16/03/2007

Nova ação judicial contra transposição entregue hoje ao STF


 



Brasília – Com base nos pareceres do Tribunal de Contas da União (TCU), representantes do Acampamento “Pela vida do São Francisco e do Nordeste, contra a transposição” vão protocolar no Supremo Tribunal Federal (STF), hoje (16), às 11h30, a ação popular contra a transposição das águas do rio. Uma das irregularidades apontadas pelo TCU é que o número de beneficiários pelo projeto será bem menor do que o divulgado pelo Ministério da Integração Nacional.


 


Segundo o acórdão 2017/2006 do TCU, a abrangência do programa é incerta, já que ainda não existe infra-estrutura nos Estados para atingir as 12 milhões de pessoas estimadas pelo Ministério da Integração e faltam obras complementares que não estão inseridas no valor do projeto. Também não há garantias de que a redução de custos do governo federal com ações emergenciais de combate à seca no Nordeste será proporcional aos recursos gastos para a implementação do programa.


 


A ação será encaminhada ao relator do processo no STF, ministro Sepúlveda Pertence, para concessão de liminar. Não há data prevista para o julgamento ação.


 


Sobre a transposição


O projeto de transposição do governo federal está orçado em R$  6,6 bilhões, inclusos dentro do Plano de aceleração de Crescimentos (PAC). Pretende construir dois canais, norte e leste, para verter águas do São Francisco, a partir dos municípios pernambucanos de Petrolândia e Cabrobó, em direção ao que está sendo chamado de Nordeste Setentrional.


 


Em dezembro do ano passado, o ministro Sepúlveda Pertence do STF, derrubou todas as liminares que seguravam o início das obras. Entretanto, os demais 10 ministros não se pronunciaram sobre o assunto, ainda não foi dada a licença ambiental, mas dia 13 foi divulgado em Diário Oficial a abertura de licitação para começar as obras.


 


Polêmico, o projeto do governo federal tem causado um clima de divergência nacional. Os aspectos sobre a resolução dos problemas de água do semi-árido nordestino não são evidenciados. As águas previstas para verter nos dois canais servirão em 70% para irrigação e atividades como a criação de camarão, 26% para uso industrial e apenas 4% para o povo que vive em zonas rurais e urbanas.


 


 


Ministros do STF recebem acampados


Ontem (dia15), uma comissão formada por representantes dos povos indígenas, pescadores, mulheres camponesas da bacia do rio São Francisco e pela representante do Ministério Público da Bahia, Luciana Khoury, foi recebida no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo ministro Joaquim Barbosa.


 


A comissão levou ao ministro documentos e estudos contrários ao projeto de transposição, com alternativas para levar água à todas comunidades do semi-árido nordestino.


 


Em seguida a comissão foi recebida pelos assessores dos ministros Gilmar Mendes e Sepúlveda Pertence a quem foram encaminhados os mesmos documentos. Os assessores ouviram os membros da comissão que reforçaram a afirmação de que o projeto não atenderá às comunidades da Bacia. No fim do dia, uma outra comissão foi recebida pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, que se dispôs a pautar o debate sobre a transposição do rio no Senado.


 


Para hoje (16) estão previstos avaliação interna, construção de novas propostas de ação para a Bacia, entrevista coletiva a tarde e uma celebração de encerramento com o bispo da Diocese de Barra, D. Luiz Cappio.


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Organizações e movimentos sociais falam sobre encerramento de acampamento



 


Representantes de organizações e movimentos sociais concederão à imprensa entrevista sobre resultados do acampamento “Pela vida do rio São Francisco e do Nordeste, contra a transposição”. Durante a semana os 600 acampados participaram de audiências públicas no Supremo Tribunal Federal e na Câmara Federal, audiências com cinco ministros do Superior Tribunal federal (STF), com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e com os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Arlindo Chinaglia. Ainda houve a exposição de fotografias “O outro lado do rio”, show com Dércio Marques, Paulo Matricó e artistas da Bacia, além de momentos de formação política.


 


Presenças:


-Dom Luiz Cappio, bispo da Diocese de Barra (BA) que no dia 22 de fevereiro protocolou carta endereçada ao presidente Lula.


-Ruben Siqueira, sociólogo e do projeto Articulação São Francisco Vivo (CPT e Conselho Pastoral dos Pescadores – CPP)


-Alzení Tomaz, do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), articuladora na região do Baixo São Francisco.


-Josivaldo Oliveira, do Movimento dos atingidos por Barragem, fala em nome dos movimentos e organizações que compõem a Via Campesina e participam da organização do acampamento.


-Marcos Sabaru, cacique dos índios Tingui-Botó, de Alagoas.


-Hamilton Vitorino, representante da comunidade quilombola Araçá Volta, em Bom Jesus da Lapa (BA), médio São Francisco.


-Antonio Gomes (S. Toinho) , pescador da cidade de Penedo (AL), no baixo São Francisco.


 


No momento os jornalistas receberão uma retrospectiva dos acontecimentos da semana, no acampamento.


 


Serviço


Coletiva de imprensa


Onde: Pela vida do rio São Francisco e do Nordeste, contra a transposição, Praça das Fontes, perto da Torre de TV, Brasília, DF.


Quando: dia 16 de março, às 15 horas.

Fonte: Cimi
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