12/02/2008

Lideranças indígenas acampam no polo de saúde de Feijó (Acre)

Caros companheiros/amigos


 


É com tristeza que informamos a vocês que os povos indígenas de Feijó, num total aproximado de 250 indígenas, estão acampados no Pólo Base de Feijó desde ontem, 12 de fevereiro, protestando contra a política de saúde adotada pela Prefeitura de Feijó com a conivência da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).


 


Por muito tempo, os povos indígenas esperaram que as autoridades constituídas cuidassem para que a saúde chegasse às suas comunidades, pois sabiam que recurso financeiro existia na prefeitura, vindo diretamente dos cofres da União exclusivamente para esse fim – um montante mensal de mais de R$ 91 mil fora outros R$ 15 mil que a prefeitura recebe mensalmente como incentivo. Logo, cuidar para que os índios tenham saúde não era nem um favor prestado pela prefeitura, já que esta recebe recursos para isso.


 


Com os recursos em Feijó, os procedimentos deveriam ser menos burocráticos. Porém, a má vontade da administração municipal aliada à antipatia do prefeito aos indígenas e à omissão da coordenação da Funasa tem feito as coisas ficarem cada dia pior, tanto que há mais de um ano o Movimento Indígena reivindica a retirada do recurso da prefeitura.


 


Segundo as lideranças indígenas, eles já estão cansados de reivindicar o cumprimento dos seus direitos. Não agüentam mais ver seus parentes sendo socorridos apenas quando estão em estado terminal, indo para Rio Branco em uma maca e voltando dentro de um caixão.


 


Dentre as reivindicações que eles tem feito e que agora reafirmam estão:


 


– Liberação do recurso para que a equipe multidisciplinar realize as viagens para as áreas, evitando o fluxo de índios na cidade, que vêm doentes e acabam voltando ainda mais doentes;


 


– Adequação do pólo base de saúde para que possa abrigar os pacientes em recuperação antes de voltarem para suas áreas e construção de uma casa de repouso e recuperação na aldeia Morada Nova;


 


– Estrutura para atuação dos auxiliares de enfermagem nos pontos estratégicos do Alto Rio Envira;


 


– Melhoria do sistema de comunicação e transporte nas comunidades;


 


– Saneamento básico;


 


– Reconhecimento do administrador que foi nomeado pelas lideranças e que é ignorado pela administração municipal;


 


– Melhoria da estrutura para a equipe multidisciplinar;


 


– Prestação de contas do recurso para a saúde indígena dede o início da vigência do Convênio (sempre que fazem solicitação de despesa baseada no planejamento das atividades de saúde existe a alegação de que não existe recurso).


 


São muitas as reivindicações e reclamações que eles têm feito ao longo de muitos anos. Sobre aos pedidos encaminhados ao chefe do Distrito de Saúde Especial indígena (Dsei) do Alto Juruá, ele que dizia que já estava providenciado a transferência dos recursos para outra prefeitura ou o atendimento das reivindicações pela prefeitura de Feijó. Porém, o Movimento Indígena nunca tomou providências mais enérgicas. Agora chegaram ao limite de tolerância e querem intervenção do Ministério Publico para obrigar a prefeitura e a Funasa a cuidar com mais zelo da saúde dos povos indígenas.


 


É lamentável o sofrimento de crianças, mulheres grávidas e pessoas doentes devido à omissão e ao descaso com a vida humana.


 


No pólo base, as condições são mínimas para abrigar por muito tempo um montante de gente como o que lá está. Sem comida, água e condições sanitárias, não sabemos por quanto tempo eles vão agüentar. Esperamos sinceramente que o desfecho seja satisfatório e que seja garantida a vida dos povos indígenas de Feijó.


 


Atenciosamente,


 


Equipe do Cimi Feijó

Fonte: Cimi - Equipe Feijó
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