15/05/2008

Informe nº. 816: Indígenas pretendem atuar em processo que questiona a demarcação de Raposa Serra do Sol


Ontem, 14 de maio, seis comunidades indígenas da terra Raposa Serra do Sol ingressaram no Supremo Tribunal Federal (STF) com um pedido para se tornarem parte na Ação Popular que decidirá o futuro daquela terra. Na mesma petição, requerem que a Ação, do senador Augusto Botelho (PT/RR), seja considerada improcedente e que a demarcação da terra em área contínua seja mantida.


 


As comunidades são beneficiárias da demarcação que a Ação pretende anular e podem ser prejudicadas se o STF considerar a Ação procedente, por isso, elas entendem que têm o direito de participar do processo. O ministro Carlos Ayres Britto, relator do processo, decidirá se aceita o pedido das comunidades.


 


Em relação à Ação Popular, a petição apresentada pelas comunidades afirma que “o objetivo do autor é defender os interesses patrimoniais de indivíduos”. A Ação Popular omite os supostos prejuízos ao meio ambiente ou ao patrimônio público causados pela Portaria que declarou como indígena a terra Raposa Serra do Sol. “E nem poderia ser diferente, pois a referida Portaria apenas oficializa o reconhecimento de um direito constitucionalmente garantido.”, afirma a petição dos indígenas.


 


A petição também demonstra que a demarcação não fere o princípio federativo, pois não visa separar a terra indígena do estado de Roraima: “Estados não governam apenas sobre os terrenos de seu domínio. (…) Se assim fosse os Estados federados do Sul e Sudeste do país seriam ingovernáveis, já que a imensa maioria de seus respectivos territórios está sob domínio privado.”


 


“Se o Supremo é o fiscal da Constituição e, em relação aos povos indígenas, as questões estão baseadas na Constituição, esperamos que a decisão seja tomada em acordo com a lei maior do país e que a Ação seja considerada improcedente. Espero que os argumentos políticos não se sobreponham aos direitos dos povos indígenas”, afirma Joênia Carvalho Wapichana, advogada das comunidades.


 


A petição apresentada também lembra que a convivência entre índios e não índios no interior da terra nunca foi pacífica. Até hoje, 21 indígenas morreram em decorrência da disputa sobre a terra.


 


Segundo Joênia, os indígenas em Raposa Serra do Sol estão apreensivos, mas esperando a decisão do Supremo. Não há bloqueios de estradas, como tem sido noticiado. “Estão divulgando muitas coisas de forma distorcida”, afirma a advogada.


 



Brasília, 15 de maio de 2008.


Cimi – Conselho Indigenista Missionário


Fonte: Cimi
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