Artigo: O que os meus olhos viram, meu coração não pode esquecer e sangra
Escrito pelo Pe. Eduardo Alvez de Lima, da Diocese de Jales, em missão aos Guarani Kaiowá, no Mato Grosso do Sul
Em missão com a Associação Humanitária Universitários em Defesa da Vida (UNIVIDA), em Dourados, no Mato Grosso do Sul, fui convidado a ir conhecer a realidade dos indígenas Guarani e Kaiowá em Amambai, que enfrentaram confrontos causados pelo processo de retomada de sua terra ancestral.
O que vi, com o pequeno grupo que me acompanhou, médico, enfermeira, pessoal da comunicação da UNIVIDA, foi desolador. Região de retomada, com os típicos barracos de lona e chão batido, que resguardavam os feridos do último ataque sofrido. Chocante.
Criança e idosa com ferimentos à bala – 12 e 85 anos, respectivamente. Já me ocorre: qual ameaça seriam capazes de representar diante de agressores armados?!
“Criança e idosa com ferimentos à bala, qual ameaça seriam capazes de representar diante de agressores armados?!”
Também vimos mãos traspassadas por munição, quando espalmadas em atitude de proteção, foram alvejadas. Uma universitária, coletando dados para sua monografia, foi flagrada pela violência, recebeu um projétil e está acamada. Outro, com a perna ferida e infeccionada, precisando urgentemente de cuidados, sem recebê-los.
E a comiseração nos atinge, percebendo o medo, desesperança e solidão daqueles sozinhos em sua luta pela terra ancestral.
“A missão em Dourados, contou com 230 voluntários de diversas universidades, profissionais da saúde e outros voluntários”
Desde 2012, a UNIVIDA realiza missões anuais junto à Reserva de Dourados ofertando atendimentos médicos de diversas especialidades. Somando mais de 20.000 atendimentos, sua missão é promover ações de saúde e de melhoria da qualidade de vida para os povos indígenas, por meio do trabalho voluntário de jovens universitários, na intenção de sensibilizá-los socialmente, humanizá-los para sua prática profissional e levar atendimentos humanitárias a populações esquecidas.
A missão realizada nestes dias em Dourados, contou com 230 voluntários de diversas universidades do País, além de profissionais da saúde e outros voluntários.
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*Pe. Eduardo Alvez de Lima
Fundador e Coordenador da Associação Humanitária Universitários em Defesa da Vida – UNIVIDA