19/11/2007

Ferrovias da Vale: agora, para o sul


Só a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) se habilitou à concorrência do trecho norte da ferrovia Norte-Sul. Pagou o preço mínimo, de quase 1,5 bilhão de reais, e ficou com a concessão para operar os 720 quilômetros da linha, entre Palmas, a capital do Tocantins, e Açailândia, no Maranhão.


 


Ao mesmo tempo, o ministro dos Transportes, o amazonense Alfredo Nascimento, anunciou que o governo pensa em prolongar a ferrovia de Anápolis, em Goiás, ponto extremo do braço norte, que fica a uns 700 quilômetros de Palmas, até Santa Fé do Sul, quase na divisa de São Paulo com Mato Grosso do Sul, com mais 500 quilômetros. Ele previu que esse último trecho será concorrido, porque várias empresas operam na região com outras ferrovias. Dificilmente voltará a aparecer um único licitante.


 


Pelo andar do trem, ele não chegará a Belém, ao contrário do que se previa (ou se queria por aqui). Diferente também do discurso oficial, só de fachada a Norte-Sul é um projeto do governo. Quem a concebeu foi a Valec, originalmente uma empresa controlada pela CVRD, depois repassada, com mala e cuia, para a administração federal. Ficou a marca dos interesses da Vale, que monta um sistema de transporte ferroviário sem similar no país, todo voltado para drenar as riquezas do país.


 


Depois de assumir a concessão da ferrovia de Carajás, com seus quase 900 quilômetros, entre a mina e o porto da Ponta da Madeira, no litoral do Maranhão, a empresa vai estabelecendo a conexão com sua linha mais antiga e maior, a Vitória Minas, que leva minério de Minas Gerais para o porto de Tubarão, no Espírito Santo. A Norte-Sul irá conectar esses dois caminhos paralelos e ligá-los também aos portos de Santos, em São Paulo, e do Rio de Janeiro, com um total de mais de quatro mil quilômetros de trilhos. Aliás, os trilhos estão sendo modernizados e reforçados para suportar um volume de cargas cada vez maior, como se a Vale estivesse removendo um país para outros países.


 


Mais do que uma empresa privatizada, ela vai se tornando um governo. Ou mesmo um país.


 


 


 

Fonte: Adital
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