Demarcação das terras Kaiowá Guarani: o diálogo como melhor caminho
A Comissão de Direitos Kaiowá Guarani de Mato Grosso do Sul e entidades aliadas, na defesa dos direitos indígenas sobre suas terras tradicionais (tekoha), assinam este documento de manifestação pública, para chamar a atenção da população sobre os exageros que estão sendo falados e de propor um debate racional do tema, para que as pessoas possam se esclarecer e opinar de forma segura nessa questão de extrema complexidade e urgência, que desafia a todos e assim decidiram:
1. Repudiar toda forma mentirosa e maldosa com que setores políticos e econômicos do Estado estimulam intrigas e promovem o ódio contra os povos indígenas, no momento que o Governo Federal, finalmente, inicia o cumprimento do artigo 231 da Constituição Federal, obedecendo ao Termo de Ajuste de Conduta (TAC) firmado com o Ministério
Público Federal.
2. Manifestar, mais uma vez, que as signatárias não aceitam qualquer processo de adiamento na identificação e demarcação dos tekohas do povo Guarani de Mato Grosso do Sul, como gesto mínimo do Estado Brasileiro de reparação da divida social que tem com essa população.
3. Afirmar o entendimento que o Governo Federal e Estadual, em acordo com os produtores e os índios, criem as condições legais para indenizar títulos de boa fé existentes sobre as terras indígenas. Os direitos constitucionais indígenas, não podem deixar de ser cumpridos por ingerências políticas do Estado ou da União.
4. Propor que, dentre as alternativas para a indenização de títulos de boa fé existentes sobre terras indígenas, se analise a inclusão das obrigações não cumpridas pelos proprietários rurais, relativa aos 20% de reservas legais obrigatórias nos imóveis rurais. Estas obrigações podem ajudar nas indenizações e facilitar as negociações.
5. Igualmente, propor o diálogo sincero, respeitoso e igualitário, como forma inteligente de reduzir as pressões, tranqüilizar as pessoas e estabelecer uma agenda positiva na direção do entendimento, que leve a imediata devolução das terras indígenas, de forma respeitosa, justa e sem animosidades.
Assim, sugerem as signatárias, a todas as pessoas de boa fé deste Estado. Que reflitam sobre isso e façam um juízo consciente sobre a necessária e urgente solução da questão indígena em nossa região. Para isso o caminho é a terra porque índio não sobrevive sem a sua condição básica em que terra é vida. Nesse sentido o diálogo é a ferramenta de trabalho, com a qual é possível construir uma vida melhor para todos, com respeito e dignidade ao segmento social mais pobre e sofrido do Mato Grosso do Sul, os índios Guarani (Nhandeva e Kaiowá).
Dourados/MS, 03 de Setembro de 2008.
Aty Guassu-Mobilização Kaiowa-Guarani
Comissão de Direitos Kaiowá Guarani
Ará Verá – Curso de Magistério Indígena
Tekó Arandu – Licenciatura Guarani-Kaiowa – UFGD
Campanha “Povo Guarani, Grande Povo”
Aldeia Mãe Terra-Terena Cachoeirinha
Comitê Regional de Defesa Popular-Dourados
Secretaria Municipal de Agricultura de Dourados
Conselho Indigenista Missionário – Cimi
Fundação Nacional do Índio-Funai
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST
Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD
Comissão Pastoral da Terra (CPT)
Centro de Defesa dos Direitos Humanos “Marçal de Souza” (CDDH)
Natal Ortega, presidente do Partido dos Trabalhadores (PT-Dourados)
CONLUTAS/MS
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado/MS (PSTU)