Moção de apoio aos povos indígenas de Rondônia
Em sua XXV Assembleia Geral, o Cimi exige do governo brasileiro ações efetivas e urgentes para a desintrusão e demarcação dos territórios indígenas de Rondônia
O cenário dos últimos quatro anos fez Rondônia ficar entre os estados com o maior número de desmatamento e queimadas, sendo que grande parte dessas agressões ambientais está ocorrendo em áreas de proteção ambiental e territórios indígenas. Todas as terras indígenas demarcadas são acometidas por alguma forma de agressão – como invasões possessórias com derrubadas e queimadas, de madeireiros, garimpeiros caçadores e pescadores ilegais.
Ao longo de 2023, foram realizadas algumas operações. No entanto, sem plano de fiscalização permanente, os invasores sempre retornam para os territórios, principalmente nas terras indígenas (TIs) Karipuna e Uru Eu Wau Wau, onde há presença comprovada de povos indígenas em isolamento voluntário. Além disso, as invasões na região de Guajará Mirim, na TI Igarapé Lage, entre outras, também estão avançando. Os povos e sua organização indígena, a Organização dos Povos Indígenas de Rondônia, Noroeste do Mato Grosso e Sul do Amazonas (Opiroma), vêm denunciando, mas os órgãos responsáveis pouco têm feito para protegê-los.
Outra situação que está preocupando os povos e seus aliados é o avanço do agronegócio nos limites de seus territórios demarcados ou em processo demarcatório, colocando a vida desses povos em risco. O veneno lançado na soja envenena a terra e a água de vários rios que são fontes de alimentação desses povos, destacando aqui o Rio Branco, que corta a TI Rio Branco – onde vivem 12 povos –, e o Manoel Correia, no território dos Puruborá, ainda não demarcado – no local, foram mortos uma infinidade de peixes, consequência dessa prática agressiva.
Nesse contexto, o mais grave é a paralisação da demarcação, que tem exposto os povos em luta pela terra a ataques e constantes ameaças, principalmente os Puruborá, Migueleno e Kujubim, que moram em uma região onde o agronegócio e políticos, que também são fazendeiros nessa mesma região, dominam. Esses políticos têm incentivado a população reagir contra a demarcação das terras desses povos, alegando que os indígenas “vão se apossar de pelo menos três municípios inteiros”.
Por meio de manifestações, uma liderança indígena – que não terá a identidade revelada – vem sempre explicando justamente o contrário do que pregam os políticos, dentre eles senadores e deputados federais. “Nós não queremos o município de Seringueiras inteiro como os políticos e fazendeiros falam por aí. Nós estamos lutando e queremos uma pequena parte da terra, que sempre foi nossa. Não queremos nada de ninguém”.
Diante do exposto, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em sua XXV Assembleia Geral, exige do governo brasileiro ações efetivas e urgentes para a desintrusão e demarcação dos territórios indígenas do estado de Rondônia.
Luziânia (GO), 30 de setembro de 2023
Conselho Indigenista Missionário
XXV Assembleia Geral do Cimi