22/11/2006

Krahô-Kanela: sem resposta do MJ, ameaça de despejo aumenta a cada dia

As três lideranças do povo Krahô-Kanela que vieram a Brasília tentar resolver a questão da regularização de sua terra, no Tocantins, continuam peregrinando pelo Congresso Nacional em busca de apoio para sua luta.


 


Até agora, o Ministério da Justiça não informou quando a minuta do decreto para a criação da reserva Krahô-Kanela será assinada por Márcio Thomaz Bastos. Se isto não ocorrer nos próximos dias, a verba de R$   8 milhões destinada, em agosto, pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) especificamente para isto pode ser perdida. E os Krahô-Kanela voltarão a viver na casa construída sobre o lixão de Gurupi, no Tocantins.


 


Ontem (21), as lideranças se reuniram com o senador Eduardo Suplicy, do PT. Na mesma hora, ele ligou para o ministro da Justiça. Bastos afirmou ter conhecimento do decreto e disse que dará atenção especial ao caso.


 


Hoje (22), os Krahô-Kanela foram recebidos pelo deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh que, além de ligar para Bastos, vai encaminhar um ofício para o Ministério solicitando que o processo seja tratado com urgência.


 


Na segunda (20), o presidente da Fundação Nacional do Índio, Mércio Pereira Gomes, encaminhou para o Ministério da Justiça a minuta do decreto para desapropriar uma área no Tocantins e destiná-la para a criação da reserva para o povo Krahô. Desde o dia 17 agosto, a Funai já estava com a Portaria, assinada também pelo Incra, garantindo a liberação da verba de R$   8 milhões para este fim.


 


Precariedade e risco de conflito


 


Ainda em agosto, cerca de 90 pessoas do povo Krahô-Kanela saíram da casa onde viviam e foram para a terra, chamada de Mata Alagada. Atualmente, estão morando embaixo de lonas, que rasgam com as fortes chuvas que têm caído ultimamente.


 


O proprietário da terra, Marcos Vinícius Santana, impediu os indígenas de construir casas ou iniciarem uma roça, enquanto não receber o pagamento. Por enquanto, a relação com os indígenas está pacífica. No entanto, ele já garantiu que entrará com uma ação para reintegração de posse, caso as lideranças voltem de Brasília sem o decreto publicado no Diário Oficial da União.


 


“Nosso povo está com medo, mas está revoltado também. A gente sabe que é nossa última chance. A gente não vai sair da terra. O problema acaba agora: ou o presidente assina o decreto e a gente fica com a terra; ou eles acabam com a gente e tudo se resolve”, resumiu indignado o cacique Mariano Ribeiro.


 


Marcy Picanço


(61) 2106 – 1650 / 9979-7059


 

Fonte: Cimi - Assessoria de Imprensa
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