Corte de cestas básicas gera fome no Mato Grosso do Sul: 8 mil famílias afetadas
Uma frente de sindicatos e entidades de defesa dos direitos humanos, reunidas na Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) regional Oeste 1, denunciam a grave situação por que passam os povos indígenas no Mato Grosso do Sul depois da decisão do governador André Puccineli de suspender a distribuição de 11 mil cestas básicas através do programa de Segurança Alimentar.
Amanhã, dia 8, às 8h00, a CMS e a CNBB regional Oeste 1 têm encontro com o presidente da OAB/MS, Fábio Tradi; em seguida, por volta das 10h00, ocorre uma audiência com representantes parlamentares e a presidência da Assembléia Legislativa. O grupo visita o Palácio do Governo do estado às 11hs.
O intuito da peregrinação é chamar atenção para gravidade da situação e pedir apoio de parlamentares e juristas à volta da entrega de cestas básicas e o fim da impunidade para os crimes de pistolagem executados por empresas de segurança contratadas por latifundiários.
Fome
O corte de cestas básicas atingiu mais de 8 mil famílias Kaiowá Guarani provocando desespero e revolta em dezenas de comunidades do estado, já que nos últimos anos este povo tem enfrentado gravíssimo quadro de mortandade infantil por desnutrição – segundo dados do Cimi, somente em 2005, 31 crianças morreram por desnutrição no MS.
Para as 70 famílias da comunidade de Kurusu Amba, a situação tornou-se ainda mais grave depois da expulsão de sua terra tradicional executada por seguranças particulares. A ação ilegal resultou na morte da indígena Xuretê Lopes, de 73 anos, e em lesões corporais graves em outros indígenas. Também levou ao desaparecimento de uma criança de 14 anos e à prisão ilegal de 4 lideranças indígenas. Sem terra para plantar e, agora, sem cestas básicas, a comunidade aguarda uma resposta do poder público para questão alimentar.
Campanha tem atividades até quinta-feira: 2 toneladas de roupas e mantimentos arrecadadas
As atividades fazem parte do encerramento da campanha em solidariedade ao povo Kaiowá Guarani da terra indígena Kurusu Amba, contra a fome e violência no campo. Em frente ao palácio do Governador, as duas toneladas de roupas e alimentos arrecadas serão entregues as lideranças Kaiowá Guarani de Kurusu Amba.
De lá, a comitiva segue para o município de Dourados, onde serão incorporados alimentos doados por assentamentos do MST. Os mantimentos chegam à Kurusu Amba no dia 9 pela manhã. Após a entrega, está programada uma manifestação pelas ruas do município de Amambaí.
Central de Movimentos Sociais do Mato Grosso do Sul
Campo Grande, 7 de fevereiro de 2007