Filme sobre os Guarani transfronteiriços concorre no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
O documentário “Ñande Guarani” (Nós, os Guarani), dirigido por André Luís da Cunha a pedido do Ministério Público Federal (MPF), é um dos seis selecionados para participar da mostra competitiva de longa-metragens (
O filme será exibido sábado (22/11), às 20h30 e 23h30, no Cine Brasília.
Realizado em formato digital, com duração de 76 minutos, o filme trata da integração de políticas públicas entre Brasil, Paraguai e Argentina para a população guarani que vive nos três países. Mostra a luta milenar daquele povo pelo reconhecimento e demarcação de suas terras e das dificuldades que encontram para manterem sua identidade cultural, em razão de barreiras burocráticas que os impedem de circular livremente entre um país e outro, como é sua tradição.
O MPF decidiu realizar ações que dessem conta dos sérios problemas de acesso às políticas públicas e direitos de cidadania constatados nas comunidades Avá-Guarani que vivem na região de Foz do Iguaçu, próxima à fronteira do Brasil, Paraguai e Argentina. Em vistoria realizada em 2006, os procuradores perceberam que, apesar da ligação de parentesco existente entre as comunidades guarani dos três países, não há integração de políticas públicas voltadas a esse povo. Outros problemas encontrados foram a falta de documentos de identidade, o não reconhecimento de suas terras tradicionais, de sua etnia e cultura milenar.
O documentário foi idealizado a partir da audiência pública “Guarani Transfronteiriços: políticas públicas e cidadania”, realizada em março de 2007 na Procuradoria Geral da República. A 6ª Câmara de Coordenação e Revisão, por meio do subprocurador-geral da República Eugênio José Aragão, apresentou um pré-projeto do filme à Secretaria de Comunicação (Secom) com o objetivo de reunir no documentário elementos para subsidiar a atuação institucional do MPF na busca de apoio dos países vizinhos para a solução dos problemas daquelas comunidades. O antropólogo da 6ª CCR Marco Paulo Fróes Schettino deu assessoria técnica para a realização do roteiro, produção e finalização da obra.
O documentário foi produzido pela Fundação Padre Anchieta, que tem contrato com a PGR para as produções jornalísticas de TV, e financiado por uma parceria entre o MPF e a Agência Espanhola de Cooperação Internacional (Aeci), cada um arcando com 50% dos custos. O filme ainda contou com o apoio institucional da Fundação Nacional do Índio (Funai) e dos Ministérios Públicos do Paraguai e da Argentina.
Como o foco são as comunidades transfronteiriças, o filme enfatizou situações nas regiões de fronteira dos Guarani Kaiowá, no Mato Grosso do Sul (municípios de Dourados, Amambai e Japorã) e dos Avá-Guarani, no Paraná (região de Foz do Iguaçu e Guaíra). As filmagens aconteceram em aldeias e acampamentos tanto do lado brasileiro quanto paraguaio e argentino, assim como em cidades das regiões nos três países. Foram entrevistados especialistas, como antropólogos e historiadores, para mostrar as origens dos guarani, assim como a participação que tiveram na formação das nações do Mercosul. O filme ainda aborda situações da vida atual, como as questões de identidade étnica e nacional, as noções que possuem de fronteiras e os entraves que elas representam para a reprodução social, já que são um grupo supranacional que não se define por uma nacionalidade.
Ñande Guarani (Nós Guarani)
Direção: André Luís da Cunha
Documentário, cor, 35mm, 76min, DF, 2008
Exibição
Dia 22 de novembro (sábado)
20h30 e 23h30, Cine Brasília.
Sinopse
Os Guarani são um povo milenar que habita a América do Sul, em regiões onde atualmente se localizam Bolívia, Paraguai, Argentina e Brasil. Os problemas que os Guarani enfrentam em seu dia-a-dia são os mesmos em todos os lugares em que vivem. A grande luta deles hoje é pelo reconhecimento de seus direitos enquanto sociedade culturalmente diferenciada, e seu maior desafio é a demarcação de partes de suas terras usurpadas no processo de colonização da América do Sul.
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