O Grito e a Dança pela Vida
O Grito e a Dança pela Vida
Eram milhões!
Seu grito era expressão da festa, da alegria, da abundância!
Acompanhava a s danças, os rituais sagrados que uniam a comunidade
E dinamizavam o cotidiano.
Mas chegou o colonizador
E seu grito foi forte, opressor
Na invasão de terras alheias, na exploração de suas riquezas…
E a dominação cultural se instaurou nestas terras sagradas,
Milenarmente povoadas!
Mais de 500 anos se passaram…
E os que previam sua extinção, sua integração à “comunhão nacional”,
Enganaram-se.
Sim, a dominação não conseguiu apagar o sonho!
A imposição não conseguiu eliminar o espírito festivo e guerreiro!
Indígenas, povos de tantos nomes,
De múltiplas línguas, de tradições plurais…
Persistem, resistem, insistem
E Gritam forte!
Sete de setembro de 2008! Praça da Sé, Ipiranga!
Independência tardia!
Os maracás e as flautas se encontram em sonora melodia
O grito indígena ecoa, presente, provocativo,
Pela vida, pela terra, pelos direitos “constituídos”, embora até hoje negados,
Com o sangue conquistados!
O Toré, dança sagrada e festiva, une indígenas, negros, brancos…
Na grande festa popular,
A festa da Vida, da voz silenciada, hoje, ouvida,
Anúncio de esperança em uma nova canção,
Sinal de um novo tempo em construção!
Grito dos Excluídos! Dos povos indígenas!
De todos os povos da luta e da resistência!
A vez e a voz dos pobres, com a terra irmanados,
Com as lutas sociais enlaçados
Numa grande rede pela Vida!
Beatriz Catarina Maestri, CF e missionária do Cimi SP