Outro indígena falece em Rondônia devido à demora no atendimento
Morreu no dia 3 de agosto, no Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro,
No final de junho de
A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) é ciente de que, no caso de leucemia aguda, as chances de sobrevida dependem da rapidez do tratamento. É uma questão de dias, ou até, de horas, para que se consiga, por meio de quimioterapia, a primeira melhora. O Cimi e Dom Geraldo, bispo da diocese de Guajará-Mirim, fizeram grandes esforços para conseguir a remoção de Pao Yam, inclusive, falaram com o senador Valdir Raup e com o Coordenador da Funasa, Dr. Josafá Pihyaui Marreiro.
A Funasa sempre respondia que podia realizar a remoção, mas não havia vaga no hospital em Barretos (para onde Pao Yam seria removido). No dia 30 de julho, o Cimi contatou o Serviço Social do hospital Pio XII em Barretos e descobriu que bastava enviar o laudo médico e os documentos do paciente, pois, avaliando a gravidade da doença, eles agendavam imediatamente a internação.
Em seguida, o Cimi e a liderança Antônio Puruborá repassaram as informações e os contatos para a Funasa, por meio da Srª Ivonêse Rodrigues da Silva – chefe do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) de Porto Velho. Infelizmente a Funasa só repassou os dados exigidos pelo hospital, no dia 1º após o meio dia. Já era tarde, a febre já tinha aparecido, bem como hematomas espalhados em todo o corpo. Pao Yam faleceu sem sequer ter iniciado o tratamento.
No dia 20 de julho, antes de viajar, o médico do Cimi, Dr. Gil de Catheu, foi ao Hospital de Base e encontrou Pao Jam no terceiro dia da sua internação. Ele estava andando no corredor abatido pela descoberta da doença. Entretanto, o estado clínico do paciente e os exames de sangue não apresentavam sinais da doença. Pelo contrário, indicavam que ele ainda estava em boas condições para viajar e iniciar a quimioterapia.
No dia 31 de julho, faleceu também
O Cimi vem denunciando a negligência da Funasa em relação a grande demora na remoção dos pacientes com doenças graves ou com risco de evoluir para uma doença grave, como nos casos dos portadores de hepatites B ou C. Somente neste ano, a precariedade no atendimento resultou na morte de quatro pessoas: duas portadoras do vírus de hepatite B (com câncer do fígado), Severino e Pao Yam.
Portanto, a União terá que responder por essa situação. Os indígenas e o Cimi estão cansados de cobrar do Ministério Público Federal providências. Para nós, é muito claro que, enquanto não houver mudanças na Coordenação Regional da Funasa de Rondônia, não podemos esperar por dias melhores na saúde indígena do estado.
CIMI – Regional Rondônia