20/02/2008

Terra do povo Tembé continua invadida

 



 


Até ao final da manhã de hoje (20), nem a Polícia Federal, nem o Batalhão de Choque da Polícia Militar, que ficaram de se deslocar para a aldeia Itaho, no Pará, invadida por posseiros desde domingo (17), chegaram ao local. O clima na comunidade é de muita tensão, pois ainda continuam reféns seis indígenas dentro da aldeia e mais duas pessoas (um indígena e uma enfermeira não-índia que trabalha no Pólo de Saúde) que foram deslocadas para a vila Livramento, próxima ao município de Garrafão do Norte, que faz fronteira com a terra indígena.


 


Um representante da Fundação Nacional do Índio (Funai) chegou hoje pela manhã ao município de Capitão Poço, próximo à aldeia, para obter informações sobre o acontecimento, mas já retornou a Belém.


 


Segundo informações de pessoas que se encontram em Capitão Poço, a estrada que liga este município à vila Livramento foi interditada pelos invasores. Disseram também que a polícia ainda não chegou ao local porque foi deslocada para o município de Tailândia, onde ocorre outra manifestação de madeireiros. Eles bloquearam um trecho da rodovia PA-150, em protesto à operação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para a apreensão de madeira ilegal na região. A possibilidade é de que as duas ações, na área indígena e em Tailândia, estejam interligadas e tenham sido planejadas por interesses dos madeireiros.


 


O caso


Centenas de posseiros invadiram a aldeia Itaho, na terra indígena Alto Rio Guamá, do Povo Tembé, no Pará. Os invasores chegaram ao local ao meio dia de domingo (17) e permaneceram até manhã de hoje (20).


 


Esta não é primeira vez que a terra dos Tembé é invadida por posseiros. As ações são motivadas por políticos e madeireiros locais, que têm interesses de manter atividades madeireiras e a exploração dos recursos naturais em parte da área.


 


A Reserva Alto Rio Guamá foi homologada em 1996 com 279 mil hectares, entre os rios Guamá e Gurupi, na fronteira com o Maranhão. Nela vivem cerca de 1000 indígenas. Apesar da terra indígena ter sido reconhecida, os índios ainda não puderam ter a posse exclusiva dela, pois está constantemente invadida por posseiros e madeireiros.


 


Havia um planejamento de retirada dos posseiros, mas por falta de recursos do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e da Funai ele não foi concluído. A paralisação das ações de retirada motivam novas invasões.


 


Com informações do Cimi – Norte II

Fonte: Cimi Norte II
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