Raposa Serra do Sol – CIR lança Campanha Pós-Homologação
O Conselho Indígena de Roraima (CIR) lançou no dia 07 de setembro, durante o Grito dos Excluídos
O evento, organizado pela sociedade civil, reuniu cerca de 1500 pessoas entre indígenas, trabalhadores rurais e da cidade, Movimentos Sociais e Populares que se manifestaram pelas ruas de Boa Vista, capital do Estado, num “grito” unido por cidadania, dignidade e justiça social.
Abaixo, a íntegra da carta.
TÎPATA YAPURÎNEN KO´MAMÎ TUMURUKOMPE
Quem honra sua terra, permanece unido!
Reafirmamos nossa autonomia!
A Raposa está viva e sobe a Serra para olhar o pôr do Sol! Nossa terra foi reconhecida e ainda há muitos caminhos pela frente, por isso nós lideranças indígenas do Conselho Indígena de Roraima – CIR, neste dia 07 de setembro de 2006, queremos soltar o Grito de Convocação para somar forças, de indígenas e não indígenas, para consolidar os direitos dos povos indígenas.
A Campanha TÎPATA YAPURÎNEN KO´MAMÎ TUMURUKOMPE é motivada pela problemática vivida pelas comunidades indígenas da TI Raposa Serra do Sol, que exigem a garantia e proteção integral de suas terras e da natureza.
Já passaram mais de 04 meses do prazo final estipulado pelo Decreto homologatório, expirado no dia 15/04/2006, para retirada dos ocupantes não indígenas na TI RSS. A cada dia aparecem novas justificativas para protelar a extrusão e, até o momento, poucos ocupantes saíram da terra indígena.
Os arrozeiros continuam a explorar indevidamente nossa terra e rios, são os que mais resistem. Com o apoio político tentam impor a resistência e invasão nas comunidades indígenas. A demora dos órgãos governamentais em cumprir com sua obrigação de garantir integralmente a TIRSS aos povos indígenas, tem contribuído com ameaças as nossas lideranças e a proliferação da bebida alcoólica nas pequenas vilas a serem desocupadas, isso tudo tem gerado muita insegurança e intranqüilidade.
Quem vai reparar os danos provocados a nossa terra? A terra representa a vida para todos nós, índios e não índios, somos os guardiões desses bens. Precisamos de respostas as nossas demandas, reverter a impunidade. Porém, persistem reclamações antigas, monocultura do arroz, com reclamações de danos ambientais. A diminuição da caça, da pesca, das frutas silvestres e de outros materiais têm impactos diretos na vida das comunidades que precisam recriar as condições para assegurar a abundância de alimentos, o seu bem estar e o futuro das novas gerações.
Queremos trabalhar nossa terra, mas de forma sustentável com respeito e união dos povos. Podemos contribuir para um Estado melhor e mais justo, ter nossos projetos de auto – sustentação.
TÎPATA YAPURÎNEN KO´MAMÎ TUMURUKOMPE por isso, tem a finalidade de consolidar os direitos dos povos indígenas da Raposa Serra do Sol, que tem objetiva se fazer ouvir os povos indígenas através desta Campanha:
– Garantir e agilizar o processo de extrusão dos ocupantes não índios do interior da Raposa Serra do Sol, sobretudo dos arrozeiros;
– Sensibilizar a população em geral sobre os direitos indígenas, os danos ambientais deixados e a necessidade de sua reparação, assim como a importância das terras indígenas para a biodiversidade e para diversidade cultural;
– Aprimorar e desenvolver iniciativas econômicas sustentáveis;
– Pressionar o governo federal para que mantenha um plano permanente de segurança e proteção aos povos indígenas da Raposa Serra do Sol;
– Agilizar no âmbito judicial e administrativo os inquéritos que apurar os crimes cometidos contras as comunidades indígenas.
Contamos com apoio de todos.
Boa Vista, 07 de setembro de 2006.
Conselho Indígena de Roraima