Campanha Guarani em área demarcada
A matriarca Kaiowá-Guarani Alice Pedro, de 102 anos, chega ao lugar do encontro na aldeia Panambizinho, Mato Grosso do Sul no dia 19 de setembro para mais uma atividade da campanha “Povo Guarani, Grande Povo”. Sua filha Arda Concianza a recebe alegre e orgulhosa.. Elas são a memória viva da comunidade que ganhou a demarcação de uma parte de seu território tradicional há 12 anos. Elas, as lideranças, crianças e jovens, abrem o encontro de campanha com uma reza tradicional do povo kaiowá.
Valdomiro Aquino, uma das lideranças principais da comunidade de 98 famílias, fez um balanço da luta pela terra e a restituição de 1400 hectares que conquistaram. “Foi uma briga de 12 anos, muitos morreram para conquistar a nossa terra, muitos não acreditaram em que nós íamos conseguir a demarcação de nosso tekoha”, expressou a liderança. A comunidade Panambizinho (pequena borboleta) ainda luta pelo seu tekoha guasu (território tradicional), perspectiva que gira entorno ao processo de demarcação de terras indígenas no Mato Grosso do Sul.
Nesse sentido a comunidade chama a seus irmãos indígenas e especialmente às lideranças para “cuidar” que o processo tenha avanços positivos e se possa fazer justiça com o povo kaiowa-guarani restituindo os territórios que perderam para o latifúndio e o agronegócio. Igualmente chamaram a manter a “alegria e a unidade” e buscar em primeiro lugar fortalecer a organização do povo guarani. A líder guarani Valdelise Veron indicou que é preciso ter paciência com o próprio povo e com os nossos irmãos indígenas que continuam a luta pela terra. Já sabemos que os karaí (brancos) não tem paciência conosco”.
Por outro lado a comunidade se mostra disposta a ajudar aqueles que lutam pela demarcação e estão nos acampamentos, assim como foram para ajudar seus irmãos despejados da aldeia Laranjeira Nhanderu, no município de Rio Brilhante, levando apoio e solidariedade. O mapa guarani e o documentário “semente de sonhos” serviram como ferramentas de reflexão e debate durante o encontro.
A campanha “Povo Guarani, Grande Povo” é iniciativa do povo guarani da América do Sul e seus aliados, e se estabelece na perspectiva de lutar como um povo só, para forçar nos governos dos diferentes países a implementação de políticas públicas que garantam terra e dignidade para os mbya, kaiowa, pai tavytera, nhandeva, aché, avá guarani, chiripa e chiriguanos, todos pertences ao grande povo guarani.
Os guarani
Segundo o fôlder da Campanha Guarani, entre este povo “existem grupos que falam a mesma língua, têm cultura muito semelhante, más que se denominam de formas diferentes de acordo com a região e o ramo familiar”. Expressa que “a pesar da invasão (de seus territórios), os Guarani resistem inclusive em grandes metrópoles, como São Paulo e Porto Alegre, onde sua economia de reciprocidade se contrapõe com o modo de vida individualista”.
Estima-se que a população atual do Povo Guarani no continente sul americano seja de quase 300.000 pessoas.
CIMI/MS