26/09/2006

Iniciadas as inscrições para o Prêmio Culturas Indígenas

Povos indígenas reivindicam há tempos políticas públicas para a sua produção cultural. A resposta a essas comunidades veio na forma do Prêmio Culturas Indígenas, que vai selecionar, até o final do ano, através de edital público, oitenta iniciativas de comunidades e organizações indígenas, de todo o Brasil, voltadas para o fortalecimento das expressões culturais desses povos. Cada selecionado receberá um prêmio bruto de 15 mil reais.


 


O Prêmio Culturas Indígenas é patrocinado pela Petrobrás, através da Lei Rouanet, e vai premiar iniciativas ou ações de fortalecimento cultural ocorridas nos últimos cinco anos ou em processo de execução há no mínimo um ano. As inscrições começaram na quarta-feira, dia 20 de setembro, e podem ser feitas até 18 de novembro, através do correio e internet. “Serão premiadas comunidades que trabalham para que suas tradições fiquem mais fortes e sejam transmitidas aos mais jovens”, explica Mauricio Fonseca, coordenador do Prêmio. Ele exemplifica dizendo que não é uma festa tradicional que poderá concorrer ao prêmio e sim o esforço de uma comunidade em manter ou retomar essa festa.


 


CULTURA INDÍGENA – Não será difícil encontrar iniciativas dessa natureza pelo Brasil, algumas já estabelecidas e que pelo tempo de execução não poderão se inscrever ao prêmio, como o projeto Memória Viva Guarani que lançou os cds Ñande Reko Arandu (1998) e Ñande Arandu Pygua (2006) com cantos tradicionais reunindo crianças e adultos de aldeias guarani e uma tupi-guarani do sudeste. O projeto Vídeo nas Aldeias que tem mais de dez anos de existência e formou uma geração de índios que produzem hoje, independentemente, os próprios vídeos, documentários e de ficção, sobre o cotidiano das aldeias. E o internacionalmente premiado projeto dos índios Kraô, do Tocantins, de recuperação de sementes e também de uma forma de subsistência quase extinta após a aproximação do homem branco. “Há muito os povos se esforçam para recuperar as suas tradições e garantir que as novas gerações estejam em contato com esse modo de vida. O prêmio vai ao encontro desse esforço”, define Mauricio.


 


A coordenação do Prêmio, que está a cargo da Associação Guarani Tenondé Porã, organização não governamental de São Paulo sem fins lucrativos, tem distribuído às comunidades indígenas do Brasil um manual de orientações para ajudar no processo de inscrição. “É um edital diferenciado que vai aceitar, por exemplo, uma fita ou cd com a fala de membros da comunidade dando apoio oralmente àquela iniciativa que será escrita. De outro lado, também aceitará inscrições pela internet desde que a documentação solicitada siga também pelo correio”, ressalta Mauricio. Para esclarecer dúvidas, o prêmio criou o 08007740240 que funciona de segunda a sexta-feira das 9 da manhã às 18h..


 


As iniciativas ou ações que podem se inscrever ao prêmio devem fazer parte das seguintes categorias: religião, rituais e festas tradicionais;língua indígena, mitos, histórias e outras narrativas orais; músicas, danças e cantos; alimentação; artesanato; educação e práticas educacionais que valorizem as culturas indígenas, arquitetura tradicional; pinturas corporais, desenhos, grafismos e outras categorias de expressão simbólica; jogos e brincadeiras; áudio-visual:cds, cinema, vídeo ou outros meios eletrônicos; teatro e histórias encenadas e textos escritos.


 


É a primeira vez que as culturas indígenas são beneficiadas por uma ação do Ministério da Cultura. O Prêmio acontecerá anualmente destacando sempre uma personalidade indígena. Neste ano, o homenageado é Ângelo Cretã, liderança Kaingang, natural de Mangueirinha (PR), primeiro vereador indígena eleito no Brasil em 1976. Foi morto em nove de janeiro de 1980 numa emboscada até hoje não esclarecida.


 


Cretã foi o primeiro índio a ter um cargo político no Brasil e poderia ter sido deputado federal, cargo oferecido pelo partido a ele, mas preferiu continuar como vereador e ficar próximo de Mangueirinha, Chapecozinho, Nonohai e Rio das Cobras, localidades em que lideraria, no fim dos anos setenta, a mobilização contra os posseiros da região. Após a morte de Ângelo Creta, as lideranças indígenas locais se amedrontaram e o processo de demarcação de terras retrocedeu. Atualmente, Romancil Cretã, filho de Ângelo, é um dos líderes da causa indígena no sul, especialmente no Paraná.


 


Dúvidas sobre o preenchimento da ficha de inscrição podem ser esclarecidas pelo telefone 08007740240


 


Ou pelo e-mail [email protected]


 


Ou pelos telefones (11) 3101 1365/ 3101 2432 ou 3101 2374


 


Mais informações no site: www.cultura.gov.br/premioculturasindigenas


 

Fonte: MinC
Share this: