06/10/2006

Atos e acampamento contra transposição do rio São Francisco marcam semana

 



Paulo Afonso – Movimentos e organizações sociais da bacia do São Francisco esquentam o debate entre os candidatos recém eleitos e os que disputam segundo turno. Manifestações, protestos e acampamento estão preparados para essa semana, como ato pelo aniversário do rio, contra o projeto de transposição e marco de um ano da greve de fome do Frei Dom Luiz Cáppio.


 


As atividades iniciam a partir da quarta feira, dia quatro, e seguem até sábado, dia sete. Em Minas Gerais, mais de duas mil pessoas são esperadas em Belo Horizonte, Pirapora, Januária e Matias Cardoso.


 


Na região prevista para a construção dos dois canais de tomada de água e que deverá sofrer os maiores impactos –  entre o submédio e o baixo – o embate será acirrado. Haverá paralisações, caminhadas e protestos entre Penedo (AL) e Propriá (SE), Brejo Grande (SE), Piaçabuçu (AL) e Petrolândia (PE). Organizações e Movimentos sociais de Petrolina (PE) se juntarão a outros de Juazeiro (BA) em uma caminhada e ato simbólico nas margens do rio.


 


Em Paulo Afonso (BA), haverá a concentração de representantes de mais de 10 municípios do baixo São Francisco. Eles se encontrarão ainda pela manhã do dia quatro, para uma manifestação.


 


De todos os atos sairão ônibus lotados de lideranças e representantes de comunidades tradicionais ribeirinhas – quilombolas, pescadores, indígenas, vazanteiros, fundo de pasto, entre outros – para um acampamento que acontecerá em Cabrobó (PE).


 


Lá são esperadas mais de quinhentas pessoas de SE, PE, BA, PB, CE, AL e MG, além do litoral de Recife e Olinda (PE). Trata-se de uma formação a partir do tema das manifestações “Em defesa do rio, povo na rua de novo”. Serão trabalhados temas como: Revitalização, Transposição, Desenvolvimento do Semi-Árido, Comunidades Tradicionais, Projeto Camponês, Terra, territórios e Reforma Agrária, Uso das águas do São Francisco, e outros.


 


O acampamento acontece até o dia seis, quando há o aniversário de um ano da greve de fome do Frei Dom Luiz Cáppio. No momento haverá ato ecumênico e assembléia popular para unificação de luta e projeto para uma verdadeira revitalização da bacia.


 


Além do bispo, participam o Ministério Público da Bahia, através da Promotora Luciana Khouri; os Movimentos dos Pequenos Agricultores (MPA – AL, SE, PE, BA, PB e coordenação nacional), dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e dos Atingidos por Barragem (MAB); Comissão Pastoral da Terra (CPT); Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP); Articulação do Semi-Árido (ASA), IRPAA, Universidade Estadual da Bahia (UNEB), Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME), Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e Coordenação nacional da Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), entre outros.


 


Transposição


O projeto de transferência de águas, como é chamado pelo governo federal, está orçado em cerca US$  6,5 bilhões, ou seja, mais de R$  20 bilhões. Apenas com a elaboração do projeto, estudo de viabilidade técnica e análise ambiental já foram gastos R$  70 milhões.


 


Conforme dados oficiais do Ministério da Integração, pretende levar água para 12 milhões de pessoas do Nordeste Setentrional, ou quase toda a população da região. Isso através da perenização de rios em Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba, a partir de dois canais de tomada de águas: Leste, em Petrolândia (PE) e Norte, em Cabrobó (PE).


 


Entretanto é denúncia dos movimentos sociais e consta no projeto que, pelo menos 70% das águas servirão para irrigação e apenas 4% para distribuição entre a população difusa. A obra continua embargada sob liminar que deve ser apreciada, ainda esse ano, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).


 


Mesmo assim o exército faz a demarcação e abertura de picadas na área do canal leste desde o ano passado. Além disso, já estão sendo oferecidas indenizações para famílias que deverão ser desapropriadas com a construção de cinco barragens para aumento do volume de água, que hoje é insuficiente para verter nos canais.


 


A preocupação, nesse momento, dos movimentos sociais que são contra o projeto, é com o caráter político e de ganho de votos que já vêm acontecendo desde o início da corrida eleitoral.


 


 


Contato:


Alzení Tomás (Conselho Pastoral dos Pescadores) ou Ruben Ciqueira (Comissão Pastoral da Terra) – (75) 91361022

Clarice Maia (Comunicação) – (82) 99910026

Fonte: CIMI NE
Share this: