22/03/2007

Mobilizações contra transposição do São Francisco continuam na bacia do rio

O acampamento “Pela vida do Rio São Francisco e do Nordeste, contra a transposição” terminou sexta-feira (16), mas as mobilizações continuam nos Estados da bacia do rio. Para D. Luiz Cappio, bispo da diocese de Barra (BA), o acampamento em Brasília (DF) foi uma demonstração de amor ao Velho Chico.


 


Em coletiva de imprensa, D. Cappio afirmou ser possível barrar o projeto de transposição das águas do São Francisco para o Nordeste Setentrional. “A organização dessas pessoas é uma prova de que podemos, sim, impedir essa obra desvairada, insana, e mostrar ao Brasil e ao mundo a força que o povo tem”. Para ele, a população tem o direito de se envolver na discussão. “Nós, que somos diretamente ligados ao Rio, temos sugestões a fazer, idéias a trocar. Gostaríamos que a decisão não fosse tomada entre quatro paredes, por meia dúzia de cabeças”, disse.    


 


De 12 a 16 de março, 600 pessoas, entre homens, mulheres e crianças, representantes de organizações, movimentos e comunidades da Bacia do Rio São Francisco trocaram experiências, estudaram os biomas brasileiros, participaram de audiências e se manifestaram em favor da revitalização com experiências de convivência com o semi-árido e o fim do projeto de transposição.


 


Para Alzenir Tomaz, do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), o balanço das atividades é positivo. “Conseguimos dar visibilidade à questão da importância da revitalização, além de demonstrar que existem, sim, alternativas à transposição muito mais eficientes para o problema do Semi-Árido”. Segundo ela, as audiências realizadas no STF, na Câmara e no Senado foram surpreendentemente proveitosas, dada a sensibilização de ministros, assessores e até dos presidentes das duas casas no Congresso Nacional.


 


Alzenir destacou, ainda, o sentimento de decepção do conjunto do acampamento em relação à postura do governo Lula. “O que mais nos entristeceu foi não termos sido recebidos no Palácio do Planalto. A máscara do governo caiu”, concluiu.


 


O cacique dos índios Tingui-Botó, Marcos Sabaru, emocionou-se ao dizer que a população não se dobrará frente à tentativa de transpor o Rio, e completou: “Se o governo continuar teimando, nós vamos continuar acampando, quantas vezes forem necessárias”. 


 


 

Fonte: Acampamento
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