Escola do MST acolheu Campanha Guarani no Paraná
A Escola Latinoamericana de Agroecologia do MST, situado no município de Lapa (Paraná) foi cenário de uma conversa com os educandos, assentados e professores sobre a questão indígena no Mato Grosso do Sul nos dias 7 e 8 de julho de 2009. O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) levou ao assentamento Contestado, sede da Escola, a reflexão sobre a luta do Povo Guarani, a partir da campanha “Povo Guarani, Grande Povo” (Tetã Guarani, Tetã Tuicháva). Para gerar o debate foi exibido o documentário “Semente de Sonhos” que em 18 minutos recolhe os principais atropelos que sofre o povo kaiowa-guarani no Mato Grosso do Sul (MS) e na região do Mercosul, sobretudo na faixa de fronteira entre o Paraguai e Brasil. O vídeo apresenta também as diferentes formas de resistência desse povo na busca por seus direitos históricos e constitucionais.
Foi explicado para os participantes o objetivo da campanha, que visa fundamentalmente apoiar a luta dos povos indígenas pela afirmação, conquista e consolidação de seus direitos e buscar solidariedade nacional e internacional a favor dos kaiowa-guarani. Aproximadamente 35 educandos de diferentes estados do Brasil e estudantes da Argentina e do Paraguai, participaram da atividade. Animados e tocados pela grave situação do povo guarani, eles organizaram e apresentaram uma mística (teatro breve montado coletivamente) em que abordaram os momentos mais fortes do documentário “Semente de Sonhos” e outros dados dramáticos da situação em que vivem as comunidades guarani na sua luta pela terra e sobrevivência.
Também os professores e responsáveis pedagógicos da Escola se comprometeram a multiplicar a divulgação da campanha entre os assentados e assentamentos do MST na região. Foi considerada a importância da compreensão de que a luta pela terra dos camponeses, e pelos territórios, dos quilombolas e indígenas, fazem parte de uma mesma caminhada estratégica que visa quebrar a tremenda injustiça que esta por detrás da gigantesca concentração fundiária e do agronegócio no Brasil e America Latina. Conseqüentemente a necessidade da restituição de terra para quem a trabalha coletiva e socialmente e para os seus legítimos donos. Com a Campanha Guarani chegando até os movimentos sociais como o MST, leva-se também a denúncia de que as organizações dos fazendeiros e latifundiários estão realizando no MS e outros estados uma campanha ideológica suja, que busca confundir ao pequeno agricultor e proprietário de terra, tentando convencê-los que os indígenas com seu reclamo de demarcação de terra atingirão os interesses dos camponeses.
Escola de Agroecologia
Segundo informações colhidas na Escola de Agroecologia do MST, “ela surge a partir de preceitos, articulada a uma demanda real” que é a necessidade de formar pessoas, homens e mulheres vinculadas ao mundo rural, para que “tenham a dimensão teórica e prática da agroecologia”. Os educandos encontram-se na Escola com um “método pedagógico que concilia o estudo, o trabalho, e as atividades culturais e políticas”. O método visa que o futuro técnico em agroecologia possa desenvolver em suas respectivas comunidades de uma “forma mais qualificada uma matriz produtiva que fortaleça a resistência contra o modelo capitalista vigente na agricultura”.