Em nota, mais de 60 organizações repudiam a fala desumana do governador Antônio Denarium sobre o povo Yanomami
A Nota de Repúdio foi divulgada nesta terça-feira, 31, em consonância com demais manifestações de repúdio de organizações indígenas
As pastorais e os movimentos sociais de Roraima divulgaram nesta terça-feira, 31, uma nota onde repudiam o “posicionamento na fala desumana e leviana” do governador de Roraima, Antônio Denarium (PP), sobre o povo Yanomami, ao alegar que não existe desnutrição e que “… eles têm que se aculturar, não podem mais ficar no meio da mata, parecendo bicho”. O posicionamento do governador do estado de Roraima se deu em entrevista ao Jornal Folha de São Paulo, publicada em 30 de janeiro de 2023.
No documento as organizações signatárias à Nota, destacam que diante da crise humanitária, levando a morte de 570 crianças de diversas comunidades impactadas diretamente pela prática de garimpo ilegal, “Denarium sancionou duas Leis em apoio ao garimpo em Roraima, em meio ao avanço na piora da saúde Yanomami, portanto, é responsável por essa crise humanitária. É responsável pelo genocídio Yanomami!”.
Os comentários são extremamente racistas, preconceituosos e desumanos, além de ser “uma falta de respeito e sensibilidade neste momento em que várias vítimas Yanomami estão morrendo por malária, desnutrição aguda entre outras doenças que poderiam ter sido evitadas”. Tal posição se torna ainda mais grave diante da situação em que se encontram os povos indígenas de Roraima, em especial dos Yanomami. Na oportunidade, também denunciam Denaruin e o ex-presidente Jair Bolsonaro, por violarem a Constituição Federal Brasileira e os direitos humanos.
O Conselho Indígena de Roraima (CIR) e a Hutukara Associação Yanomami (HAY), ainda nesta segunda-feira, 30 de janeiro, também se posicionaram denunciando e repudiando a fala do governador Denarium à Folha de São Paulo.
Leia a nota completa, aqui:
NOTA DE REPÚDIO AO GOVERNADOR ANTÔNIO DENARIUM
Nós, das pastorais e dos movimentos sociais de Roraima, repudiamos o posicionamento na fala desumana e leviana do governador Antônio Denarium (PP), sobre o povo Yanomami, alegando que não existe desnutrição e que “…Eles têm que se aculturar, não podem mais ficar no meio da mata, parecendo bicho”. Diante da crise humanitária, levando a morte de 570 crianças de diversas comunidades impactadas diretamente pela prática de garimpo ilegal, Denarium sancionou duas leis em apoio ao garimpo em Roraima, em meio ao avanço na piora da saúde Yanomami, portanto, é responsável por essa crise humanitária. É responsável pelo genocídio Yanomami!
Os comentários, publicados em uma matéria de repercussão nacional, são extremamente racistas, preconceituosos e desumanos diante da tal situação e isso mostra um total desconhecimento por parte do governador da realidade dos povos indígenas em Roraima, sobretudo, os Yanomami. É uma falta de respeito e sensibilidade neste momento em que várias vítimas Yanomami estão morrendo por malária, desnutrição aguda entre outras doenças que poderiam ter sido evitadas. Os dados de várias entidades, como Fiocruz e ISA, apontam que as práticas ilegais do garimpo estão associadas a alto índice de malária na TI Yanomami.
O governador Denarium, assim como o ex-presidente Jair Bolsonaro, viola a Constituição Federal Brasileira e os direitos humanos quando não fez e não faz nada para impedir a invasão massiva de garimpeiros, muitos apoiados por uma rede de empresários locais e nacionais, ao contrário, só estimulou esse crime durante todo o seu primeiro mandato.
Exigimos que o governador de Roraima seja punido, conforme a lei, diante de tal ameaça ao povo Yanomami, pelo crime de genocídio.
Assinam a nota:
- Pastoral Indigenista
- CEBS Roraima
- Núcleo de Mulheres de Roraima – NUMUR
- Coletivo Elas por Elas do PT-Roraima
- Centro de formação Patarayu
- REPAM Juventudes
- Levante Popular da Juventude
- Partido Rede Sustentabilidade Elo Boa Vista
- Articulação Comboniana de Direitos Humanos
- CAPDEVER -Centro Afro de Promoção e Defesa da Vida -BA
- MOTUMBAXÉ de Salvador BA
- Comissões de Justiça e Paz de Salvador BA
- Pastorais Sociais RR
- Repam RR
- Frente Brasil Popular Roraima
- CDVHS CE
- Conselho Indigenista Missionário – Cimi Nacional
- Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Estado de Roraima- SINDSEP/RR
- PSOL Roraima
- Comitê Popular de Luta
- Formação de Professores, práticas pedagógicas e epistemologias do professor do campo/no campo (FPEC)
- Comissão Pastoral da Terra-Regional Roraima
- Pastoral da Juventude
- Centro de Juventude Cajueiro
- Instituto EcoVida – RR
- Rede Amazonia Negra
- Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Norte 1 AM/RR.
- Cordimarianas – Amajari
- Partido dos Trabalhadores (PT/RR)
- REDES Rede de Solidariedade – São Paulo
- Missionários Oblatos de Maria Imaculada-OMI. Província do Brasil
- Instituto Trinitas – Missionárias Servas do Espírito Santo – São Paulo
- Justiça e paz e integridade da criação (JUPIC) do Verbo Divino do Brasil
- CEDHU – Centro de Direitos Humanos Franco Pellegrini, Salvador – Bahia
- Conferência dos Religiosos do Brasil – CRB Regional Manaus
- Centro Popular de Formação da Juventude – Vida e Juventude
- Rede um Grito Pela a Vida – Manaus
- Irmãs Scalabrinianas
- VIVAT INTERNATIONAL Brasil
- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST/RR)
- Área missionária São João Batista
- Grito dos Excluídos Nacional
- Grupo Interdisciplinar de Estudos sobre Fronteiras (GEIFRON/UFRR)
- CMP – Central dos Movimentos Populares Nacional
- Comunidade Comboniana Fortaleza – CE
- Justiça nos Trilhos
- Rede Cidadania Açailândia – MA
- Comunidade Comboniana Piquiá, Açailândia – MA
- CEDHOR Santa Rita – PB
- Instituto das Irmãs da Santa Cruz
- Comunidade Comboniana Boa Vista-RR
- Rede Sustentabilidade/RR
- CBJP Nacional
- Campanha A vida por um fio Nacional
- Movimento Purake
- Irmâzinhas da Assunção
- CONTAG Nacional
- SMDH Nacional
- COOREMM Santa Rita PB
- CNLB – Conselho Nacional Leigos e Leigas do Brasil em Roraima
- Renovação Carismática de Roraima
- Irmãs de São José de Rochester
- Pastoral Universitária de Roraima
- Instituto Socioambiental – ISA
Boa Vista, 30 de janeiro de 2023