Lideranças debatem o impacto da soja nas Terras Indígenas do Cerrado
A Mobilização dos Povos Indígenas do Cerrado – MOPIC, realizará um encontro “O impacto da soja sobre as Terras Indígenas do Mato Grosso” entre os dias 07 e 12 de dezembro de 2008 na Terra Indígena Wawi – Kisêdjê -Parque Indígena do Xingu (MT) , com o objetivo de discutir e elaborar propostas referente às terras indígenas do Cerrado , cujas áreas encontram-se cada vez mais encurraladas e pressionadas pelo avanço desordenado do agronegócio no entorno e, por vezes, interior dos territórios indígenas.
O evento contará com a participação de lideranças indígenas de diversos estados abrangidos pelo bioma Cerrado : MT, MS, TO, MA, MG e SP, representados pelos seguintes povos: Xavante, Bakairi, Bororo, Chiquitano, Nambiquara, Paresi, Umutina, Irantxe, Enawene Nawe, Kayapó, Panará, Guarani, Kaiowa, Terena, Kadiweu Kinikinawa, Karajá , Tapirapé, Xerente, Javaé, Krahô, Canela, Krikati, Gavião, Xacriabá, Caxixo, além de lideranças xinguanas e do presidente da Fundação Nacional do Índio, Márcio Meira durante a abertura do encontro.
A degradação do Cerrado no entorno das terras indígenas e as conseqüências no modo de vida e cultura desses povos constitui-se como eixo norteador das discussões, cujos principais tópicos são: situação fundiária e ambiental das T.I. no estado do MT; legislação ambiental para o bioma Cerrado/recursos hídricos ; zoneamento sócio econômico ecológico -MT ; saúde indígena; Conselho Nacional de Política Indigenista; o impacto das hidrelétricas sob as Terras Indígenas do Cerrado e Estatuto do Índio.
Apesar de imensa diversidade cultural e de guardar 5% de toda biodiversidade do planeta, o Cerrado encontra-se em constante ameaça, pois a cada ano vastas áreas do bioma são derrubadas para dar lugar à pecuária, eucalipto, e principalmente às monoculturas de soja, além dos grandes projetos de infra-estrutura, como construções de barragens, estradas e hidrovias, empreendidas para viabilizar a exploração e o escoamento de produtos agroindustriais.
O Estado de Mato Grosso constitui-se como o maior produtor de soja do Brasil e esta atividade caracteriza-se como um dos principais vetores para a abertura de novas áreas de expansão de desmatamento, o que vem causando degradação ambiental principalmente nas cabeceiras dos rios.
As monoculturas de grãos e os inúmeros armazéns das empresas produtoras de soja estão localizados nas proximidades de diversos territórios indígenas do Cerrado, e por não cumprirem as legislações ambientais brasileiras, causam graves impactos sócio-culturais, ambientais e à saúde dos povos indígenas. Problemas como, desnutrição, desidratação, anemia, diarréia ocasionados pela contaminação pelo excesso na utilização de agroquímicos, são comuns nas aldeias que têm nos seus limites monoculturas de grãos.
A realização do evento tem como responsáveis a Mobilização dos Povos Indígenas do Cerrado, Associação Xavante Warã, Iny Mahadu e Associação Indígena Kisêdjê, financiamento do PPP-ECOS e Rainforest Network e apoio da Fundação Nacional do Índio, Centro de Trabalho Indigenista (CTI), Instituto Socioambiental (ISA) e Cultural Survival.