Indígena Pankararu é assassinado em Pernambuco
Será que é possivel um pacto pela vida em Pernambuco?
Os professores/
“Ele era um faz tudo na escola, ajudava os professores”. Rogério era neto de José Binga, irmão de seu João Binga, liderança religiosa respeitada por todos os povos indígenas de Pernambuco. Quem conduzia o ônibus era o motorista Nivaldo Barros Carvalho.
Segundo sua mãe, que ainda não acreditava no que estava acontecendo, ele estava muito alegre porque queria participar do encontro, “ele ia pra luta, garantir os direitos dos Pankararu”, disse. Os encontros da Copipe são assim entendidos pelos povos indígenas em Pernambuco, quem participa é porque acredita na luta, na organização dos/as professores/
O Centro de Cultura Luiz Freire faz a assessoria e leva o material para ser usado durante o evento.
E lá foi Rogério, acreditando que nos próximos três dias estaria discutindo, debatendo os caminhos que deveria seguir a educação escolar dos povos indígenas em Pernambuco. O que Rogério não contava era que o “Pacto pela Vida”, política do estado de Pernambuco para combater a violência, ainda não havia chegado às estradas que levam a Cabrobó, onde fica a Terra Indígena Truká, local onde se realizaria o encontro.
No ônibus, Rogério, queria fumar o seu campiô (cachimbo)
“A bala veio pelo lado do motorista”, “não havia pedras nem paus interrompendo a estrada, como normalmente se faz quando acontece um assalto”, “os ladrões não atacam os ônibus de estudantes” , “ele deu a vida para salvar a gente, porque se a bala tivesse atingido o motorista, talvez hoje haveria muito mais caixões “.
Esses eram os comentários generalizados, normalmente acompanhados de muito choro, e a expressão “ele foi um guerreiro”.
O crime foi denunciado na delegacia de Petrolândia por volta de duas ou três da manha do dia 05/12. Só resta saber daqueles que gerem o Pacto pela Vida, o que vai ser feito, para que a vida tenha sentido entre os povos indígenas em Pernambuco. E os/as professores/
Que a morte de Rogério não seja em vão. Que se possa repensar o Pacto pela Vida.
Sentindo a dor da mãe de Rogério.
Eliene Amorim de Almeida – Centro de Cultura Luiz Freire