• 17/06/2015

    Sentença confirma: usina no Tapajós só pode ser licenciada após consulta aos povos afetados

    A Justiça Federal de Itaituba confirmou em sentença que o governo federal está proibido de licenciar a usina São Luiz do Tapajós sem antes realizar a consulta prévia, livre e informada conforme prevista na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, que tem força de lei no Brasil. A sentença, do juiz Ilan Presser, confirma decisões anteriores no mesmo processo, inclusive uma suspensão de segurança do Superior Tribunal de Justiça. Todas determinam que a consulta seja realizada, tanto com povos indígenas quanto com ribeirinhos, antes da emissão de qualquer licença ao empreendimento.

    “Não se pode ignorar a assertiva de que a vontade da Convenção 169 da OIT, e do artigo 231 da Constituição é de, a partir do exercício do direito de consulta, seja permitida a preservação e fomento do multiculturalismo; e não a produção de um assimilacionismo e integracionismo, de matriz colonialista, impostos pela vontade da cultura dominante em detrimento dos modos de criar, fazer e viver dos povos indígenas, que corre o grave risco de culminar em um etnocídio”, diz a sentença judicial.

    Para a Justiça, já está havendo violação do direito de consulta por parte do estado brasileiro. “Em todo o procedimento de licenciamento ainda não foi observado materialmente o direito de consulta prévia. Ou seja, da leitura dos autos verifica-se que os réus estão suprimindo direitos de minorias, materializados na consulta. Ou, na melhor das hipóteses, estão invertendo, indevidamente, as fases do licenciamento”.

    A decisão cita jurisprudência nacional e internacional sobre o direito à consulta e alerta para o risco do Brasil ser condenado na Corte Interamericana de Direitos Humanos, como já ocorreu com Suriname, Paraguai e Equador, por permitirem a instalação de empreendimentos para extração de recursos em terras de populações tradicionais sem a devida consulta prévia.

    Durante o processo judicial foram feitas manifestações pelos réus – Eletrobrás, Eletronorte, Aneel e Ibama – que indicam, de acordo com a sentença judicial, falta de conhecimento sobre as comunidades indígenas e tradicionais que habitam a região e serão afetadas pelos empreendimentos. Em suas manifestações, os entes do governo brasileiro tentam sustentar a tese de que não há impacto sobre populações indígenas e tradicionais porque não há terras indígenas demarcadas na área de impacto direto do empreendimento.

    “Não se verifica adequada e razoável a alegação de que não existe influência do empreendimento em áreas demarcadas, até porque, como visto acima, existe indicativo de que as terras indígenas Andirá-Marau, Praia do Mangue, Praia do Índio e Pimental, KM 43 e São Luiz do Tapajós serão afetadas, algumas das quais já demarcadas, como a Praia do Índio e Praia do Mangue”, refuta o juiz federal na sentença.

    A sentença menciona a situação da terra indígena Sawré Muybu, dos índios Munduruku, que teria parte significativa de seu território alagada pela usina e é objeto de outro processo judicial, em que o governo tenta protelar a demarcação – já em fase avançada – com o objetivo não declarado de facilitar o licenciamento da usina. Os argumentos do governo nos dois processos são complementares e auto-explicativos. No processo sobre a terra indígena, a Fundação Nacional do Índio alega que não há prioridade na demarcação. No processo sobre a usina que vai afetar a terra indígena, é a vez da Eletrobrás e da Aneel alegarem que sem demarcação, não cabe consulta prévia.

    “Não resta outra conclusão possível senão a de que é irresponsável e inconstitucional se fazer vistas grossas a um possível e grave fato consumado de destruição sociocultural. Assim como em Vidas Secas, de Graciliano Ramos, a cachorra Baleia sonhava, de forma inatingível, com seus preás, não se pode permitir que os povos indígenas, futuramente, ao recordar de seu passado, sonhem com um presente que já lhes seja impossível desfrutar. Não se podem relegar aos livros de História os elementos socioculturais de grupos só porque possuem modos de criar, fazer e viver diversos da cultura prevalente”, conclui a sentença.

     

    Avaliações ambientais

    O Ministério Público Federal, autor da ação sobre a consulta dos povos afetados pela usina São Luiz do Tapajós, também solicitou à Justiça que obrigasse estudos mais amplos sobre os impactos, levando-se em consideração que, apesar do licenciamento ser feito para cada empreendimento, o projeto do governo é para pelo menos cinco barragens no rio Tapajós e os impactos conjuntos ou sinérgicos sobre a bacia hidrográfica deveriam ser melhor avaliados.

    Para isso, o MPF pediu a obrigação de fazer dois estudos – Avaliação Ambiental Integrada e Avaliação Ambiental Estratégica, ambos previstos na legislação ambiental brasileira. A sentença obriga o país a realizar um deles e não reconhece a necessidade do segundo. No processo, o governo tentou se esquivar da necessidade das avaliações apresentando o conceito de usina-plataforma, que supostamente seria aplicado no Tapajós.

    Na sentença, o juiz considera que falta comprovação suficiente da eficácia desse modelo e que a Avaliação Ambiental Integrada é tanto mais necessária pelo fato das usinas do Tapajós afetarem um mosaico de áreas especialmente protegidas onde se localizam terras indígenas, de comunidades tradicionais e unidades de conservação, seja de uso integral, seja de uso sustentável.

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  • 17/06/2015

    Conselho Nacional do Cimi divulga nota em apoio aos acampados e em greve de fome no MA

    O Conselho Nacional do Cimi, reunido em sua 2ª reunião ordinária de trabalho deste ano, no Centro de Formação Vicente Cañas, em Luziânia (GO), quer expressar seu apoio à luta dos acampados indígenas, quilombolas e camponeses na sede da Superintendência do Incra, em São Luís.

    Oito pessoas (foto) permanecem em greve de fome há uma semana. A greve de fome coletiva foi definida após uma assembleia geral. Esse ato extremo manifesta a urgência do cumprimento das pautas apresentadas pelo movimento. Até o presente momento as autoridades não se deixaram sensibilizar e as consequências à saúde que a greve de fome pode acarretar a Valdenilde Gamela (indígena, 25 anos), Maria Doracy Ferreira (quilombola, 36 anos), Maria da Conceição (Concinha, quilombola, 46 anos), Antônio Pereira (camponês, 52 anos) Naildo Braga (quilombola, 33 anos), Deusdeth Martins (quilombola, 53 anos), Lurdilene de Jesus (quilombola, 25 anos) e Ivonete Galvão (quilombola, 44 anos). Essas pessoas passaram a receber soro a partir de hoje por recomendações médicas.

    Consideramos justos o acampamento e as reivindicações pela titulação de suas terras. Trata-se de famílias e comunidades, cansadas da imposição do pagamento de fórum a supostos proprietários das terras em que vivem. Eles reivindicam a elaboração de 40 Relatórios Técnicos de Identificação e Delimitação (RTID), a conclusão destes mesmos relatórios em três comunidades, o decreto de desapropriação de duas comunidades, um prazo para a finalização das demais peças técnicas de processos administrativos em aberto, a criação de uma diretoria quilombola no Incra Nacional e nas Superintendências regionais e  o assentamento imediato das famílias camponesas dos territórios de Alegria e Gostoso, em Timbiras e Aldeias Altas, além da presença do ministro do Desenvolvimento Agrário, do presidente do Incra e da Fundação Palmares.

    Solicitamos às autoridades que atendam as justas reivindicações dos acampados que lutam pela permanência na terra e por dignidade.

    Luziânia, 17 de junho de 2015

    Conselho Nacional do Cimi

    Leia mais: Greve de fome continua no Maranhão sem respostas às reivindicações e indiferença das autoridades

     

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  • 16/06/2015

    CNBB divulga nota em solidariedade ao acampamento Bem Viver, no Maranhão

    NOTA EM SOLIDARIEDADE AO ACAMPAMENTO BEM VIVER

    O Regional Nordeste 5 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB vem a público manifestar solidariedade e apoio à reivindicação que está sendo feita pelos quilombolas, indígenas e camponeses do nosso Estado, acampados na sede da Superintendência do Incra em São Luís (MA) desde o dia 08 de junho de 2015. Com esse gesto, eles querem protestar e garantir a titulação de seus territórios.

    O Regional Nordeste 5, através de seu presidente dom José Belisário da Silva, solicita às autoridades competentes, sobretudo ao Incra-MA, que atendam às reivindicações justas apresentadas pelos quilombolas, indígenas e camponeses e que suas vidas sejam colocadas em primeiro lugar.

    Como Igreja, assumindo a missão de Jesus que “veio para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10, 10), somos a favor da vida e da dignidade da pessoa humana, portanto somos contra toda espécie de atos, gestos que não preservem a vida e que não a coloquem em primeiro lugar. Ela é preciosa para Deus e para nós.

    Dom José Belisário da Silva

    Arcebispo de São Luís do Maranhão  

    Presidente da CNBB Regional NE 5

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  • 15/06/2015

    Greve de fome continua no Maranhão sem respostas às reivindicações e indiferença das autoridades

    Um grupo de 29 organizações sociais lançou uma nota pública neste domingo, 15, em solidariedades à greve de fome feita por oito pessoas que estão acampadas na sede do INCRA, no Maranhão. As entidades responsabilizam o governador do Maranhão Flávio Dino, e a presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, por “qualquer dano à saúde dos grevistas” já que os dois “têm se mostrado indiferentes e insensíveis diante deste ato” dos oito maranhenses, entre camponeses, indígenas e quilombolas.

    Leia mais: Há 30 horas em greve de fome, comunidades acampadas no Incra/MA ainda esperam resposta do governo

    Acampados na Superintendência do Incra de São Luís desde 8 de junho, quilombolas, indígenas e camponeses do Maranhão reivindicam ações efetivas para a titulação dos seus territórios.


    Leia na íntegra:


    Nota em solidariedade ao acampamento Bem Viver

    Diante da indiferença das autoridades constituídas (federais e estaduais), oito pessoas permanecem, há seis dias, em greve de fome, na sede do INCRA, em São Luís do Maranhão. São elas: Valdenilde Gamela (indígena, 25 anos), Maria Doracy Ferreira (quilombola, 36 anos), Maria da Conceição (Concinha, quilombola, 46 anos), Antônio Pereira (camponês, 52 anos) Naildo Braga (quilombola, 33 anos), Deusdeth Martins (quilombola, 53 anos), Lurdilene de Jesus (quilombola, 25 anos) e Ivonete Galvão (quilombola, 44 anos). Todos e todas na foto ao lado (Jornal Vias de Fato).

    A greve de fome coletiva foi definida após uma assembleia geral. Esse ato extremo representa a urgência do cumprimento das pautas apresentadas pelo movimento. A origem do problema está no caráter genocida e racista do estado brasileiro, com o qual o governo Dilma esta comprometido. As ações deste governo privilegiam seus compromissos com o modelo de desenvolvimento voltado para os grandes projetos, agronegócio e latifúndio. Isso resulta no total sucateamento dos órgãos que deveriam executar a política fundiária em favor dos povos e comunidades tradicionais. 


    De maneira vergonhosa, o INCRA, na única audiência que teve com o movimento, ocorrida na sexta-feira (12/06), deixou claro seu descaso em atender às reivindicações, ao enviar um funcionário sem qualquer poder de decisão. 


    Além disso, o governador Flávio Dino, com sua submissão ao modelo de desenvolvimento hegemônico e seu discurso de “mudança”, está omisso frente ao sacrifício e mobilização das comunidades quilombolas, indígenas e camponesas, com uma atuação que revela sua relação com a estrutura oligárquica do Maranhão. 


    Assim, qualquer dano à saúde e à vida dos grevistas é de inteira responsabilidade da presidenta Dilma Rousseff, do governador Flávio Dino e do ministro Patrus Ananias, que até aqui têm se mostrado indiferentes e insensíveis diante deste ato. 


    14 de junho de 2015

     

    Assinam:

     

    Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Cáritas Brasileira Regional Maranhão, Associação dos Professores da UFMA (APRUMA), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Jornal Vias de Fato, Sociedade Maranhense dos Direitos Humanos, Irmãs de NotreDame de Namur, CSP-CONLUTAS, Teia de Povos e Comunidades Tradicionais,Grupo de Estudos Desenvolvimento, Meio Ambiente e Modernidade (GEDMA), Articulação Nacional Quilombola, Movimento Quilombo Raça e Classe, Quilombo Urbano, Movimento Quilombo Brasil, Movimento Luta Popular, Coletivo Mandacaru, SINTRAJUF GESERMES/UFMA, GEPOILIS/UFMA, NERA/UFMA, LIDA/UEMA, LEPEC/UFPE, Movimento Mulheres em Luta, PSTU, Movimento Eu Quero uma Casa no Campus, ANEL, Centro Acadêmico de Direito (UFMA) – Gestão Fagulhas e CAGEQ/UFMA, Núcleo de Extensão e Pesquisa com populações e comunidades Rurais, Negras, Quilombolas e Indígenas (NuRuNI) da UFMA e Associação Nacional de Ação Indigenista (ANAI).

     

  • 15/06/2015

    Assembleia em Rondônia discute missão do Cimi e ameaças aos direitos indígenas

    De 9 a 11 de junho, reunidos em Porto Velho (RO), missionários e parceiros do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Rondônia, assim como representantes dos povos Arara, Karitiana e Cassupá, realizaram a 30ª Assembleia Regional da entidade, com o tema “Mística Missionária do Cimi, em tempos de ameaças aos direitos dos povos indígenas”.

    A assembleia teve a participação do presidente do Cimi, Dom Erwin Kräutler, e foi elaborado um documento com as principais análises sobre a conjuntura sociopolítica e indigenista regional e nacional. “Das 49 terras indígenas no Estado de Rondônia apenas 20 estão demarcadas. São inúmeros os conflitos decorrentes das paralisações de todos os processos demarcatórios, provocando preconceitos, discriminação, disseminação do ódio e a criminalização de lideranças e povos indígenas, a exemplo dos Tenharin, Puruborá, Karitiana e Kaxarari”.

    O documento denuncia ainda a manobra governamental para viabilizar a criação do Instituto Nacional de Saúde Indígena (INSI), que representa a privatização do sistema de saúde indígena no país e é “alvo de críticas permanentes dos povos indígenas e seus aliados”.

    Leia abaixo o documento na íntegra:

     

    DOCUMENTO FINAL DA XXX ASSEMBLEIA DO CIMI REGIONAL RONDÔNIA

     

    Nós, membros do Conselho Indigenista Missionário – Regional Rondônia, estivemos reunidos em nossa XXX Assembleia Regional, com o tema “Mística Missionária do Cimi, em tempos de ameaças aos direitos dos povos indígenas” e assessorados por D. Erwin Krautler, entre os dias 09 a 11 de junho de 2015, no Centro de Formação Betânia, em Porto Velho – RO. Marcaram presença: missionários, agentes de pastorais, representantes da Rede de Educação Cidadã, Projeto Padre Ezequiel Ramin, Coordenadores de Pastoral da Arquidiocese de Porto Velho e Diocese de Ji-Paraná, Comissão Pastoral da Terra, Dom Antonio Possamai – Bispo Emérito de Ji-Paraná, Irmã Dalvina Maria Pedrini, Ministra Provincial das Irmãs Catequistas Franciscanas, representantes dos Povos indígenas Arara, Karitiana e Cassupá, que lutam pelo projeto milenar dos povos indígenas, o ‘Bem Viver’ para todos.

    Motivados por este tema analisamos a conjuntura sociopolítica e indigenista regional e nacional. Constatamos que continua em curso o processo de violências e violações contra os povos indígenas e seus direitos. O modelo econômico desenvolvimentista e os grandes projetos econômicos, REDD+, interferem em territórios indígenas, em total desrespeito aos direitos constitucionais.

                Das 49 terras indígenas no Estado de Rondônia apenas 20 estão demarcadas. São inúmeros os conflitos decorrentes das paralisações de todos os processos demarcatórios, provocando preconceitos, discriminação, disseminação do ódio e a criminalização de lideranças e povos indígenas, a exemplo dos Tenharin, Puruborá, Karitiana e Kaxarari.

    Denunciamos a privatização da saúde indígena na manobra do governo em criar o Instituto Nacional de Saúde Indígena (INSI), alvo de críticas permanentes dos povos indígenas e seus aliados.

    A mística que nos alimenta e nos impulsiona é a do anúncio da Boa Nova do Reino de Deus, do Bem Viver; do testemunho da nossa fé na justiça e na dignidade humana, do serviço aos povos indígenas, de sua integridade física e cultural e do diálogo permanente com as diferentes culturas e suas religiões.

    Por fim, continuamos a denunciar a violência que fere os direitos dos povos indígenas e reafirmamos o nosso compromisso profético, missionário e solidário, em defesa da vida, da dignidade e dos direitos dos povos indígenas, garantidos pela Constituição Federal.

     

    Porto Velho, 11 de junho de 2015.

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  • 11/06/2015

    Manifesto público contra a PEC 215 é assinado por 70 entidades e entregue a parlamentares

    Indígenas, parlamentares, organizações e movimentos sociais participaram, hoje (11), do ato de lançamento de um manifesto contra a PEC 215, na Câmara dos Deputados. Assinado por 70 entidades, o documento foi entregue para deputados que fazem parte das Frentes Parlamentares de Apoio aos Povos Indígenas, em Defesa dos Direitos Humanos e Ambientalista. (Veja a íntegra do documento)

    A deputada Erika Kokay (PT/DF) leu o documento e ressaltou que essa é uma ação pela garantia da defesa dos direitos indígenas. Lutar contra a PEC 215 é, para a deputada, “defender a nossa brasilidade e nossas comunidades. Ela não passará”, enfatizou. De acordo com o documento, “a PEC 215 e seus apensos pretendem paralisar a demarcação de Terras Indígenas, a titulação de Territórios Quilombolas e a criação de Unidades de Conservação, bem como permitir a liberação de grandes empreendimentos dentro dessas áreas protegidas, tais como: hidroelétricas, mineração, agropecuária extensiva, implantação de rodovias, hidrovias, portos e ferrovias”.

    A deputada Janete Maria Góes Capiberibe (PSB/AP) acredita que o movimento está ganhando cada vez mais força graças à mobilização dos povos indígenas e, para ela, a continuidade desse movimento é o que vai garantir o arquivamento da PEC 215. Já o deputado Edmilson Rodrigues (Psol/PA) afirmou que o manifesto será transformado em ofício e apresentado na comissão. Para ele “esse manifesto é do povo brasileiro”.

    Ele também lembrou a fala de alguns deputados da bancada ruralista que acreditam que a luta é por muita terra para pouco índio. Os dados apresentados por ele mostram que 37% das terras estão nas mãos justamente do agronegócio, sendo que desses, apenas 7% são terras produtivas. “A Câmara terá que se curvar. A PEC não passará”, finalizou.

    Paulo Pimenta (PT/RS), presidente da Comissão dos Direitos Humanos, que esteve recentemente em uma missão no Mato Grosso do Sul para conhecer de perto a realidade de algumas comunidades indígenas, citou as recentes decisões da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que trás a questão do marco temporal, gerando uma insegurança jurídica em todos os processos de demarcação de terra. “Estivemos no MS e tão logo saímos já tiveram três atentados. Por conta da PEC, essas questões estão sendo ressuscitadas”, observou.

    Representando a Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI) e o Conselho Indigenista de Roraima (CIR), Pierlangela Wapichana agradeceu todas as assinaturas e declarou: “Esse manifesto é uma prova de que existem mais pessoas defendendo a nossa causa. Vocês estão defendendo a vida; a vida daqueles que não falam o português e que vem tendo seus direitos violados desde 1500”.

    Na opinião do deputado João Daniel (PT/SE) a PEC 215 representa a ganância do capital contra o nosso povo. Ele aproveitou para parabenizar todos os povos indígenas pela mobilização e pelas recentes conquistas, como o engajamento no senado que resultou em 48 assinaturas contrárias à PEC 215.

    Hawaty Tuxá, da aldeia Mãe em Rodelas, norte da Bahia, representando a Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme) e a CNPI definiu o ato como uma esperança transformadora com a possibilidade de “tocar” o Congresso Nacional para que se atentem a atrocidade que está prestes a ser cometida nessa Casa. Ao mesmo tempo, ele acredita que o momento também representa um chamamento para a sociedade brasileira que, ao defender os direitos indigenistas, estarão defendendo a soberania nacional, a nossa história e, reconhecendo com isso, a importância dos povos indígenas do Brasil.

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  • 11/06/2015

    CNPI publica nota contra conjuntura indigenista que nega direitos e retrocede conquistas

    Sentindo a garantia de seus direitos abalada pelos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), a bancada indígena da Comissão Nacional de Política Indigenista elaborou um documento apresentando a o posicionamento dos povos indígenas em relação a atual conjuntura. Decisões da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) e omissão do Executivo no que diz respeito às demarcações de terra e portarias declaratórias estão entre os principais fatores de preocupação. Confira a nota abaixo:

    POSICIONAMENTO DA BANCADA INDÍGENA DA COMISSÃO NACIONAL DE POLÍTICA INDIGENISTA POR OCASIÃO DA REALIZAÇÃO DA 28ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA CNPI

    Nós, representantes indígenas na Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI) vimos tornar pública nossa compreensão sobre a atual conjuntura indigenista e manifestar nosso posicionamento político diante da realidade por nós identificada. 

    Ao analisarmos as ações que vêm sendo desenvolvidas no âmbito dos três poderes da República, no que diz respeito aos interesses dos povos indígenas, percebemos uma ação conjunta entre eles no sentido de negar nossos direitos e fazer retroceder as conquistas por nós alcançadas como resultado de muitas lutas.

    No Legislativo, o ataque sistemático de parlamentares declaradamente anti-indígenas, especialmente dos integrantes da bancada ruralista, põem em risco as garantias constitucionais, sobretudo aquelas que reconhecem os direitos originários dos povos indígenas sobre os territórios tradicionalmente ocupados. A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215/2000 é o principal expoente dessas estratégias utilizadas por esse grupo.

    No judiciário, muitas decisões em ações possessórias que discutem a posse do território indígena, demonstram o não cumprimento do que determina a Constituição Federal. Dentre elas, destacamos as decisões recentes da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que anularam atos administrativos do Poder Executivo sobre a demarcação das terras Guyraroká, do povo Guarani-Kaiowá, e Limão Verde, do povo Terena, ambos no Mato Grosso do Sul, e Porquinhos, do povo Canela-Apãniekra, no Maranhão. Para tanto foi utilizado como justificativa o “marco temporal”, alegando que os ocupantes desses territórios não se encontravam na posse dos mesmos em 5 de outubro de 1988, data de promulgação da Constituição Federal, o que para nós representa uma interpretação reducionista e descontextualizada do texto constitucional, uma vez que não leva em consideração o processo de colonização do país e o esbulho possessório sofrido pelos povos originários.

     

    No Executivo, as demarcações de terras indígenas continuam suspensas. Há pelo menos 30 terras indígenas que não possuem qualquer pendência administrativa, nesses casos a paralisação dos procedimentos de demarcação deve-se apenas à vontade política do ministro da Justiça e da presidenta da República.

     

    Em meio a tudo isso, o órgão indigenista do Estado brasileiro responsável pela execução das políticas de atenção aos povos indígenas do país, a Fundação Nacional do Índio (Funai), vem sofrendo nos últimos anos um processo contínuo de retaliação, perda de autonomia e de sua capacidade de gestão. Um exemplo claro dessa redução do status administrativo da Funai é a estratégia utilizada pela Presidência da República em manter na interinidade o cargo de presidente do órgão, situação que está sendo mantida desde o mês de junho de 2013. Atualmente a presidência está sendo exercida pelo Sr. Flávio Chiarelli Vicente de Azevedo, que substituiu a também presidenta interina Maria Augusta Assirati, depois que esta pediu sua exoneração em setembro de 2014, justificando o fato de não possuir autonomia para exercer em plenitude as atribuições que o cargo exige.

    Considerando que o Sr. Flávio Chiarelli é procurador federal a serviço da Funai e já possui experiência de atuação com os povos indígenas, esperava-se que o mesmo fosse efetivado no cargo.  Mas ao contrário do esperado “o governo tem se envolvido em movimentações próprias da velha política, utilizando o órgão indigenista como objeto de barganha e cogitando a indicação de um político de trajetória pouco conhecida no que diz respeito a ter compromissos declaradamente favoráveis aos interesses e aspirações dos povos indígenas”, como denunciou a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), através de nota publicada em 29 de maio último.

    Como agravante, há ainda o fato de que se encontra em curso o processo de realização da I Conferência Nacional de Política Indigenista. No momento estão sendo realizadas as assembléias locais, na seqüência ocorrerão as conferências regionais e em setembro a conferência nacional. Tememos que a mudança de presidente possa prejudicar esse processo.

    Diante disso, os indígenas membros da Comissão Nacional de Política Indigenista, em sintonia com a posição assumida pelos participantes do Acampamento Terra Livre de 2015, das muitas organizações indígenas regionais e da APIB, manifestamos nossa discordância e descontentamento com a forma como a presidenta Dilma Rousseff vem conduzindo a política indigenista e repudiamos o uso da Funai como instrumento de loteamento de cargos políticos para atender às cotas dos partidos, caracterizando um desvio de finalidade.

    Brasília – DF, 11 de junho de 2015.

    BANCADA INDÍGENA DA COMISSÃO NACIONAL DE POLÍTICA INDÍGENISTA (CNPI)

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  • 11/06/2015

    Há 30 horas em greve de fome, comunidades acampadas no Incra/MA ainda esperam resposta do governo

    Já chega perto de 30 horas a greve de fome de quilombolas, indígenas, sem terras e extrativistas em ocupação iniciada na última segunda-feira, 8, à sede da Superintendência Estadual do Incra, município de São Luís, no Maranhão. Sem qualquer reação do governo federal à ocupação e à pauta reivindicatória, que envolve a demarcação de terras indígenas e quilombolas, criação de assentamentos da reforma agrária e a declaração de reservas extrativistas, um grupo de 26 lideranças iniciou nesta quarta-feira, 10, às 6 horas, a greve de fome. No final da tarde, 13 manifestantes abandonaram a greve por orientação médica.

    Uma carta da ocupação foi divulgada para explicar as razões da greve de fome. “A ocupação e a greve de fome dos 13 companheiros e companheiras seguirá até que tenhamos nossa pauta encaminhada. Hoje pela manhã o superintendente do Incra aqui do estado chegou ao portão e informou que (o Incra de) Brasília enviaria representantes para negociar conosco a pauta reivindicatória”, diz o indígena Inaldo Gamela, agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

    São cerca de 100 comunidades quilombolas mobilizadas na ocupação, além do povo indígena Gamela, sem terras e a comunidade da Reserva Extrativista Tauá-Mirim, localizada no litoral de São Luís. “Os quilombolas exigem a demarcação de suas terras pelo Incra e o povo gamela pela demarcação de suas terras pela Funai. Só muda o órgão, mas a luta é a mesma e por isso a reivindicação de um é a do outro também”, ressalta Inaldo, lembrando que a Funai ainda não procurou os Gamela para dar seguimento ao procedimento de demarcação. No caso da reserva extrativista, o agente da CPT explica que há cerca de 10 anos o procedimento de criação está parado no Ministério do Meio Ambiente. “Só falta uma carta do governo do Maranhão autorizando a criação. Mais nada. Então reivindicamos que o governo estadual faça isso”, afirma.

    Os manifestantes acampados na sede da Superintendência do Incra acionaram o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU). Conforme explica Inaldo, a intenção é que os procuradores e defensores acompanhem a ocupação e façam parte de qualquer acordo negociado junto ao governo federal. Em 2011, depois de 12 dias de ocupação, dois padres da CPT e 17 lideranças quilombolas, todas ameaçadas de morte, fizeram uma greve de fome no mesmo local, que durou 36 horas. Na época, o ato só foi encerrado depois que representantes do governo federal estiveram no Maranhão para negociar com os manifestantes. De acordo com os quilombolas, o governo federal contratou 56 laudos antropológicos de comunidades, porém, passados mais de 36 meses ainda não foram concluídos.

    Um dos argumentos já trabalhados pela equipe local do Incra com as lideranças acampadas é de que o governo federal passa por dificuldades orçamentárias, e que por isso existem impossibilidades de encaminhar a pauta da ocupação. “O governo federal precisa resolver o problema da terra, porque são nossos direitos constitucionais violados, e não nós resolvermos os problemas do governo. Por que quem sempre tem que pagar a conta são os povos quilombolas, indígenas, os sem terras, os extrativistas, as comunidades tradicionais, os trabalhadores?”, destaca Inaldo.  

     

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  • 11/06/2015

    No STF, ministros recebem memorial sobre Terra Indígena Limão Verde

    Um memorial sobre a situação fundiária da Terra Indígena (TI) Limão Verde, no Mato Grosso do Sul, foi entregue aos ministros Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Celso de Mello e Teori Zavascki, da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde dessa quarta-feira (10) por advogados do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

    O documento (leia aqui) demonstra a nulidade da decisão proferida em dezembro de 2014 e publicada em fevereiro deste ano pela 2ª Turma, que, sob relatoria de Teori Zavascki, declarou a inexistência da ocupação indígena na área e anulou a homologação da TI Limão Verde, decretada em 2003 pela Presidência da República como de posse tradicional do povo Terena e registrada em 2007 em nome da União.

    Nos 5 mil hectares da TI, localizada próximo ao município de Aquidauana, vivem cerca de 2,2 mil indígenas, que serão despejados caso a decisão se mantenha no Plenário do Supremo. “Essa decisão tem o condão de atingir milhares de indígenas no país e tende a lastrear uma instabilidade sem precedentes. Além de anular um ato da administração pública que demorou quase 20 anos pra ser concluído, o Judiciário não aponta nenhuma alternativa. Coloca tudo na estaca zero e acaba por alimentar o conflito numa área já pacificada”, explica o assessor jurídico Adelar Cupsinski.

    Além disso, o fato da comunidade não ter sido citada como parte poderia anular todos os atos processuais, segundo Cupsisnski. Um pedido de ingresso no processo foi protocolado pelos Terena, que também entregaram uma carta ao ministro relator, reivindicando o direito de serem ouvidos antes de novo julgamento. “O prejuízo da comunidade é imensurável, pois não pode demonstrar nos autos o esbulho, as indenizações feitas aos posseiros não índios, a reintegração de posse em seu favor, o registro da área em nome da União e a pacificação do conflito na região. O memorial leva estas informações substanciais aos ministros, e esperamos que sirva de fonte para o julgamento dos recursos”, afirma Cupsisnski.

    No memorial constam o Relatório Figueiredo, o capítulo indígena da Comissão Nacional da Verdade e um relatório elaborado pelo Conselho Nacional de Justiça, que realizou minucioso estudo da situação fundiária indígena em Mato Grosso do Sul, além de inúmeros documentos oficiais que comprovam a ocupação Terena na área desde o século XVI. De acordo com o relatório da Diretoria de Proteção Territorial da Fundação Nacional do Índio (Funai), são “terras tradicionalmente ocupadas pelos índios Terenas e seus antecessores, que, se delas foram afastados momentaneamente, o foram por espoliação”. O documento da Funai, fundamentado em laudos antropológicos, reforça que “não consta tenham os indígenas deixado de ocupá-la algum dia, por vontade própria”.

    Todos os 27 posseiros que tinham títulos de boa-fé incidentes sobre a Terra Indígena receberam indenizações. O autor da ação contra os Terena recebeu do Estado em 2011 uma indenização de mais de R$ 407 mil pelas benfeitorias construídas na área. O memorial ressalta o prejuízo ao erário e à comunidade como importante elemento a ser considerado pelos ministros. “Além da indenização, foram quase 20 anos de estudos, trâmites processuais e dispêndio de pessoal (profissionais), custeados pela União, para acompanhar o deslinde do pleito, o que já foi concluído com o registro da área em nome da União. […] além de que o prejuízo físico, cultural e psicológico da comunidade, o prejuízo jurídico à CF/88 e aos índios é imensurável”.

    Esta é a terceira decisão da 2ª Turma que limita o direito indígena à terra tradicional, previsto constitucionalmente. Em 2014, foram anuladas as portarias declaratórias das TIs Porquinhos, do povo Canela-Apãnjekra, no Maranhão; e Guyraroká, dos Guarani-Kaiowá em Mato Grosso do Sul.

    Baseadas na tese do ‘marco temporal’, as decisões da 2ª Turma restringem os direitos constitucionais indígenas, contidos nos artigos 231 e 232 da Constituição Federal de 1988. A tese, trazida do entendimento do caso Raposa Serra do Sol, condiciona o direito indígena à ocupação do território na data da promulgação da Constituição, exceto tenha ocorrido esbulho contra a comunidade. O esbulho, no caso da TI Limão Verde, fica comprovado nos documentos juntados ao memorial entregue nessa quarta-feira (10).

    O ministro relator, entretanto, conceituou o “esbulho renitente”, determinando que, para ter direito à terra os indígenas deveriam, em outubro de 1988, estar disputando sua posse judicialmente ou em conflito deflagrado com os proprietários. “Primeiro, os índios eram tutelados na data da promulgação da CF/88 e por isso impossibilitados de ingressar com ação judicial e, em segundo, o Estado, como consta nos Relatórios Figueiredo e da CNV, mantinha os indígenas confinados sob sua tutela e em pequenos nacos de terra, enquanto entregava seus territórios a particulares”, explica Rafael Modesto, assessor jurídico do Cimi.

    O Cimi, a Funai e o Ministério Público Federal (MPF) contestam a interpretação de Teori Zavascki. “A exigência de comprovação material de disputa possessória, quiçá judicializada, antes de 1988 não se mostra como adequada, porquanto ignora a realidade histórica do Brasil e da relação dos povos indígenas e minorias com o Estado antes da democratização do país, trazida com a promulgação de nossa CF atual.”, consta no documento da Funai. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que apresentou recurso contra decisão em março, declarou que “A observância cega do marco temporal importa desrespeito à Constituição, porque impede qualquer possibilidade de reconhecimento do direito da comunidade indígena em questão às terras tradicionalmente ocupadas”. Os recursos da Funai e do MPF estão agora sob análise da 2ª Turma.

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  • 10/06/2015

    Manifesto contra a PEC 215 será entregue na Câmara nesta quinta-feira

    O manifesto contra a PEC 215 será lançado na próxima quinta-feira (9/6) às 11 horas na Câmara dos Deputados. Assinam o documento 60 entidades, entre organizações e movimentos sociais. O manifesto será entregue a deputados que fazem parte das Frentes Parlamentares de Apoio aos Povos Indígenas, em Defesa dos Direitos Humanos e Ambientalista. A PEC 215/2000 passa para o legislativo a prerrogativa de demarcar terras indígenas, quilombolas e unidades de conservação.

     

    Por trás desta proposta, há a pretensão de paralisar a demarcação de terras indígenas, a titulação de territórios quilombolas e a criação de unidades de conservação. Também pretende permitir a liberação de grandes empreendimentos dentro dessas áreas protegidas, tais como: hidroelétricas, mineração, agropecuária extensiva, implantação de rodovias, hidrovias, portos e ferrovias.

     

    Considerando que a proposta representa um grave retrocesso com implicações sobre o equilíbrio ambiental e sobre direitos invioláveis dos povos tradicionais brasileiros, o manifesto exige a retirada imediata de tramitação da PEC 215/2000, propostas apensas e de quaisquer outras iniciativas voltadas a suprimir ou regredir nos direitos dos povos indígenas, das comunidades quilombolas e no reconhecimento das unidades de conservação.

     

    A maioria do Senado Federal já se manifestou, no último dia 26/5, contrário à PEC: 48 senadores, de 81, assinaram manifesto “Em apoio à sociedade civil e contra a PEC 215”. Na Câmara, os deputados contrários à PEC esperam que até que o relatório vá a plenário, mais deputados se manifestem favoráveis ao manifesto. Em anexo, o manifesto com as entidades listadas.

     

    Serviço: Lançamento do Manifesto contra PEC 215

    Data: 11/6, quinta-feira

    Horário: 11h

    Local: Câmara dos Deputados

     

    Assessoria de imprensa:

    Carla Guareschi – (81) 8756-0169(81) 8756-0169

    Rafael Cruz – 9292-6893

    Francisco Neri – 8416-7099

     

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