Aty Guasu dos Kaiowa-Guarani lembra Marçal de Souza e discute demarcação de terras
Os povos e comunidades Kaiowa Guarani de Mato Grosso do Sul, realizarão um Aty Guasu (grande reunião) na Aldeia Campestre, Terra Indígena Ñanderu Marangatu, no município de Antonio João de 29 de outubro até 1 de novembro.
Será um momento forte de memória dos 25 anos do assassinato da liderança Marçal de Souza (Tupã´i) e de todos aqueles indígenas que tombaram lutando pela sua terra.
Este novo Aty Guasu vai se realizar numa conjuntura de luta e resistência, marcada pela decisão da Fundação Nacional do Índio (Funai) de continuar com os estudos que visam às demarcações de terra no Mato Grosso do Sul, com prioridade das terras reclamadas como áreas tradicionais dos Kaiowa-Guarani. O Aty Guasu vai ser de muita importância pelos que significa a memória de Marçal de Souza e o início dos primeiros trabalhos para futuras demarcações de terra – que hoje encontram todo tipo de dificuldades e agressões por parte dos ocupantes não indígenas.
O líder guarani Marçal de Souza foi assassinado dia 25 de novembro de 1983, na porta de sua casa, em Campestre, terra indígena Ñanderu Marangatu, no mesmo lugar onde acontecera o próximo Aty Guasu. Este fato se espalhou logo por todo o mundo e constitui hoje uma das referencias mais importantes não só da luta do povo Guarani, mas também dos outros povos indígenas do Brasil e de organizações populares brasileira e latino-americana. Com a memória desse fato, os Kaiowa-Guarani vão analisar juntos o andamento de identificação e processos judiciais envolvendo as terras que lhes pertencem e cuja devolução vem exigindo. Outro momento importante vai ser o batizado das crianças no Rio Apa, em Pirakua (terra takuapiri). Também serão exibidos vídeos sobre a vida de Marçal de Souza e de outros lutadores indígenas.
Rituais, danças e orações, como partes fundamentais da luta e resistência dos povos guarani, vão se misturar com as palavras, as idéias e as formas que darão conteúdo às próximas lutas pela Terra, Vida e Futuro do grande povo guarani. Atualmente, os Guarani enfrentam novamente todo o desprezo e a humilhação dos que, vinculados e escudados no poder econômico, se negam a reconhecer o legítimo direito que assiste a este povo.