Lideranças Tembé em Brasília
Representantes do povo Tembé, do município de Santa Maria – PA, estiveram em Brasília no dia 16 de abril, em reunião com a procuradora Débora Duprat, da 6ª Câmara. O cacique Miguel Carvalho, e as lideranças Raimunda Vieira e Alan Tembé vieram pedir ajuda e solicitar que a Funai defina grupos de trabalho para o reconhecimento de suas terras tradicionalmente ocupadas.
O povo Tembé tem um histórico de mais de 110 anos no local e desde 2001 vem solicitando que a área seja identificada como terra tradicional e posteriormente, homologada. Porém, nesses oito anos de luta não foram ouvidos.Tiveram as visitas de duas antropólogas, sendo que a primeira recomendou estudos complementares sobre a terra e o povo, e a segunda sequer liberou o resultado de suas pesquisas. Mas, segundo os representantes dos Tembé, a antropóloga afirmou que não existem elementos que comprovem a tradicionalidade da terra.
Diante da morosidade das autoridades para os trabalhos e estudos da terra dos Tembé, o próprio povo tomou a iniciativa de realizar estudos sobre sua história, cultura e tradições. Elaboraram um projeto para o Fundo Brasil de Direitos Humanos que foi aprovado e já trabalham com os recursos liberados pelo projeto há cerca de seis meses. A terra abrigava uma antiga missão de freis Capuchinhos e os índios têm pesquisado nas igrejas católicas, escolas e museus, conseguindo tanto material que já não conseguem listar todos dentro do estudo realizado.
As lideranças têm boas expectativas pelo posicionamento de Dra. Débora, que enviou um documento para a Funai solicitando o estudo antropológico. Agora eles aguardam o posicionamento da entidade a respeito da solicitação.
Articulação
Nos dias 24 a 25 de março Alan Tembé e Edmilson Tembé, da aldeia Jeju de Santa Maria-PA, visitaram os parentes de Tomé-Açu. O objetivo da visita foi conhecer os parentes Tembé que vivem em Tomé-Açu e solicitar apoio na luta por reconhecimento territorial, assim como os Tembé do Alto Rio Guamá.
Também conversaram sobre a idéia de realizar uma auto-demarcação para, de certa forma, pressionar a FUNAI a realizar os estudos para a demarcação. Houve muitas articulações e chegou-se ao acordo de que os parentes vão apoiar a causa e antes de qualquer coisa farão uma visita. Na oportunidade, conheceram a aldeia e aprenderam mais um pouco da nossa cultura.
Também foram presenteados com exemplares da cartilha da língua Tenetehar que será usada na escola pra ensinar as crianças da aldeia, a língua de seus avós. Hoje, somente uns poucos mais velhos sabem falar.