• 07/04/2011

    Atingidos por barragens, trabalhadores rurais e ambientalistas marcham na Esplanada

    Protesto é em defesa do Código Florestal e de um novo modelo energético e contra o uso de agrotóxicos

     

    Hoje (7), Dia Mundial da Saúde, movimentos sociais e organizações ambientalistas realizam uma marcha em Brasília para lançar a Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida e protestar contra o projeto do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) de alteração do Código Florestal, que é apoiado pelos ruralistas. A mobilização também defende a Reforma Agrária e reivindica um projeto energético popular.

     

    A marcha sairá do pavilhão de exposições do Parque da Cidade, às 7h, local onde acontece o Encontro Nacional das Mulheres Atingidas por Barragens. A previsão é que chegue às 9h à frente do Congresso Nacional, onde ocorrerá um ato público. Haverá atos também em frente ao Ministério de Agricultura e do Ministério de Minas e Energia.

     

    A manifestação reúne entidades como o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf), Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), Instituto Socioambiental (ISA), Greenpeace, SOS Mata Atlântica, Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC), entre outros.

     

    A mobilização torna pública a posição de trabalhadores e trabalhadoras rurais, agricultores e agricultoras familiares contra as propostas ruralistas de alteração do Código Florestal. Marca ainda a formação de um grande arco de alianças entre movimentos sociais do campo e da cidade e organizações ambientalistas em favor de uma agricultura que conviva de forma responsável com o meio ambiente e em favor de mudanças no modelo energético.

     

    Às 9h30, a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados promove uma audiência pública sobre agrotóxicos. O evento ocorre no plenário 7 do Anexo II. Foram convidados representantes da Via Campesina e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

     

    Energia não é mercadoria

     

    As 600 mulheres que participam do Encontro Nacional das Mulheres Atingidas por Barragens também protestarão em frente ao Ministério de Minas e Energia para a denúncia do atual modelo energético, que explora os trabalhadores com os altos preços da energia elétrica. “O Ministério de Minas e Energia é o coordenador de todo setor elétrico que, em sua grande maioria, está nas mãos das empresas privadas. Essas empresas, historicamente, tem violado os direitos humanos, negado o direito dos atingidos e precarizado as condições de trabalho, como tem ocorrido com os trabalhadores das usinas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia”, afirmou Soniamara Maranho, coordenadora nacional do MAB.

     

    Elas também irão cobrar o imediato cancelamento da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e o cumprimento do Decreto assinado pelo então presidente Lula, em outubro de 2010, que cria o cadastro sócio-ambiental dos atingidos por barragens. O encontro nacional das mulheres é organizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e acontece desde o dia 4 de abril, no Parque da Cidade, em Brasília.

     

    Sobre a Campanha

     

    A Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida reúne movimentos sociais, entidades estudantis e sindicatos em defesa do direito à alimentação saudável para todos, da saúde e qualidade de vida do trabalhador e de um meio ambiente equilibrado. A ideia é alertar a sociedade para o uso indiscriminado de defensivos agrícolas. O Brasil é o maior consumidor mundial dessas substâncias: cerca de um bilhão de litros foram utilizados no País em 2009 – uma média de 5 litros por pessoa.

     

    A campanha defende um novo modelo agrícola que valorize a agricultura familiar e viabilize o desmatamento zero; permita o acesso a tecnologias que utilizem menos agrotóxicos, como os sistemas agroecológicos; gere renda e trabalho para a população rural. Para isso, a Reforma Agrária é política fundamental.

     

    Todos os anos multiplicam-se casos de contaminação no campo por agrotóxicos.  Pesquisas vêm apontando as graves consequências dessa contaminação para o meio ambiente e a saúde humana. Ela pode causar problemas como câncer, distúrbios hormonais e neurológicos, má formação do feto, depressão, doenças de pele, diarréia, vômitos, desmaio, dor de cabeça, contaminação do leite materno, entre outros.

     

    Serviço

     

    Marcha contra os agrotóxicos, em defesa do Código Florestal e da Reforma Agrária e por um projeto energético popular 

    Quando: hoje, 7 de abril 

    Onde: A marcha sairá do Parque da Cidade, percorrendo a Esplanada dos Ministérios até chegar ao Congresso Nacional – Brasília, a partir das 7h

    Contatos: 

    Oswaldo Braga de Souza (ISA) – (61) 3035-5104 / 9103-2127 / oswaldo@socioambiental.org 

    Mayrá Lima (MST): (61) 96846534 /mayra@bsb.mst.org.br 

    Alexania Rossato (MAB): (61) 8264 0147 / imprensa@mabnacional.org.br

     

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  • 07/04/2011

    Dossiê denuncia repressão a movimentos sociais e ativistas de direitos humanos

    Por Camila Queiroz

    Hoje (7) e sexta-feira, uma delegação formada por líderes camponeses, indígenas, sem-terra e atingidos por barragens entregará o dossiê nas embaixadas da Finlândia, Noruega, Alemanha e Suíça. Alguns desses países são sedes de empresas denunciadas no relatório.

    Simultaneamente, na Europa, outra delegação divulga o relatório em parlamentos, organizações humanitárias e religiosas mundiais. Na próxima semana, o dossiê será entregue ao Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU, na Suíça.

    O documento revela que nos últimos anos, centenas de lideranças de movimentos sociais brasileiros foram presas e estão sendo criminalizadas pelos poderes Judiciário, Legislativo e Executivo. O dossiê relata ainda que, entre o ano 2000 e 2009, no conflito agrário, pelo menos 363 pessoas foram assassinadas e anualmente 422 foram presas. Nos últimos vinte anos, 13.815 famílias, a cada ano, receberam ordens de despejo do Poder Judiciário.

    Acesse na íntegra o dossiê

    A Usina Hidrelétrica de Campos Novos, instalada no rio Uruguai, inundou 2.400 hectares e deslocou mais de 3.500 pessoas, sem reparações. Por lutar contra a injustiça, 107 defensores de direitos humanos foram processados, inicialmente. As multas imputadas aos militantes variam de mil a dez mil reais, em protestos ou ocupações. Dez ativistas respondem por processos que podem dar até trinta anos de prisão e outros dez podem ter de pagar até um milhão de reais em multas.

    Duas mil camponesas estão sendo criminalizadas desde 2006, quando organizaram uma ocupação na Aracruz Celulose, no estado do Rio Grande do Sul. Na época, cinco mulheres e uma criança foram detidas irregularmente e recursos financeiros e computadores de organizações sociais foram apreendidos. O Ministério Público indiciou e processou 40 pessoas pelo ato político.

    Também ligado ao campo, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é perseguido por meio de "grampos telefônicos, apreensão ilegal de documentos e infiltração policial visando incriminar militantes”, como relata o dossiê. Duas mil lideranças foram fichadas pela polícia e até a Lei de Segurança Nacional, herança da ditadura militar, foi utilizada contra integrantes do movimento.

    Já os indígenas brasileiros enfrentam a criminalização principalmente na região Nordeste e no estado do Mato Grosso do Sul, local onde foram assassinados mais de 200 índios desde 2005, onde 150 cometeram suicídio e 100 crianças morreram de subnutrição. O dossiê aponta um genocídio para o qual o poder público fechou os olhos. Ligados a grandes fazendeiros, os responsáveis pelos crimes sequer são investigados.

    Merece destaque também o megaprojeto da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, região amazônica, que tem causado invasão de terras indígenas, exploração sexual e trabalho infantil. Dentre os ativistas defensores dos direitos humanos ameaçados por Belo Monte, o documento cita irmã Dorothy Stang, assassinada em 2005, e o militante Ademir Federicci (Dema), morto em 2011. O bispo Dom Erwin Kräutler, também defensor do rio Xingu, sofreu várias ameaças e tentativas de homicídio.

    Como solução, os movimentos sociais querem que o Estado tome medidas para acabar com a criminalização e repressão dos movimentos sociais; democratize o Poder Judiciário; combata a impunidade dos crimes cometidos contra lideranças de movimento sociais e promova os direitos humanos. Pedem ainda que seja implementada a reforma agrária, a demarcação de terras indígenas e quilombolas, além do cancelamento dos megaprojetos que trazem danos às populações e ao meio ambiente.

    Acesse na íntegra o dossiê

    O Processo de Articulação e Diálogo (PAD), formado por seis agências ecumênicas da Ação Conjunta das Igrejas (ACT) e 165 entidades brasileiras, lançou ontem (6), em Brasília, o Dossiê: a repressão aos defensores de direitos humanos e movimentos sociais no Brasil

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  • 07/04/2011

    MPF não é parte no caso que foi apresentado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, mas trava a mesma batalha em processo que tramita desde 200

    O Ministério Público Federal no Pará (MPF/PA) aguarda o julgamento de um processo iniciado em 2006 pelo mesmo motivo que levou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos a pedir a suspensão do licenciamento da hidrelétrica de Belo Monte: até hoje o governo brasileiro não respeitou o direito dos índios do Xingu a serem consultados antes da decisão de se construir a usina em suas terras.

     

    O direito das oitivas é previsto no artigo 231 da Constituição brasileira e também na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, tratado do qual o país é signatário. Para o MPF no Pará, o direito foi desrespeitado: trata-se de uma consulta política, que deve ser feita pelo Congresso Nacional antes que se decida pela instalação da usina.

     

    Em vez disso, o governo brasileiro conseguiu fazer tramitar em tempo recorde um decreto legislativo no Congresso Nacional – foram 15 dias de trâmite – sem conversar com os índios. Na época, o senador paraense Luiz Otávio Campos chegou a chamar o projeto de projeto-bala, pela rapidez.

     

    Por esse motivo, em 2006, o MPF ajuizou a segunda ação civil pública movida contra a hidrelétrica de Belo Monte. Ano passado, o processo deveria ter sido julgado no dia 22 de novembro, mas a pedido da Advocacia Geral da União, o julgamento foi adiado. É esse julgamento que vai dizer, afinal, se o Brasil pode passar a borracha no artigo 231 da Constituição e não realizar as oitivas indígenas.

     

    Nas últimas argumentações enviadas pela AGU à Justiça no bojo desse processo, o governo faz alegações contraditórias: ora afirma que as oitivas foram realizadas pelos servidores da Funai, ora afirma que elas não são necessárias porque o empreendimento não afeta Terras Indígenas.

     

    As reuniões feitas em aldeias indígenas por servidores da Funai como etapas dos estudos de impacto ambiental foram gravadas em vídeo. No vídeo, os servidores públicos aparecem explicando aos índios que aquilo não são as oitivas indígenas e que essa questão ainda iria ser resolvida.

     

    Mesmo assim, em 2009, a Funai apresentou ao Ibama um documento em que dizia que tinha feito as oitivas indígenas. Os índios comunicaram a situação ao MPF: se sentem enganados e desrespeitados pelo governo.

     

    “Quanto ao argumento de que o empreendimento não afeta terras indígenas porque elas não serão alagadas, beira o ridículo. Duas aldeias indígenas estão bem nas margens do rio Xingu na área em que ele deve secar, desaparecer, por causa do desvio de água para a usina. Estamos trabalhando com a hipótese concreta de remoção de povos indígenas, o que é vedado pela Constituição porque ao longo da história só causou tragédias”, explica o procurador da República Ubiratan Cazetta.

     

    “Todas as etapas que a lei exige para esse licenciamento foram burladas pelo governo. É por isso que já ajuizamos dez ações contra Belo Monte. E é por isso que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos está atuando: para evitar a violação de direitos dos povos indígenas e ribeirinhos. O governo brasileiro se dizer perplexo depois de tantos alertas sobre essas violações é que nos surpreende”, explica o procurador da República Felício Pontes Jr.

     

    Sistema Interamericano de Direitos Humanos – Podem fazer denúncia ao Sistema entidades nacionais não estatais e que sejam credenciadas e consideradas representativas da sociedade civil do país. A Comissão analisa as denúncias, pede informações ao país, pode fazer recomendações como a que foi feita agora e, em caso de violação dos direitos humanos, submete o caso à Corte Interamericana. Na Corte, o país tem direito à defesa, mas pode ser condenado em sanções ou obrigações de fazer. O Brasil já foi condenado três vezes na Corte.

     

     

    Assessoria de Comunicação

    Ministério Público Federal no Pará

    Fones: (91) 3299-0148 / 3299-0177

    E-mail: ascom@prpa.mpf.gov.br

    Twitter: http://twitter.com/MPF_PA

     

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  • 06/04/2011

    Public Note on statement of the Ministry of Foreign Affairs about the OAS decision on Belo Monte

    original posting: https://cimi.org.br/?system=news&action=read&id=5429&eid=354

    The Itamaraty is unaware of the proceedings of the Inter-American Human Rights system

     

    1) The Brazilian government cannot claim that it learned "with perplexity" of the OAS-decision, because before publishing its determination of Precautionary Measures, the Inter-American Commission requested information from the Brazilian government regarding the licensing process of the Belo Monte hydroelectric, respecting the Right of Reply principle and due legal process.

     

    Proof of this previous knowledge by the government of the proceedings of the OAS that the Brazilian State responded to the questions from the Inter-American Commission sending a document dated March 17, 2011.

     

    Only after hearing the arguments of the Brazilian State and those of the petitioners (communities  Arara de Volta Grande, Juruna de Km 17, Arroz Cru and Ramal das Penas, represented by the Movement  Xingu Forever Alive – MXVPS, Coordination of Indigenous Organizations of the Brazilian Amazon – COIAB, Prelature of the Xingu, Indigenist Missionary Council – CIMI, Pará Society of Human Rights – SDDH, Justiça Global and the Interamerican Association for Environmental Defense – AIDA) did the OAS decide to order the suspension of the licensing process and the physical implementation of the project.

     

    2) In turn, it is the petitioning organizations that experience enormous perplexity noticing the blatant ignorance of the Brazilian government and the corps diplomatique of theMinistry of Foreign Affairs,  Itamaraty with respect to the Inter-American system in general and the instrument of precautionary measures in particular defined by Article 25 of the Regulation of the American Convention.

     Different from what the Foreign Ministry mistakenly affirms, the request of a precautionary measure is an instrument that does not require the exhaustion of domestic legal recourses, being sufficient proven gravity and urgency.

     

     3) "Absurd" and "unjustifiable" has been the entire project licensing process, which is riddled with irregularities, of which more than 10 suits filed by the MPF (Ministério Público Federal) are testimony. The delay of the Brazilian government in solving numerous illegalities in conjunction with the serious violations of international human rights norms such as the ILO Convention 169 and the American Convention on Human Rights, render the decision of the OAS legitimate and necessary, in order to protect the lives and personal integrity of the communities of the Xingu River Basin.

     

     4) It is unfortunate Brazil manifests itself so arrogantly in relation to the decision of the IACHR/OAS. Memorandum  No. 142 reveals a Brazil incapable of coping with unfavorable international decisions. The position of Brazil that classifies the determinations of the IACHR as "precipitous and unjustifiable" demonstrates an extremely contradictory stance by Brazil, as a pretending candidate for the UN Security Council, when repeatedly affirming the need for respect and compliance with the decisions taken by the United Nations. It is worth remembering that the behavior of Brazil in relation to the OAS / IACHR contributes greatly contributes to the weakening of the Regional Human Rights Protection System of which it is one of the earliest signatories and defenders.

     

     The manifestation of the Ministry of Foreign Relations (Brazil) indicates on the one hand, the authoritarian treatment that systematically has been adopted by this government in the case of Belo Monte and, on the other, the ignorance or unawareness of the Itamaraty with respect to the Inter American Human Rights system.

     

     

    Xingu Vivo Para Sempre (MXVPS)

    Sociedade Paraense de Direitos Humanoss (SDDH)

    Justiça Global  (JG)

    Conselho Indigenista Missionário (CIMI)

    Comitê Metropolitano do Movemento Xingu Vivo

    Instituto Amazônia Solidária e Sustentável (IAMAS)

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  • 06/04/2011

    2ª Assembleia das Mulheres Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo

    Ao final do encontro, as participantes enviaram carta à presidente Dilma, onde repudiam a escolha do governo em relação às grandes obras 

     

    Entre os dias 27 e 30 de março, mulheres indígenas de 36 povos dos estados da Bahia, Ceará, Alagoas, Minas Gerais, Espírito Santo, Pernambuco, Piauí, Paraíba e Rio Grande do Norte estiveram reunidas para participar da 2ª Assembleia das Mulheres Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo. O encontro foi realizado na aldeia Rodelas, do Povo Tuxá, na Bahia, sob o tema “Fortalecer os saberes das mulheres indígenas para garantir participação política nos espaços de decisões”.

     

    Durante os quatro dias de assembleia, as participantes debateram sobre os seguintes temas: participação política das mulheres indígenas; políticas públicas, grandes empreendimentos de impactos às terras indígenas; reestruturação da FUNAI; transição da saúde indígena para a Secretaria Especial de Saúde Indígena; desenvolvimento sustentável e ATER Indígena; regularização dos territórios indígenas; equidade de gênero e Lei Maria da Penha.

     

    No documento final do encontro, as mulheres registram que os povos indígenas continuam enfrentando graves problemas. Entre eles a paralisação dos processos de regularização de suas terras tradicionais; ausência de políticas públicas direcionadas às mulheres indígenas, especialmente no caso da saúde; ausência de esclarecimento quanto à reestruturação da Funai e a criação da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai); impactos das grandes obras, como a transposição do rio São Francisco e a construção de hidrelétricas, como Belo Monte, Jirau e Santo Antônio, entre outras.

     

    Ao final do encontro, as participantes também emitiram carta à presente Dilma Rousseff, onde manifestam repúdio pelas escolhas feitas pelo governo brasileiro em relação às grandes obras que afetam povos indígenas e comunidades tradicionais. Entre as obras do PAC relatadas pelas participantes está a hidrelétrica de Belo Monte, prevista para ser construída no rio Xingu, Pará, e a transposição das águas do rio São Francisco, no nordeste.

     

    Confira carta na íntegra:

     

    A excelentíssima Presidenta da República Dilma Roussef,

    Nós, mulheres indígenas representantes de 36 povos dos Estados do Ceará, Paraíba, Rio Grande de Norte, Alagoas, Pernambuco, Bahia, Piauí, Minas Gerais e Espirito Santo, nos reunimos na aldeia Tuxá de Rodelas (BA)de 27 à 30 de março 2011, por ocasião da II Assembléia das Mulheres Guerreiras Indígenas da APOINME, para discutir temáticas que afetam nossas vidas, nossas comunidades e nossos territórios sagrados. 

    Discutimos nesses dias as várias formas de agressão a nossos territórios indígenas como a Transposição do Rio São Francisco, a ferrovia Transnordestina, as barragens de Pedra Branca e Riacho Seco, a usina nuclear de Itacuruba e outras grandes obras do PAC.

    Manifestamos nossa profunda preocupação relacionada com o desrespeito sistemático dos nossos direitos territoriais reconhecidos tanto pela Carta Magna desse país como em tratados e convenções internacionais.

    Denunciamos os sucessivos desrespeitos aos nossos direitos e discordamos desse modelo do “desenvolvimento a qualquer custo”, que coloca o lucro acima de tudo e de nossas próprias vidas e da vida de nossa mãe natureza. O planeta inteiro já está sofrendo as conseqüências da exploração intensiva e desmedida dos recursos naturais. Por isso, assistimos a catástrofes mundiais, muito nos assusta a recente tragédia nuclear vivida pelos japoneses e por isso não vamos aceitar uma usina nuclear em Itacuruba impactando nossos territórios e nosso velho Chico. Persistimos na defesa das alternativas de convivência com o Semi-árido e da produção energética alternativa.

    Além disso, já estamos sofrendo com as conseqüências das obras da transposição e da transnordestina em nossas cidades e comunidades, que tem graves impactos sociais como a prostituição, inclusive infantil, a introdução do crack no sertão, a desestruturação da cadeia produtiva na agricultura, entre outros, sem contar com a invasão dos territórios indígenas e a agressão ao rio São Francisco.

    Estamos cientes que a demora na demarcação dos territórios indígenas abre brechas para a implementação das grandes obras de grave impacto sócio-ambiental, desconsiderando nossos direitos territoriais.

    Portanto exigimos a demarcação imediata de nossos territórios e o respeito dos direitos de viver livremente e segundo nossos usos, costumes e tradições.  

    Condenamos qualquer grande obra e empreendimento governamental que fere nossa mãe terra e prejudica nossas formas de vida nos aspectos econômicos, ambientais, culturais, sociais e espirituais.

    As mulheres indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo estão unidas na defesa de nossa mãe terra e de nossos direitos indígenas, porque o que afeta um dos povos afeta todos nós e o Brasil inteiro, e por isso sempre lutaremos. 

     

    Leia também o documento final do encontro

     

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  • 06/04/2011

    Valorização dos trabalhadores

    Considerando a situação dos trabalhadores em Rondônia não existem conquistas a serem comemoradas no Dia do Trabalho

     

    Por Dom Moacyr Grechi 

     

    Por ocasião do 90° aniversário da Encíclica Rerum Novarum, o papa João Paulo II escreveu uma Carta sobre o trabalho humano, denominada “Laborens Exercens”. Neste documento, a Igreja considera missão sua fazer com que sejam sempre considerados “a dignidade e os direitos dos homens do trabalho, estigmatizar as situações em que são violados e contribuir para orientar as (atuais) mutações, para que se torne realidade um progresso autêntico do homem e da sociedade”.

     

    Considerando a situação dos trabalhadores em Rondônia não existem conquistas a serem comemoradas no Dia do Trabalho. A historia demonstra que os trabalhadores de todo o mundo conquistaram uma série de direitos, contudo, os direitos do trabalho, que em diversos países ganharam códigos e foram sancionados por Constituições, podem avançar ou recuar, como quaisquer outros direitos, com as mudanças de épocas ou mesmo, com as pressões de grupos sociais organizados.

     

    A imagem negativa do Estado expressa o quanto organizações como as empresas envolvidas na construção das hidrelétricas, governo municipal, estadual, organismos eclesiais, sindicatos e movimentos sociais, não se prepararam adequadamente para a mudança da geografia de Porto Velho e para o processo de trabalho que traz implicações para o coletivo operário de mais de 40 mil trabalhadores. Dessa forma, as lutas de categoria ou classe social que são recorrentes há bastante tempo, não é o emprego como tal que constitui o objeto de reivindicações, mas as condições de trabalho e de empregabilidade.

     

    Como podemos afirmar que no Brasil a desigualdade social começou a reverter quando permitimos a existência dos “gatos” nos grandes projetos de desenvolvimento do governo? Elementos contratadores de empreitada, que aliciam os trabalhadores, servindo de fachada para que empresários não sejam responsabilizados perante a justiça trabalhista?

     

    Uma grande quantidade de empresas tem enriquecido muito com o forte impulso econômico que o Brasil tem tido, afirma o cientista político Emir Sader, com mais razão, portanto, elas têm que respeitar o direito dos trabalhadores. A violação desses direitos tem que ter atenção do governo tanto quanto ou mais que o zelo pelo cumprimento dos prazos das obras realizadas. Afinal estamos querendo construir um Brasil melhor antes de tudo para o seu povo. É um bom momento para que se reconheça o papel fundamental e insubstituível dos trabalhadores nessa construção, da forma mais consequente: punindo os responsáveis pelo que eles estão sofrendo e reconhecendo os direitos e o papel de interlocutores centrais nas relações de trabalho também dessas imensas obras em que o governo se empenha.
     

    A despeito dos avanços tecnológicos e econômicos da produção, o que se observa é uma regressão no mundo do trabalho. Segundo Marcio Pochmann, da Unicamp, “há sinais inequívocos de crescimento da desigualdade de renda, a prevalência de condições muito precárias de trabalho, um quadro de heterogeneidade no interior do mundo do trabalho”.

     

    A Doutrina Social da Igreja é clara: “mudam as formas históricas em que se exprime o trabalho humano, mas não devem mudar as suas exigências permanentes, que se reassumem no respeito dos direitos inalienáveis do homem que trabalha”. Defronte ao risco de ver negado estes direitos, devem ser imaginadas e construídas novas formas de solidariedade, levando em conta a interdependência que liga entre si os homens do trabalho. Quanto mais profundas são as mudanças, tanto mais decidido deve ser o empenho da inteligência e da vontade para tutelar a dignidade do trabalho, reforçando, nos vários níveis, as instituições envolvidas. Esta perspectiva consente orientar do melhor modo as atuais transformações na direção, tão necessária, da complementaridade entre a dimensão econômica local e a global; entre economia velha e nova; entre a inovação tecnológica e a exigência de salvaguardar o trabalho humano; entre o crescimento econômico e a compatibilidade ambiental do desenvolvimento (CDSI 319).

     

    O trabalho humano é elemento essencial de todo desenvolvimento e assume uma importância decisiva nas questões sociais no sentido de tornar a vida mais humana.  A Declaração Universal dos Direitos Humanos proclamada pela ONU em 1948 traz em seu artigo 23, o direito ao trabalho como um dos direitos básicos do homem. O direito ao trabalho visto não só como acesso à ocupação mas também como emprego de qualidade, está presente atualmente na idéia de trabalho decente.

     

    A Organização Internacional do Trabalho – OIT estabelece que o trabalho decente “é um trabalho produtivo e adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, eqüidade e segurança, sem quaisquer formas de discriminação, e capaz de garantir uma vida digna a todas as pessoas que vivem de seu trabalho”.  Neste sentido, a agenda do trabalho decente está estruturada em quatro eixos: a criação de emprego de qualidade, a extensão da proteção social, a promoção do diálogo social e o respeito aos princípios e direitos fundamentais no trabalho como a liberdade de associação e organização sindical, a eliminação do trabalho forçado, a abolição do trabalho infantil e a eliminação da discriminação na ocupação e na renda (TB/CF 2010,55-56).

     

    A Igreja reconhece que a organização do trabalho permanece precária: temos trabalho escravo, trabalho informal, trabalho formal, subemprego, desemprego, trabalho sazonal e estratégias de sobrevivência derivadas da miséria e da fome. Predomina o trabalho informal, inseguro, instável e não protegido pela lei. As lutas dos trabalhadores, homens e mulheres, e os esforços dos sindicatos têm levado ao reconhecimento de direitos que muitas vezes, porém, acabam sendo ignorados. A eliminação permanente de postos de trabalho, as dificuldades de acesso ao emprego e o surgimento de novos processos de exclusão social, o enfraquecimento dos sindicatos de trabalhadores e de suas penosas conquistas, desafiam o ideal de cidadania ligada ao trabalho. Os pobres devem inventar de tudo para sobreviver. Esse esforço quotidiano do povo que organiza sofrendo o seu dia a dia é que produz o pão abençoado para sustentar a vida.

     

    Possa o dia 1º de maio ser uma oportunidade para reflexões em torno do rumo que se deseja dar aos direitos dos trabalhadores. Direitos que fazem parte de um pacto social e cuja defesa esteve sempre nas mãos de organizações de trabalhadores. Pensar nesses direitos é também pensar os rumos das organizações sindicais, hoje, no Brasil. E que as repetidas lições de Jirau permitam que nunca mais se reproduzam e os direitos dos trabalhadores sejam garantidos e se imponham como questão de princípio na construção de Rondônia e de um país para todos.

     

    A Paróquia São José Operário, localizada na Av. Campo Sales, 4777,  celebra seu padroeiro no dia 1º de maio, dia de São José Trabalhador, o patrono de todos os trabalhadores. Com o tema “Dignidade e trabalho a serviço da vida” vai realizar neste ano sua 12ª. Romaria dos Trabalhadores.

     

    A Igreja tem grande veneração e confiança em São José, a quem Deus confiou “as primícias da Igreja”, ou seja, sua primeira manifestação e fruto, que é a própria Sagrada Família; este núcleo inicial da Igreja foi confiado por Deus aos cuidados desse homem humilde trabalhador, esposo e pai responsável. A Igreja inteira se confia a São José: como ele foi solicito e vigilante protetor da primeira “Igreja doméstica”, ela continua a velar também sobre a grande família dos filhos de Deus, para que esta, com sua intercessão e ajuda, possa levar o bom termo a sua missão (Jornal O S.Paulo).

     

    A 12ª. Romaria do Trabalhador quer testemunhar o valor e a dignidade do trabalho e dos trabalhadores de nossa cidade, sob a inspiração e o patrocínio de São José Operário.

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  • 06/04/2011

    Belo Monte: governo brasileiro precisa respeitar o direito das oitivas indígenas

    O MPF não é parte no caso que foi apresentado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, mas trava a mesma batalha em processo que tramita desde 2006 na justiça brasileira

     

    Belém, 05 de abril de 2011

     

    O Ministério Público Federal aguarda o julgamento de um processo iniciado em 2006 pelo mesmo motivo que levou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos a pedir a suspensão do licenciamento da hidrelétrica de Belo Monte: até hoje o governo brasileiro não respeitou o direito dos índios do Xingu a serem consultados antes da decisão de se construir a usina em suas terras.

     

    O direito das oitivas é previsto no artigo 231 da Constituição brasileira e também na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, tratado do qual o país é signatário. Para o MPF no Pará, o direito foi desrespeitado: trata-se de uma consulta política, que deve ser feita pelo Congresso Nacional antes que se decida pela instalação da usina.

     

    Em vez disso, o governo brasileiro conseguiu fazer tramitar em tempo recorde um decreto legislativo no Congresso Nacional – foram 15 dias de trâmite – sem conversar com os índios. Na época, o senador paraense Luiz Otávio Campos chegou a chamar o projeto de projeto-bala, pela rapidez.

     

    Por esse motivo, em 2006, o MPF ajuizou a segunda ação civil pública movida contra a hidrelétrica de Belo Monte. Ano passado, o processo deveria ter sido julgado no dia 22 de novembro, mas a pedido da Advocacia Geral da União, o julgamento foi adiado. É esse julgamento que vai dizer, afinal, se o Brasil pode passar a borracha no artigo 231 da Constituição e não realizar as oitivas indígenas.

     

    Nas últimas argumentações enviadas pela AGU à Justiça no bojo desse processo, o governo faz alegações contraditórias: ora afirma que as oitivas foram realizadas pelos servidores da Funai, ora afirma que elas não são necessárias porque o empreendimento não afeta Terras Indígenas.

     

    As reuniões feitas em aldeias indígenas por servidores da Funai como etapas dos Estudos de Impacto Ambiental foram gravadas em vídeo. No vídeo (http://www.youtube.com/watch?v=zdLboQmTAGE), os servidores públicos aparecem explicando aos índios que aquilo não são as oitivas indígenas e que essa questão ainda iria ser resolvida.

     

    Mesmo assim, em 2009, a Funai apresentou ao Ibama um documento em que dizia que tinha feito as oitivas indígenas.  Os índios comunicaram a situação ao MPF: se sentem enganados e desrespeitados pelo governo.

     

    “Quanto ao argumento de que o empreendimento não afeta terras indígenas porque elas não serão alagadas, beira o ridículo. Duas aldeias indígenas estão bem nas margens do rio Xingu na área em que ele deve secar, desaparecer, por causa do desvio de água para a usina. Estamos trabalhando com a hipótese concreta de remoção de povos indígenas, o que é vedado pela Constituição porque ao longo da história só causou tragédias”, explica o procurador da República Ubiratan Cazetta.

     

    “Todas as etapas que a lei exige para esse licenciamento foram burladas pelo governo. É por isso que já ajuizamos 10 ações contra Belo Monte. E é por isso que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos está atuando: para evitar a violação de direitos dos povos indígenas e ribeirinhos. O governo brasileiro se dizer perplexo depois de tantos alertas sobre essas violações é que nos surpreende”, explica o procurador da República Felício Pontes Jr.

     

    Entenda como funciona o Sistema Interamericano de Direitos Humanos

     

    Podem fazer denúncia ao Sistema entidades nacionais não estatais e que sejam credenciadas e consideradas representativas da sociedade civil do país. A Comissão analisa as denúncias, pede informações ao país, pode fazer recomendações como a que foi feita agora e, em caso de violação dos direitos humanos, submete o caso à Corte Interamericana. Na Corte, o país tem direito à defesa, mas pode ser condenado em sanções ou obrigações de fazer. O Brasil já foi condenado três vezes na Corte.

     

    Ministério Público Federal no Pará

    Assessoria de Comunicação

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  • 06/04/2011

    MAB lança relatório durante ato com parceiros históricos

    As mulheres são atingidas “de forma particularmente grave e, via de regra, encontram maiores obstáculos para a recomposição de seus meios e modos de vida”, aponta relatório de violação dos direitos humanos em barragens

     

    Um ato político com representações do governo, do parlamento, das Pastorais Sociais da CNBB e de diversas organizações e movimentos sociais antecedeu a noite festiva em comemoração aos 20 anos do MAB durante o Encontro Nacional das Mulheres Atingidas por Barragens, que acontece em Brasília desde o dia 04/04. Entre outros, estiveram presentes representantes da Secretaria dos Direitos Humanos, da Secretaria de Juventude, da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres, do Ministério da Saúde, vários deputados e representantes das Pastorais Sociais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

     

    No ato político foi feito o lançamento do Relatório da Comissão Especial “Atingidos por Barragens”, aprovado pelo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana em novembro do ano passado. O relatório reconheceu que as mulheres são atingidas “de forma particularmente grave e, via de regra, encontram maiores obstáculos para a recomposição de seus meios e modos de vida; […] não têm sido consideradas em suas especificidades e dificuldades particulares”, e por isso “têm sido vítimas preferenciais dos processos de empobrecimento e marginalização decorrentes do planejamento, implementação e operação de barragens”.

     

    A representante da secretaria dos Direitos Humanos, Salete Valesan Camba, ressaltou a importância do MAB nas questões sociais e também políticas, muitas vezes fazendo avaliações críticas do atual modelo energético e outras apontando caminhos. “Quero agradecer a participação de vocês na Comissão Especial, apontando coisas que não podem passar despercebidas, especialmente por esse Conselho, que tem a função de olhar para os direitos humanos. Desejo que possamos estabelecer um diálogo permanente não só com o Conselho, mas que o Ministério [de Minas e Energia] também possa estar com as portas abertas para recebê-los”, declarou.

     

    A Irmã Magnólia dos Santos falou em nome das Pastorais Sociais da CNBB e agradeceu o convite para participar do encontro nacional. Segundo ela, a Campanha da Fraternidade desse ano aborda a questão energética, que se coloca de grande importância nesse contexto de mudança climática. “Devemos salvaguardar as fontes de vida em nosso planeta e neste sentido, quero saudar esse movimento na luta pela construção de um outro projeto energético para nosso país”, disse.

     

    Ideli Salvati, ministra da Pesca e Aquicultura, ressaltou que o MAB é um movimento muito articulado, que sempre fez parte de uma grande rede de organizações que estão representadas no ato. Ela parabenizou o Movimento pelos 20 anos e pelo Encontro de Mulheres. “Sabemos que a água é sinal de vida, vivemos isso em nosso corpo quando vamos dar a luz a uma criança, e deve seguir como esse sinal. É preciso gerar energia, mas sem desrespeitar os direitos dos atingidos”, declarou.

     

    A coordenadora nacional do MAB, Ivanei Dalla Costa, encerrou as falas afirmando que uma sociedade livre deverá ser construída com mulheres e homens fazendo a luta conjunta. Ela agradeceu a cada um e cada uma que tem acompanhado a trajetória de luta do MAB. “O nosso encontro tem três significados: reunir as mulheres para discutir nossa situação enquanto atingidas, comemorar os 20 anos do movimento e aproveitar a oportunidade para divulgar o relatório da violação dos direitos humanos dos atingidos. Essa comissão foi criada depois da denuncia do MAB. Foram 74 casos denunciados e sete escolhidos para fazer o estudo que constatou que há um padrão de violações.

     

    Ela finalizou dizendo que o atual modelo energético não serve para atender às necessidades do povo. “Se ele viola direitos, é contraditório, e essa é uma contradição da sociedade capitalista. Só quando construirmos um novo modelo de sociedade, que só será possível pela luta dos trabalhadores e trabalhadoras, é que vamos construir um outro modelo que atenda as necessidades do povo”.

     

    Festa dos 20 anos

     

    Parabéns, bolo e fogos de artifício. Isso e muita alegria das mulheres atingidas marcaram a festa de aniversário dos 20 anos do MAB. No dia 14 de março de 1991, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) foi fundado oficialmente, no 1º Encontro Nacional dos Atingidos por Barragens, realizado em Goiânia (GO). Portanto, hoje comemoramos 20 anos de organização para a defesa das populações atingidas e do meio ambiente, e por um novo modelo energético.

     

    Assessoria de Imprensa:(61) 8264-0147

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  • 05/04/2011

    Nota Pública sobre a manifestação do Itamaraty a respeito da decisão da OEA sobre Belo Monte

     

    Itamaraty desconhece o procedimento do Sistema Interamericano de Direitos Humanos

     

     

    1) O governo brasileiro não pode alegar que tomou conhecimento da decisão da OEA “com perplexidade”, pois antes de publicar sua determinação de Medidas Cautelares, a Comissão Interamericana solicitou informações ao governo brasileiro a respeito do processo de licenciamento da UHE Belo Monte, em respeito ao princípio do contraditório e do devido processo legal.

     

     

    Tanto é verdade que já sabia do procedimento na OEA, que o Estado brasileiro respondeu aos questionamentos da Comissão Interamericana em documento de 17 de março de 2011.

     

     

    Somente após ouvir os argumentos do Estado brasileiro e dos peticionários (comunidades Arara da Volta Grande, Juruna do Km 17, Arroz Cru e Ramal das Penas, representadas por Movimento Xingu Vivo Para Sempre – MXVPS, Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira – COIAB, Prelazia do Xingu, Conselho Indigenista Missionário – CIMI, Sociedade Paraense de Direitos Humanos – SDDH, Justiça Global e Associação Interamericana de Defesa do Meio Ambiente) é que a OEA decidiu determinar a suspensão do licenciamento e o impedimento de execução material da obra.

     

     

    2) Por sua vez, as organizações peticionárias é que apresentam enorme perplexidade ao constatar o flagrante desconhecimento do governo brasileiro e do corpo diplomático do Itamaraty a respeito do sistema interamericano, em geral, e do instrumento de medidas cautelares, em especial, previsto no artigo 25 do Regulamento da Convenção Americana.

     

     

    Diferente do que afirma equivocadamente o Itamaraty, a solicitação de medida cautelar trata-se de instrumento que não exige o esgotamento dos recursos jurídicos internos, basta comprovada gravidade e urgência.

     

     

    3) “Absurdo” e “injustificável” tem sido todo o processo de licenciamento do empreendimento, que está eivado de irregularidades, como indicam as mais de 10 ações judiciais propostas pelo MPF. A demora do Estado brasileiro em solucionar inúmeras ilegalidades em conjunto com as graves violações das normas internacionais de direitos humanos, como a Convenção 169 da OIT e a Convenção Americana de Direitos Humanos, tornam legítima e necessária a decisão da OEA, para proteger a vida e a integridade pessoal das comunidades da Bacia do rio Xingu.

     

     

    4) É lamentável o Brasil manifestar-se de forma tão arrogante em relação à decisão da CIDH/OEA. A nota nº142 revela um Brasil incapaz de lidar com decisões internacionais desfavoráveis. A posição do Brasil que classifica de “precipitadas e injustificáveis” as determinações da CIDH/OEA demonstra uma postura extremamente contraditória do Brasil, enquanto pretenso candidato ao Conselho de Segurança da ONU, quando reiteradamente afirma a necessidade de respeito e acatamento das decisões tomadas pelas Nações Unidas. Não é demais lembrar que o comportamento do Brasil em relação à OEA/CIDH contribui sobremaneira para o enfraquecimento do Sistema Regional de Proteção dos Direitos Humanos do qual é um dos mais antigos signatários e defensores.

     

     

    A manifestação do Ministério das Relações Exteriores (Brasil) indica, por um lado, o tratamento autoritário que sistematicamente tem sido adotado por este governo no caso de Belo Monte e, por outro, a ignorância ou desconhecimento do Itamaraty a respeito do sistema interamericano de direitos humanos.

     

    Movimento Xingu Vivo Para Sempre (MXVPS)

     

    Sociedade Paraense de Direitos Humanos (SDDH)

     

    Justiça Global (JG)

     

    Conselho Indigenista Missionário (CIMI)

     

    Comitê Metropolitano do Movimento Xingu Vivo

     

    Instituto Amazônia Solidária e Sustentável (IAMAS)

     

     

     

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  • 05/04/2011

    Povo Terena, de Cachoeirinha, está sob ameaça de despejo

    Grupo retomou área pertencente à sua terra tradicional ontem. Desde então está acuado por fazendeiros da região e sob ameaça de despejo violento 

     

    Indígenas do povo Terena da Terra Indígena Cachoeirinha, em Miranda (MS), estão acuados por fazendeiros. O grupo realizou ontem (4) retomada das fazendas Charqueado e Petrópolis, esta última de propriedade do ex-governador do estado, Pedro Pedrossian. Parte das áreas ocupadas estão dentro da terra reconhecida como de ocupação tradicional dos Terena.

     

    Conforme relatos, logo que entraram na fazenda Charqueado, os Terena sofreram intimidações. “Abordaram nossos companheiros (Terena) e ameaçaram tomar a moto de um deles se ele não informasse sobre quem estava na ação. Os policiais também ameaçaram invadir a Charqueado durante a noite”, denuncia Vahelé.

     

    Já na Petrópolis, 20 pistoleiros ameaçavam os Terena dando tiros para o alto, apesar da presença da Polícia Militar. É a terceira vez que os Terena retomam a área. Em maio de 2010, após permanecer por sete meses na fazenda, a comunidade foi violentamente desalojada com o uso de bombas de gás lacrimogêneo, cães e balas de borracha.

     

    Hoje pela manhã, cerca de 10 caminhonetes chegaram ao local. Desde então, diversas pessoas estão sentadas em frente ao acampamento indígena. Diversos policiais militares e civis, bem como a Polícia Rodoviária Federal estão no local, o que intriga a comunidade, já que não cabe a essas polícias agir nessas situações. Questões relacionadas aos povos indígenas devem ser tratadas pela Polícia Federal e órgãos federais competentes.

     

    O clima no local é de tensão e medo. Os indígenas temem ataques por parte dos fazendeiros, que a todo instante gritam que retirarão o grupo do local, durante a noite, nem que para isso seja necessário abrir fogo contra os indígenas. Outro temor é que ocorra um desalojamento ilegal nas áreas retomadas hoje, como aconteceu em 2009, em Sidrolândia (MS).

     

    Na ocasião, sem que houvesse ordem judicial de reintegração de posse, policiais militares e fazendeiros expulsaram ilegalmente os indígenas Terena da Terra Indígena Buriti. Ainda que houvesse decisão judicial nesse sentido, este tipo de operação envolvendo terras indígenas caberia somente à Polícia Federal. O inquérito deste caso, instaurado pela Polícia Federal, está em andamento.

     

    Área retomada

     

    A área retomada é uma pequena parte do total de 36.288 hectares da TI Cachoeirinha, já reconhecida como terra tradicionalmente ocupada pelo povo Terena, conforme o Relatório de Identificação publicado no Diário Oficial da União (DOU), em 2003.

     

    Além da identificação, em 2007 foi assinada a Portaria Declaratória dos limites da terra indígena pelo ministro da Justiça. O procedimento administrativo de demarcação foi parcialmente suspenso em 2010, por decisão liminar proferida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, em beneficio do ex-governador do MS.

     

    Desde a assinatura da Portaria Declaratória, pouco se avançou para a conclusão definitiva da demarcação, ainda restando pagamentos de benfeitorias aos ocupantes não índios, a demarcação física da área e a assinatura do Decreto de Homologação pela Presidenta da República.

     

    Após oito anos de espera, desde a publicação do relatório de identificação, o índio Vahelé Terena espera que as ações de hoje sirvam para pressionar o Supremo Tribunal Federal. “O processo ficou parado, ninguém fez mais nada. A Funai ficou negociando as benfeitorias, mas os fazendeiros se recusam a receber o dinheiro”, explica Vahelé. “Inclusive, já tem fazendeiro fazendo venda ilegal das terras. Na charqueado nem tem mais gado. Essa terra está no nome do fazendeiro, mas está na mão de um comerciante de Miranda que já ameaçou a comunidade”, continua.

     

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