25/06/2008

Informe nº. 822: Impunidade: execução de indígenas Truká segue impune

Informe nº. 822


 


         Impunidade: execução de indígenas Truká segue impune


         Desassistência à saúde causa a morte de nove indígenas do povo Pirahã


 


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Impunidade: execução de indígenas Truká segue impune


 


Na próxima segunda-feira (30) faz três anos que Adenilson dos Santos (Dena) e seu filho Jorge dos Santos, indígenas do povo Truká, foram executados por policiais militares dentro da terra indígena Truká, em Cabrobó, Pernambuco. Apesar da evidência de que os assassinatos ocorreram em decorrência de conflitos relacionados à posse de terra, o processo está tramitando na justiça comum e os autores dos disparos seguem impunes.


Dena e Jorge participavam de um evento festivo da aldeia quando quatro policiais militares à paisana invadiram a festa atirando. Dena, que se encontrava no meio do salão foi baleado. Quando Jorge viu o pai ferido, foi tentar defendê-lo e acabou sendo morto na hora. Os indígenas que estavam no local ainda tentaram levar Dena ao hospital, “mas os policiais não deixaram e estouraram os pneus do carro que ia socorrer Dena”, relata Pretinha Truká.


Pretinha conta que após esses três anos aconteceram apenas duas audiências. A primeira com os quatro acusados e, no mês passado, foram chamadas a depor seis testemunhas do crime. Segundo ela, a comunidade não quer que o julgamento aconteça em Cabrobó, nem que seja conduzido pela justiça comum. Os indígenas estão se articulando com entidades de direitos humanos para que o processo seja encaminhado à justiça federal.


Os atos de repressão, assassinatos e criminalização de lideranças indígenas têm suas origens no processo de retomada das terras tradicionais pelos Truká. O povo expulsou de suas terras fazendeiros e plantadores de maconha, tornando-se um dos maiores produtores de arroz do Brasil.


Como acontece todos os anos, a comunidade Truká fará no dia em que marca a data do assassinato de Dena e Jorge – 30 de junho – um ato público em memória dos dois e em protesto pela impunidade dos assassinos.



 


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Desassistência à saúde causa a morte de nove indígenas do povo Pirahã


 


Oito crianças e um adulto do povo Pirahã (Amazonas) morreram, de janeiro a junho deste ano, vitimados provavelmente pela malária. A falta de assistência à saúde das comunidades localizadas ao longo dos rios Maici e Ipixuna, no município de Humaitá (distante 450 Km de Manaus), tem sido apontada pelos indígenas como causa dos óbitos. A Prefeitura Municipal de Manicoré é responsável pelo atendimento àquelas aldeias.


 


“Ninguém sabe se a equipe não vai para a área por falta de recursos ou se esses recursos são desviados”, indaga o indígena Júnior Tenharim. “A equipe não vai na área há muito tempo e,  quando eles vão, fazem trabalho relâmpago: entram em um dia e saem no outro”, reclama ele acrescentando que “sem a presença de profissionais de saúde, outras mortes poderão acontecer”.


 


Os conselheiros do Conselho Distrital de Saúde Indígena encaminharam documento à coordenação regional da Funasa relatando que foram diagnosticados casos de malária, tuberculose, hanseníase, diarréias, desnutrição e outras doenças. Segundo eles, 14 indígenas morreram naquela região, somando os nove Pirahã e cinco de outros povos indígenas da localidade.


 


O coordenador regional da Funasa, Narciso Cardoso Barbosa, afirmou que tem conhecimento de que a região é endêmica de malária. “A Funasa está buscando estratégias para atuar de forma cooperada com a Superintendência Estadual de Saúde, a Fundação de Vigilância em Saúde e a prefeitura de Manicoré. A Funasa sozinha encontra dificuldades para atuar”, disse ele, acrescentando que o atendimento é precário devido à “dificuldade de acesso às aldeias”.


 


Os Pirahã que vivem nesta região são indígenas de pouco contato, que somam 230 pessoas.  As mortes ao longo deste ano afetaram 3,9% da população.


 


(Com informações de J. Rosha – Cimi Norte I) 


 



 


Brasília, 26 de junho de 2008.


Cimi – Conselho Indigenista Missionário


 


 

Fonte: Cimi
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