MA: Jovem Guajajara de 16 anos é assassinado
No dia 03 de outubro (sábado), o jovem Guajajara Arquileu Filho Sousa Guajajara, de 16 anos, estudante da 3ª série do ensino fundamental, no Colégio Estadual Francisco dos Reis, foi assassinado enquanto esperava uma carona na BR 226, em Grajaú, para ir à uma das aldeias da terra indígena Bacurizinho. Arquileu estava acompanhado de seu primo Angle Cassimiro Rodrigues Guajajara, 16 anos, estudante da 8ª série no CAIC. Ambos eram residentes da aldeia Morro Branco, Grajaú.
Os jovens foram abordados por três homens não indígenas (adultos), numa pick-up preta, tipo Saveiro. Os homens perguntaram para onde iam eles e acabaram forçando ambos a entrarem no carro, sendo que Arquileu fora colocado na cabine, enquanto Angle ficara na carroceria. Segundo Angle, enquanto viajavam, um dos homens, que ele reconheceu como Anselmo, dizia que ia vingar a morte de um parente seu que havia sido morto por indígenas Guajajara. Anselmo já fora visto no Morro Branco como moto-taxista.
Seguindo pela rodovia MA 06, nas mediações de uma placa de propaganda de uma loja de eletrodomésticos, uns poucos quilômetros da cidade, os homens pararam o carro. Ao descerem Anselmo segurou violentamente Angle, que disse ao primo para correr e fugir. Quando Arquileu tentou correr, Anselmo sacou o revolver e atirou em Arquileu, cerca de 4 metros de distância, enquanto com a outra mão segurava Angle. Os outros dois homens ficaram no carro um pouco mais adiante.
O tiro atravessou o corpo de Arquileu, que saiu cambaleando e foi encostar-se no meio fio. Angle lutou com Anselmo, que também tinha uma faca de cozinha. Na luta Angle atingiu a cabeça de Anselmo (que estava com o capacete e também com o colete de moto-taxista). Quando Anselmo se desequilibrou, Angle tomou a faca e atingiu o corpo de Anselmo. Anselmo foi em direção ao carro que retornou a Grajaú, ferido. Angle foi ao encontro do primo. Ele estava ainda com vida.
Angle saiu correndo pela mata até chegar ao Morro Branco para avisar os parentes. Marciliano Guajajara foi com seu carro socorrer a vítima. Quando chegaram, o jovem Arquileu estava morto. Além do tiro recebera também uma facada. Tudo indica que, enquanto Angle correu ao Morro Branco para buscar ajuda, o assassino voltou lá para completar o serviço, pois Angle disse não ter percebido que Arquileu tivesse sido esfaqueado em sua presença. Angle, na luta com Anselmo teve ferimentos no braço e mão direita. (O depoimento foi tomado do jovem Angle Cassimiro Rodrigues Guajajara, no domingo à tarde).
Queixa
Os indígenas deram queixa na delegacia de Grajaú. Anselmo foi levado para o Hospital São Francisco. Para lá foi um grande grupo de indígenas, indignados, querendo ver o assassino. Permaneceram lá até 3 horas da madrugada. Por fim a polícia disse que Anselmo estava sendo levado à Delegacia de Barra do Corda, mas os indígenas estão desconfiados de que não seja verdade. O corpo do jovem Arquileu foi velado nas dependências da escola de Morro Branco durante todo o domingo. No final da tarde, por volta das 17 horas houve uma celebração de encomendação do corpo, com a presença de Frei Luís Spelgatti e Ir. Ana Lúcia e um grande número de indígenas, muito emocionados. Seu corpo foi enterrado no cemitério da aldeia Morro Branco.
Segundo lideranças indígenas e amigos, eles eram jovens que não se metiam em confusões, não costumavam beber. Nos finais de semana, geralmente, iam à aldeia Bacurizinho visitar seu avô, o sr. Nicasso Guajajara. Ao comentarem a tragédia eles recordaram que em maio de 2008 um casal Guajajara fora abordado na mesma rodovia MA 06; foram atingidos por balas, sem contudo perderem a vida. Até hoje o caso não foi esclarecido e nem os culpados punidos. As lideranças fazem uma conexão entre um crime e outro, como se fosse algo ligado a vinganças. Eles acreditam que o fato tem a ver com o ocorrido em meados de maio de 2009, quando um caminhão madeireiro fora queimado por indígenas da aldeia Bacurizinho.