14/07/2022

Artigo: O que os meus olhos viram, meu coração não pode esquecer e sangra

Escrito pelo Pe. Eduardo Alvez de Lima, da Diocese de Jales, em missão aos Guarani Kaiowá, no Mato Grosso do Sul

Foto: Associação Humanitária Universitários em Defesa da Vida – UNIVIDA

Por Pe. Eduardo A. de Lima, Diocese de Jales*

Em missão com a Associação Humanitária Universitários em Defesa da Vida (UNIVIDA), em Dourados, no Mato Grosso do Sul, fui convidado a ir conhecer a realidade dos indígenas Guarani e Kaiowá em Amambai, que enfrentaram confrontos causados pelo processo de retomada de sua terra ancestral.

O que vi, com o pequeno grupo que me acompanhou, médico, enfermeira, pessoal da comunicação da UNIVIDA, foi desolador. Região de retomada, com os típicos barracos de lona e chão batido, que resguardavam os feridos do último ataque sofrido. Chocante.

Criança e idosa com ferimentos à bala – 12 e 85 anos, respectivamente. Já me ocorre: qual ameaça seriam capazes de representar diante de agressores armados?!

“Criança e idosa com ferimentos à bala, qual ameaça seriam capazes de representar diante de agressores armados?!”

Foto: Associação Humanitária Universitários em Defesa da Vida – UNIVIDA

Também vimos mãos traspassadas por munição, quando espalmadas em atitude de proteção, foram alvejadas. Uma universitária, coletando dados para sua monografia, foi flagrada pela violência, recebeu um projétil e está acamada. Outro, com a perna ferida e infeccionada, precisando urgentemente de cuidados, sem recebê-los.

E a comiseração nos atinge, percebendo o medo, desesperança e solidão daqueles sozinhos em sua luta pela terra ancestral.

“A missão em Dourados, contou com 230 voluntários de diversas universidades, profissionais da saúde e outros voluntários”

Foto: Associação Humanitária Universitários em Defesa da Vida – UNIVIDA

Desde 2012, a UNIVIDA realiza missões anuais junto à Reserva de Dourados ofertando atendimentos médicos de diversas especialidades. Somando mais de 20.000 atendimentos, sua missão é promover ações de saúde e de melhoria da qualidade de vida para os povos indígenas, por meio do trabalho voluntário de jovens universitários, na intenção de sensibilizá-los socialmente, humanizá-los para sua prática profissional e levar atendimentos humanitárias a populações esquecidas.

A missão realizada nestes dias em Dourados, contou com 230 voluntários de diversas universidades do País, além de profissionais da saúde e outros voluntários.

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*Pe. Eduardo Alvez de Lima
Fundador e Coordenador da Associação Humanitária Universitários em Defesa da Vida – UNIVIDA

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