Organização contesta declaração de coordenador da Funasa
“Estamos indignados com a falta de seriedade da Funasa. Cansamos de muita conversa e nenhuma solução”, reagiu indignada Graciete de Oliveira Gomes (Mura), tesoureira da Organização dos Povos Indígenas Torá, Tenharim, Mura e Parintintin – Opittamp, em face das declarações do coordenador da Funasa, Francisco José Ayres Costa, referindo-se à detenção de três membros da equipe de saúde que estavam na área indígena. O coordenador da Funasa declarou a Folha de São Paulo (ed. 14/05/2007 – Brasil), que “os indígenas querem a presença dos membros da Funasa para expulsar os mura pirahã que também vivem na reserva”. Graciete negou que seja este o motivo da reação dos indígenas. “Precisamos de respostas concretas. Por isso chegamos ao limite das negociações!”, enfatizou ela. Os indígenas querem solicitam a presença do Coordenador da Funasa, do chefe do Distrito, da Gerente Técinica do Distrito, do prefeito de Manicoré e do Secretário municipal de saúde daquele município. As lideranças recusam a negociar com representantes destas pessoas, pois, segundo eles, “nos momentos decisivos estas autoridades nunca se fazem presentes”. Ao longo deste ano, a Opittamp denunciou em várias ocasiões a morte de indígenas do povo Pirahã por falta de assistência médica e solicitava da Funasa o envio de uma equipe de saúde para a área. Devido à omissão do órgão, os indígenas decidiram manter funcionários do Dsei – Distrito Sanitário Especial Indígena na aldeia Estirão do Equador. Os funcionários detidos são Antônio Mota da Silva Filho (laboratorista), Camila Noveleto (nutricionista), e Djalma de Brito Quirino (cirurgião-dentista). Segundo Junior Tenharin, os funcionários estão bem e alojados no posto de saúde da aldeia do Estirão Grande do Rio Marmelos. De janeiro a abril deste ano morreram seis Pirahã de um total de 185 índios, o que representa 3,25% da população. No mês de abril morreu Abaguê Pirahã de 88 anos da aldeia “Passa Bem”. Ele apresentou uma infecção de ouvido no mês de novembro de 2006 que não foi tratada pela equipe de saúde. A infecção se espalhou, levando a óbito o indígena. A outra morte foi por problemas no parto. Caboguê Pirahã de 20 anos da aldeia Cacaia teve problemas durante o parto e a criança faleceu. Das 04 mortes de recém nascidos deste ano, nenhuma mãe teve acompanhamento pré-natal. Outra ameaça aos indígenas é a tuberculose. Desde 2003, pelo menos três casos da doença foram confirmados entre os Pirahã. O último foi da indígena Moehoe Pirahã de 24 anos, da aldeia Cacaia. Há dois anos ela apresentava sintomas da tuberculose e, apesar dos inúmeros apelos da Equipe do Cimi – Conselho Indigenista Missionário-, para que fosse feito um exame, isto só veio acontecer no início deste ano quando ela já se encontrava num estado grave. Mesmo assim, a Funasa levou três meses para dar o resultado e iniciar o tratamento o que quase a levou a morte. Apesar dos três casos confirmados não foi feita nenhuma buscativa entre o povo. Vários indígenas estão apresentando sintomas de doenças que merecem atenção. Os casos de malária continuam não só entre os Pirahã como também nas demais comunidades do Rio Marmelos e a Funasa, até o momento, não desenvolveu nenhuma ação satisfatória de prevenção ou combate. Segundo os indígenas, o trabalho do funasa se resume às campanhas de vacinação e, mesmo assim, incompletas. Da mobilização exigindo a presença da Funasa na área indígena participam lideranças dos povos Tenharim, Torá, Apurinã, Mundurucu, Parintintin e Mura.
Mortes nas aldeias