Delegação indígena em viagem de volta do Fórum Social Mundial
A delegação indígena que partiu de barco de Manaus no dia 20/01, saiu de Belém (PA) no dia 01/02, ao término do FSM e está passando por Santarém, devendo chegar a Manaus no sábado dia 07/02/09. As lideranças indígenas, junto com a expectativa de poderem chegar em breve às suas aldeias, levam na bagagem a experiência de luta dos outros povos indígenas do Brasil, da América Latina e do mundo e dos setores populares expressadas no FSM. Vão com a esperança de que sua mensagem sobre a necessidade de cuidado com a Terra Mãe e o Grito “Salve a Amazônia” seja escutado, antes que as conseqüências da devastação e da exploração capitalista sejam irreversíveis.
Para muitas lideranças foi a primeira vez que participaram do FSM. Destacam a importância de sua participação nesse espaço e se comprometem em repassar a experiência vivida nas suas aldeias.
Durante a viagem as lideranças tem tido a oportunidade de se manifestar sobre como avaliam o FSM e sua participação.
“Estamos quase no final de uma longa batalha, cansativa, mas muito importante. Focalizamos as questões mais amplas, não só as especificas de cada povo. Não queremos daqui a alguns anos ter que reflorestar a Amazônia. Queremos manter as nossas matas”, destaca Francisco Kokama.
Para o líder Ye`kuana Esteban José, da Venezuela, “os povos indígenas do Brasil foram protagonistas no FSM. Estamos lutando pela autodeterminação e pela autonomia. Os líderes falaram forte para o ministro da Justiça. Vou relatar essa experiência na Universidade Indígena da Venezuela. Apesar da longa viagem gostei muito, sinto-me um de vocês”.
Questões importantes para os povos indígenas da região como a confirmação, sem condicionantes, da demarcação da terra Raposa Serra do Sol pelo STF e a grave crise de saúde no Vale do Javari, onde 80% dos índios estão com hepatite, ganharam espaço no FSM.
Foi destacada ainda a relevância da campanha “Povos Indígenas na Amazônia: presente e futuro da humanidade”, lançada no FSM”, para que a experiência indígena milenar possa ser conhecida e inspirar a mudança do atual modelo de desenvolvimento.
Santarém (PA), 04 de fevereiro de 2009.
Coordenação da Organizações Indígenas da Amazônia brasileira – COIAB
Conselho Indigenista Missionário – CIMI
Adeus Belém, vamos à luta!
As pinturas desbotadas
Nos corpos cansados,
Adornos guardados
São o retrato fiel
Após os dias passados
No Fórum em Belém,
Rumando às aldeias
Felizes e dispostos
De ir mais além
Na construção do novo mundo!
Na bagagem roupa suja
E belas lembranças
Do encontro com o mundo,
Em cada rosto estampado
A satisfação de ter sido
Protagonista num
Evento mundial.
Agora é a vez da aldeia,
Da luta mais firme
E decidida no dia a dia
Na defesa da vida,
Da Amazônia, dos
Direitos de cada povo,
Do sonho de um mundo plural
Com os indígenas
Irmanados a todos os excluídos
E condenados da terra.
Seguimos rio acima,
Deixando e levando saudade,
Nas águas nem sempre mansas,
Dos rios e dos olhos,
Engravidados de futuro,
E esperança
Santarém (PA), 4 de fevereiro de 2009.
Egon