• 20/08/2007

    Convite para participação no Plebiscito da Vale do Rio Doce



    Aos irmãos e irmãs das Dioceses, Paróquias e Comunidades de Base da nossa Igreja Católica.


     


    Na Semana da Pátria deste ano será realizado o Plebiscito Popular sobre a privatização da Companhia Vale do Rio Doce e sobre outros temas ligados aos direitos sociais, em cuja promoção e defesa nossa Igreja sempre esteve empenhada.


    Nós, bispos da Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da CNBB – Dom Pedro Luiz Stringhini, Dom José Luiz Ferreira Salles, Dom Guilherme Antônio Werlang, Dom Ladislau Biernaski, Dom Demétrio Valentini e Dom Maurício Grotto -, convidamos, em nome das Pastorais Sociais, a todos e todas a participarem deste Plebiscito. Estimulamos também a disponibilização de espaços para a realização deste exercício de cidadania em que as Pastorais Sociais são coordenadoras junto com movimentos e organizações da sociedade Civil.


    O leilão de privatização está sendo julgado pelo Judiciário, mobilizado por mais de 100 ações que contestam a sua legalidade. E como definiu Dom Luciano Mendes de Almeida, de saudosa memória, em audiência pública pouco antes do leilão de 1997, esse ato não foi ético. Dizia ele:


             “ninguém pode vender uma empresa como a Vale do Rio Doce essa sem ter informado o povo do seu valor real, do seu significado histórico, cultural, político…”


             “ninguém pode vender o chão do país…”


             “uma transação que toca na herança de todo um povo… não pode ser feita sem informar, formar e consultar o próprio povo”.


    Contando com a participação e colaboração todos os irmãos e irmãs, recebam nosso abraço afetuoso.


    Em Cristo,


    Assina Dom Pedro Luiz Stringhini


    (em nome do demais bispos da Comissão)


    Brasília, 18 de agosto de 2007.

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  • 20/08/2007

    Assembléia da Frente de Resistência Pataxó

    Nós da Frente de Resistência e Luta Pataxó, reunidos nos dias 17, 18 e 19 de agosto de 2007, realizamos nossa VI Assembléia no Monte Pascoal, coração do nosso território, representados pelas aldeias: Corumbauzinho, Tauá, Craveiro,  Pequi, Tibá, Alegria Nova, Aldeia Nova do Monte Pascoal, Meio da Mata, Boca da Mata, Cassiana; com a presença dos aliados Anaí, Cimi, Cese, Cepedes, Sindicato dos Bancários, CUT-Bahia, Fetag e da organização indígena Apoinme, e das comunidades Coroa Vermelha, Tupinambá da Serra do Padeiro e Pataxó Hã Hã Hãe, avaliamos a situação do nosso território e as dificuldades enfrentadas em conseqüência da insuficiência de terra para garantir a sustentabilidade, a valorização e o fortalecimento de nossa cultura vimos afirmar e reivindicar as seguintes questões:


    1 – Demarcação imediata do nosso território como área contínua respeitando os nossos direitos históricos. Por isso decidimos iniciar uma campanha internacional pela demarcação de nosso território. Não aceitamos nenhum tipo de negociação que tenha como objetivo a redução da nossa terra e repudiamos as perseguições e criminalização de nossas lideranças que estão lutando pelo nosso legitimo direito;


    2 – Uma política especifica que garanta a sustentabilidade de nossas comunidades, bem como a segurança alimentar de nosso povo;


    3 – Garantia de uma política de saúde que respeite a diversidade e especificidade de nosso povo conforme determina a constituição federal, promovendo uma assistência médico-hospitalar eficaz e ágil, mas também que valorize e respeite as praticas curativas tradicionais;


    4 – Uma política de educação especifica que respeite a nossa realidade sócio-cultural, garantindo uma infra-estrutura com construções de escolas e equipamentos, materiais didáticos adequados, a formação de nossos professores com a participação das comunidades na definição de uma educação diferenciada, comunitária e de qualidade;


    5 – Implantação imediata de uma política de moradia e saneamento básico como um direito humano;


    6 – Exigimos a erradicação do monocultivo do eucalipto e de qualquer outro monocultivo em nossas terras e reafirmamos o nosso compromisso em defesa do meio ambiente e auto-gestão do nosso território.


    Considerando a dura realidade que vivemos ao longo dos anos, combatendo políticas de negação de identidade e de direitos de nosso território, a discriminação e exclusão social, afirmamos que continuaremos resistindo a todas as formas de injustiças que afeta o nosso povo, setores explorados e excluídos da nossa sociedade, como quilombolas, sem terra, pequenos agricultores, pescadores e outros. Exigimos atenção as nossas reivindicações como forma de respeito aos nossos direitos constitucionalmente garantidos.


     


    Pela justiça e demarcação do nosso território único do Monte Pascoal: Avançaremos!


     

    Monte Pascoal, 19 de agosto de 2007.

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  • 20/08/2007

    Newsletter n 779: Indigenous leaders do not believe that proposals for improving indigenous health care will be implemented

    Newsletter n 779


     


    – Indigenous leaders do not believe that proposals for improving indigenous health care will be implemented.


     


    – Assembly strengthens organization of Indigenous Women from the northeast and east regions.


     


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    Leaders do not believe that proposals for improving indigenous health care will be implemented


    Indigenous leaders from the Javari Valley, in the state of Amazonas, believe that measures for improving indigenous health care in the region, defined in a public hearing held on August 15 in Atalaia do Norte will not be actually implemented. The hearing was organized by the 6th Chamber of the Federal Prosecutor’s Office, which received reports on serious health care problems in the region.


     


    A serological investigation carried out by the National Health Foundation (Funasa) involving 309 indigenous people in 2006 showed that 24.9% of them were infected with hepatitis delta virus (the most aggressive form of the disease). In addition, 85.11% of the indigenous people had been infected with the hepatitis A virus.


     


    A Behavior and Conduct Commitment Instrument (TAC) was signed by the organizations attending the hearing contemplating various actions to reduce the number of affected indigenous people and protect the indigenous area. Clóvis Marubo, coordinator of the Indigenous Council of the Javari Valley (Civaja), was not pleased with the result: “Several agreements have been defined but nothing has changed. I do not think this one will change anything. An agreement will not change anything. We would like something more immediate.”


     


    The priority measures which were defined include the completion of the serological investigation, so that the precise number of indigenous people infected with hepatitis and other diseases can be known. The TAC also defined that Funasa will be building 4 basic health care stations and provide 12 refrigerators for conserving vaccines by the end of 2007. With this structure established, the immunization program for preventing hepatitis and other diseases would be resumed early in 2008.


     


    According to the agreement, the National Foundation for Indigenous People will start to inspect some areas along the Curuça and Javari rivers. 


     


    Also according to the TAC, the Federal Prosecutor’s Office in the state of Amazonas will begin an investigation to inspect reports of corruption involving Funasa and the mayor of Atalaia do Norte, Rosário Conte. According to Civaja, more than R$  200,000 were earmarked for hiring technical experts to work in indigenous villages, but it seems that  only 16 people were hired and most of them are working in Atalaia.


     


    There are 47 villages in the Javari Valley, which is located on the border with Peru, where about 3,500 people from the Matis, Kulina, Kulina Pano, Mayoruna, Kanamari, and Marubo people are living, besides non-contacted indigenous groups.






     


     


    Assembly strengthens organization of Indigenous Women from the Northeast and East regions


     


    Strengthened to fight for land and better organized. That is how 120 female warriors belonging to more than 40 indigenous peoples left the 1st Assembly of Women from the Northeast and East Regions. Now they have a permanent representative in the Coordinating Board of the Articulation of Indigenous Peoples from the Northeast Region, Minas Gerais and Espírito Santo (Apoinme).


     


    Coming from nine different states, those women discussed issues affecting their peoples and themselves individually. The meeting, organized by Apoinme, prepared a diagnosis of the situation of indigenous women in the northeast and east regions, based on the presentations made by the participants.


     


    The main issue which affects these women is the lack of land. “We need land to fight for other collective (health, education, etc.) or individual rights as our rights as indigenous women,” summarizes Pretinha Truká, one of the coordinators of the event.


     


    The Growth Acceleration Program was highlighted in the final document of the Assembly, as it includes projects in favor of indigenous lands and for putting an end to deforestation activities of farmers, which threaten the territories and life of different ethnic groups.


     


    Mention was also made of invasions of territories of the Tupinikim, Guarani (Espírito Santo) and Pataxó (Bahia) peoples by eucalyptus monoculture projects of the Aracruz Celulose and Veracel companies and of the Jenipapo Kanindé people (Ceará) by sugarcane monoculture projects of the Ypióca company.


     


    Among other issues affecting women particularly, domestic violence was particularly focused on. “There are cases of violence inside the communities. We discussed here that violence is not a cultural issue. It needs to be discussed within the community with husbands, women, children…,” explained Pretinha Truká.


     


    Side by side with men


    Strengthening the women’s organization was also one of the objectives of the Assembly. For this purpose, they created a women’s committee made up of women from northeastern and eastern states and appointed Ceiça Pitaguary, from Ceará, to coordinate Apoinme.


     


    “We left the assembly strengthened to fight side by side with men, not behind them or ahead of them,” stressed Pretinha. During the presentations, it was recalled that macho attitudes and discrimination on the part of companions and other participants in the indigenous movement often prevail. But it was also recalled that women have always taken part in the struggle for land and rights, in land reoccupation actions and in discussions within the community. “Now, we will make our participation more visible and seek more spaces to enhance it”, summarized the Truká leader.


     


    Against the Transposition


    To protest against the transposition of the São Francisco River and the indigenous policies adopted by the government, which have been unable to ensure the rights of indigenous peoples, the assembly closed with a parade at Praça da Liberdade (Freedom Square) in the downtown area of Belo Horizonte. The female warriors also reported violence against indigenous peoples and their leaders.


     


     


    They also paid homage to leader Maninha Xukuru-Kariri, who died in 2006 for lack of assistance. October 11 was defined as the day of resistance of indigenous women from the northeast and east regions in her honor.


     


     


    Brasília, August 16, 2007


    www.cimi.org.br


    Indianist Missionary Council

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  • 17/08/2007

    Info-Brief 779: Indigene Vertreter bezweifeln Verbesserungen im Gesundheitswesen

    Indigene Vertreter von Vale do Javari, Amazonas, glauben nicht an die Umsetzung der Maßnahmen zur Verbesserung der indigene Gesundheit in der Region, die bei der öffentlichen Audienz am 15.8.2007 in Atalaia do Norte festgelegt wurden. Zur Audienz eingeladen hat die 6. Kammer der Bundesstaatsanwaltschaft, die über den schlimmen gesundheitlichen Zustand der Indios informiert wurde.


     


    Die 2006 durchgeführte serologische Untersuchung der Nationale Gesundheitsstiftung (FUNASA) von 309 Indios ergab, dass 24,9 % mit dem Virus Hepatitis Delta infiziert waren und 85,11 % Kontakt mit dem Virus Hepatitis A hatten.


     


    Am Ende der Audienz unterzeichneten die anwesenden Organisationen einen Vertrag, der verschiedene Aktivitäten vorsieht, um die Zahl der Erkrankten zu senken und das indigene Gebiet zu schützen. Clóvis Marubo, Koordinator des Indigenen Rates von Vale do Javari (CIVAJA) ist mit dem Ergebnis unzufrieden: „Es gab schon viele Verträge die nichts änderten. Ich glaube nicht, dass dieser etwas vorantreiben wird. Das Abkommen legt nichts fest. Man braucht sofort etwas“.


     


    Im Vertrag ist der Abschluss der serologischen Untersuchungen vorgesehen, um die genaue Zahl der kranken Indios zu kennen. Bis Ende 2007 sollen vier Stationen eingerichtet und zwölf Kühlschränke zur Aufbewahrung des Impfstoffes angeschafft werden. Anfangs 2008 ist ein Impfprogramm zur Verhinderung von Hepatitis und anderen Krankheiten geplant.


     


    Die FUNAI soll bereits anfangs September Gebiete entlang der Flüsse Curuçá und Javari für Maßnahmen festlegen.


     


    Das Abkommen sieht auch eine Untersuchung der Korruptionsvorwürfe gegen die FUNASA und den Präfekten von Atalaia do Norte, Rosário Conte, durch die Bundesstaatsanwaltschaft Amazonas vor. Laut CIVAJA gab es über R$ 200.000 für Gesundheitspersonal in den Aldeias, aber es wurden nur 16 Personen verpflichtet, die vorwiegend in Atalaia arbeiten.


     


    In Vale do Javari, nahe der Grenze zu Peru, gibt es 47 Aldeias mit rund 3.500 Indios der Völker Matis, Kulina, Kulina Pano, Mayoruna, Kanamari , Marubo sowie noch nicht kontaktierten Gruppen.


     


    Versammlung stärkt Organisation der indigenen Frauen aus dem Nordosten und Osten


     


    Vom 14.-16.8.2007 fand in Minas Gerais die 1. Versammlung der Frauen aus dem Nordosten und dem Osten statt, zu der Vertreterinnen von mehr als 40 Völkern und 20 Krieger aus neun Bundesstaaten gekommen waren.


     


    Die Frauen diskutierten Fragen die ihre Gemeinschaften und sie selbst betreffen. Die Artikulation der Indigenen Völker aus dem Nordosten, aus Minas Gerais und Espírito Santo (APOINME), die das Treffen organisierte, hat auf der Grundlage der Beiträge der Teilnehmerinnen eine Analyse der Situation der Frauen im Nordosten und Osten gemacht. Die Frauen haben nun auch eine ständige Vertretung in der APOINME.


     


    Das größte Problem ist der Landmangel. „Wir brauchen Land, um andere kollektive Rechte (Gesundheit, Bildung) und individuelle Rechte durchzusetzen, wie unser Recht als indigene Frauen zu leben“, sagte Pretinha Truká, eine der Koordinatorinnen der Versammlung.


     


    Im Schlussdokument wurde besonders auf das Programm der Beschleunigung des Wachstums hingewiesen, das indigenen Gebiete betrifft. Die verstärkte Abholzung durch Fazendeiros im Rahmen dieser Projekte gefährdet die Gebiete und das Leben der Ethnien. Kritisiert wurden auch die Zerstörung der Gebiete der Tupinikim und Guarani in Espírito Santa und der Pataxó in Bahia durch die Eukalyptusplantagen der Firmen Aracruz Celulose und Veracel. In Ceará leidet das Volk Jenipapo Kanindé unter der Monokultur des Zuckerrohres der Firma Ypióca.


     


    Eines der größten persönlichen Probleme der Frauen ist die häusliche Gewalt. „Wir diskutierten, dass Gewalt keine kulturelle Frage ist. Wir müssen dieses Problem innerhalb der Gemeinschaft mit den Männern, Frauen und Kindern besprechen, unterstrich Pretinha Truká.


     


    Gemeinsam mit den Männern


    Um die Organisation der Frauen zu stärken, wurde eine Kommission eingerichtet, in der Frauen aus allen Bundesstaaten des Nordostens und Ostens vertreten sind. Diese wählte Ceiça Pitaguary, (Ceará) für die Koorination der APOINME.


     


    „Wir verlassen dieses Treffen gestärkt für den Einsatz an der Seite der Männer, nicht hinter ihnen oder vor ihnen“, betonte Pretinha. Die Frauen erinnerten während der Versammlung immer wieder an den Machismos und die Diskriminierung durch die Partner und andere Mitglieder der indigenen Bewegung. Dennoch setzen sich die Frauen ein, etwa wenn es um die Rückgewinnung ihrer Gebiete gibt und bringen ihre Positionen in den Gemeinschaften ein. „Unser Einsatz muss noch mehr zu spüren sein und wir wollen noch mehr Raum für unsere Beteiligung“, fasste die Vertreterin Truká zusammen.


     


    Gegen die Flussregulierung


    Die Versammlung endete mit einer Demonstration auf dem Platz der Freiheit im Zentrum von Belo Horizonte. Protestiert wurde gegen die Regulierung des São Francisco und gegen die indigene Politik der Regierung, die unfähig ist, die indigenen Rechte zu sichern. Die Krieger kritisierten die Gewalt gegen die indigenen Völker und ihre Vertreter. Sie gedachten der Vertreterin Maninha Xukuru-Kariri, die aufgrund mangelnder Betreuung 2006 starb.  Ihr zu Ehren gilt der 11. Oktober als Tag der indigenen Frau im Nordosten und Osten.


     


    CIMI – Indianermissionsrat


    Brasília, 16. August  2007

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  • 16/08/2007

    Informe no 779: Lideranças não crêem que propostas para melhorar saúde indígena serão cumpridas

    Informe no 779


     


    – Lideranças não crêem que propostas para melhorar saúde indígena serão cumpridas.


     


    – Assembléia fortalece organização das Mulheres indígenas do Nordeste e do Leste


     


    *****


     


    Lideranças não crêem que propostas para melhorar saúde indígena serão cumpridas.


     


    Lideranças indígenas do Vale do Javari, no Amazonas, acreditam que não serão realizadas as medidas para melhorar a saúde indígena na região, definidas na audiência pública, realizada em 15 de agosto, em Atalaia do Norte. A audiência foi convocada pela 6ª Câmara do Ministério Público Federal, que recebeu denúncias sobre a grave situação de saúde na região.


     


    Um inquérito sorológico da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), feito com 309 índios em 2006, revelou que 24,9% deles estavam contaminados pelo vírus da hepatite Delta (a mais agressiva forma da doença). Além disso, 85,11% dos índios tiveram contato com vírus da hepatite A.


     


    Ao final da audiência, foi assinado, pelas entidades presentes, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que prevê diversas ações para diminuir o número de indígenas doentes e proteger a área indígena. Clóvis Marubo, coordenador do Conselho Indígena do Vale do Javari (Civaja) não ficou satisfeito com o resultado: “Vários acordos já foram feitos e nada mudou. Não acho que este vai adiantar. Acordo não determina nada. A gente queria algo mais imediato”.


     


    Entre as medidas prioritárias definidas, está a conclusão o inquérito sorológico, para que se tenha o número preciso de indígenas contaminados por hepatite e outras doenças. O TAC também definiu que, até o fim de 2007, a Funasa deve construir 4 pólos-base e instalar 12 geladeiras para conservar vacinas. Com essa estrutura, no início de 2008 recomeçaria o programa de vacinação para prevenir hepatite e outras doenças.


     


    Pelo acordo, à Fundação Nacional do Índio caberia começar, já em setembro, a fiscalização de algumas áreas como as áreas médias dos rios Curuçá e Javari. 


     


    O TAC também prevê que o MPF-AM abrirá um inquérito para investigar as denúncias de corrupção envolvendo a Funasa e o prefeito de Atalaia do Norte Rosário Conte. Segundo o Civaja, há mais 200 mil reais destinados para a contratação de técnicos de saúde aldeias, mas haveria apenas 16 pessoas contratadas e, a maioria, trabalhando em Atalaia.


     


    No Vale do Javari, que fica na fronteira com o Peru, há 47 aldeias onde vivem cerca de 3.500 pessoas dos povos Matis, Kulina, Kulina Pano, Mayoruna, Kanamari e Marubo, além de grupos não contactados.


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    Assembléia fortalece organização das Mulheres indígenas do Nordeste e do Leste


     


    Fortalecidas para a luta pela terra e mais articuladas. Assim saíram as 120 guerreiras de mais de 40 povos que se reuniram na 1º Assembléia de Mulheres do Nordeste e do Leste, ocorrida entre 14 e 16 de agosto, em Minas Gerais. Agora, elas têm uma representante permanente na coordenação da Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme).


     


    Vindas de nove estados, as mulheres discutiram as questões que afetam seus povos e a elas individualmente. O encontro, organizado pela Apoinme, preparou um diagnóstico da situação das mulheres indígenas no Nordeste e do Leste, a partir das apresentações das participantes.


     


    A principal questão que afeta as mulheres é a falta da terra. “Precisamos da terra para lutar pelos outros direitos coletivos (saúde, educação…) ou pelos individuais, como nossos direitos como mulheres indígenas”, resume Pretinha Truká, uma das coordenadoras do evento.


     


    No documento final da Assembléia, foi que destacado o Programa de Aceleração do Crescimento, com seus projetos que atingem terras indígenas e o avanço do desmatamento praticado por fazendeiros ameaçam os territórios e a vida das diferentes etnias.


     


    Também foram lembradas as invasões dos territórios dos povos Tupinikim e Guarani (Espírito Santo) e Pataxó (Bahia), pelo monocultivo de eucalipto das empresas Aracruz Celulose e Veracel e do povo Jenipapo Kanindé (Ceará) pelo monocultivo da cana de açúcar da empresa Ypióca.


     


    Dentre as questões que atingem particularmente as mulheres, a violência doméstica foi uma das mais discutidas. “Há casos de violência dentro das comunidades. Debatemos aqui, que a violência não é uma questão cultural. Precisa ser discutida dentro da comunidade com os maridos, as mulheres, os filhos…”, explicou Pretinha Truká.


     


    Lado a lado com os homens


    Fortalecer a organização das mulheres também era um dos objetivos da Assembléia. Nesse sentido, elas criaram uma comissão de mulheres de todos os estados do Nordeste e do Leste e escolheram Ceiça Pitaguary, do Ceará, para estar na coordenação da Apoinme.


     


    “Saímos daqui fortalecidas para lutar ao lado dos homens: nem atrás, nem à frente”, destaca Pretinha. Durante as apresentações, foi lembrado que muitas vezes há machismo e discriminação por parte dos companheiros e outros participantes do movimento indígena. Mas, também foi lembrado que as mulheres sempre estiveram na luta, nas retomadas e discutindo tudo dentro da comunidade, “Agora, vamos dar mais visibilidade e buscar mais espaços para nossa participação”, resume a liderança Truká.


     


    Contra a Transposição


    A Assembléia encerrou com uma passeata na Praça da Liberdade, no centro de Belo Horizonte, para protestar contra a transposição do Rio São Francisco e contra as políticas indigenistas governamentais, que se revelam incapazes de assegurar os direitos dos povos indígenas. As guerreiras também denunciaram a violência contra os povos indígenas e suas lideranças.


     


    As guerreiras também homenagearam a líder Maninha Xukuru-Kariri, que, por falta de atendimento, faleceu em 2006. Para homenageá-la, foi definido o dia 11 de outubro como dia de resistência da mulher indígena do Nordeste e Leste.


     


    Brasília, 16 agosto de 2007


     


    Conselho Indigenista Missionário

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  • 16/08/2007

    O Brasil que sonhamos e o que vivemos: o governo Lula e os povos indígenas


    A política desenvolvimentista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz-nos recordar a repetição dos acontecimentos históricos do processo de colonização e de propaganda ideológica dos períodos ditatoriais. Em nome do desenvolvimento e de interesses externos, a população brasileira e seu território são dilapidados e espoliados. Durante campanhas de suas repetidas candidaturas à presidência da República, o atual mandatário do país afirmava que a as elites brasileiras governavam de costas para a população: os pés no Brasil e cabeça nos países do denominado primeiro mundo. No poder, esqueceu o pregou e implantou o que a receita neoliberal orientou.


     


    Na polêmica com seus adversários, desde o final da década de 1980, Lula apresentou-se como o representante de milhões de miseráveis e dos sonhos de milhares de lutares e lutadoras por um país independente frente aos interesses da classe burguesa e do capital internacional. Já no rápido e avassalador governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello, identificava-se o desmonte do Estado e o aprofundamento do sucateamento das políticas sociais, além das privatizações de empresas estatais e dos serviços. O projeto neoliberal avançou com os oito anos do governo do Fernando Henrique Cardoso, que, ao ser questionado sobre sua trajetória acadêmica e política recente, pediu para esquecer o que tinha escrito e dito.


     


    O fato é que, o povo brasileiro, quando elegeu o Lula presidente, o fez apostando em sua política da defesa da autonomia quanto aos interesses da maioria da população e enfrentamento da concentração de renda do capital financeiro nacional e internacional. Entretanto, a sua política demonstra o contrário: a concentração de aumentou nas mãos do grande capital, a classe média foi empobrecida e são agraciados com as migalhas que caem da mesa farta do capital financeiro.


     


    Frente a isso, pode-se refletir que a história de luta da população brasileira é construída de momentos de enfrentamento, de resistência e de refluxo frente aos interesses da colonização de ontem e do imperialismo contemporâneo. No início os povos indígenas se rebelaram, buscando refúgio nas matas e florestas; com a entrada e alargamento das fronteiras agrícolas, foram levados á negociarem acordos políticos, assegurando suas práticas religiosas e econômicas. Depois chegaram os negros, arrancados de suas terras, foram colocados no trabalho como mão-de-obra escrava. Quando não interessava mais ao mercado, foram todos jogados ao relento e à própria sorte. Levadas de europeus desembarcaram no sul do país em busca de terras para trabalhar, expulsando indígenas dos seus territórios e negros perambulando em mocambos e favelas.


     


    Nas últimas décadas a história tem se repetido. A partir de 1950, com o avanço e organização dos movimentos sociais, as lutas operária e camponesa aumentaram. Novamente, monitorado pelos interesses americanos, a elite governante brasileira se submeteu colocando-se como subserviente à intervenção na América Latina, ocorrendo no Brasil o golpe militar de 1964. Os movimentos sociais desmontados e suas lideranças humilhadas, assassinadas e exiladas.


     


    Dezenove anos de ditadura militar. A sociedade foi calada e submetida aos grandes interesses de multinacionais capitaneadas pelo governo brasileiro. Grandes projetos foram implantados no Brasil em nome do desenvolvimento econômico, a exemplo das hidrelétricas, rodovias, ferrovias, mineração e madeireiras. Povos indígenas foram dizimados, outros desestruturados; territórios invadidos e degradados. Depois de quase duas décadas, pode-se identificar como conseqüências uma país dividido economicamente, com a renda concentrada nas mãos de uma classe social de um lado e, do outro, milhões brasileiros vivendo na miséria, submetidos à fome, ao analfabetismo, ao desemprego, à falta de terra e de moradia, assistência à saúde e à educação.


     


    A retomada da construção da cidadania, com a reorganização dos movimentos sociais, igrejas e segmentos oprimidos da sociedade, tem ocorrido à custa de mobilizações e de ações organizadas na conquista e defesa dos direitos da maioria da população. Dentre esses momentos históricos, destaca-se o processo de luta pela redemocratização política, elaboração e promulgação da nova Constituição Federal, em 1988.


     


    A eleição de governantes e parlamentares originários das lutas populares, do nível municipal à esfera federal, a conquista dos direitos constitucionais e o avanço da lutas populares não significaram ainda a paralisação das forças conservadoras e do poder econômico, particularmente no que se refere à demarcação das terras indígenas e à Reforma Agrária. Nesse contexto, pode-se destacar o modelo de desenvolvimento econômico, identificado na peça publicitária de Programa de Aceleração de Crescimento – PAC, a reforma trabalhista e da previdência postas no Congresso Nacional, revisão dos direitos indígenas e sociais da classe trabalhadora.


     


    No cenário de revisão ideológica, ou, na melhor das hipóteses, da despressurização da memória dos atuais condutores da política brasileira, os responsáveis historicamente pelo massacre de populações indígenas e escravização do negro e do camponês viraram abruptamente heróis nacionais.


     


    Mesmo enfrentando políticas indigenistas contrárias, a exemplo do instrumento da Tutela amplamente utilizado contra as lutas pelos direitos indígenas, as populações têm conquistado, em nível internacional, a assinatura da Convenção 169 da Organização do Trabalho – OIT no final do primeiro do Governo de Lula e a criação da Comissão Nacional de Política Indigenista – CNPI, do Ministério da Justiça, atendendo à uma antiga reivindicação do movimento indígena e entidades indigenistas. Cabe ressaltar a demarcação e homologação de alguns territórios indígenas historicamente emblemáticos, como é caso da Terra Raposa Serra do Sol, no estado de Roraima. Pode-se também destacar a visibilidade alcançada pelas populações indígenas nesse contexto de luta e conquista de autonomia. Povos que se encontravam secularmente esquecidos pela sociedade não-indígena, têm encontrado espaço importante através das pesquisas acadêmicas, entidades indigenistas e de canais de comunicação alternativos.


     


    Entretanto, mesmo considerando essas conquistas simbólicas, é importante destacar a continuidade neoliberal dos governos anteriores no que se refere às políticas públicas, quanto à demarcação dos territórios indígenas, à política de projetos de desenvolvimento, saúde e educação.


     


    Como resultado da aliança do governo com os setores invasores das terras e historicamente inimigos dos povos indígenas, pode-se identificar nos últimos anos o aumento de assassinatos de lideranças indígenas, ampliação das fronteiras agrícolas sobre seus territórios, aumento da precarização da mão-de-obra, escassez da assistência à saúde e abandono dos estados da educação escolar indígena específica e diferenciada.


     


    No Nordeste, assiste-se a pirotecnia governamental pela transposição do rio São Francisco, justificando resolver a problemática da seca do semi-árido que atinge a 12 milhões de pessoas e ao criatório de animais. Obra orçada em cerca de 6 bilhões e com uma extensão de mais 700 km, com capitação de água no Estado de Pernambuco. Os estados mais beneficiados seriam da Paraíba, do Rio Grande do Norte e o Ceará.


     


    Na Bacia do rio São Francisco está uma diversidade de povos indígenas, onde serão diretamente atingidos os Truká, em Pernambuco, e os Tumbalalá, Bahia. Encontram-se também os quilombolas e ribeirinhos, onde cultivam seus rituais religiosos, produção e costumes tradicionais. Essas populações já tiveram seus costumes e tradições afetadas com as construções de hidrelétricas ao longo do leito do rio, provocando profundas mudanças culturais, degradação e assoreamento.


     


    Diante de dados dos pesquisadores e das manifestações de movimentos sociais contrários à transposição, o governo não consegue explicar como pretende executar uma obra de dimensões faraônica enquanto milhares de sertanejos vivem praticamente às margens do rio são penalizados pela falta de água, saneamento básico e assistência técnica. E mais grave, o local previsto para capitação está localizado em territórios indígenas, onde, apesar das reivindicações, o governo não procedeu ao processo de identificação e demarcação e, respeitando à Constituição Federal, encaminhar projeto lei para que possa ser discutido no Congresso Nacional.


     


    Jorge Vieira


    Missionário do Cimi-NE e jornalista

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  • 16/08/2007

    1ª Assembléia das Guerreiras Mulheres Indígenas do Leste e Nordeste

    Nós, guerreiras mulheres indígenas do Nordeste e Leste, representando 44 Povos indígenas, junto com nossas lideranças que compõem a ARTICULAÇÃO DOS POVOS E ORGANIZAÇÕES INDÍGENAS DO NORDESTE, MINAS GERAIS E ESPÍRITO SANTO – APOINME, e demais organizações indígenas, indigenistas e entidades parceiras, estivemos reunidas em Ribeirão das Neves – MG, nos dias 13 a 16 de agosto de 2007.


     


    Com o objetivo de garantir uma maior intervenção política das mulheres indígenas, visando contribuir para o fortalecimento do movimento indígena, mapeamos os principais problemas que nós mulheres indígenas enfrentamos.  Debatemos sobre nossas demandas específicas e definimos estratégias de mobilização em defesa dos direitos dos povos indígenas do Brasil frente a atual conjuntura política.


     


    O Programa de Aceleração do Crescimento, PAC, um projeto onde as dimensões humana, social e de futuro estão ausentes, desterritorializado, com a previsão de um elenco de obras de infra-estrutura como a transposição das águas do rio São Francisco, a construção das hidrelétricas que atingem terras indígenas, a exemplo do que ocorre nos territórios dos Povos Truká, Pipipã e Kambiwá/PE e Tumbalalá/BA, atendendo a poderosos interesses econômicos, atropela os direitos dos povos indígenas e das populações ribeirinhas, e violenta a natureza.


     


    O agronegócio, apoiado pelas políticas governamentais, que se caracteriza pelos monocultivos para o mercado internacional, pelo uso intensivo de produtos químicos (agrotóxicos, adubos), pela mecanização pesada, pelas tecnologias totalitárias e agressoras à biodiversidade, paralisa a demarcação das terras indígenas e mantém a concentração fundiária. Exemplo disso é a invasão dos territórios dos Povos Tupinikim e Guarani no Espírito Santo e Pataxó, na Bahia, pelo monocultivo de eucalipto das empresas Aracruz Celulose e Veracel; do povo Jenipapo Kanindé, no Ceará, pelo monocultivo da cana de açúcar da empresa Ypióca; dos Potiguara da Paraíba pela Companhia de Tecidos Rio Tinto e outras; do povo Tremembé pela Empresa Ducoco.


     


    O avanço do desmatamento praticado por fazendeiros, criadores de gado e grileiros significa uma ameaça permanente para os territórios  e a vida dos nossos Povos.


     


    Cresce assustadoramente a violência contra os povos indígenas e suas lideranças. Neste cenário destaca-se uma grande vulnerabilidade pelas várias formas de violência que as mulheres e crianças indígenas sofrem: física, moral, psicológica entre outras.


     


    Submetidos a séculos de preconceito e discriminação, fomos expulsos de nossos territórios tradicionais, hoje nos encontramos nas cidades e no campo, reconstruindo nossas identidades e exigindo o reconhecimento e a garantia dos nossos direitos. No entanto, o poder público e setores poderosos da sociedade têm na repetição do preconceito e da discriminação a única resposta às nossas legítimas demandas.


    As políticas indigenistas governamentais têm-se revelado incapazes de assegurar os direitos indígenas. Isso se reflete no Congresso Nacional onde o Estatuto dos Povos Indígenas encontra-se paralisado há mais de 12 anos. Enquanto os recursos orçamentários diminuem para a demarcação e garantia das terras, crescem os recursos para políticas assistencialistas, geradoras de dependência e desmobilização. Continuam as práticas integracionistas. Os desmandos na atenção a saúde, gerados pelo processo de terceirização, loteamento político dos cargos na Funasa, e pela corrupção, resultou no aumento trágico da mortalidade nas aldeias indígenas. Estes desmandos vitimaram a nossa líder Maninha Xukuru-Kariri, coordenadora da APOINME e integrante da Comissão Intersetorial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, CISI, por falta de atendimento no Hospital Regional de Palmeira dos Índios, em Alagoas. Para homenageá-la, nós, mulheres indígenas do nordeste e leste, definimos o dia 11 de outubro como dia de resistência da mulher indígena do nordeste e leste.


     


    No âmbito do Poder Judiciário existe uma avalanche de ações, com decisões liminares, que paralisam a demarcação das terras indígenas, bem como está em curso um processo de criminalização e ameaças à vida das lideranças indígenas em luta pela terra, a exemplo de Zé de Santa, Marcos e Agnaldo Xukuru, Neguinho e Adailson Truká em Pernambuco, Joel Brás Pataxó e Luis Titiah Pataxó Hã Hã Hãe da Bahia, Dourado Tapeba no Ceará e Paulo Tupinikim, Vilson e Vilmar Benedito e Genildo Francisco no Espírito Santo, Domingos e José Nunes Xakriabá, de Minas Gerais.


     


    Destacamos como sinais de esperança a inscrição dos direitos indígenas nas Constituições de muitos países latino-americanos e sua consolidação através de instrumentos internacionais como a Convenção 169 da OIT e a Declaração Universal dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas aprovada pela Comissão de Direitos Humanos da ONU, em 2006.


     


    O crescimento demográfico da população indígena de 10% ao ano, impulsionado pelo processo de auto-identificação, tanto no interior quanto na cidade, a mobilização em torno do Acampamento Terra Livre e a criação da Comissão Nacional de Política Indigenista, CNPI, atestam avanços da luta indígena no Brasil.


     


    Essa realidade nos desafia a enfrentar as políticas governamentais integracionistas e o caos da atenção à saúde indígena; aprimorar e fortalecer o protagonismo da mulher no movimento indígena no Nordeste e Leste através de processos de mobilização e formação.


     


    Nós mulheres indígenas e lideranças dos Povos Anacé, Tapeba, Tremembé, Jenipapo Kanindé, Kanindé, Kalabaça, Tabajara, Potiguara e Pitaguary do Ceará; Potiguara da Paraíba; Atikum, Truká, Kambiwá, Kapinawá, Xukuru, Pipipã e Pankará de Pernambuco; Geripankó, Tingui-Botó, Xukuru-Kariri, Wassu Cocal, Kalankó, Karapotó, Koiwpanká, Katokinn, Karuazu de Alagoas; Xokó de Sergipe; Kiriri, Tuxá, Tumbalalá, Xukuru Kariri, Pankaru do norte e oeste da Bahia; Pataxó e Tupinambá do sul e extremo sul da Bahia; Tupinikim e Guarani do Espírito Santo; Pataxó, Caxixó,  Mukuriñ, Xakriabá, Krenak, Aranã, Xukuru-Kariri, Pankararu de Minas Gerais.


     


    E as entidades aliadas: Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), Organização das Mulheres Indígenas de Roraima (OMIR), Associação Nacional de Ação Indigenista (ANAI), Centro de Cultura Luiz Freire (CCLF), Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva (CEDEFES), Licenciatura Indígena da UFMG, Rede de Mulheres Rurais da América Latina e Caribe (REDE LAC).


     

    Ribeirão das Neves / Minas Gerais, 16 de agosto de 2007.

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  • 15/08/2007

    O índio ameaçador – artigo de Lúcio Flávio Pinto

    O oficial da Marinha esperou pacientemente que eu encerrasse a conversa com colegas jornalistas e se apresentou respeitosamente. Era técnico em informática e fora mandado por sua unidade, no Rio de Janeiro, para ouvir tudo de interessante que encontrasse na reunião anual da SBPC em Belém. Precisava de uma reciclagem e de motivação.


    Falava com os olhos brilhando e toda atenção concentrada no interlocutor. Jovem e entusiasmado. Depois de um circunlóquio muito interessante, fez a pergunta, pela qual já esperava: se eu acreditava que a Amazônia estava realmente ameaçada de internacionalização; se as ONGs eram o principal instrumento dessa ofensiva; se um dos seus focos era as reservas dos índios Yanomami, entre Roraima e o Amazonas; se era verdade que só americanos passavam à noite pelo trecho da rodovia Manaus-Boa Vista em território dos Waimiri-Atroari.

    Eu tinha acabado de abordar esses temas na minha conferência. Antes de voltar a eles, ampliá-los ou especificá-los na argumentação, disse ao tenente, com toda sinceridade, sacando da minha experiência de vida muito mais do que dos conhecimentos aprendidos em livros: nunca encontrei índios que manifestassem o desejo de ser outra coisa que não brasileiros. Mesmo quando revoltados, ressentidos ou irados, nunca nenhum deles disse que pretendia ir para outro país ou se despir de sua nacionalidade.

    Embora essa seja uma condição artificial para tais populações, que já existiam centenas ou milhares de anos antes que suas terras fossem alcançadas por esse conceito e o invasor se apresentasse como dono do território, os índios nunca rejeitaram a condição de brasileiros, por mais pesada que ela lhes seja, nem almejaram uma nova cidadania. Nunca foram, por isso, uma questão geopolítica a sério. Só se tornam um estorvo, nesse enfoque, quando a ótica está distorcida por mitos convenientes aos guerreiros perenes da geopolítica. A “questão indígena” é tudo, menos uma questão de nação. Se algum país, corporação ou entidade pensa de outra maneira e age conforme essa orientação, sua pregação, neste aspecto, fracassou. E fracassará sempre. O “problema indígena” resulta do despreparo dos “brancos” e da incompetência do governo muito mais do que da ingerência externa, cujos efeitos se valem desse vácuo nacional.

    Já vi índios dispostos a matar ou morrer por seus direitos, os consuetudinários da tradição mais do que milenar, mas nunca vi um só índio dizendo que não é nem quer ser brasileiro. O que ele quer é ser índio. De preferência, na aldeia. Se não der, pode ser na cidade também. Num ou noutro local, conforme seu ideal ou como tiver que ser, mas respeitado. Preservada essa condição, o índio, mesmo quando isolado em paragens remotas da fronteira, não é problema: é um dado, que pode ser proveitoso para todos se sua integridade for preservada.

    O atento tenente da Marinha parece ter aceitado o argumento. Foi-se sem as objeções com as quais se apresentou. Espero que tenha levando consigo uma semente de verdade para plantar nessa vasta seara dos absurdos e incompreensões.

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  • 15/08/2007

    MinC, SESC e Associação Guarani Tenonde Porã lançam livro do Prêmio Culturas Indígenas 2006

    São Paulo (SP) – O Ministério da Cultura, o SESC SP e a Associação Guarani Tenonde Porã promovem, no dia 15 de agosto, no Sesc Vila Mariana, a cerimônia de entrega de certificados de premiação para as 82 propostas selecionadas no Prêmio Culturas Indígenas 2006 – Edição Ângelo Cretã. Durante a cerimônia acontece o lançamento da Publicação homônima, que retrata, em mais de 300 páginas com textos, fotos, mapas e quadros estatísticos, as 467 iniciativas inscritas na primeira edição. Na ocasião, o MinC anuncia a Campanha Nacional de Valorização da Cultura dos Povos Indígenas que está sendo desenvolvida pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República.


     


    Estarão presentes ao evento de premiação cerca de 150 lideranças indígenas de todas as regiões do Brasil com destaque para os 82 representantes das iniciativas selecionadas em 2006. Está confirmada a presença do Ministro da Cultura Gilberto Gil. Dando continuidade ao lançamento da publicação e premiação, acontece no SESC, de 16 a 19 de agosto, mostra cultural indígena, aberta ao público, com rodas de histórias, debates, música e oficinas de artesanato.  O SESC Vila Mariana está na R. Pelotas, 141.


     


    Campanha – O Prêmio Culturas Indígenas foi criado no ano passado pelo MinC para incentivar iniciativas de fortalecimento cultural das comunidades indígenas do Brasil. Patrocinado pela PETROBRAS através da Lei Rouanet, o Prêmio foi executado pela Associação Guarani Tenonde Porã em parceria com a Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural (SID/MinC) e homenageia postumamente na primeira edição o cacique Ângelo Cretã, líder dos Kaingang (PR).


     


    A parceria entre o SESC SP, o Ministério da Cultura e a Associação Guarani Tenonde Porã dá seqüência a uma série de ações desenvolvidas pela instituição na valorização e revitalização das culturas indígenas, como, por exemplo, as apresentações da tribo Xavante na Temporada SESC Outono 97, a participação de representantes e encontro de lideranças durante o Fórum Cultural Mundial (2004), os espetáculos, oficinas, livro e disco Ponte entre Povos, organizados por Marlui Miranda, com a participação de diversos povos, a exposição, oficinas e o livro Jogos e Brincadeiras do Povo Kalapalo.


     


    Para o diretor regional do SESC São Paulo, Danilo Santos de Miranda, a parceria “reafirma o compromisso da instituição para a construção de uma sociedade mais justa e digna, por meio de uma ação cultural cidadã e educativa, divulgando a riqueza cultural indígena em interlocução com os seus principais representantes, em respeito às identidades e às suas tradições. Riqueza que ora se apresenta em propostas sobre a transmissão de conhecimentos sobre os poderes curativos das plantas, a culinária e a música, e para a permanência das várias línguas nativas, entre outras.”


     


    Diversidade – Existem no Brasil cerca de 225 povos indígenas que falam 180 línguas distintas. O Prêmio Culturas Indígenas 2006 mobilizou comunidades de 85 povos. Para Timóteo Vera Popygua, cacique da Aldeia Tenonde Porá (SP), a mostra indígena no Sesc será uma experiência muito importante para as comunidades. “Teremos contato com muitas lideranças indígenas de todo o Brasil, conheceremos de perto a realidade de outros povos indígenas e poderemos sentir que as culturas indígenas em todo o Brasil estão vivas, que cada povo está lutando para manter sua forma própria de viver a vida”, conclui.


     


    INFORMAÇÕES À IMPRENSA


    ECOAR – Escritório de Comunicação e Artes


    Informações com Railídia Carvalho


    Tel/Fax: (11)  3571 6489 / 9208 7042


    E-mail: pci.2007@terra.com.br


    SESC Vila Mariana


    Informações com Marimar Chimenes Gil


    Tel: (11) 5080 3042


    imprensa@vilamariana.sescsp.org.br


     


    Dia 15/08, quarta


    20h30 às 22h


    Cerimônia de Premiação e Lançamento da Publicação do Prêmio Culturas Indígenas 2006 – Edição Ângelo Creta


    Teatro


     


    Dia 16/08, quinta


    14h30 às 15h30


    Roda de História Pataxó


    Povo: Pataxó  (MG)


    Contação das histórias tradicionais desse povo como “Origem do povo Pataxó” e “O machado, a Abelha e o Rio” , sobre a origem das plantas,  e a “Hamãy, a Protetora dos Animais”


    Praça de Eventos (capacidade: 300 pessoas)


    Grátis


     


    14h30 às 16h30


    Roda de debate: Terras Indígenas


    Povos: Xukuru (PE) e Kaingang (PR, SC e RS)


    Serão discutidos temas como preservação dos direitos e dos territórios dos povos indígenas, demarcação de terras e situação de comunidades em áreas urbanas. A roda será coordenada pelas lideranças representantes do povo Kaingang e do povo Xukuru, respectivamente homenageados nas edições 2006 e 2007 do Prêmio Culturas Indígenas, enfocando a história de Ângelo Cretã e Xicão Xukuru, que deram a vida por esta luta.


    Sala 1, 5o andar – Torre A


     


    17h às 18h


    Intercâmbio Cultural: Leitura encenada do texto Mandaru no Reino de Ororubá


    Povo Xukuru (PE)


    Apresentada em uma roda de histórias, a ação intercala cenas da ficção e da realidade do movimento de etnogênese e ressurgência étnica entre os povos indígenas no Nordeste do Brasil e depoimentos de lideranças do movimento indígenas nesta região. O grupo é composto de vinte jovens das aldeias Cimbres, Cajueira, Pé de Serra e Pão de Açúcar. Município de Pesqueira/PE


    Praça de Eventos (capacidade: 300 pessoas)


    Grátis


     


    18h às 20h


    Roda de Debate: Registros da Cultura


    Povos: Pankararé (BA), Yawalapiti (MT), Pankará (PE), Guarani Mbya (RS), Karitiana (RO) e Macuxi (RR)


    Discussão sobre o registro da cultura indígena por meio de recursos audiovisuais e textos escritos, sobre museus e espaços destinados à documentação e como essas novas realidades são assimiladas pelas comunidades.


    Sala 1, 5o andar – Torre A


    Grátis. 20 vagas. Retirada de senhas com 1h de antecedência.


     


    18h às 20h


    Roda de debate: Medicina Tradicional


    Povos: Yawanawá (AC), Wassu Cocal (AL), Baniwa (AM), Xacriabá (MG), Irantxe (MT), Jupaú (RO), Kaingang (RS e SC) e Guarani (SP)


    Discussão sobre a manutenção e a revitalização das práticas de cura tradicionais indígenas, e o valor desse conhecimento ancestral vinculado à espiritualidade e à relação com a natureza. A influência e a interferência da medicina dos não índios e o debate sobre os direitos dos povos indígenas sobre os seus conhecimentos tradicionais. 


    Sala 2, 5o andar – Torre A


    Grátis. 20 vagas. Retirada de senhas com 1h de antecedência.


     


    Dia 17/08, sexta

    14h30 às 15h30


    Roda de Histórias Tapiraré (MT)


    Contação das histórias tradicionais desse povo como “Gavião Real” e a “História da Origem do Povo Tapiraré”.


    Praça de Eventos (capacidade: 300 pessoas)


    Grátis


     


     14h30 às 16h30


    Roda de debate: Artesanato Indígena


    Povos: Tremembé (CE), Terena (MS), Guarani Kaiowá (MS), Kaiabi (MT), Umutina (MT), Kambiwá (PE), Xokleng (SC), povos do Rio Negro (AM), povos


    do Oiapoque (AP).


    Discussão sobre o lugar do artesanato e do processo de produção artesanal nas tradições culturais e as mudanças decorrentes de sua transformação em mercadoria voltada para mercados externos às comunidades indígenas, e a relação entre artesanato e arte indígena.


    Sala1, 5o andar, Torre A


    Grátis. 20 vagas. Retirada de senhas com 1h de antecedência.


     


    14h30 às 16h30


    Roda de debate: Religiões Indígenas


    Povos: Yawanawá (AC), Yanomami (AM), Tapeba (CE), Nambikwara (MT), Kaiabi (MT), Bakairi (MT), Yudja (MT), Tembé Tenetehara (PA), Guarani Mbya (RJ) e Paiter Suruí (RO).


    Discussão sobre a manutenção e o fortalecimento das religiões indígenas, apresentando as diferentes visões de mundo de cada povo e a relação com o processo de constituição de suas identidades.


    Sala 2, 5o andar, Torre A


    Grátis. 20 vagas. Retirada de senhas com 1h de antecedência.


     


    17h às 18h


    Intercâmbio Cultural: Apresentação do Povo Terena (SP)


    Dança do Bate-pau e Dança da Chuva


    Na cultura Terena significa dança do Kipaé ( Dança da ema), apresentada por dois grupos que dançam ao som do tambor e da flauta tradicional feita de madeira. Esta dança é apresentada desde os seus antepassados, devido à conflitos que existiam nas aldeias, em defesa das suas terras que eram constantemente invadidas. Quando havia vitórias os terenas dançavam em comemoração.


    Praça de Eventos (capacidade: 300 pessoas)


    Grátis


     


    18h às 20h


    Roda de debate: Transmissão de conhecimento, oralidade e educação indígena


    Povos: Xucuru-Kariri (AL), Pataxó Hã-hã-hãe (BA), Guarani Mbya (ES), Pataxó (MG), Caxixó (MG), Tapirapé (MT), Kurã-Bakairi (MT), Tembé Tenetehara (PA), Potiguara (PB) e Guarani Nhandeva (PR).


    Discussão sobre as formas tradicionais indígenas de transmissão de conhecimento e as conseqüências da relação entre essas e a educação formal diferenciada. Também poderá ser discutida a influência da educação escolar não indígena na formação da identidade dos jovens indígenas.


    Sala 1, 5o andar – Torre A


    Grátis. 20 vagas. Retirada de senhas com 1h de antecedência.


     


    18h às 20h


    Roda de debate: Músicas, Cantos e Danças Indígenas


    Povos: Kaxinawá (AC), Satere Mawê (AM), Ticuna (AM), Pitaguary (CE), Krikati (MA), Kamaiurá (MT), Bóe-Bororo (MT), Kuikuro (MT), Potiguara (PB) e Macuxi (RR).


    Discussão sobre os cantos e as danças indígenas, sua relação com os rituais e as práticas religiosas e também como se dá o processo de “espetacularização” destas expressões culturais quando essas apresentações são realizadas fora das comunidades.


    Sala 2, 5o andar – Torre A


    Grátis. 20 vagas. Retirada de senhas com 1h de antecedência.


     


    Dia 18/08, sábado


     10h às 12h


    Roda de debate: Modos Indígenas de Relação com a Natureza


    Povos: Karapotó(AL), povos do Rio Negro (AM), Arara do Rio Branco (MT),


    Xavante (MT), Paresí (MT), Kaingang (PR), Guarani Mbya (SP) e Krahô (TO).


    Sala 3, 6o andar, Torre A


    Grátis. 20 vagas. Retirada de senhas com 1h de antecedência.


     


     10h às 12h


    Roda de debate: Línguas Indigenas 


    Povos: Kaxinawá (AC), Tuyuka (AM), Tariana (AM), Mebêngôkre Metyktire (MT), Potiguara (PB), Fulni-ô (PE), Xukuru do Ororubá (PE) e Guarani Mbya (RJ)


    Sala 4, 6o andar, Torre A


    Grátis. 20 vagas. Retirada de senhas com 1h de antecedência.


     


     12h às 13h


    Roda de Histórias Fulni-ô (PE)


    Contação das histórias tradicionais desse povo como “A invasão do Homem Branco”, “O coronel sem Divisa”, e “O Índio da Imagem do Rio”, entre outras curiosidades acerca da cultura Fulni-ô


    Praça de Eventos (capacidade: 300 pessoas)


    Grátis


     


     13h30 às 15h30


    Oficina de Artesanato


    Povos: Kambiwá (PE), Kaingang (RS) e Xukuru (AL)


    Confecção de bijuterias feitas de sementes, chaveiros em madeira e vasinhos de cipó.


    Sala 3, 6o andar, Torre A


    Grátis. 20 vagas. Retirada de senhas com 1h de antecedência.


     


     15h30 às 16h


    Banda Wiwirutcha (Povo Tikuna – AM)


    A banda surgiu em agosto de 2001 para resgatar as músicas tradicionais do povo Ticuna, desenvolvendo e fortalecendo o conhecimento dos antepassados como músicas, piadas, histórias, costumes, tradições e modo de viver. Eles mostram a importância das crianças cantarem as músicas em língua ticuna e em português.


    Praça de Eventos (capacidade: 300 pessoas)


    Grátis


     


    Dia 19/08, domingo

    12h às 12h30


    Toré do Povo Pankararu (SP)


    Os ritos denominados Toré são praticados por diversos grupos indígenas no Nordeste. Na apresentação, dançam o Toré de caráter mais lúdico e político.


    Praça de Eventos (capacidade: 300 pessoas)


    Grátis


     


    12h30 às 13h30


    Roda de Histórias Guarani (SC,SP) e Suruí (RO)


    Praça de Eventos (capacidade: 300 pessoas)


    Grátis


     


    14h às 16h


    Oficina de Artesanato


    Povos: Guarani Mbya (ES), Umutina (MT) e Tapeba (CE)


    Trabalho feito com bucha vegetal e confecção de bijuterias de sementes e fibras naturais.


    Sala 3, 6o andar – Torre A


    Grátis. 50 vagas. Retirada de senhas com 1h de antecedência.


     


    15h30 às 16h


    Coral Guarani e Dança do Xondaro (SP)


    Povo: Guarani – SP


    A música guarani possui uma tradição milenar e integra sua concepção religiosa do mundo. Através do canto e da palavra o povo Guarani se comunica com os Deuses.


    O Xondaro é uma arte marcial do povo Guarani em que eles buscam o equilíbrio físico e espiritual. É uma dança praticada em roda, coordenada por um mestre, e praticada pelos Guarani desde a primeira infância.


    Praça de Eventos (capacidade: 300 pessoas)


    Grátis


      


    Acesso para pessoas com deficiência


    Estacionamento: a partir de R$ 5,00


     


    SESC Vila Mariana


    Rua Pelotas, 141


    Informações ao público: 5080-3000


    www.sescsp.org.br

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  • 13/08/2007

    Quilombolas do Espírito Santo são expulsos novamente de sua terra por ação da Aracruz Celulose


    No 20º dia de retomada das terras quilombolas em Linharinho, o Batalhão de Missões Especiais efetivou a ação de despejo das famílias quilombolas lá acampadas. Já no terceiro dia a Aracruz Celulose conseguiu uma liminar de reintegração de posse expedida por juiz de São Mateus, rejeitada pelos quilombolas, criticada pelos apoiadores e questionada por advogados.


     


    Desde o dia 23 de julho, a medida que os quilombolas iam cortando o eucalipto, plantios de mata atlântica, sementes de milho, feijão, abóbora, côco, banana iam ganhando espaço na terra identificada como quilombola. Também casas de estuque estavam sendo construídas com a contribuição de outras comunidades quilombolas do Sapê do Norte.


     


    Apesar de Linharinho ter tido o direito reconhecido na Portaria publicada no Diário Oficial da União por 9.542,47  hectares de terra , a Aracruz Celulose contou com todo apoio da Polícia de Paulo Hartung para fazer valer liminar de posse. No dia 11 de agosto, sábado, pela manhã mais de 100 policiais fortemente armados e protegidos com colete a prova de balas estiveram no local para fazer o despejo. Rejeitando novamente a liminar, os quilombolas se negaram a assinar o documento expedido por juiz substituto da Vara federal de São Mateus, Leonardo Marques Lessa, e evitaram o enfrentamento físico ao Batalhão. A polícia junto com  homens da Aracruz Celulose desfizeram as construções e apreenderam todos os materiais e pertences dos quilombolas que estavam na área.


     

    Os quilombolas afirmam: “não desistiremos de lutar por nossos direitos!”   

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