A terra em primeiro lugar
“Enquanto isso, reivindicamos do Governo Lula o cumprimento do mandato constitucional de demarcar todas as Terras Indígenas do Brasil, mas de forma urgentíssima dos nossos irmãos Guarani Kaiowá, em Mato Grosso do Sul, submetidos há décadas a um processo vil e criminoso de marginalização, etnocídio e genocídio, nas mãos de latifundiários e distintos entes do Estado brasileiro, seja por ação ou omissão. Nossos povos jamais aceitarão permanecer expulsos de seus territórios tradicionais nem ser confinados a terras diminutas. Daí que exigimos, além da demarcação, a desintrusão de terras indígenas como Marawaitzedé, do Povo Xavante em Mato Grosso, e a terra do Povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, no sul da Bahia.” (Documento do VI Acampamento Terra Livre – maio 2009)
Decisão unânime: antes de qualquer outra coisa está a luta pela terra. E muitas lideranças de todo país, em suas inúmeras falas, manifestaram não apenas essa disposição, mas a assumiram com todas as suas conseqüências “nem que for preciso derramar nosso sangue”.
E a luta urgente e inadiável, com a solidariedade manifesta de todos os povos é pelas terras dos Kaiowá Guarani. Foi impressionante o impacto e sensibilidade despertada pela narração da realidade e apresentação do vídeo da Campanha Povo Guarani – “Semente de Sonhos”. E a resposta se fez sentir durante todos os dias do Acampamento.
O Ministério Público de Dourados também está encaminhando oficio à Funai cobrando o andamento dos trabalhos de identificação conforme está no Termo de Ajustamento de Conduta., conforme noticiou a imprensa.
Enquanto isso…
Vemos manchetes como “Uma nova Raposa prestes a explodir” (Jornal do Brasil 10/05/09) comentando o “novo caldeirão no processo de demarcação”, alegam uma “importação de índios paraguaios com a finalidade de inflar os acampamentos e aumentar a pressão sobre o governo Lula”. Como se vê mais fantasmas vem sendo criados e mentiras veiculadas com a finalidade de impedir o prosseguimento dos trabalhos de identificação das terras e criar ainda mais animosidade e ódio contra os Kaiowá Guarani.
Outras manchetes anunciam o eminente despejo da comunidade Kaiowá Guarani de Laranjeira Nhanderu, no município de Rio Brilhante. O agronegócio, através de suas organizações, acusa a Funai “pela demora de achar um lugar para colocar os índios”. O destino mais provável será a beira da estrada. No Acampamento Terra Livre, o cacique Faride e a liderança Zezinho fizeram um veemente apelo aos patrícios e aos órgãos responsáveis.
Cimi MS, Campo Grande, 14 maio de 2009