Mais um indígena assassinado
Caso pode ter ligação com disputa pela terra
Registrado mais um caso de violência gratuita contra indígenas. Desta vez, a vítima foi um Xakriabá. Avelino Nunes da Costa, 40 anos, foi abordado e agredido brutalmente por quatro rapazes na madrugada de domingo (16/9), na comunidade de Virgínio, município de Miravania (Minas Gerais) – limitante da área Xakriabá.
O assassinato ocorreu quando Avelino voltava de uma festa. Os agressores o abordaram e começaram a espancá-lo com pauladas e chutes. Três pessoas foram presas na cidade de Manga (MG), entre elas dois adolescentes de 15 e 16 anos, e Edson Gonçalves, de 18 anos. Os agressores disseram à polícia que não tinham o objetivo de matá-lo. Queriam somente dar um susto no índio, “só espancar, tirar as suas roupas e depois ir embora”.
O caso lembra o que aconteceu com Galdino Pataxó, queimado vivo em 1997 enquanto dormia num abrigo de ônibus em Brasília. Os assassinos, cinco estudantes de classe média alta, disseram que a intenção era apenas “dar um susto, fazer uma brincadeira”.
A violência sofrida por Avelino e Galdino reflete o preconceito, a discriminação, omissão e ameaça vivenciada cotidianamente pelas populações indígenas. Ela também denuncia a desinformação da população em geral sobre a luta indígena e o direito destes povos a suas terras.
Acredita-se que o assassinato de Avelino possa ter ligação com o processo de luta pela terra na localidade, já que os povos envolvidos na retomada de seus territórios originais vêm sendo ameaçados constantemente. Avelino integrava o grupo da aldeia Peruaçu que luta pelo reconhecimento de suas terras na região de Dizimeiro.
A polícia efetuou a prisão dos autores em flagrante. O inquérito será concluído em 10 dias e os dois adolescentes foram encaminhados ontem (17/9) à Promotoria de Justiça.
A equipe do Cimi Leste acompanha o caso junto à comunidade e está liderando uma comissão de entidades e pastorais que irá se reunir com o representante da Justiça Federal na região. Também solicitou uma conversa com o delegado que cuida do caso. “A intenção é acompanhar cada passo da Justiça, para que casos como este não fiquem impunes aos olhos da sociedade e das instituições”, declarou Wilson Mário Santana, coordenador do Cimi Leste.
Equipe Xakriabá