08/10/2007

Resistência, luta e sobrevivência

A aldeia indígena Bahetá, na Bahia, e sua comunidade são símbolos de resistência e luta para os Pataxó Hã Hã Hãe na conquista de seu território tradicional indígena. A comunidade da aldeia vive em uma pequena área e, lamentavelmente, tem vivido momentos angustiantes. O rio era o único meio de sobrevivência, local de onde tirava seus sustentos, mas a comunidade não pode mais contar com esse meio, pois a ação devastadora do homem acabou com essa fonte de riqueza. O terreno é bastante seco, e muitos sobrevivem de ajudas de parentes que foram obrigados a trabalhar em cidades distantes. Outros dependem do programa do governo, a Bolsa Família. A situação é grave.


A situação é pior do que qualquer um possa imaginar. A comunidade não tem atendimento por parte da Fundação Nacional do Índio (Funai), nem da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).   Muitos índios que estão precisando aposentar-se passam por dificuldade por não ter um acompanhamento de uma pessoa para ajudar no processo burocrático que exige a lei. Muitos têm que se locomover até Pau Brasil e passar dias para conseguir uma declaração. Por outro lado não existi nenhum tipo de assistência da Funai em relação aos direitos contidos na Constituição Federal. Esperamos que o novo administrador da Funai na região, Rômulo Cerqueira, dê mais atenção a essa comunidade.


Quanto à Funasa, a situação é muito pior. Ela é a responsável pela saúde indígena, mas não tem honrado com seu compromisso firmado em 1999 quando assumiu a Saúde Indígena com uma promessa de que “agora os índios terão a saúde que merecem”. Na realidade nada disso está sendo feito com essa comunidade, ao contrario, já faz mais de cinco meses que o PSF indígena não presta seu atendimento a essa comunidade; não existe nenhum meio de transporte na aldeia prestando serviço como há em outras aldeias. Como pode isso acontecer? Em pleno século XXI vivermos a mercê da ditadura silenciosa da Funasa e Funai? Mas é essa, a dura realidade de um povo que não deve ser visto como coitados, e sim como pessoas capazes de produzir e se auto – sustentar basta ter um incentivo que pode vir de varias formas como irrigação, projetos e etc. Isso sim é contribuir para a gente produzir nossos próprios alimentos.


O DSEI – BA só existe para servir diárias para os funcionários que não estão comprometidos com a saúde indígena. Estamos à mercê da sorte mesmo. Mas vamos à luta !!! Falamos aos parentes que está na hora da gente gritar bem alto pelos nossos direitos e mostrar a nossa força, se não ficaremos mais quinhentos anos sobrevivendo como pobres coitados, massacrados por herdeiros do trono da Burguesia. Pedimos também aos companheiros da sociedade civil, que sempre se dedicaram em ajudar os povos indígenas, ajuda para fiscalizar e cobrar todos juntos pressionando o governo a cumprir com seus deveres para com as comunidades indígenas.


Bahetá, Bahetá sou teu filho e te digo, um dia quero ser livre contigo!!!!


Reginaldo Titiáh – cacique da aldeia Bahetá

Fonte: Cimi
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