08/05/2008

Informe nº. 815: Invasores matam menina Guajajara de seis anos no Maranhão

No dia 5 de maio, dois homens mataram uma menina de seis anos do povo Guajajara. De moto, eles invadiram a aldeia Anajá, na terra indígena Araribóia, próxima ao município de Arame, no centro-oeste do Maranhão. Os criminosos atiraram contra uma família que estava num centro comunitário, na correria, a menina M.S. levou um tiro na cabeça e morreu na hora.


 


Segundo os Guajajara, os assassinos, moradores da região, seriam os mesmos que, no início de 2007, assassinaram Timóteo Guajajara. É sempre tensa a relação entre os Guajajara e os moradores de Arame e dos povoados da região. Com medo, muitas famílias indígenas se mudaram para o interior da terra indígena para ficar longe da estrada que limita a terra indígena.


 


A região de Arame concentra a maioria dos casos de violência contra os povos indígenas no Maranhão. Em 2007 cinco indígenas foram assassinados nesta área. Além disso, a aldeia Cururu foi invadida por comerciantes e moradores da área urbana de Arame. Eles queimaram casas, destruíram parte da aldeia e feriram dois indígenas com tiros.


 


“Há um preconceito e uma raiva muito forte contra os indígenas, pois a cidade fica rodeada de terras demarcadas. Além disso, a exploração de madeira na região fez aumentar a população dos povoados vizinhos à terra indígena”, explica Rosimeire Diniz, coordenadora do Cimi no Maranhão. Segundo os missionários que atuam na área, é comum pessoas passarem de carro ou moto atirando nos indígenas.


 


Hoje, a Polícia Federal foi à terra Araribóia coletar informações sobre o crime para abrir o inquérito. Ontem, a menina foi enterrada e não há nenhum clima de comoção em Arame. Segundo os missionários que acompanharam o enterro, os Guajajara não acreditam na Justiça, dizem que “matar índios por aqui é igual matar um cachorro, pois não acontece nada”.


 


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PF prende arrozeiro de Roraima por tentativa de assassinato de indígenas


 


No dia 6 de maio, a Polícia Federal prendeu, em flagrante, o arrozeiro Paulo César Quartiero por armazenar explosivos sem autorização, formar uma quadrilha e tentar matar indígenas na terra Raposa Serra do Sol, noroeste de Roraima. Um dia antes (5/5), empregados de Quartiero atiraram e lançaram bombas contra indígenas que construíam barracões, deixando 10 pessoas feridas.


 


A prisão de Quartiero ocorreu durante a ida do Ministro da Justiça, Tarso Genro, a Roraima para tentar controlar a tensão na região. Na ocasião, foram presos o filho e 10 empregados do arrozeiro. Genro também determinou o deslocamento de 300 policiais para a terra indígena. Quartiero está preso na Carceragem da Polícia Federal, em Brasília, tem foro privilegiado e só prestará depoimento ao Tribunal Regional Federal (TRF1).


 


Há vários dias os indígenas que vivem em Raposa Serra do Sol já pediam o aumento do contingente policial na área. A tensão na região se intensificou em março deste ano, quando algumas pessoas começaram a resistir de forma violenta à operação de retirada dos ocupantes não-indígenas que vivem na terra, homologada em abril de 2005.


 


Em 9 de abril deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou  a suspensão da operação, que só poderá ser retomada depois que o STF deve julgar o mérito de uma Ação Popular que pede a nulidade da Portaria n. 534, de abril de 2005, que declarou a área como terra indígena. Esta Ação deve ser julgada até o fim de maio.



 


Brasília, 8 de maio de 2008.


Cimi – Conselho Indigenista Missionário

Fonte: Cimi
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