CARTA AOS POVOS DA AMAZÔNIA
A Igreja na Amazônia historicamente vem se comprometendo na defesa da vida, da justiça e da paz para os povos dessa região. A sua missão principal é o compromisso com o Reino de Deus para que ele se concretize, especialmente no meio daqueles e daquelas que são espoliados de sua dignidade humana como filhos e filhas de Deus e, portanto, relegados aos porões da nossa sociedade de forma marginalizada e excluída.
Os defensores e as defensoras dos direitos humanos, comprometidos, verdadeiramente, com o Reino de Deus e a Sua Justiça, incomodam os inimigos do povo e, lamentavelmente, têm sido atacados de forma leviana, caluniosa, maldosa e difamadora através de cartas anônimas, manifestações públicas, declarações em jornais, além de uma gama variada de outras ameaças.
Mais uma vez Dom Erwin Krautler e a Igreja em geral, foram atacados de forma pública pelo seu compromisso com o Reino de Deus e serviço aos pobres e pequenos da região do Xingu. Foram desferidas inúmeras acusações infundadas que tem a finalidade clara de desarticular e enfraquecer a missão incansável e profética do Bispo do Xingu que tem dado para todo o Brasil um forte testemunho de anúncio e denúncia em favor de uma sociedade justa e igualitária.
A questão é que existe em toda a Amazônia um consórcio criminoso de pessoas grileiras de terras públicas, de muitos fazendeiros que utilizam o trabalho escravo, de muitos madeireiros que exploram a floresta de forma ilegal, de pessoas que utilizam o trabalho infantil e abuso sexual de menores, que querem fazer desaparecer todas as pessoas que lutam e se comprometem em defesa da vida. São esses inimigos perigosos e exploradores da nossa região que estão incomodados pela atuação dos que denunciam tais crimes, por conseguinte também com o Bispo.
Há, na verdade, dois modelos em debate sobre a Amazônia: o agronegócio e o desenvolvimento sustentável. Os grandes proprietários, através de suas organizações vendem a falsa idéia de que a região somente será desenvolvida com a monocultura da soja, exploração de minério e madeira, como recentemente no último dia 08 (oito) foi apresentado em jornais de grande circulação na cidade de Belém. Essas pessoas defendem um desenvolvimento de forma depredatória, sem estudos prévios e sem considerar não só a própria geografia da Amazônia mas também os seus povos os quais por meio de suas entidades e organizações vêem lutando pela implementação de um desenvolvimento sustentável, que garanta a vida para a presente e futuras gerações.
Insultam a igreja católica na pessoa do bispo Dom Erwin, que escolheu ser brasileiro por amor aos excluídos e excluídas deste chão, e que há mais de quarenta anos está na Prelazia do Xingu se doando pela construção do Reino de Deus, defendendo a vida, e dignidade da pessoa humana, obedecendo ao mandato de Jesus que nos manda trabalhar “para que todos tenham vida e vida em abundância”. E quem são seus algozes? De onde eles vêm? O que fazem em defesa da vida e dos povos amazônidas? Visam o bem comum ou o enriquecimento próprio a qualquer custo?
Lembremos que no ano de 2007, a Campanha da Fraternidade da nossa Igreja Católica será Fraternidade e Amazônia: Vida e Missão Neste Chão, portanto, nós, filhas e filhos de Deus, temos o compromisso de sermos multiplicadores da prática da Justiça, da Verdade e da Paz e de defendermos as pessoas que corajosamente colocam a sua vida a serviço daqueles e daquelas que são ultrajados na sua dignidade humana. Devemos lutar pelo Reino de Deus, recebemos esse mandato de Jesus Cristo, que foi perseguido, assassinado e condenado à cruz ao pregar o Plano de Deus, defendendo os pobres e oprimidos, Ele mesmo alertou seus discípulos diante das ameaças, dizendo: “Cuidado com os homens porque Eles vos entregarão aos Tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas. Vós sereis levados diante de governantes e reis por minha causa, para dar testemunho de mim diante deles e das nações” (Mt. 10, 17-18)
Queremos manifestar o nosso total apoio e solidariedade ao Dom Erwin e tantos outros e outras que estão sendo atacados de forma injusta pelos perseguidores da prática do Bem porque contraria os seus egoísticos propósitos de enriquecimento.
Exigimos das autoridades competentes as providências devidas para os autores das ameaças e campanhas difamatórias, além de prosseguir na condenação daqueles que tiveram a cruel ousadia de assassinar Ir. Dorothy, Bartolomeu Morais da Silva – o Brasília, José Dutra da Costa – o Dezinho, Ademir Alfeu Federicci – Dema, e tantos outros e outras defensores dos Direitos Humanos e da vida na Amazônia.
Belém, 14 de Outubro de 2006.
Entidades, Pastorais e participantes do encontro da Campanha da Fraternidade 2007:
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB;
Conferência dos Religiosos do Brasil – CRB;
Associação Amazônica de Ciências Humanas e Religião – ACER
Conselho Indigenista Missionário CIMI;
Comissão Verbita Justiça, Paz e Integridade da Criação – JUPIC;
Missionários do Preciosíssimo Sangue;
Missionários do Verbo Divino;
Instituto de Pastoral Regional;
Paróquia de Santa Cruz;
Associação da Educação Católica – AEC;
Congregação das Irmãs de Maria Menina;
Congregação das Irmãs de Santa Terezinha;
Congregação dos Missionários Xaverianos;
Comissão Justiça e Paz – CJP
Comissão Pastoral da Terra Regional Pará– CPT;
Cáritas Brasileira;
Comitê Dorothy;
Pastoral do Menor;
Comissão de Direitos Humanos da OAB – sub-secção Santarém;
Comissão de Direitos Humanos da OAB;
Pastoral da Comunicação Belém – PASCOM;
Comissão Regional do Laicato – CRL;
COMIRE;
Catequese
Pastoral da Juventude;
Pastoral da Criança
Pastoral Social de Santarém;