28/06/2022

Em Nota, povo Akroá Gamella manifesta solidariedade aos Guarani e Kaiowá, do tekoha Guapo’y (MS)

Os Guarani e Kaiowá, do tekoha Guapo’y, foram alvo de uma violenta operação ilegal da PM/MS, que resultou na morte de Vitor Fernandes e deixou nove feridos; a nota foi publicada nesta terça, 28

Foto: Cruupooherê Akroá Gamella

Por Assessoria de Comunicação do Cimi

Em Nota, publicada nesta terça-feira, 28, povo Akroá Gamella se solidaria aos parentes Guarani e Kaiowá, do tekoha Guapo’y, em Amambai, no Mato Grosso do Sul. A Comunidade foi alvo de uma violenta e ilegal ação de despejo praticada pela Polícia Militar (PM) do estado de Mato Grosso do Sul no dia 24 de junho de 2022.

“Acompanhamos com profunda dor e revolta a barbárie genocida que o Estado brasileiro está praticando contra vocês enquanto lutam pelo Direito Sagrado ao retorno aos seus Territórios Ancestrais. As balas que rasgam o corpo-território de vocês atingem a todos nós, Povos Originários”, registra o documento.

“Seguimos cantando e afagando a Terra molhada com o sangue dos nossos parentes e parentas. E gritamos bem alto: o medo não nos paralisará”

Os Akroá Gamella clamam para que esse crime e tantos outros cometidos contra os povos originários, não podem ficar impunes. “Seguimos cantando e afagando a Terra molhada com o sangue dos nossos parentes e parentas. E gritamos bem alto: o medo não nos paralisará”, registram os indígenas.

Confira a Nota na Integra:

Aos Parentes Guarani e Kaiowá

Parentes, acompanhamos com profunda dor e revolta a barbárie genocida que o Estado brasileiro está praticando contra vocês enquanto lutam pelo Direito Sagrado ao retorno aos seus Territórios Ancestrais. As balas que rasgam o corpo-território de vocês atingem a todos nós, Povos Originários.

São séculos de política de extermínio dos nossos corpos sem, contudo, concluírem esse projeto de morte das elites às quais servem as estruturas de poder do Estado brasileiro. A nossa resistência à morte antes do tempo não deixa e jamais deixará que os nossos inimigos durmam seu sono tranquilamente. Cada gota de sangue derramada regará a Terra dos nossos Ancestrais e os nossos corpos-sementes germinarão. Este sentimento que carregamos é alimentado pela Memória Subversiva dos que são tombados em Luta. Por eles tocamos nossos Maracás.

Unimo-nos para denunciar que o governo de Jair Bolsonaro – inimigo dos povos Originários – tem suas mãos manchadas de sangue e é cumplice do massacre de Guapo’y, no dia 24 de junho, durante o qual foi brutalmente assassinado nosso parente Vitor Guarani Kaiowá e deixou outros parentes e parentas feridas. Esse e outros crimes cometidos contra vocês clamam aos céus, mas também devem ser julgados pelos Tribunais. Não é possível que esses de crimes permaneçam impunes. Em menos de 30 dias, foram assassinados o indigenista Bruno Pereira, o jornalista Dom Philips, no Vale do Javari/AM, e o indígena Atikum Edivaldo Manoel de Sousa, 61 anos, da aldeia Olho d’Água do Padre, município de Carnaubeira da Penha/PE. Esses assassinatos são praticados com um mesmo objetivo: silenciar e sufocar a nossa Luta em defesa da Mãe-Terra.

Apesar de tudo, seguimos unidos a vocês e a todos os que neste momento estão lutando para defender Terra da destruição. Seguimos cantando e afagando a Terra molhada com o sangue dos nossos parentes e parentas. E gritamos bem alto: o medo não nos paralisará.

Às margens do Rio Grande
27 de junho de 2022.

 

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