29/05/2008

Informe nº. 818: Casal Guajajara é baleado no Maranhão

Informe nº. 818


 


Casal Guajajara é baleado no Maranhão 


Anistia Internacional destaca violência contra povos indígenas


 


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Casal Guajajara é baleado no Maranhão 


 


Na manhã do dia 23 de maio, dois homens encapuzados atiraram em um casal do povo Guajajara que caminhava na estrada MA-006, próximo da aldeia Bacurizinho, município de Grajaú, no Maranhão. É o segundo ataque em duas semanas no estado, o que fez crescer muito a tensão na região, deixando o povo acuado em suas aldeias.


 


Os homens que atiraram contra Itamar Carlos Guajajara, de 35 anos, e Deolice Rodrigues Guajajara, de 30 anos, aparentemente não tinham motivos para o ataque. O casal andava pela estrada, quando os atiradores ordenaram que os indígenas parassem, do contrário seriam mortos. O casal parou, mas, mesmo assim, os homens dispararam, atingindo Itamar com uma bala que perfurou seu pulmão. Deolice também foi alvejada por traz, na coxa direita. O casal foi hospitalizado, mas já recebeu alta e voltou para aldeia. A Polícia Federal já foi à região apurar o caso, mas até o momento nenhum dos atiradores foi identificado.


 


Assassinato


Este caso se assemelha ao da menina Guajajara, de seis anos de idade, assassinada no dia 5 de maio. Ela recebeu um tiro na cabeça enquanto assistia televisão numa casa às margens da mesma rodovia MA-006, próximo do município de Arame. Segundo os missionários do Cimi que atuam no Maranhão, existe a suspeita de que um grupo de extermínio esteja agindo contra os indígenas.


 


Um dos suspeitos de matar a menina Guajajara foi preso. Isso está causando uma reação da população de Arame contra os indígenas. “As ameaças cresceram. Os indígenas estão acuados em sua própria terra. Não podem ir à escola na cidade e parte da assistência à saúde foi suspensa.”, explica Rosemeire Diniz, coordenadora do Cimi-Maranhão.


 


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Anistia Internacional destaca violência contra povos indígenas


 


A Anistia Internacional (AI), no seu relatório anual sobre os direitos humanos, divulgado dia 28 de maio, destacou a violência contra os povos indígenas dentre as diversas violações aos direitos humanos praticadas no Brasil em 2007.  A publicação apresenta casos de assassinatos de indígenas, de exploração de mão-de-obra escrava em canaviais e de perseguição de lideranças.


 


Assassinatos


No documento, a Anistia afirma que “ativistas rurais e povos indígenas que realizam campanhas por acesso à terra foram ameaçados e atacados por policiais e por seguranças privados.” 


 


O relatório cita os casos dos Guarani Kaiowá Xurete e Ortiz Lopes, no Mato Grosso do Sul,  como exemplos de assassinatos em conflitos fundiários. Ainda em relação ao Mato Grosso do Sul, o levantamento destaca a exploração dos Guarani Kaiowá como mão-de-obra escrava em canaviais no estado. Em 2007, em duas operações do Ministério do Trabalho, foram libertados 980 indígenas, a maioria destes era Guarani.


 


Além dos impactos sociais causados pela expansão do setor canavieiro, dentre as causas dos conflitos fundiários, estão: a expansão de outras monoculturas como soja e eucaliptos, a extração ilegal de madeiras, a mineração e projetos de infra-estrutura, como a construção de represas e o projeto de Transposição do rio São Francisco.


 


Perseguição


A Anistia também apresentou casos, no relatório, de perseguição aos defensores dos Direitos Humanos. Dentre estes, destacou a situação do cacique Marcos Luidson, do povo Xukuru (Pernambuco), que, após receber ameaças, precisou receber proteção policial.  Entre os Xukuru, diversas lideranças, além de perseguidas, são criminalizadas. 



 


Brasília, 29 de maio de 2008.


Cimi – Conselho Indigenista Missionário

Fonte: Cimi
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