Remdipe divulga boletim registrando morte de bebê Pipipã vítima de covid-19, em Pernambuco
Junto com o artesão Naxiá Fulni-ô, de 42 anos, somamos até agora dois óbitos de indígenas no estado
É com muita tristeza que registramos neste segundo boletim a vítima mais jovem da COVID-19 em Pernambuco. A criança, uma menina de apenas 3 dias de nascida, do povo Pipipã, faleceu no último sábado (02.05). A causa da morte foi confirmada, através de teste realizado pelo LACEN, por COVID-19 na segunda-feira (04.05) pela Secretaria de Saúde do Município de Floresta, onde está situado o território Pipipã.
Junto com o artesão Naxiá Fulni-ô, de 42 anos, somamos até agora dois óbitos de indígenas no estado. Há ainda o caso de um ancião, também do povo Fulni-ô, que veio a óbito no dia 02/05, sob suspeita de ter sido igualmente vítima do coronavírus, ainda não confirmado por meio de teste (Alerta APIB #12). Uma boa notícia é a recuperação de um indígena do povo Atikum, um dos primeiros casos diagnosticados em Pernambuco.
A rapidez com que o vírus se espalha é preocupante. Os casos entre os Pipipã e os Fulni-ô são emblemáticos: antes de saber das confirmações, formos informados que as vítimas vieram a óbito. Temos hoje 5 casos confirmados de COVID-19 entre povos de Pernambuco, assim distribuídos: Fulni-ô (1), Pipipã (1), Atikum (2) e Pankararu (1). Os dados relativos à população indígena no Brasil também não param de subir: são 28 óbitos, 125 indígenas contaminados e 26 povos atingidos (APIB, 04/05).
Além dos povos nativos de Pernambuco, vale registrar o óbito de um indígena do povo Warao, que residia no Recife, também em virtude da Covid-19. Ele fazia parte de um grupo de Warao, migrantes da Venezuela para Pernambuco, em função da crise no país de origem.
A perspectiva é que a pandemia se agrave ainda mais no estado, e, portanto, avance com mais força para as cidades do interior. Pernambuco continua com a curva ascendente: são 8.863 casos confirmados e 691 óbitos (SES-PE, 04/05). A subnotificação, que é geral por falta de políticas públicas de saúde mais eficazes por parte do Governo Federal, é ainda mais grave entre as populações indígenas no Estado. Entre os motivos, a quase inexistência de dados sobre indígenas que vivem fora de suas aldeias de origem e a falta de testagem nos territórios.
Nesse contexto, os meios de comunicação e o Estado iniciam a divulgação de notícias sobre a necessidade de “lockdown”, termo em inglês usado para referir-se às medidas mais drásticas de isolamento social obrigatório e fechamento de todas as atividades não essenciais, em Recife e na Região Metropolitana (Jornal do Comércio, 04/05).
Veja como colaborar com a campanha de apoio aos indígenas em Pernambuco: https://www.indigenascontracovidpe.com/comoajudar