• 22/10/2007

    Nova ofensiva no Congresso contra os Direitos Indígenas em Santa Catarina

     


    Desde que o Ministro da Justiça assinou, em abril deste ano, as portarias declaratórias das terras indígenas Toldo Imbu, Toldo Pinhal, Araçá`i e TI Chapecó, Gleba Canhadão e Pinhalzinho, no oeste do Estado de Santa Catarina, setores contrários às demarcações, pressionam os poderes públicos com o objetivo de revogar a decisão administrativa do ministro Tarso Genro. Vale ressaltar que o ato de declarar as referidas terras, como sendo de ocupação tradicional dos Povos Kaingang e Guarani, atende aos preceitos constitucionais e assegura o direito destes povos que, depois de décadas de sofrimento e luta, vislumbram a possibilidade de viverem em paz dentro de seus territórios.


     


    Os setores antiindígenas articulados por políticos do Estado, por grandes cooperativas regionais, ignoram a existência  das comunidades indígenas que por muito tempo lutam contra a violação de seus direitos. Quando estas comunidades, depois de uma longa trajetória de enfrentamentos políticos, de resistência às violências físicas, a discriminação e a intolerância, conquistam uma parcela de seu direito a terra,  acabam sendo tratados pelo poder político e pelo judiciário como sendo invasores. Amontoaram-se, nos últimos tempos, ações judiciais contra as demarcações das áreas dos povos Guarani e Kaingang. As quatro terras referidas acima sofreram decisões liminares que obrigam a Funai a paralisar os procedimentos demarcatórios e como conseqüência protela-se indefinidamente o cumprimento das normas constitucionais estabelecidas no Art. 231, bem como alimentam o ódio de agricultores contra os índios, muitos deles ocupantes de boa fé das terras indígenas  na região. 


     


    Lembramos aqui as ações promovidas pelos setores referidos acima contra o bispo D. Manoel, e contra os indígenas  em frente a Catedral  em Chapecó no inicio de junho, onde enforcaram um boneco de pano e que representava o bispo diocesano, bem como proferiam palavras e gritos de difamação contra as lideranças indígenas e agentes de pastoral.


     


    O Conselho Indigenista Missionário Regional Sul denuncia as manobras que estão sendo desenvolvidas no Congresso Nacional, por parlamentares de Santa Catarina, com o intuito de impedir o avanço das demarcações das terras no Estado. Uma grande ofensiva acontece na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados onde, através de projetos de Decreto Legislativos, elaborados pelo Deputado Federal Valdir Colato,  buscam anular as portarias declaratórias no âmbito do Congresso Nacional.  Um dos  projetos(Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 48/07) foi aprovado, na última quarta-feira( 17-10-2007), na Comissão de Agricultura,Pecuária e Desenvolvimento Rural e que pretende a anulação da Portaria Declaratória da Terra Toldo Imbu. O projeto deverá passar ainda pelas Comissões de Direitos Humanos e de Constituição e Justiça, para depois ser apreciado pelo plenário da Câmara.


     


    O Cimi quer destacar que o referido projeto foi apresentado e debatido no Núcleo Agrário do Partido dos Trabalhadores, antes de ser votado na Comissão da Câmara dos Deputados. Neste sentido queremos repudiar a posição, do Deputado Cláudio Vignatti, mesmo não fazendo parte do Núcleo Agrário, argumentou, que ele concordava com o projeto do Dep. Colato porque  “ existe muita terra para pouco índio”. É lamentável que ocorra uma posição nestes termos de um parlamentar que se tornou deputado graças ao apoio de agentes de pastoral da Diocese de Chapecó. Este sim merece o nosso desprezo e nossa aversão. 


        


    Na opinião do Cimi Sul este tipo de manifestação, que é na verdade um plágio de militares da era da ditadura e dos coronéis do latifúndio,  serve apenas para tentar ludibriar pessoas, de modo especial os agricultores da região Oeste de Santa Catarina. Aproveitamos para informar o Dep.Vignatti que em Santa Catarina, uma vez finalizados todos os procedimentos de demarcação, os índios terão algo em torno de 0,6% do Estado. Perguntamos, será que a população não indígena, não conseguirá sobreviver, com outros 99,4%, uma vez que os indígenas foram os primeiros a habitar este território?


               


    A postura antiindígena de parlamentares e autoridades, que até recentemente estavam na oposição e se manifestavam favoráveis aos direitos dos índios tem, no entender do Cimi Sul, duas possíveis explicações: primeiro, os políticos querem transformar a questão indígena em palanque eleitoral para as eleições municipais de 2008, com isso arrebanhar os votos de uma parcela da população que não aceita os Povos Indígenas como sujeitos e cidadãos detentores de direitos (preconceito histórico existente na maioria dos municípios do Oeste de SC); segundo, muitos políticos que se consideravam de esquerda não compreendem a realidade étnica de nosso país e a que tudo indica, não têm firmeza ideológica acerca  da sociedade que se pretende construir e conseqüentemente são cooptados ou susceptíveis aos interesses econômicos das elites que mandam no Brasil.


     


    Conselho Indigenista Missionário

                                     Chapecó, 22 de outubro de 2007 Read More
  • 19/10/2007

    Mentiras deslavadas sobre Toldo do Umbu

     


     “O relator acrescentou ainda que não há indícios históricos de que a área tenha sido ocupada por etnias indígenas, “pois essas terras foram tituladas há mais de um século pelo Estado do Paraná, consideradas à época terras devolutas”, explicou”.


    (Deputado Valdir Colatto -Aconteceu – 18/10/2007)


     


    O velho Otavio Belino, já curvado pela idade,  não segurou as lágrimas. “Aqui eu nasci, aqui minha mãe enterrou meu umbigo e plantou esse pé de umbu”. Era um dia quente de outubro de 1976. Um grupo de velhos Kaingang retornavam ao local donde haviam sido expulsos e onde vinham fazer os Kiki, rituais de seu povo.


     


    Na década de 50 inescrupulosos funcionários do SPI se encarregaram de fazer o trabalho sujo de retirar à força, amarrados, os últimos Kaingang que resistiram no “Toldo do Umbu”, um toldo velho na região em que milhares de anos viveram tranqüilos os Kaingang, até que os invasores chegaram. Jogados na Terra Indígena Xapecó, ali permaneceram os Kaingang, até o momento de recobrarem forças e voltarem à sua terra.


     


    O velho Otavio Belino, juntamente com Vicente Fokei e outras velhos contaram como foi brutal a retirada deles do toldo do Umbu. Chegou o funcionário do SPI com capangas e foram jogando os pertences dos índios emcima de um caminhão. Os que se opuseram a embarcar, foram amarrados e jogados na carroceria. Foi o que aconteceu com seu Otávio, que era o capitão-cacique do grupo.


     


    É de doer a alma ouvir de parlamentares, que no mínimo deveriam ser bem informados, virem a público vomitar tamanhas mentiras como “não há indícios históricos de que a área tenha sido ocupada por etnias indígenas”. Chega de cinismo e hipocrisia. Se querem negar aos verdadeiros donos o direito sagrado à sua terra o façam assumindo perante a história e o mundo o descaramento de estarem negando ao um povo seu direito constitucional.


     


    Aos nobres e bravos Kaingang, minha admiração, respeito, solidariedade e total apoio à luta pela sua terra! Tomei muito chimarrão nos seus ranchos, enquanto contavam as histórias das violências, expulsões, exploração e saque de seus recursos, especialmente os grandes pinheirais. Deles recebi o nome de “Goy kupri”, pela já falta de cabelos na cabeça. Com eles aprendi a admirar a beleza e grandeza da alma simples, para quem a vida é tudo e a terra é mãe.


     


    Certamente todos esses anos de exílio e de luta não irão cair diante da ganância inescropulosa de alguns. Se houve erros e cumplicidade por parte de governos, que esses sejam responsabilizados em resolver a questão e não fiquem privando os Kaingang a seus sagrados espaços de terra para viver com dignidade!


     


     


    Egon Heck


    Cimi MS


    Campo Grande

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  • 19/10/2007

    Contaminação de rios ameaça a sobrevivência de ribeirinhos


    Barra de Guaicuí – Mais de 400 pessoas, das comunidades ribeirinhas de Várzea da Palma, Ibiaí e Pirapora, em Minas Gerais, saíram, hoje (19), em manifestação contra a poluição por cianobactérias, desde o rio Das Velhas até o São Francisco. Os moradores estão assustados e temem pela manutenção de uma das principais atividades da região, a pesca.

     


    O ato iniciou pela manhã, com concentração no distrito de Barra do Guaicuí, município de Várzea da Palma, e seguiu para a BR que liga os municípios de Pirapora a Montes Claros. Em seguida, uma ponte foi interditada por mais de meia hora. Estudantes da rede pública carregavam cartazes que cobravam a punição dos responsáveis e pescadores jogaram peixes mortos como sinal de alerta. “Se continuar assim todo ano, o que será de nós, as famílias dos pescadores?”, questiona Lorena Borges, de 14 anos.


     


    Toda a atividade foi monitorada por quatro viaturas da Polícia Rodoviária Federal (PRF) – com agentes de Pirapora, Montes Claros e Belo Horizonte (MG) – e uma da Polícia Militar.


     


    Os manifestantes cobram medidas mais eficazes por parte da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), acusada de ser a responsável pela propagação das chamadas algas azuis. “Os culpados na verdade estão lá, sentados. Não estão nem aí.”, afirma João Rettore.


     


    A presidente do Conselho de Desenvolvimento Comunitário de Barra de Guaicuí, Zélia Aparecida Viana, conta que foram distribuídas cestas básicas para os ribeirinhos. Entretanto, “a comida que eles distribuíram não dá para alimentar uma família nem por dois dias, só tem dois quilos de arroz”, conta Manoel Conceição. Ele mora em uma casa nas margens do Velhas, com mais cinco adultos e oito crianças.


     


    Segundo informações divulgadas pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do estado, pelo menos 35 municípios estão comprometidos pelas águas contaminadas do rio Das Velhas, rio Doce e São Francisco que afeta também municípios baianos, até Bom Jesus da Lapa (BA).


     


    As análises do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), de Pirapora, apontam que o índice de células encontradas a cada mililitro ultrapassa 1,3 milhão. A portaria 518 do Ministério da Saúde recomenda que o máximo permitido para consumo humano é de 50 mil. Isso indica que a contaminação é 130 vezes superior ao recomendado. “O termômetro da água é o peixe, se ele não sobrevive, não serve para mais nada”, diz João Rettore.


     


    Os laudos indicam que a contaminação se dá a partir da grande quantidade de esgotos despejados na região metropolitana de Belo Horizonte, que deságua no Velhas. A matéria orgânica serve para a reprodução das chamadas “algas azuis” e diminui a quantidade de oxigênio da água. O resultado é uma coloração verde, forte odor e peixes mortos.


     


    Serviço


    Mais informações:


    Alexandre Gonçalves – (38) 91933693


    Josimar Alves Durans (Colônia de Pescadores de Ibiaí) – (38) 37461122


    João Rettore (Barra de Guaicuí) – (38) 37315032

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  • 18/10/2007

    Informe no 788: Confronto entre índios e madeireiros no Maranhão termina em morte de Guajajara

    Informe no 788


     


    Confronto entre índios e madeireiros no Maranhão termina em morte de Guajajara


    Realizada Assembléia dos povos Tupinikim e Guarani para discutir acordo a ser firmado com Aracruz


     


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    Confronto entre índios e madeireiros no Maranhão termina em morte de Guajajara


    Na segunda-feira (15/10) um grupo de 15 homens armados invadiram, às seis horas da manhã, a aldeia Lagoa Comprida, na terra indígena Araribóia, no município de Amarante, região centro-oeste do Maranhão. Mataram Tomé Guajajara, de 60 anos e deixaram dois baleados: Madalena Paulino Guajajara, baleada no pescoço, e Antônio Paulino Guajajara, com um tiro no braço direito.


    Segundo informações do chefe de posto da Fundação Nacional do Índio (Funai) na área, os invasores já chegaram atirando contra os indígenas, cinco deles foram feitos reféns e levados a um campo de futebol, onde foram ameaçados com tiros para o alto. Tomé Guajaja reagiu baleando um madeireiro e foi morto com 6 tiros. Logo depois, os invasores fugiram ameaçando voltar e matar todos.


    A ação foi uma represália dos madeireiros contra os Guajajara que, no início de setembro, apreenderam um caminhão madeireiro que transitava dentro da terra indígena. Na mesma semana os madeireiros procuraram os indígenas e tentaram recuperar o caminhão oferecendo mil reais. Os indígenas se recusaram a negociar e comunicaram o fato à Funai. Mesmo sabendo da apreensão do caminhão pelos indígenas e do risco de conflito que isso representava a Funai deixou que passasse mais de um mês sem que nenhuma providência fosse tomada.


    Missionários do Cimi que foram até a aldeia, encontraram a comunidade abandonada. “Não há ninguém da Funai e a polícia federal esteve lá, mas já saiu”, disse um dos missionários. Eles relataram que os índios estão apavorados e que, com o perigo de um novo ataque, muitos fugiram para a cidade. “Uma mulher ficou tão desesperada que se escondeu na mata com o filho recém-nascido e só foi encontrada dois dias depois”. A equipe do Cimi na região avalia que se não for tomada nenhuma medida de proteção à comunidade, a tendência é que o conflito se acirre ainda mais com conseqüências desastrosas.


    Já é antiga a situação de conflito entre povos indígenas e madeireiros na terra indígena Araribóia. Desde o início da década de 1980 essa terra sofre com a invasão e a exploração madeireira. Segundo informações da comunidade da aldeia Lagoa Comprida, no ano de 2002 o indígena Kelé Apolinário, 55 anos, morador da aldeia Abraão (localizada na mesma terra indígena) foi encontrado morto dentro da mata. Os índios suspeitam que a morte aconteceu em decorrência da ação de madeireiros, mas o caso nunca foi investigado.


    Na mesma terra, indígenas do Povo Awá Guajá também sofrem com a exploração madeireira. Em 2003 o corpo de um indígena desse povo foi encontrado na mata. A suspeita dessa vez é de que ele teria morrido de sede já que as fontes de água da região estão secando em função do desmatamento provocado pela ação das madeireiras.


    Os dois indígenas baleados foram atendidos e estão na aldeia. Não correm risco de vida.


    Cimi – Regional Maranhão


     


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    Realizada Assembléia dos povos Tupinikim e Guarani para discutir acordo a ser firmado com Aracruz


    Cerca de 300 indígenas, de sete aldeias Tupinikim e Guarani, estiveram presentes à Assembléia que aconteceu terça-feira (16/10), na aldeia Caieiras Velha, município de Aracruz, estado do Espírito Santo. A Assembléia contou com a participação do presidente da Fundação Nacional do Índio – Funai, Márcio Meira, e foi realizada para discutir pontos referentes ao acordo a ser firmado entre os povos indígenas, o governo brasileiro e a empresa Aracruz Celulose no sentido de promover a desintrusão e reocupação das terras indígenas Tupinikim e de Comboios, invadidas pela empresa desde a década de 1960.


    As propostas apresentadas à Assembléia foram elaboradas em reuniões anteriores em Brasília, mediadas pelo Ministério Público Federal, que contou com a presença de lideranças indígenas e de representantes da Aracruz, Fundação Nacional do Índio (Funai) e Ministério da Justiça.


    Um fator apontado pelos índios foi a participação de membros das comunidades, indicados por eles, para trabalhar como assistentes técnicos no estudo etno-ambiental, coordenado pela Funai, a ser realizado na área. O estudo vai revelar os danos causados pelo plantio do eucalipto e apontar projetos de recuperação dos territórios, como forma de compensar a degradação ambiental, e de auto- sustentação das comunidades. “A Aracruz vai retirar o eucalipto e nós vamos fazer o que com a área degradada e sem serviço?”, indagou o cacique da aldeia de Caieiras Velha, José Cesenando. O estudo tem como objetivo dar resposta a questões como esta.


    Segundo os termos firmados em reuniões anteriores, a Aracruz se comprometerá a financiar a execução de parte dos projetos ambientais e de sustentabilidade e o restante ficará sob responsabilidade do governo federal. Os indígenas querem garatias de que o governo cumprirá sua parte: “a dúvida das comunidades é se o governo vai assumir todas as responsabilidades, pois o desmatamento e os danos causados pela Aracruz são muito grandes”, afirmou o cacique.


    De acordo com ele a situação atual das comunidades é muito precária. “Não temos do que viver. Vivíamos do marisco que agora tá proibido coletar; o feijão chegou tarde pra gente plantar e, na cidade, nenhum índio consegue emprego por conta da campanha que a Aracruz fez contra a gente”, revela. Nesse sentido, a Assembléia reivindicou a liberação imediata de recursos pelo governo, logo após a assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), a serem empregados em projetos sociais emergenciais de assistência aos povos indígenas.


    Outro ponto garantido durante a Assembléia foi a participação indígena em todo o procedimento a ser executado. Assim, não só o estudo étnico-ambiental, mas também o processo de demarcação das terras e a elaboração dos projetos de recuperação ambiental e de sustentabilidade serão acompanhados por índios Tupinikim e Guarani.


    A Assembléia propôs como data da próxima reunião entre indígenas, representantes da Aracruz e governo federal,  para discutir o pontos do acordo do TAC que será elaborado pelos advogados das partes, o dia 30 de outubro.


    As terras Tupinikim e de Comboios totalizam uma área de 18.027 hectares e foram declaradas como de ocupação tradicional indígena em portarias publicadas no dia 28 de agosto, pelo Ministério da Justiça.


     


     


    Brasília, 18 de outubro de 2007


    www.cimi.org.br


    Conselho Indigenista Missionário

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  • 18/10/2007

    Índios e terroristas no Mato Grosso do Sul



    “O Conselho Indigenista Missionário… quero fazer essa denuncia aqui de pronto… quero que fique aqui nos anais e quero chamar o representante do Conselho Indigenista Missionário, que são terroristas, queria chamá-lo aqui para debater conosco… não tem coragem de vir debater conosco. Por quê? Estão fazendo sem-vergonhice. Quem sabe lá o que é o Cimi, para quem está nos assistindo. É o Conselho Indigenista Missionário. Tem um nome nesse negócio, chama-se Antonio Brand, que é o cara que fica inventando aldeia indígena pra tudo que é canto…”


     


    A fala é do deputado Paulo Correa (PR), durante sessão da Assembléia Legislativa do Mato Grosso do Sul no último dia 2 de outubro. O deputado criticou a atuação do Cimi acusando a entidade de incitar os índios a tomarem atitudes violentas contra propriedades rurais que fazem divisa com aldeias ou que são alvos de processos de demarcação. O que o deputado esqueceu foi de relatar a verdadeira situação das populações indígenas no estado.


     


    A recente declaração sobre os Direitos dos Povos Indígenas aprovada pela ONU, em setembro, deve ter estragado o sono de quem quer impor sua vontade aos habitantes do planeta. Afinal de contas ali está claramente reconhecido o direito dos mais de 370 milhões de nativos em mais de 70 países do mundo às terras-territórios e aos recursos naturais neles existentes, e à livre determinação, com autonomia e dignidade, conforme seus valores, costumes e organização social. O que, aliás, o Brasil já reconheceu em sua Constituição de 1988.


     


    O Mato Grosso do Sul não está fora do planeta Terra, nem do Brasil. Portanto as leis e normas nacionais e internacionais deveriam ser cumpridas. Ou seja, os povos indígenas deveriam ter suas terras já demarcadas e garantidas há muito tempo, pois a Constituição determinou que isso fosse feito até 1993. Por que não se cumpriu a lei maior do país?  As conseqüências estão aí. Entre os Kaiowá Guarani se instaurou um verdadeiro processo de genocídio.


     


    E para piorar a situação agora vem a gigante onda verde da cana e do dólar para instalar mais de 50 novas usinas, plantar mais de 850 mil hectares de cana, quase tudo na região dos Guarani, e muitos em “tekoha”, ou seja, terras tradicionais Guarani. Para se ter uma idéia do descalabro da estrutura fundiária e suas conseqüências perversas, a Terra Indígena Dourados, com uma população de mais de 12 mil Kaiowá Guarani e Terena, tem uma população maior do que 32 municípios do estado, conforme publicação do IBGE no Diário Oficial de 5/10/2007. Portanto a terra do gado, da soja e agora da cana, não tem lugar para índios, quilombolas, trabalhadores rurais sem terra…


     


    As estratégias e conseqüências estão claramente demonstradas no caso de Kurusu Ambá, no município de Coronel Sapucaia.  Os índios foram brutalmente expulsos, lideranças assassinadas, outras presas e rapidamente condenadas a 17 anos e meio de prisão. Tudo isso por estarem buscando o que a Constituição, Convenção 169 da OIT e a Declaração sobre os Direitos dos Povos Indígenas da ONU lhes garantem, que é sua terra para viver em paz.


     


    Cabe então perguntarmos onde está o terrorismo? Quem são os verdadeiros terroristas?


     


    Egon Heck


    Cimi MS 


    Campo Grande, 18 de outubro de 2007


     

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  • 18/10/2007

    Moradia para os Guarani

    Resultado da solidariedade de pessoas e entidades, a iniciativa da Ação Solidária Madre Cristina está possibilitando que indígenas Guarani acampados em beiras de estrada possam ter melhores condições de moradia no Rio Grande do Sul. Até o final do ano, a organização deve construir 32 casas de madeira para indígenas das aldeias de Petim, em Guaíba, e de Passo Grande, em Barra do Ribeiro, a pouco mais de 27 km e de 56 km de Porto Alegre (RS), respectivamente. As famílias estão em regiões de conflito, já que consideram as áreas como tradicionais e lutam, há 27 anos na Aldeia de Petim e há 15 anos na Aldeia de Passo Grande, para que sejam demarcadas pelo governo federal.


    A idéia de construir casas para as famílias partiu de uma parceria entre o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e a Ação Solidária Madre Cristina. As duas organizações realizaram um jantar no mês de maio para arrecadar fundos. Também receberam contribuições financeiras da Federação dos Metalúrgicos do Rio Grande do Sul, do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e de um casal de juristas que não quis se identificar. Cada casa, que é feita de madeira de eucalipto, custa em torno de R$ 2,9 mil.


    O cacique Mariano, da Aldeia de Passo Grande, relata que a vida das famílias indígenas é muito penosa nas beiras de estrada. Eles vivem em barracos de lona e de plástico, pois na região há pouca taquara e bambu, que são utilizados para a confecção de artesanato. “Por isso é que precisamos de casas de madeira, como a dos brancos. Com essas casas, ficaremos resguardados dos temporais de vento e de chuva. Sofremos muito nesse acampamento, mas é o lugar que temos para morar”, diz.


    Os indígenas de Passo Grande estão vivendo há 15 anos na beira da BR-116, pouco antes da entrada de Barra do Ribeiro. Mariano conta que eles viviam em São Miguel das Missões, reduto indígena no Rio Grande do Sul, mas vieram para a Capital por não terem terra onde plantar. Agora no local eles têm um terreno de cerca de 1,5 are, que foi doado por um agricultor da região, onde plantam produtos para a subsistência, como milho, melancia e aipim. No entanto, a comida produzida não é suficiente para as oito famílias que vivem na aldeia. Os indígenas também confeccionam cestos de taquara e vendem na beira da estrada como forma de agregar renda, mas o dinheiro arrecadado é pouco.


    “O branco ajuda muito pouco. A alimentação, que ganhávamos do governo do Estado, parou de nos ser fornecida por falta de dinheiro e também porque ainda não temos terra demarcada. Mas o governo federal também não devolve a terra que era nossa”, reclama Mariano. Os indígenas recebem, ainda, assistência médica prestada pela Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), que faz visitas periódicas às aldeias.


    Integração


    O projeto das casas da Ação Solidária Madre Cristina não somente ajuda os indígenas, como gera renda e trabalho e integra as lutas dos povos branco e índio. As casas estão sendo construídas através das frentes de trabalho do Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD) do Rio Grande do Sul. Cada casa emprega quatro famílias de trabalhadores do Movimento e conta também com o mutirão dos índios de várias aldeias da região.


    Além do emprego, outro ponto positivo é a integração de povos que, apesar de diferentes culturalmente, possuem objetivos parecidos. Indígenas e desempregados lutam para que tenham melhores condições de vida e que as peculiaridades culturais de cada um seja respeitada. “Para nós, do MTD, é um orgulho construir as casas para os índios. É importante que nos unamos e ajudemos outras pessoas que também precisam. Além disso, a luta dos indígenas e dos desempregados é muito parecida e somente através da união é que conseguiremos melhores condições de vida“, opina Edson Vanderlei, morador do Belo Monte, assentamento rururbano do MTD em Eldorado do Sul, região metropolitana.


    A arquitetura dos casas também respeita a vontade e a cultura dos Guarani. A disposição das janelas, portas e dos cômodos é discutida com cada família que irá morar na casa. Até o momento, foram construídas duas casas, cada em uma das aldeias. Na Aldeia de Petim devem ser construídas 5 casas ao todo, e na de Passo Grande, 4 casas.


    Isnar Vieira Borges, integrante da Ação Solidária Madre Cristina, espera que as casas sejam realmente temporárias. “O objetivo do projeto é melhorar a vida dos indígenas enquanto esperam a demarcação de suas terras, que esperamos que seja logo”, diz. Isnar espera que o projeto com os indígenas de Petim e Passo Grande seja o primeiro de muitos outros que possam ser implementados. “Queremos provocar na sociedade civil o espírito solidário, que as pessoas se  mobilizem e apóiem o projeto, praticando assim a solidariedade e melhorando a vida do povo”, afirma.  


    Para mais informações sobre o projeto das casas para indígenas ou doações pode-se entrar em contato com a Ação Solidária Madre Cristina, pelo correio eletrônico iasmc@uol.com.br ou pelo telefone (51) 3228 0211.


     

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  • 17/10/2007

    Ecumenismo segundo o Documento de Aparecida

    Por Paulo Suess


    Assessor Teológico do Cimi


     


    Nos últimos 40 anos, o magistério latino-americano e a prática pastoral da Igreja Católica têm insistido no diálogo ecumênico.[1] O ecumenismo, a relação fraterna entre todos aqueles que adoram Deus como Pai e “que foram regenerados pelo batismo” [228], não é algo optativo entre especialistas, mas é “irreversível”[2] e “irrenunciável para o discípulo e missionário”. O contrário seria um “escândalo” e um “atraso no cumprimento do desejo de Cristo” [227] (cf. UR 1, SD 132).


     


    Aparecida segue no diálogo ecumênico as linhas mestras do Vaticano II e assume o magistério latino-americano das Conferências anteriores [cf. 231]. O Credo comum da fé cristã “no Deus uno e trino, no Filho de Deus encarnado, nosso Redentor e Salvador” nos permite dar “o testemunho da nossa esperança” ao mundo e nossa “cooperação no campo social” (UR 12). Aparecida “insiste no caráter trinitário e batismal do esforço ecumênico, onde o diálogo emerge como atitude espiritual e prática, num caminho de conversão e reconciliação” [228].


     


    A unidade dos discípulos missionários é unidade na “comunhão no Espírito Santo” (2Cor 13,13), no plural dos dons, das vocações e dos significados históricos [155].


     


    O Espírito Santo é não só o protagonista da missão, mas também o promotor da unidade na diversidade das culturas e do diálogo ecumênico a partir de um Credo trinitário comum com seus desdobramentos históricos diferenciados. Guiado pelo Espírito Santo, o movimento ecumênico produziu muitos frutos: “favorece a estima recíproca, convoca a escuta comum da palavra de Deus e chama aos que se declaram discípulos e missionários de Jesus Cristo à conversão” [232].


     


    A unidade dos cristãos será um “dom do Espírito Santo” [230], um dom que envolve oração, participação e partilha dos agraciados. Em sintonia com o Vaticano II, o DA afirma que uma das bases importantes do movimento ecumênico é a oração e a conversão. Em questões de fé, que permitem tantas divergências, o ecumenismo sociológico do “movimento” necessita do apoio do “ecumenismo espiritual” (UR 8 [230]). O ecumenismo, que nasce da oração de Jesus, só é sustentável através da oração, conversão e reconciliação dos discípulos [234, 228].


     


    Onde existe o diálogo ecumênico, “diminui o proselitismo, cresce o conhecimento recíproco, o respeito e se abrem possibilidades de testemunho comum” [233]. O ecumenismo nos faz “recuperar em nossas comunidades o sentido do compromisso do batismo” [228], suscita “novas formas de discipulado e missão em comunhão” [233] e inspira a colaboração no campo social [99g]. Pelo amor de Deus e pelo amor aos pobres devemos avançar no diálogo ecumênico, porque uma das finalidades do movimento ecumênico é a concretização do Evangelho no meio dos pobres.


     


    O ecumenismo, classicamente pensado como movimento pela unidade dos cristãos, deve sempre ser pensado também como macro-ecumenismo do diálogo inter-religioso que visa a unidade de toda a humanidade. A unidade, por ter como base a criação do ser humano segundo à imagem e semelhança de Deus, e o desejo de Jesus para que todos “sejam um” (Jo 17,21; [227], cf. SD 132), protege as pessoas contra qualquer discriminação racial, religiosa ou de gênero [cf. 97; 533].


     


    O diálogo ecumênico ainda não se tem desenvolvido “com a mesma intensidade em todas as Igrejas” [99g]. Obstáculos para esse diálogo representam a falta dos devidos discernimentos e a convivência com grupos fundamentalistas que “atacam a Igreja Católica com insistência” [100g]. É importante participar de organismos ecumênicos em todos os níveis da vida eclesial.[3] Além das “escolas de ecumenismo” já existentes “necessitamos de mais agentes de diálogo e mais bem qualificados” [231s].


     


    Seguindo o Vaticano II, Aparecida chama a atenção para um “falso irenismo”, que se esquece desse dinamismo histórico (UR 11, cf. 231, 234). Celebrações que tentam antecipar a unidade, que de fato não existe, misturando elementos de cada denominação que participa da respectiva celebração, ferem, muitas vezes, a identidade de pessoas ou grupos envolvidos e aumentam a discórdia que queriam superar. O movimento ecumênico é impulsionado pela energia que corre entre os dois pólos: a desunião de fato existente e a vontade firme de superá-la num diálogo paciente e amplo. O ecumenismo com base popular avança, geralmente, com mais facilidade do que o ecumenismo meramente doutrinal. “Sustentado pelo Espírito da verdade”, o povo vive em seu conjunto e no corpo a corpo ecumênico o “senso da fé” (LG 12a). O povo pobre, que é a base constitutiva da Igrejas, sabe-se situar na “hierarquia de valores” (GS 37a) e na “hierarquia de verdades” (UR 11c), sem trair o próprio e sem desprezar o alheio e diferente.


     








    [1] Cf. Medellín II/26, III/20, IV/19d, V/19, VIII/11, IX/14. – Puebla 108, 1008, 1096s, 1107s., 1114s., 1118-1122, 1124, 1127, 1161. – Santo Domingo 132s., 135.



    [2] Ut unum sint 3



    [3] Algumas instituições com longa tradição ecumênica: CESEP (Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular; www.cesep.org.br ), CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil; www.conic.org.br ), CESE (Coordenadoria Ecumênica de Serviços; www.cese.org.br ), KOINONIA (Presença Ecumênica e Serviço; www.koinonia.org.br ), IAMS (International Associacion for Mission Studies/Associação Internacional de Estudos Missiológicos; www.missionstudies.org ).

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  • 17/10/2007

    Lançado Prêmio Culturas Indígenas 2007


    Serão premiadas 100 iniciativas nesta edição que homenageia a liderança indígena Xicão Xukuru. Cada comunidade receberá 24 mil reais.

    O Ministério da Cultura, através da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural (SID), e a Associação Guarani Tenonde Porã iniciaram, a partir do dia 10 de outubro, data da publicação do edital 2007, o desafio de ampliar a área de abrangência do Prêmio Culturas Indígenas. Criado no ano passado, a partir de propostas do Grupo de Trabalho Indígena do Minc, o Prêmio pretende incentivar iniciativas de fortalecimento cultural dos povos indígenas do Brasil. Novamente com patrocínio da PETROBRAS, a atual edição pretende atingir povos indígenas de todos os estados brasileiros e aumentar a participação deles no Prêmio. A primeira edição, em homenagem ao cacique Kaingang Ângelo Cretã, recebeu 467 projetos desenvolvidos pelas próprias comunidades, atingindo 85 povos indígenas dos cerca de 225 existentes no Brasil.


     


    Para alcançar os novos objetivos, a Associação Guarani Tenonde Porã, executora do Prêmio, em conjunto com a SID/Minc, tem noventa dias, contados a partir de 10 de outubro, para mobilizar as comunidades antes do encerramento das inscrições, no dia 7 de janeiro de 2008. Para isso, reedita as parcerias firmadas em 2006 com FUNAI, FUNASA, Ministério do Meio Ambiente, Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Ministério do Desenvolvimento Agrário e Ministério da Educação, SESC São Paulo, Conselho Indigenista Missionário e as principais organizações indígenas do Brasil como COIAB (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), APOINME (Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas e Espírito Santo) e ARPINSUL (Articulação dos Povos Indígenas do Sul). Segundo dados do prêmio, as parcerias e apoios obtidos regionalmente envolvem centenas de entidades e instituições mobilizadas na divulgação do concurso.


     


    OFICINAS REGIONAIS – Nesse contexto, a realização de oficinas regionais de facilitação é essencial para esclarecer e orientar as comunidades e organizações sobre o preenchimento da ficha de inscrição, prazos e documentação assim como incentivar localmente a discussão em torno de iniciativas que possam concorrer ao Prêmio. Estão programadas 50 oficinas até dezembro em todas as regiões do Brasil. Esse número é mais que o triplo das oficinas realizadas em 2006. O manual de orientação, com ficha de inscrição, texto explicativo e edital, será distribuído às comunidades pelo Prêmio com o apoio da rede de parceiros. Assim como na primeira edição, o Prêmio 2007 buscou simplificar os procedimentos de inscrição como, por exemplo, incentivar a oralidade, o que possibilita que os proponentes gravem as respostas da ficha de inscrição em CD, DVD ou VHS.


     


    MAPA DAS CULTURAS INDÍGENAS – O Prêmio Culturas Indígenas é projeto resultante da parceria do Minc e a Associação Guarani Tenonde Porã para incentivar a produção cultural indígena. A idéia não é realizar somente um concurso. É trazer para o primeiro plano as iniciativas culturais desenvolvidos coletivamente nessas comunidades e compartilhá-los com a sociedade civil através de produtos lançados pelo Prêmio. A edição 2006 gerou um banco de dados atualizado que será disponibilizado ao público. Também foi lançado, no segundo semestre, o livro Prêmio Culturas Indígenas 2006, editado pelo SESC São Paulo, Minc e Associação Guarani Tenonde Porã. A publicação descreve em mais de 300 páginas ilustradas as 467 iniciativas inscritas na primeira edição do Prêmio fornecendo dados como povos, população, área territorial e endereços para contato. Cada comunidade e organização inscrita no Prêmio recebeu exemplares da publicação que está sendo distribuída também várias entidades e instituições governamentais e não governamentais. Todas as iniciativas inscritas na edição atual também serão publicadas em um novo livro-catálogo.


    XICÃO XUKURU – A valorização da identidade dos índios Xukuru foi um dos motivos que levou o cacique Xicão Xukuru a integrar as delegações indígenas presentes em Brasília nos trabalhos da constituinte no período de 1987 a 1988. A militância de Xicão o levou a reorganizar o povo Xukuru em ações de retomada do território tradicional e a busca pela demarcação das terras. Em 20 de maio de 1998, Xicão foi assassinado a tiros na cidade de Pesqueira, em Pernambuco, causando comoção entre as comunidades indígenas, setores indigenistas e entidades de Direitos Humanos do Brasil e exterior. Atualmente os Xukuru estão distribuídos em 24 aldeias e constituem-se em cerca de nove mil índios.


    RAIO-X DO PRÊMIO CULTURAS INDIGENAS 2007


    SELECIONADOS


    100 (cem) iniciativas coletivas de fortalecimento das expressões culturais indígenas tradicionais e a identidade dos diversos povos


    PREMIAÇÃO


    R$    24 mil reais [bruto] para cada selecionado


    QUEM PODE CONCORRER


    Comunidades indígenas do Brasil que vivem em aldeias e também em áreas urbanas e Organizações indígenas com representatividade nas comunidades.


    INSCRIÇÃO


    Para se inscrever é necessário preencher o Formulário de Inscrição e encaminhar juntamente com a Declaração de Apoio da comunidade à iniciativa inscrita e a Declaração de Garantia de Direitos Coletivos, todos presentes no manual de orientações para: o endereço


     


    PRÊMIO CULTURAS INDIGENAS 2007 EDIÇÃO XICÃO XUCURU


    CAIXA POSTAL No. 8572-X SHS QUADRA 2, BLOCO B


    CEP 70.312-970 – Brasília/DF


     


    A Ficha de Inscrição pode ser digitada ou preenchida à mão utilizando caneta. As comunidades também podem apresentar a iniciativa de forma oral gravando em áudio ou vídeo (VHS ou DVD) as respostas da ficha de inscrição.


    Quem tiver acesso à internet também poderá preencher a ficha através do site www.premioculturasindigenas.org


    É obrigatório o envio pelo correio do Formulário de Inscrição, do Documento de Apoio da Comunidade à Iniciativa e a Declaração de Garantia de Direitos Coletivos e anexos que tragam informações complementares sobre a iniciativa inscrita.


    COORDENAÇÃO DO PRÊMIO CULTURAS INDÍGENAS


    Mauricio Fonseca mafonn@gmail.com


    2007@premioculturasindigenas.org


    (11) 3868-3760 / (11) 7840-1799


    INFORMAÇÕES À IMPRENSA


    Railidia Carvalho railidia@premioculturasindigenas.org


    (11) 3571-6489 / (11) 9208-7042


    www.premioculturasindigenas.org


     

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  • 17/10/2007

    Atingidos por barragens ocupam obras de Tucuruí

     


    Mais de 300 pessoas organizadas no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) ocupam, desde segunda (15), o canteiro de obras das eclusas da UHE de Tucuruí, no Pará. Segundo Euvanice Furtado, militante do MAB, muitas famílias que foram expulsas de suas casas para dar lugar às eclusas ainda não receberam nenhuma indenização ou receberam em valor insuficiente. Há caso de indenização no valor de R$  84.


     


    Além disso, o objetivo dessas obras é possibilitar a navegabilidade do Rio Tocantins para o escoamento de grãos e minérios de ferro para a exportação. “Ou seja, vão servir para o saqueamento dos recursos naturais do Pará”, conclui Euvanice Furtado.


     


    O contrato assinado para a construção das Eclusas entre o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – Dnit, Eletronorte e o Consórcio Camargo Corrêa tem valor de R$  440 milhões. As duas eclusas, ligadas por um canal intermediário, com 5,5 quilômetros de extensão, irão possibilitar a navegabilidade no Rio Tocantins.


     


    Entre as reivindicações dos atingidos estão: indenização no valor de 60 mil reais para as famílias que perderam suas casas; aposentadoria vitalícia para os pescadores que perderam seu meio de subsistência com a construção da obra e anulação das ações de interdito proibitório contra lideranças do MAB.


     

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  • 17/10/2007

    Divulgado resultado do Plebiscito Popular

     


    Mais de 64 entidades e organizações dos movimentos sociais, sindicatos e igrejas realizaram, nos últimos anos, dois Plebiscitos Populares Nacionais. Foi realizada em setembro de 2002 uma votação sobre a negociação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas). O resultado foi entregue ao Supremo Tribunal Federal, ao Congresso Nacional e à Presidência da República. Mais de 10 milhões votantes participaram. A principal reivindicação era que o governo FHC saísse das negociações para a Alca. Mas os organizadores também pediram que o Congresso convocasse um plebiscito oficial sobre o tema. Resultado do plebiscito contra a ALCA: 98% dos votos foram contra a assinatura do governo brasileiro neste tratado. Em 2000, fizemos um plebiscito sobre a dívida externa, que teve 6 milhões de votantes e foi dado um não ao pagamento da dívida.


    Os resultados expressivos de participação popular dos plebiscitos revelaram ser este, um importante instrumento de soberania e democracia participativa.


               


    Em novembro de 2006, estas mesmas organizações, reunidas em Brasília, avaliaram e entenderam que o processo de privatização da Cia Vale do Rio Doce, deu-se de forma fraudulenta, sem transparência e constituiu-se numa afronta a todo o povo brasileiro que se viu vilipendiado de um patrimônio que lhe pertence. Diante disto, mais uma vez a foi organizado um Plebiscito Popular para que a população pudesse opinar sobre esta questão fundamental de soberania nacional.


     


    Após um processo de estudo, formação e preparação sobre o tema junto aos mais diversos setores da sociedade, foi realizado o 3º Plebiscito Popular de 1º a 9 de setembro. O tema central do Plebiscito foi sobre a validade ou não do leilão da Cia Vale do Rio Doce, privatizada em maio de 97, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Foi vendida por R$   3,3 bilhões, uma quantia menor do que a Vale tem de lucro a cada três meses. Estudos da época revelaram que o patrimônio da Companhia era calculado em R$   92,64 bilhões: 28 vezes o valor pela qual foi vendida. Maior exportadora mundial de minério de ferro atua em 14 estados do Brasil e possui 9 mil quilômetros de estrada de ferro. É proprietária de 10 portos e está presente nos cinco continentes.Detêm importantes e estratégicas jazidas de minérios, algumas com reservas somente em solo brasileiro.


    A cerca do tema da Vale, outros problemas relacionados à soberania nacional e direitos sociais foram amplamente abordados.


     


    E neste exercício de democracia participativa que é o plebiscito, participaram: 3.729.538 votantes, sendo que os resultados nacionais das votações foram os seguintes:


     


    1ª Pergunta: Em 1997, a Companhia Vale do Rio Doce – patrimônio construído pelo povo brasileiro – foi fraudulentamente privatizada, ação que o governo e o poder judiciário podem anula. A Vale deve continuar nas mãos do capital privado?


    Total: 3.729.538


    Opinaram NÃO 94,5% – 3.523.843


     


    2ª Pergunta: O governo deve continuar priorizando o pagamento dos juros da dívida externa e interna, em vez de investir na melhoria das condições de vida e trabalho do povo brasileiro?


    Total: 2.492.360


    Opinaram NÃO 92,1% –  2.296.547


     


    3ª Pergunta: Você concorda que a energia elétrica continue sendo explorada pelo capital privado, com o povo pagando até oito vezes mais que as grandes empresas?


    Total: 2.536.136


    Opinaram NÃO 93,7 % –  2.377.096


     


    4ª Pergunta: Você concorda com uma reforma da previdência que retire direitos dos trabalhadores/as?


    Total: 2.895.965


    Opinaram NÃO 93,4% –  2.703.931


     


    Diante desta grande pesquisa qualitativa e quantitativa popular, as entidades organizadoras exigem:


     


    1.                 A anulação do Leilão da Cia Vale do rio Doce. 


    2.                 Um projeto nacional de desenvolvimento com políticas alternativas às que vêm sendo propostas pelo FMI. Um projeto soberano que exija políticas econômicas (fiscal, monetária e comercial) autônomas sem a ingerência do FMI. Só devem ser consideradas aceitáveis as metas que sejam definidas com a sociedade brasileira, almejando o projeto nacional de desenvolvimento.


     


    3.                 Um novo modelo energético para o Brasil, que contemple a participação da população no seu planejamento, decisão e execução;


     


    4. Defendemos uma Reforma na Previdência que incorpore a ampliação da rede de proteção social prevista na Constituição Brasileira, com a universalização do acesso e a qualificação da Seguridade Social.


     


    Brasília, DF, 8 de outubro de 2007.


    Assinam: As 64 entidades da Cartilha da Vale


     

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