mas informou que investigações estão em curso a cargo do  Ministério Público Federal.

     

    Homenagem

    Jacir José de Souza, Jerônimo Pereira, Clovis Ambrósio e Davi Kopenawa Yanomami foram homenageados pelos participantes da Assembleia. Eles são lideranças de grande prestígio pela participação ativa no movimento indígena de Roraima e do Brasil. Exceto Davi Kopenawa, os outros foram também dirigentes do CIR. Jacir José de Souza foi também um dos primeiros dirigentes da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira – COIAB, fundada em 1989 e sediada em Manaus. 

     

    Eleição

    A 42ª Assembleia do CIR teve caráter eletivo. Mário Nicácio Wapichana foi mantido na coordenação. Ele obteve 2.615 votos, contra 1.305 de Ivaldo André, que também permanecerá como vice-coordenador. A atual Secretária, Telma Marques, ficará no seu cargo. Ela obteve 2.146 votos. 

    Read More
  • 20/03/2013

    MPF/MS: Títulos de propriedade incidentes sobre Terra Indígena Yvy Katu são nulos

    Foto: Egon Heck/Cimi

    Justiça segue argumentos do MPF, revoga liminar e determina validade da demarcação: indígenas foram expulsos das áreas originais

     

    “São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, domínio e posse das terras indígenas”. “A desocupação da região pelos indígenas se deu em razão da pressão por não índios, inclusive na forma de ameaças”. Os trechos foram retirados de sentença judicial que atestou a validade do processo demarcatório da Terra Indígena Yvy Katu, em Japorã (MS). A Agropecuária Pedra Branca, dona de títulos de propriedade na área, queria anular a demarcação alegando que os indígenas deixaram espontaneamente a região no começo do século XX.

     

    A Justiça seguiu os argumentos do Ministério Público Federal e considerou improcedente o pedido, revogando liminar anterior que suspendia a demarcação da TI Yvy Katu. Perícia judicial, solicitada pelo MPF, comprovou que os indígenas habitavam a área durante a colonização da região, sendo expulsos a partir de 1928 e confinados na reserva de Porto Lindo, no município de Amambai.

     

    O relatório pericial afirma que “é possível dizer que houve uma série de atitudes equivocadas por parte do Estado brasileiro e por parte do antigo estado de Mato Grosso, que desapropriaram, venderam e titularam terras na região, desconsiderando a existência de ocupação tradicional indígena”.

     

    Longa espera pela demarcação

     

    O processo demarcatório da TI Yvy Katu, empreendido pela Fundação Nacional do Índio (Funai), começou há 29 anos, sendo interrompido algumas vezes por recursos judiciais. Em junho de 2005, o ministro da Justiça editou a Portaria n.º 1289, declarando de posse permanente do grupo a Terra Indígena Ivy Katu, com área de 9.494 hectares.

     

    A demarcação física já foi realizada, faltando apenas a homologação pela Presidência da República, ato final da demarcação. Os 309 indígenas ocupam, atualmente, 10% do total da área demarcada, por força de decisão judicial.

     

    Indenização milionária

     

    Em novembro de 2011, o Ministério Público Federal ajuizou ação contra a União e a Funai, pedindo indenização de 86 milhões de reais O valor é uma medida compensatória por danos morais e materiais sofridos pela comunidade, expulsa de seu território tradicional no processo de colonização do estado.

     

    O MPF baseou-se no valor anual do arrendamento da área, desde 1928 – quando iniciou-se a expulsão dos índios – até 2012. Com os juros, o valor chega a R$ 43.029.884,84. O MPF pede o mesmo valor pelos danos morais impostos aos indígenas, após a expulsão da área. A quantia deverá ser revertida em políticas públicas destinadas à comunidade indígena de Yvy Katu.

     

    Referência processual na Justiça Federal de Naviraí: 0001123-62.2005.403.6006

     

    Assessoria de Comunicação Social

    Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul

    (67) 3312-7265 / 9297-1903

    (67) 3312-7283 / 9142-3976

    www.prms.mpf.gov.br

    ascom@prms.mpf.gov.br

    www.twitter.com/mpf_ms

     

    Read More
  • 20/03/2013

    Repúdio à ocupação da Presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados pelo deputado Marco Feliciano

    A Direção Nacional da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB, reunida em Brasília, nos dias 11 a 15 de presente, em razão do quadro crítico de regressão no reconhecimento e respeito aos direitos indígenas assegurados pela Constituição Federal e instrumentos internacionais assinados pelo Brasil, como a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho e a Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas, vem de público manifestar a sua indignação e repúdio diante da ocupação da presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados pelo deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), parlamentar de questionável perfil não só pelos processos instalados contra ele no Supremo Tribunal Federal, sob as acusações de estelionato e homofobia, mas pelas suas declarações públicas de intolerância, racismo, discriminação e preconceito, contra distintos segmentos sociais, que desde as suas diferenças e especificidades étnicas, sexuais e socioculturais compõem a nação brasileira.

     

    A ocupação da Comissão de Direitos Humanos pelo deputado Marco Feliciano constitui um grave retrocesso no que tange ao serviço de defesa dos diretos humanos das chamadas minorias, dentre elas os povos indígenas, e que sempre encontraram nesta comissão um espaço privilegiado para pautarem na Câmara dos Deputados as suas demandas e reivindicações.

     

    A APIB espera que ao menos esta Comissão seja presidida e composta por parlamentares e servidores comprometidos com a defesa rigorosa dos direitos humanos, atualmente gravemente ameaçados pelo modelo de desenvolvimento em curso no país, sob a égide das forças do capital que impulsionam as distintas iniciativas legislativas predominantes no Parlamento.

     

    A APIB, por fim, reafirma a sua determinação de estar junto com todos os movimentos e organizações sociais que reivindicam a renúncia do Deputado Feliciano da Presidência da Comissão de Direitos Humanos e a recomposição da mesma com a participação de parlamentares realmente comprometidos com a defesa da vida e da dignidade dos setores secularmente marginalizados, explorados e discriminados na sociedade brasileira.

     

    Brasília – DF, 15 de março de 2013.

     

    Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB

     

    Read More
  • 18/03/2013

    Os agregados do governo Dilma e as causas sociais

    Ao chegar ao poder, em 2003, o Partido dos Trabalhadores (PT) tratou de buscar, nos movimentos sociais, lideranças que aceitassem compor alguns setores do governo para servir como uma espécie de base popular de apoio e, supostamente, para ajudar a definir políticas governamentais. Mais tarde verificou-se que, na verdade o partido e seu principal líder, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, buscava sim montar um aparato para conter possíveis pressões sociais por políticas públicas, por reforma agrária, pela demarcação das terras indígenas e quilombolas ou pelos necessários cuidados com o meio ambiente.

     

    A iniciativa deu tanto resultado que a atual presidente da República, Dilma Rousseff, decidiu reforçar esta estrutura de assessores e assessoras, agora abrigados na Secretaria Geral da Presidência da República, com status de ministério, sob o comando do ex-militante da Pastoral Operária e dirigente nacional do PT, Gilberto Carvalho.

     

    Todas as pendências com os movimentos sem terra, sem teto, indígenas, ambientalistas, quilombolas, movimento de atingidos por barragens e igrejas vêm sendo tratadas no âmbito da referida Secretaria. Gilberto Carvalho comanda um setor de governo que busca “filtrar” as demandas apresentadas por diferentes segmentos e entidades da sociedade civil brasileira. Com o argumento de que "dialoga" com esses segmentos, busca convencê-los de que o governo está à disposição para ouvir e entender as demandas sociais. Para isso, conta com um corpo de assessores, os agregados do governo, que já atuaram em entidades e movimentos sociais e, portanto, conhecem por dentro as formas de luta dos povos indígenas, dos quilombolas, dos atingidos pelas barragens e dos sem terra.

     

    Foi a partir das “instâncias de diálogo" que o governo empurrou "goela abaixo" da população a liberação dos produtos transgênicos, a transposição do Rio São Francisco, os complexos hidroelétricos do Rio Madeira e de Belo Monte. É no âmbito da Secretaria Geral da Presidência da República que se tenta justificar para as lideranças do povo Guarani-Kaiowá a morosidade nos procedimentos demarcatórios de suas terras. A demarcação seria, aliada a outras medidas, capaz de reverter o processo de genocídio que há décadas vem dizimando este povo.

     

    É através desta Secretaria que o governo tenta impor o complexo hidroelétrico do Rio Tapajós e o novo marco regulatório para a exploração mineral, o que possibilitará, aos empresários, explorar de forma mais intensa os minérios na Amazônia e nas terras indígenas. Os (as) assessores (as) da Secretaria Geral da Presidência, como não têm conhecimentos técnicos acerca dos projetos e programas que devem defender dentro do governo buscam convencer as lideranças dos movimentos sociais a aceitar os empreendimentos que afetarão o presente e o futuro das populações, ou pelo menos abrandar as pressões.

     

    Com isso, os técnicos e executivos ligados aos setores econômicos e aos partidos políticos conservadores podem atuar livremente no Congresso Nacional, junto aos ministérios de Meio Ambiente, Minas e Energia, Justiça, Planejamento, Fazenda e no BNDES, de onde extraem recursos para impor e implementar os programas e projetos vinculados ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

     

    No final das contas, os agora “agregados” da Secretaria da Presidência prestam serviço para as mesmas oligarquias que anteriormente contestavam. Ao que parece foram seduzidos pelos tapetes vermelhos, pelas luzes e cores dos palácios e pelo livre trânsito que encontraram junto aos setores antes inalcançáveis: chefes políticos de partidos conservadores, latifundiários, poderosos e ricos personagens que circulam em torno do agronegócio, assim como os donos de empreiteiras, as mesmas que prestavam serviço na ditadura militar.

     

    Estes mesmos agregados levam tão a sério seu papel que ao “dialogarem” com lideranças de movimentos sociais e indígenas contrárias aos grandes empreendimentos, agem e se mostram prepotentes, arrogantes e autoritários. Ao longo dos últimos anos, ocorreram diversos enfrentamentos entre lideranças populares e o ministro Gilberto Carvalho ou alguns de seus assessores, especialmente nas discussões sobre Belo Monte e o Complexo Hidroelétrico do Tapajós. Por diversas vezes os agregados da Secretaria Geral da Presidência impuseram sua vontade com o argumento do “fato consumado”. No caso da hidroelétrica do Tapajós, por exemplo, tais assessores argumentam que os Munduruku, cuja terra será afetada pela obra, têm duas opções, uma inteligente, que é a de concordar com o empreendimento e receber compensações e benefícios, outra burra, que é posicionar-se contra esta obra que será construída com ou sem o consentimento dos índios.

     

    Os agregados da Secretaria Geral da Presidência da República se sentem empoderados, quando, diante de tragédias ou crimes cometidos contra lideranças indígenas, se deslocam às regiões, a exemplo de Mato Grosso do Sul, e proferem discursos em defesa dos direitos indígenas. Falam do suposto compromisso do governo com demarcações de terras, saúde, educação etc. No entanto, o que ocorre depois destas viagens é o retorno aos palácios, e tudo continua como antes, sem demarcações de terras e com a realidade de violações aos direitos indígenas cada dia mais acentuada. Como explicar, por exemplo, que em mais de dois anos de governo a presidente Dilma Rousseff não tenha demarcado nenhuma terra indígena destinada aos Guarani-Kaiowá? Os agregados não se dão conta, ou não querem se dar conta de que o poder não está neles. Este se localiza no latifúndio, no agronegócio, nas empreiteiras, no sistema financeiro, nos políticos conservadores e em seus aliados.

     

    Os agregados da Secretaria também acreditam que exercem algum tipo de poder quando promovem a entrega de prêmios de direitos humanos a personalidades e/ou entidades. Aliás, eles deveriam se sentir envergonhados em premiar aqueles que estão sendo ameaçados porque o governo não cumpre com suas responsabilidades. Um exemplo desse sentimento de empoderamento ocorreu quando da entrega do prêmio destinado a Dom Pedro Casaldáliga (pela defesa intransigente que ele tem feito dos direitos indígenas e, em especial, aos direitos do povo Xavante da terra indígena Marãiwatsédé) na ocasião, um assessor do governo, ao proferir discurso que deveria homenagear Dom Pedro, utilizou grande parte do tempo de sua oratória tecendo elogios ao governo pela retirada dos ocupantes não índios da terra Xavante. Desocupação que se deu não por mérito do governo e sim em função de duas determinações judiciais, uma de fevereiro de 2012, outra em novembro do mesmo ano, concedida pelo então ministro do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres Britto. Portanto, a desintrusão da terra ocorreu nove meses depois da primeira ordem judicial que expressamente determinou a imediata desocupação da terra, reconhecida e homologada há 14 anos, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso.

     

    A despeito de todas as manobras e destas novas formas de sedução utilizadas pelo governo, é importante que os dirigentes dos movimentos sociais, das organizações e das pastorais continuem atentos às grandes questões e demandas que envolvem direitos humanos, ambientais, dos indígenas, dos quilombolas, dos trabalhadores, dos pequenos agricultores. São estes segmentos sociais que se mantêm combativos, alertas e que nutrem a esperança de um futuro diferente, regido por interesses sociais e não por interesses dos grandes conglomerados da economia, especialmente das indústrias de mineração e do agronegócio.

     

    Porto Alegre (RS), 17 de março de 2012.

     

    Roberto Antonio Liebgott

    Cimi Sul-Equipe Porto Alegre

     

    Read More
  • 18/03/2013

    Chamados de “sujos” e “fedidos”, indígenas são expulsos de sala de aula

    Jovens reunidos na aldeia Campestre, em encontro de professores, em 2012. Foto: Ruy Sposati/Cimi

    Cerca de 28 estudantes indígenas Kaiowá e Guarani da aldeia Campestre foram retirados de uma sala de aula de uma escola estadual em Antônio João (MS), sob a alegação de que eram "sujos" e "fedidos". A denúncia foi realizada pelo conselho da Aty Guasu, grande assembleia Guarani e Kaiowá do Mato Grosso do Sul, no último dia 12, no Ministério Público Federal do estado, em Dourados, acusando os envolvidos de crime de racismo.

    Atualmente, a comunidade de Campestre tem acesso, no próprio tekoha (aldeia), ao ensino básico e fundamental. Para cursar o ensino médio, os estudantes precisam sair da aldeia e estudar em colégios no perímetro urbano do município.

    Segundo a denúncia, no dia 27 de fevereiro, o grupo de indígenas foi expulso da sala de aula da turma do primeiro ano do ensino médio matutino da Escola Estadual Pantaleão Coelho Xavier pelo diretor do colégio, pressionado por professores e estudantes não-indígenas.

     

    "Disseram pros nossos estudantes que eles não deveriam estudar ali", conta a liderança da aldeia, Joel Aquino. "Disseram aos nossos jovens que se eles continuassem estudando o ano todo, iam encher a sala e escola de terra, porque temos ‘pés sujos’. E ‘chulé’, que as indígenas femininas tem aquele cheiro de mulher". O diretor colocou o grupo do lado de fora da sala de aula, enquanto o professor continuou dando aula para os não-indígenas. "Às vezes o professor ia lá fora passar alguma atividade para os indígenas", diz Joel.

     

    Estudantes da escola da aldeia Campestre, em 2012. Foto: Ruy Sposati/Cimi

    Quando voltaram à aldeia, os estudantes relataram à comunidade o que havia acontecido. Joel conta que ele próprio e uma outra liderança da aldeia, em momentos diferentes, foram pessoalmente falar com o diretor da escola, que confirmou ter expulsado os jovens da aula por considerar que eles não eram higiênicos o suficiente.

     

    "Depois disso, nossos estudantes não querem mais frequentar a escola por motivo de vergonha, tamanha a situação humilhante que passaram". Segundo Joel, apenas três deles resolveram continuar frequentando as aulas na escola estadual. "O resto está perdendo aula, decidiram que não vão [para a escola]. Os três que estão indo disseram que o diretor decidiu que eles podem voltar pra sala de aula, porque são poucos. Mas que se voltar a ir todo mundo, eles não vão poder ficar na sala", conclui.

     

    Além do MPF, os relatos também foram encaminhados à Fundação Nacional do Índio (Funai) e a representantes da Secretaria de Direitos Humanos.

    Read More
Page 588 of 1208