Mato Grosso: em encontro, lideranças reivindicam a garantia da Educação Escolar Indígena
Promovido pelo Cimi Regional Mato Grosso, o 20º Encontro de Educadores e Educadoras Indígenas foi realizado entre os dias 10 e 13 de maio
Mais uma vez, sob o lema que marca a luta dos povos originários em busca da efetivação da política educacional, específica e diferenciada, educadores e educadoras indígenas de Mato Grosso estiveram reunidos entre os dias 10 e 13 de maio.
O 20º Encontro de Educadores e Educadoras Indígenas, promovido pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Mato Grosso, em parceria com a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), foi realizado nas dependências da Unemat, no campus de Barra do Bugres, e contou com a participação de 60 lideranças, de 21 povos, com a assessoria do professor Dr. Gersem Baniwa, professor da Universidade de Brasília (UnB) e importante referência na temática da Educação Escolar Indígena.
Um diagnóstico realizado pelos participantes, no início do encontro, foi a base para a aferição e confirmação de muitos problemas e ilegalidades na efetivação do direito à educação por parte da Secretaria Estadual de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT), desde a imposição de web-ponto, passando pela imposição de estruturação da educação e organização das escolas indígenas, em desacordo com a legislação vigente e com as dinâmicas próprias de cada povo originário.
“Um diagnóstico realizado pelos participantes foi a base para a aferição e confirmação de muitos problemas e ilegalidade na efetivação do direito à educação por parte da Seduc-MT”
Gersem Baniwa reafirmou a importância do primado pela Educação Indígena, aquela que é própria de cada povo, com suas dinâmicas, ritos e temporalidades próprias, como base para a discussão da Educação Escolar, esta que chegou até os povos como algo externo.
“A Educação Indígena é um processo de aprendizagem para o Bem Viver [modo de ser de cada povo]. A Educação Tradicional faz o ser indígena, com sua cultura, língua, territórios, conhecimentos, modos de vida, espiritualidades e pedagogias próprias”, afirmou. Já a Educação Escolar Indígena, que no contato com a sociedade não indígena, serve para a formação da cidadania – direitos e deveres – deve se dar sob a base sólida de uma Educação Tradicional, que deve ser totalmente respeitada.
“A Educação Tradicional faz o ser indígena, com sua cultura, língua, territórios, conhecimentos, modos de vida, espiritualidades e pedagogias próprias”
A partir das reflexões, discussões e construções coletivas, os participantes elaboraram uma “Carta do Encontro”, assinada pelos presentes e direcionada a diferentes órgãos e organizações. Destaca-se a reafirmação da posição contrária às imposições da Seduc-MT, reafirmando a necessidade de valorização dos professores e professoras, em sintonia com a autonomia de cada povo, assegurada pela Constituição Federal de 1988 e pela legislação pertinente.
O Encontro de Educadores e Educadoras Indígenas, como continuidade da criação de espaços de formação, que marcam a história do Cimi Regional Mato Grosso, foi mais uma contribuição para o fortalecimento do Movimento Indígena no estado e busca, em conjunto com os povos, a garantia da realização da Educação Escolar Indígena como deve ser: específica e diferenciada, de acordo com as pedagogias, realidades e culturas de cada povo.
Para conferir o documento final na íntegra, acesse aqui.