Julgamento do caso Cañas: Um dos acusados obteve prescrição do crime por ter mais de 70 anos
Marcado para as 8h da manhã desta terça-feira, 24, o julgamento dos acusados pelo assassinato do missionário jesuíta Vicente Cañas ainda não começou de fato. Durante toda a manhã, defesa e acusação estiveram reunidos com o juiz Jéferson Schneider discutindo encaminhamentos processuais.
Já foi definido que um dos acusados não irá a julgamento. Martinez Abadio da Silva, de 73 anos, não será julgado porque a legislação brasileira prevê que o crime prescreve para os acusados que forem condenados após terem completado setenta anos. A prescrição foi solicitada pela defesa e aceita pelo Ministério Publico Federal, responsável pela acusação no processo.
A sessão recomeçou às 15 horas. Após a pausa, volta a ser debatido o pedido da defesa para que o julgamento dos dois acusados que ainda irão a júri seja desmembrado, isto é, feito em sessões separadas. Outro ponto a ser definido será sobre o início do julgamento sem a presença de todas as testemunhas de defesa.
Deverão ser julgados pelo Tribunal do Júri, pelos crimes de homicídio duplamente qualificado, mediante pagamento e em emboscada, Ronaldo Antônio Osmar, ex-delegado de polícia de Juína, município do crime, e José Vicente da Silva As penas para homicídio qualificado podem variar de doze a trinta anos de reclusão.
A assessoria jurídica do Cimi, representada pelos advogados Paulo Guimarães e Michael Nollan, está atuando na assistência de acusação do caso, ao lado do procurador Mario Lucio Avelar.
Celebração
Desde as 7h30 da manhã desta terça-feira, cerca de 50 pessoas reuniram-se no saguão do prédio da Justiça Federal em Cuiabá, Mato Grosso.
Duas lideranças do povo Rikbaktsa, representantes de pastorais, da Comissão Pastoral da Terra, do setor de direitos Humanos do MST, da Operação Amazônia Nativa (Opan), da Missão Anchieta, dos jesuítas, do Grupo de Trabalho Missionário Evangélico (GTME) e da Conferencia dos Religiosos do Brasil (CRB), entre outros, estiveram presentes. Entoaram cantos e colaram cartazes pedindo justiça e defesa dos direitos humanos.
Dom Tomaz Balduino, bispo emérito de Goiás e ex-presidente do Cimi e da CPT também esteve presente e falou sobre sua convivência com Vicente Cañas e sobre a presença dos mártires na luta dos povos.
O assessor especial da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Ivair Augusto Alves dos Santos, irá acompanhar o julgamento, representando o Ministro Paulo Vannuchi.
O julgamento
Vicente Cañas, missionário do Cimi, foi assassinado em 1987 porque lutava pela demarcação da terra Enawenê-Nawê e trabalhava pela saúde deste povo. Apenas 19 anos depois foi marcado o histórico julgamento dos acusados pelo seu assassinato. Para o Cimi, o resultado do julgamento pode significar um grande avanço na luta contra a impunidade.
Contato:
Priscila D. de Carvalho
Cimi – Assessoria de Comunicação
(61) 9979 6912