28/06/2007

Informe no. 772: Há três dias, 1500 acampam pelo rio São Francisco

 



– Há três dias, 1500 acampam pelo rio São Francisco

 Rondônia: 12% da população indígena do Pólo-Base de Guajará Mirim estudada é portadora do vírus da hepatite B ou C


 


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Há três dias, 1500 acampam pelo rio São Francisco


 


Enganou-se quem achou que não haveria protestos questionando o começo das obras da transposição do rio São Francisco. Contra a violência do governo Federal, que deu início às obras sem o prometido diálogo com a sociedade, os movimentos sociais montaram um acampamento de 1500 pessoas, pacífico e cheio de simbolismos: na época da festa mais importante do nordeste, o São João, reafirmam a busca de um desenvolvimento sustentável e que respeite as características da região. E, em apoio aos povos indígenas, o  grupo realiza uma retomada coletiva de uma área reivindicada pelo povo Truká, mas que foi deixada de fora da demarcação da terra deste povo.


 


A fala de mais de uma dezena de movimentos que organizaram o ato foi reunida em um manifesto: “Água nos açudes e cisternas, caatinga verdejante, comidas de milho, requeijão e paçoca, licores e muito forró ao redor da fogueira… Sinais do Nordeste bonito e viável, evidências do que pode o período chuvoso do semi-árido, se para ele deslocarmos o foco, concentrarmos os esforços, investirmos. Ao optar por obra contra a seca e não a favor do semi-árido e sua dinâmica sócio-ambiental, o governo erra mais uma vez, como tem acontecido historicamente. A proposta de conviver com o semi-árido – esperava-se desse governo – sepultaria a política e a indústria do combate à seca e consolidaria a política do aproveitamento do chuvoso, pois é neste e não na seca que se decide a vida do sertão e do sertanejo. (…) A questão não é doar água ou não, mas qual desenvolvimento, a que preço e para quem”, dizem. (veja aqui a integra)


 


O acampamento foi instalado na terça-feira, 28 de junho, no quilômetro 29 da BR 428, onde o exército iniciou as obras da tomada de águas do canal norte do projeto de transposição. A atividade segue sem data para terminar. Estão presentes seis povos indígenas, somando cerca de 260 dos manifestantes.


 


Os objetivos do acampamento são a paralisação das obras e o apoio à retomada Truká. Atos simbólicos – como o enterro da obra da transposição e o plantio de mudas de alimentos como feijão e milho – estão sendo realizados. Há também momentos de formação dos acampados.


 


 


 Rondônia – 12% da população indígena do Pólo-Base de Guajará Mirim estudada é portadora do vírus da hepatite B ou C


 


 


O Núcleo de Vigilância Epidemiológica (NUVEPA), do município de Guajará-Mirim, Rondônia, em resposta a um ofício do Conselho Indigenista Missionário de fevereiro de 2007, revelou dados alarmantes: 12% da população indígena estudada é portadora do vírus de hepatite B ou C.


 


A pesquisa que aponta este número foi realizada através de uma parceria entre o município de Guajará-Mirim e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em setembro de 2005. De um total de 836 amostras, 100 apontaram infecção por hepatite B ou C.


 


O Cimi em Rondônia denuncia que, apesar de ter acesso aos dados, a Funasa não tomou as atitudes necessárias para o tratamento dos pacientes, e tentou manter os dados em sigilo.


“É lamentável que os AIS, profissionais de saúde de referência de suas aldeias, não estejam informados sobre a saúde dos pacientes. (…) É responsabilidade da Funasa entregar a cada indígena o resultado de seus exames, fazer os devidos encaminhamentos e frente à esses resultados realizar com urgência a pesquisa nas demais aldeias. “, afirma a equipe do Cimi em Guajará-Mirim, em nota (veja na íntegra).


 


A equipe esclarece que pessoas com hepatite crônica necessitam de um acompanhamento contínuo, com realização de exames complementares, possível necessidade de tratamento especializado. O atraso no tratamento coloca em risco a vida desses pacientes.


As gestantes portadoras do vírus da hepatite devem ser acompanhadas por médico obstetra porque se trata de gravidez de risco.


 


Para o Cimi, estes dados deveriam ter sido usados pela Funasa para organizar um programa especifico de Hepatites Virais, que requer recursos financeiros e técnicos: acompanhamento clinico e laboratorial dos portadores, acompanhamento das grávidas, vacinação dos recém-nascidos e  formação dos profissionais de saúde e das comunidades.


 


Brasília, 28 de junho de 2007


Cimi – Conselho Indigenista Missionário


www.cimi.org.br

Fonte: Cimi
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