CEBs: uma igreja de libertação e respeito pelas culturas dos povos da floresta
Novas forma de viver em comunidade e a construção de um novo mundo possível foram as tônicas da primeira coletiva de imprensa do 12º Intereclesial das CEBs, em Porto Velho, RO. Fizeram parte da mesa o Arcebispo de Porto Velho Dom Moacyr Grechi, a líder indígena e educadora Eva Canoé e o Teólogo e Assessor Nacional das CEBs Padre Benedito Ferraro.
Em suas exposições iniciais, a indígena Canoé falou da importância da participação dos povos indígenas neste encontro, que é um espaço para se ampliar a voz dos povos indígenas. “Queremos dizer ao mundo que estamos juntos – povos indígenas, ribeirinhos, pescadores, seringueiros, camponeses – na construção de um novo mundo possível”. Já Benedito Ferraro ressaltou que o grande papel das CEBs nesses mais de 40 anos de existência é a busca pela libertação. “A comunidades eclesiais de base não devem mais ser consideradas ‘Um novo jeito de ser igreja’, mas o jeito normal de ser igreja, com forte compromisso social na busca pela libertação em todos os sentidos: econômico, ecológico, cultural, ecológico, sexual, entre outros pontos”. Dom Moacyr enfatizou a alegria de receber o encontro das CEBs na cidade de Porto Velho e da importância das lutas das comunidades. Ele também citou um provérbio africano, que diz que “gente simples, fazendo coisas pequenas em lugares sem importância, conseguem mudanças extraordinárias”, que segundo ele, é o retrato do que são as CEBs hoje.
Questionada sobre a atuação das comunidades eclesiais de base, Eva Canoé falou da importância desse modelo, pois é uma igreja que respeita a cultura e a religião dos povos indígenas, em suas crenças e seus rituais. Além disso, afirmou que “a igreja organizada em comunidades de base se importa com a autonomia dos povos indígenas, apóia suas lutas e se importa com sua causa, seus direitos e necessidades”. Para Pe. Ferraro, a atuação das CEBs na luta em favor dos indígenas se dá de várias formas. Ele citou como exemplo as próprias ações missionárias do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), missões de religiosos e religiosas como no povo Tapirapé, no Mato Grosso, as irmãzinhas de Jesus, que não impuseram sua cultura cristã aos indígenas, entre outros exemplos.
Eva Canoé finalizou a coletiva reafirmando que espera compartilhar novas experiências com os outros povos presentes em Porto Velho e que os clamores indígenas sejam ouvidos neste encontro e espalhados para todas as outras regiões que se fazem presentes através dos grupos vindos de cada comunidade.