20/11/2006

Relato do Seminário de conclusão da 4a. Semana Social Brasileira

Comunicado Final 


 


Palavras-semente


 


Encerrando o Seminário de conclusão da 4ª Semana Social Brasileira, no domingo, 19, foram apresentados os compromissos levantados pelos grupos de trabalho as propostas e uma síntese dos mesmos. Dom Demétrio reuniu os compromissos em um documento que foi aprovado. Também foi aprovado o Comunicado Final que foi enviado ao final tarde à imprensa.


 


No final da manhã, o Pe. Alfredo Gonçalves fez uma reflexão sobre o que ele afirmou serem as palavras-semente deste processo.


 


A primeira destas palavras-semente é crise. Segundo ele, quem tem fé, não tem medo da crise. A crise é fecunda. Se por um lado pode levar ao desespero, por outro gera novas esperanças. A crise purifica, depura, leva a novas trincheiras de luta. A crise é ao mesmo tempo dor e parto. A crise é parteira de novas realidades.


 


Outra palavra-semente é coração e amor.


 


Há dois tipos de conhecimento, o racional e o da intuição. Este último nos leva à força vital que nos anima, que alimenta nossa vontade de viver. Este tipo de conhecimento exige meditação e silêncio. O silêncio produz palavras novas. A 4ª Semana Social esteve impregnada destes momentos que produziram novos conhecimentos, momentos de contemplação, de oração, de arte. Segundo ele, arte e fé não são o recheio do bolo, são o fermento que gera vida. O conhecimento do coração é o que transforma.


 


            Fronteira e Cidadania.


Uma terceira palavra-semente é fronteira. Fronteira é o não-lugar. A gente está deixando a ordem vigente, mas ainda não alcançou uma nova ordem. Nós somos gente de fronteira, e a fronteira é o melhor lugar para colocar as raízes, os alicerces de um novo lugar. Jesus nasceu e morreu na fronteira, fora da cidade. O Reino de Deus tem suas raízes na terra de fronteira.


 


            Assembléia e participação


Nas semanas sociais criamos ações-janela. Quanto mais nos aproximamos da janela mais o horizonte se amplia. Descortinam-se as macro linhas históricas e o quotidiano do povo. Estas ações nos permitem desvendar a rede de conexões globais.


 


            Mutirão


A última palavra semente é mutirão. Mutirão é festa dos sonhos que buscam o solo e se levantam para a luz do sol. Antes de buscar o sol criam raízes na terra. Árvore firme é a que tem suas raízes nos clamores populares, afirmou padre Alfredinho.


 


 


 


           


Moção de apoio a Dom Antônio Possamai


Foi apresentada e aprovada moção de apoio a Dom Antonio Possamai, bispo de Ji-Paraná, perseguido ele e sua igreja pelas forças políticas dominantes na Rondônia.


 


Segundo dia do Seminário de Encerramento da 4ª  Semana Social Brasileira apresenta os avanços e as dificuldades sentidos durante o processo


           


  A manhã do  segundo dia do seminário de encerramento da 4ª SSB foi dedicada a mini-plenárias em torno aos cinco eixos de trabalho. Cada grupo de trabalho respondeu às seguintes questões:



  1. Quais foram os avanços que tivemos através das diferentes iniciativas ao longo da 4ª SSB?
  2. Quais são as dificuldades e os desafios que permanecem?
  3. Quais são os campos de atuação levantados pela 4ª Semana Social Brasileira e quais os compromissos a serem assumidos em relação aos temas e ao objetivo na articulação das forças sociais do país?

 Os grupos de trabalho apresentaram, em síntese, que os avanços mais sentidos estão na área da Articulação das forças sociais, o que, aliás era um dos grandes objetivos da 4ª SSB; o trabalho junto às bases e a formação das lideranças.


           


Ressaltou-se ainda como avanço uma nova consciência ecológica e a aposta no protagonismo do povo e que o processo está ajudando a mostrar que o império tem pés de barro e telhado de vidro, e que as ações ligadas às semanas sociais ajudaram a barrar o avanço da ALCA.


 


Destacaram-se como dificuldades e desafios: a cooptação de lideranças, a disputa de poder entre os diferentes movimentos e grupos populares. Isso se reflete nas dificuldades encontradas na articulação dos diferentes grupos. Ainda se destacou como uma das principais causas das dificuldades encontradas,  o controle selvagem do capital sobre a vida e as mentes das pessoas.


           


Também com muita insistência os grupos apresentaram a dificuldade encontrada dentro da própria Igreja. Muitas dioceses não se envolvem, de forma alguma, com o processo da 4ª Semana,  quando não a dificultam. Em relação ao meio-ambiente, apesar dos avanços,  há ainda dificuldade para que questões ligadas ao meio-ambiente sejam tratadas com o cuidado que merecem.


 


Temas da Doutrina Social da Igreja 


 


No início dos trabalhos da tarde, foi feito o lançamento do terceiro caderno do publicação Temas  da Doutrina Social da Igreja. Dom Aldo Pagotto, na apresentação, ressaltou a importância da mesma  para a formação dos agentes e dos militantes cristãos. E frisou que a Doutrina Social da Igreja não é estática, mas dinâmica. Irmã Delci Franzen, autora do texto sobre economia solidária, mostrou como na Doutrina Social da Igreja a solidariedade não é um setor da economia, mas uma proposta para um novo conceito de economia. Pe. Alfredinho, autor do texto sobre migrações ressaltou que temos nos documentos da Doutrina Social da Igreja um tesouro inesgotável e que é preciso explorá-lo.


 


O Pe Martinho Lenz, que ajudou a coordenar a publicação falou do conjunto da obra e dos textos e autores deste 3° volume que não estavam presentes.


 


Cartas de apoio


 


Foi apresentada a proposta de os participantes assinarem uma carta de apoio ao governador do Paraná, Roberto Requião, pela desapropriação por interesse social de fazenda da multinacional Sygenta onde ilegalmente se fazia multiplicação de sementes transgênicas de milho e de outra ao Ministro da Justiça, solicitando que assine o reconhecimento da terra indígena dos Guarani e Tupinikim, no Espírito Santo, ocupada pela Aracruz Celulose.


 


Dom Antonio Possamai  relatou os conflitos na Rondônia, envolvendo a Diocese de Ji Paraná que denunciou a corrupção de deputados e do governador do Estado, e o próprio governador. Sua exposição foi acompanhada com muita atenção e ao final foi aplaudido de pé.


 


Ministro Luiz Dulci


Ao final da tarde, o ministro-chefe da Secretaria da Presidência da República e Tadeu Rigo, secretário da Secretaria de Comunicação da Presidência da República compareceram ao Seminário, já que o presidente Lula, convidado para o evento, não pode comparecer.


           


Em síntese o ministro afirmou que o segundo mandato do presidente Lula será um novo governo tanto na forma, quanto no conteúdo. Afirmou, com insistência, o interesse do governo em manter aberto um canal de diálogo permanente com as forças sociais.


 


Depois de sua fala foi aberta oportunidade para o debate e cinco pessoas levantaram questões ligadas à Auditoria da Dívida Publica, às reformas política, tributária  e trabalhista que o governo pretende fazer, ao projeto de nação, ao modelo e conceito de desenvolvimento, e às alianças feitas. Ainda o ministro foi questionado sobre a forma de participação popular no governo.


 

O ministro respondeu às questões dizendo  que as levaria ao conhecimento do Presidente Lula.

Fonte: CPT
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