13/07/2006

Informe n°723: Educação escolar avança com movimento indígena forte

 

– Educação escolar avança com movimento indígena forte


 


– Campanha em defesa do Rio Xingu



 


 


Educação escolar AVANÇA COM movimento indígena forte


 


Oito povos do estado de Pernambuco realizaram, entre 5 e 9 de julho, o XV Encontro da Comissão de Professores Indígenas de Pernambuco (Copipe). As professoras e professores debateram políticas de educação escolar indígena e as relações entre o movimento de professores e o movimento indígena em geral. A reunião, chamada pelos participantes de “encontrão” ocorreu na aldeia Mina Grande, do povo Kapinawá.


 


Um dos temas centrais do encontro foi aproximação do movimento de professores com a entidade que representa os povos da região Nordeste, a Apoinme. O movimento dos professores se aprofunda-se em temáticas pedagógicas e de gestão da educação escolar. Mas a educação está ligada a todos os outros aspectos da vida das comunidades e o movimento sabe que, para garantir escolas e qualidade de ensino, precisa de terras demarcadas e de políticas públicas que só serão criadas a partir da pressão de todo o movimento indígena. Em última análise, a estruturação da educação escolar indígena depende da existência de um movimento indígena forte.


 


Por isso, os professores reunidos definiram fortalecer a Apoinme. Para isso, sugerem que a Articulação dos Povos do Nordete, Minhas Gerais e Espírito Santo invista na organização de “encontrões” para discutir com profundidade questões como a relação com o Estado, e temas como terra, saúde e educação, além de aumentar conhecimento sobre os povos e intercâmbio entre eles. Os professores e professoras também reforçam a importância de aproveitar os espaços de articulação que já existem dentro de cada povo para levar debates do movimento indígena e trazer novos pontos de vista. Entre estes espaços, está o da educação escolar.


 


Um novo encontro entre os movimentos, com a presença de entidades de apoio como Cimi e o Centro de Cultura Luiz Freire, foi marcado para novembro deste ano.


 


Outro tema central foi a participação do movimento na V Confêrencia Estadual de Educação Indígena, prevista para acontecer no mês de agosto com cerca de 400 participantes, a maioria indígenas. Um dos pontos que será levado à Conferência é a importância da participação das comunidades na seleção dos professores indígenas. Para o movimento de Pernambuco, a efetivação de professores deve ser avaliada em conjunto com as lideranças e os contratados precisam atender ao perfil definido pelo seu povo.  “A lógica do concurso publico não é a lógica dos povos indígenas em Pernambuco. O concurso é feito no nosso país por vários motivos, entre eles superar o nepotismo, medir competências. Este não é o nosso caso. Já somos professores legitimados pelas comunidades, fomos escolhidos pelo povo e atendemos o perfil do professor indígena que foi construído por cada povo, então não tem mais o que selecionar. Em nosso caso, pra que concurso?”, questiona a professora Pretinha Truká. A estruturação de um subsistema de educação indígena no estado será outro tema prioritário na Conferência. 


 


Uma das características dos “encontrões”- que os torna diferentes de outros encontros – é que a participação dos professores é paga por eles mesmos, através de seus salários, e por suas comunidades que, por entenderem a importância dos debates, organizam-se para que dividir os custos da viagem e da estadia. Estiveram no encontro os povos Atikum, Kapinawá, Kambiwá, Pankararu, Pankará, Pipipã, Truká e Xukuru.


 


 


Campanha indígena em defesa do Rio Xingu


 


A hidrelétrica Paranatinga II está sendo construída em um sítio sagrado dos povos do Xingu, localizado a 100 km dos limites oficias do Parque Indígena do Xingu, onde, segundo as tradições, Mavutsinim criou toda a humanidade e realizou o primeiro Kuarup. O Kuarup é a maior festa dos povos daquela região.


 


Preocupados com a vida do rio Xingu, com a sobrevivência das espécies de peixes e com suas fontes de alimentação, os indígenas opõem-se à construção da barragem desde 2004, quando ficaram sabendo do projeto.Agora, os povos Waurá, Kuikuru, Yawalapiti, Kamayurá, Nafuquá, Aweti, Kalapalo, Mehinako, Matipu, Trumai, Ikpeng, Kayabi, Juruna, Beiço de Pau, Suyá, Kayapó, e Xavante solicitam apoio de toda a sociedade para impedir a construção da barragem. Eles pedem que uma carta seja enviada ao governo federal.


 


“Nós, do Movimento Indígena em Defesa do Rio Xingu, pedimos sua ajuda para impedir a construção da Paranatinga II e outras barragens na região ( Paranatinga II é apenas um de onze projetos hidrelétricos ao longo do Rio Xingu). Nós queremos que essas terras retornem ao seu estado original e protegê-las como sítios sagrados, juntamente com outros sítios sagrados que ficaram de fora de nossas terras (como é o caso da caverna de Kamukwaká, onde ocorreu o primeiro ritual de furação de orelhas)”, afirma em carta. Para ver o texto completo e os endereços para enviar a solicitação, clique aqui.


 


O Ministério Público Federal moveu uma ação civil pública para parar a obra e uma decisão preliminar acatou a suspensão dos trabalhos, em 2005. Desrespeitando essa decisão, a construção da barragem continuou. Em 3 de junho de 2006, mais de 150 xinguanos, representando os 14 diferentes grupos do Xingu, ocuparam pacificamente a obra e efetivamente impediram sua continuação.


 


Brasília, 13 de julho de 2006


 


 


 

Fonte: Cimi - Conselho Indigenista Missionário
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